Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 24 de março de 2016

quem és tu, porquê?

desenhado por Lara Rocha 

(Diálogo entre um rapaz e uma rapariga)
Um rapaz e uma rapariga que já se conhecem, mas descobrem-se mais profundamente, ao ver as estrelas, numa praia, numa noite de Lua Cheia, ouve-se o som das ondas.
RAPAZ – Está uma noite linda!
RAPARIGA – Sim, muito linda!
RAPAZ – Como te sentes?
RAPARIGA – Bem, e tu?
RAPAZ – Também, muito bem! Estás feliz?
RAPARIGA – Sim, e tu?
RAPAZ – Também. Quem és tu?
RAPARIGA – Sou uma romântica!
RAPAZ – Eu também. Porque é que és romântica?
RAPARIGA – Não sei…sei que sou…apenas!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque gosto de sonhar.
RAPAZ – Acordada ou a dormir?
RAPARIGA – Acordada. E tu és romântico?
RAPAZ – Sim, muito.
RAPARIGA – Como?
RAPAZ – Em todo o sentido da palavra…tenho tudo o que ela envolve. E tu?
RAPARIGA – Eu também.
RAPAZ – Gostas de ver as estrelas?
RAPARIGA – Sim, gosto muito…e da Lua também, principalmente quando está cheia.
RAPAZ – Eu também! E porque é que és mais romântica?
RAPARIGA – Porque me apaixono com facilidade…quer dizer…apaixonava-me.
 RAPAZ – Eu também…mas e agora não te apaixonas?
RAPARIGA – Não tão facilmente!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque o meu coração está partido!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Por causa de um amor que acabou.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque…tinha de ser…ele escolheu assim!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque não tinha de ser…para sempre.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque não há para sempre…eu achava que havia…mas não há.
RAPAZ – Para mim, há…pode haver…para sempre! Porque é que para ti não há para sempre?
RAPARIGA – Eu queria acreditar que há para sempre, mas talvez não haja?
RAPAZ – Porque não?
RAPARIGA – Porque…nem toda a gente sabe amar…até ser para sempre.
RAPAZ – Eu sei amar até ser para sempre.
RAPARIGA – Eu também.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou romântica, e quando amo, amo mesmo! Com todo o meu ser.
RAPAZ – Eu também. Mas porque é que não pode haver um que seja o para sempre?
RAPARIGA – Não sei…talvez…porque as pessoas têm medo.
RAPAZ – Medo? De quê?
RAPARIGA – Do amor…de amar…!
RAPAZ – Eu não tenho medo do amor…nem do amar!
RAPARIGA – Eu tenho, muito medo!
RAPAZ – Muito medo do amor, e do amar…?
RAPARIGA – Sim.
RAPAZ – Porque é que tens medo do amor, e do amar?
RAPARIGA – Porque já me magoei muito.
RAPAZ – Mas já está colado o teu coração não?
RAPARIGA – Não.
RAPAZ – Porque não?
RAPARIGA – Porque quem ama de verdade, e quem se entrega sem medo ao amor…quando o amor acaba…fica uma cratera.
RAPAZ – E existe uma cratera no teu coração?
RAPARIGA – Existe. Muito grande.
RAPAZ – Não se vê!
RAPARIGA – Está debaixo da pele…no coração…se olhares pelas janelas dos meus olhos, verás a cratera.
RAPAZ – Cratera de quê?
RAPARIGA – Que o amor que acabou, deixou.
RAPAZ – E porque é que essa cratera ainda existe?
RAPARIGA – Porque…ele levou-me inteira com ele.
RAPAZ – E depois?
RAPARIGA – Depois…morri…e renasci.
RAPAZ – Então ele devolveu-te o que tinha levado de ti?
RAPARIGA – Não…renasci da cratera…uma mulher diferente…nova…!
RAPAZ – Se renasceste…porque é que ainda existe a cratera?
RAPARIGA – Porque o que eu era, não voltei a ser…nem serei…nunca mais.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque quando se morre e quando se renasce, nunca se volta a ser a mesma pessoa.
RAPAZ – Porque não?
RAPARIGA – Porque a outra pessoa leva tudo de nós…!
RAPAZ – Tudo?
RAPARIGA – Sim…!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou muito romântica, sonhadora, e porque acreditava no amor para sempre…dei demais!
RAPAZ – Achas que deste amor demais?
RAPARIGA – Sim, tenho a certeza.
RAPAZ – Então porque é que ele acabou?
RAPARIGA – Porque…encontrou outra pessoa.
RAPAZ – E deixaste tudo o que lhe deste ir com ele?
RAPARIGA – Claro…como é que eu ia tirar?
RAPAZ – Pois…mas já passou não já?
RAPARIGA – Já.
RAPAZ – Então porque é que a cratera ainda continua aberta? Já não choras.
RAPARIGA – Depois de alguém levar tudo de nós…todo o amor…a cratera não fecha. Não choro, mas fica lá a cratera.
RAPAZ – Porque é que ainda não a fechaste?
RAPARIGA – Não consigo…tem um tamanho infindável.
RAPAZ – És mesmo romântica. E porque é que acreditaste que era um amor para sempre?
RAPARIGA – Porque achei que o amor era verdadeiro…!
RAPAZ – Mas verdadeiro…só seria o teu.
RAPARIGA – Sim, mas quando se ama, confia-se.
RAPAZ – Sim, é verdade. Mas ainda pode haver um próximo que seja um amor para sempre!
RAPARIGA – Sim, pode ser.
RAPAZ – Não acreditas nisso, pois não?
RAPARIGA – Sou muito romântica, e gostava de acreditar, mas não…não acredito. 
RAPAZ – No fundo acreditas.
RAPARIGA – Acho que não!
RAPAZ – E se aparecer um amor…para sempre…vais mandá-lo embora?
RAPARIGA – Não, mas primeiro terá de fechar a cratera.
RAPAZ – E como é que ele vai fechar a cratera, se é assim tão grande?
RAPARIGA – Com o seu amor!
RAPAZ – Estou a ver. És mesmo romântica e sonhadora…mas achas que algum dia isso vai acontecer?
RAPARIGA – Não sei…talvez sim…talvez não…quem saberá…?
RAPAZ – Eu acho que sim. Porque não…?
RAPARIGA – Porque não há paciência para descobrir os tesouros verdadeiros de uma mulher.
RAPAZ – Achas que não?
RAPARIGA – É o que vejo, e o que acontece comigo!
RAPAZ – És misteriosa.
RAPARIGA – Não…sou mulher.
RAPAZ – Porque é que não abres o teu coração?
RAPARIGA – Porque…fechei-o…parte dele…para sempre…talvez…!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Para o proteger, e para ele se curar.
RAPAZ – E achas que isso resolve?
RAPARIGA – Sim…!
RAPAZ – Não pode ser.
RAPARIGA – O que é que não pode ser?
RAPAZ – Isso não é solução…fechar parte do coração para sempre!
RAPARIGA – É para bem dele, e para o meu também.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Ele ficou muito magoado…precisava de férias.
RAPAZ – Mas não há férias para sempre.
RAPARIGA – Mas um coração pode ficar fechado para sempre.
RAPAZ – Não, isso é horrível para o coração! Não podes fechá-lo para sempre.
RAPARIGA – É que…perdi as chaves…não sei onde.
RAPAZ – Que chaves?
RAPARIGA – As chaves da cela onde fechei parte do meu coração!
RAPAZ – Que crueldade…! Ele está preso…?
RAPARIGA – Não é bem preso…está…em repouso…! Silencioso…!
RAPAZ – Liberta o teu coração…
RAPARIGA – Não posso…ainda não.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque ele ainda não está preparado…
RAPAZ – Preparado para quê?
RAPARIGA – Para amar outra vez.
RAPAZ – Tens medo?
RAPARIGA – Muito medo.
RAPAZ – De quê?
RAPARIGA – Do amor…!
RAPAZ – Do amor…? Mas o amor é tão bonito…e tu és tão romântica…os românticos não têm medo do amor.
RAPARIGA – Quando sofrem, passam a ter medo do amor.
RAPAZ – Eu não…eu sofro, mas logo deixo-o livre para receber outro amor.
RAPARIGA – Sou mulher.
RAPAZ – Claro…vocês são diferentes. Mas promete que vais procurar as chaves…
RAPARIGA – Eu não.
RAPAZ – Então…? Vais deixar o teu coração fechado para sempre…só por causa de um amor que te levou tudo, mas já renasceste…?
RAPARIGA – Talvez o próximo amor encontre as chaves.
RAPAZ – Áááhh…está melhor.
RAPARIGA – O teu nunca ficou fechado?
RAPAZ – Sim, mas não por muito tempo…ele sofre de claustrofobia. E o teu se ficar fechado, muito mais tempo, também vai ficar.
RAPARIGA – Não…ele está bem onde está.
RAPAZ – Não faças isso.
RAPARIGA – Porquê?
RAPAZ – Porque ele que te levou inteira…não merece que faças isso ao teu coração.
RAPARIGA – Não sei se acredito no amor.
RAPAZ – Claro que acreditas, todo o romântico e sonhador acredita nele, mesmo que não exista.
RAPARIGA – Sim, nos sonhos acredito no amor…e entrego-me sem medo…mas na realidade acho que não acredito.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque tenho medo.
RAPAZ – Mas o amor não é medo.
RAPARIGA – Eu sei.
RAPAZ – Nem sofrimento…nem tristeza.
RAPARIGA – Isso é na nossa imaginação romântica.
RAPAZ – Não só…! É também a realidade.
RAPARIGA – Não. Isso agora já não existe, entre homem e mulher…
RAPAZ – Claro que existe…contam-se pelos dedos, e até sobrarão dedos, mas existem…
RAPARIGA – Estás a falar de ti?
RAPAZ – Sim, e de ti, que eu sei que no fundo acreditas nisso.
RAPARIGA – Sabes mais que eu.
RAPAZ – Os teus olhos têm estrelas…vejo que acreditas.
RAPARIGA – Sim, quero libertar o coração, mas tenho medo, e não vai ser fácil quem encontrar as chaves…se encontrar…libertá-lo.
RAPAZ – Alguém vai encontrá-las, tenho a certeza. E nessa altura…vais fechar outra vez o coração?
RAPARIGA – Não…nessa altura vou abri-lo…se quem as encontrar…provar que vale a pena.
RAPAZ – Entendo! Quem és tu, além de muito romântica e sonhadora?
RAPARIGA – Sou uma loba, e tu?
RAPAZ – Eu…sou um dragão…! És loba, porquê?
RAPARIGA – Porque uivo, e às vezes, ataco. E tu, porque é que és dragão?
RAPAZ – Porque o meu coração arde!
RAPARIGA – Arde, de quê?
RAPAZ – De dor, e de paixão…desejo, raiva…arde por muita coisa! Quem és tu?
RAPARIGA – Às vezes sou gata.
RAPAZ – Gata…? Porquê?
RAPARIGA – Porque sou misteriosa, observadora, meiga, independente, mas adoro mimo e atenção, faço companhia e sou fiel, paciente.
RAPAZ – Eu também sou gato.
RAPARIGA – Porquê?
RAPAZ – Porque sou meigo, atento, sereno, e observador. Sou fiel e companheiro, misterioso, também adoro mimo. E o que és mais?
RAPARIGA – Sou…às vezes Inverno e Verão no mesmo dia.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Tanto estou feliz, como triste.
RAPAZ – Eu também. E o que és mais?
RAPARIGA – Às vezes sou mar sereno…
RAPAZ – Quando?
RAPARIGA – Sempre que estou calma.
RAPAZ – E quando não és mar sereno?
RAPARIGA – Sou mar revolto.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque quando fico nervosa, tudo em mim se agita, como um mar tempestuoso. Ou quando estou muito triste.
RAPAZ – Eu sou alto-mar às vezes.
RAPARIGA – Quando?
RAPAZ – Sempre que me irrito, e quando estou demasiado triste.
RAPARIGA – Quando é que ficas demasiado triste?
RAPAZ – Muitas vezes…quando me lembro de coisas tristes, e há certas coisas que me deixam realmente triste. E tu, o que és mais?
RAPARIGA – Às vezes sou…as quatro estações do ano no mesmo dia.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou gelo…sou vento cortante, sou aragem, ou brisa…porque sou trovoada…chuva e sol.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sim. Sou natureza.
RAPAZ – E o que és mais?
RAPARIGA – Sou vulcão…sou tremor de terra…
RAPAZ – Fazes tremer?
RAPARIGA – Talvez.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Não sei.
RAPAZ – Porque a tua luz é intensa.
RAPARIGA – Será?
RAPAZ – Sim. E o que és mais?
RAPARIGA – Sou flor.
RAPAZ – Aberta ou fechada?
RAPARIGA – Fechada.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Por muitas razões.
RAPAZ – Que flor?
RAPARIGA – Um jardim, com flores variadas.
RAPAZ – De que cores?
RAPARIGA – De todas as cores.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque somos cores.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque as cores alegram-nos.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque não vivemos sem cores.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Não sei.
RAPAZ – E o que és mais?
RAPARIGA – Sou flor solidária.
RAPAZ – Como?
RAPARIGA – Tenho amor que chegue para todos.
RAPAZ – Gostas de amor?
RAPARIGA – Claro que sim. Sou amor. E tu, não?
RAPAZ – Sim, também sou…nasci do amor, e dou amor. E o que és mais?
RAPARIGA – Sou…sereia…tímida.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque…não gosto de me mostrar.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque…sou mistério.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou mulher!
RAPAZ – E o que és mais?
RAPARIGA – Sou…estrela brilhante.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou discreta, mas quem me conhece diz que sou brilhante.
RAPAZ – E és! Vejo a tua luz.
RAPARIGA – É bonita?
RAPAZ – Muito. E o que és mais?
RAPARIGA – Sou borboleta…
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque gosto que reparem em mim, mas não gosto que me pressionem, muito menos que me prendam, ou pisem, principalmente quando não gosto das pessoas.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque não lido bem com pressões…detesto ser pressionada.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Toda a gente gosta da liberdade…se me pressionam ou se me sufocam, com demasiada obsessão…bloqueio.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sinto-me sufocada…e quem gosta de se sentir assim?
RAPAZ – Ninguém. Eu sou águia.
RAPARIGA – Porquê?
RAPAZ – Porque gosto de voar…em sonhos…e apercebo-me de tudo à minha volta.
RAPARIGA – Coisa rara.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Tu gostas de sonhar?
RAPAZ – Sim, e tu?
RAPARIGA – Também!
RAPAZ – E o que és mais?
RAPARIGA – Sou…muita coisa!
RAPAZ – Como?
RAPARIGA – Serás tu a descobrir, se quiseres.
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou misteriosa…
RAPAZ – Misteriosa…sim…muito…porquê?
RAPARIGA – Porque não faz sentido de outra maneira.
RAPAZ – Porque não?
RAPARIGA – Porque a mulher é uma continua descoberta…e tem muita coisa para ser descoberta…mas não é tudo de uma vez.
RAPAZ – Certo! Mas porque não?
RAPARIGA – Porque assim é!
RAPAZ – Porquê?
RAPARIGA – Porque sou mulher…se me queres descobrir, terás de percorrer cada milímetro da minha pele.
RAPAZ – E cada milímetro da tua pele tem coisas para ser descobertas?
RAPARIGA – Sim.
RAPAZ – O quê?
RAPARIGA – Terás de descobrir.
RAPAZ – Porque é que és tão difícil?
RAPARIGA – Eu…? Difícil…?
RAPAZ – Sim.
RAPARIGA – Não acho.
RAPAZ – Sim, és.
RAPARIGA – Não…sou apenas mulher…e sou muita coisa, mas difícil não.
RAPAZ – É muito difícil conhecer-te.
RAPARIGA – Porquê?
RAPAZ – Não sei…só tu saberás.
RAPARIGA – Se me olhares nos olhos, irás descobrir todas as respostas aos teus porquês, e se o fizeres com carinho, amor, paciência e delicadeza...verás como afinal é fácil conhecer uma mulher.
RAPAZ – És mulher…
RAPARIGA – Sim, e daí?
RAPAZ – És um ser misterioso.
RAPARIGA – Sim! E depois…?
RAPAZ – És difícil.
RAPARIGA – Não…!
RAPAZ – Porque não?
RAPARIGA – Só sou difícil para não me olha como deve ser.
RAPAZ – És o Universo…
RAPARIGA – Sim.
RAPAZ – De luz…
RAPARIGA – Sim.
RAPAZ – Tens estrelas no olhar…e o brilho do sol, no sorriso!
RAPARIGA – Sim! Se o dizes…!
RAPAZ – Tens um tesouro para ser encontrado.
RAPARIGA – Tenta!
RAPAZ – Como?
RAPARIGA – Procura o mapa.
RAPAZ – O que és mais…?
RAPARIGA – Descobre-me!
RAPAZ – Sim, descobrir-te-ei…minha estrela cadente, meu farol, minha fada, minha flor.
RAPARIGA – Não sei se alguma vez serei tua!
RAPAZ – És difícil, mas vou descobrir o mapa para chegar ao teu tesouro.
RAPARIGA – Força!
RAPAZ – És vulcão, és tufão, és furacão…és tempestade…és flor…
RAPARIGA – Sou muito mais do que aquilo que tu vês…
RAPAZ – Sim, eu sei. Vou descobrir-te.
RAPARIGA – Cuidado para não seres atacado por uma loba selvagem, ou uma alcateia, ou por uma bruxa.
RAPAZ – És bruxa?
RAPARIGA – Sim…às vezes.
RAPAZ – Boa ou má?
RAPARIGA – Má.
RAPAZ – És galáxia, és estrela, és sol…
RAPARIGA – Sou muito mais que isso.
RAPAZ – Sim, eu sei. Onde está o mapa?
RAPARIGA – Procura-o.
RAPAZ – Preciso da tua luz.
RAPARIGA – Para quê?
RAPAZ – Para encontrar o teu mapa do tesouro.
RAPARIGA – Procura-o com os teus olhos.
RAPAZ – Os meus olhos são de águia…
RAPARIGA – Arranja outros olhos.
RAPAZ – Quais?
RAPARIGA – Não sei…uns…que te permitam descobrir-me a cada milímetro da minha pele, e quem sabe…encontras o tesouro.
RAPAZ – Tu és difícil…Misteriosa.
RAPARIGA – Não! Sou mulher.
RAPAZ – És um ser muito especial.
RAPARIGA – Eu sei que sim.
RAPAZ – És estrela cadente…és as fases da lua…és as quatro estações do ano no mesmo dia…és…um tesouro que dá vontade de descobrir.
RAPARIGA – Sou…Muito mais do que aquilo que tu vês…!
RAPAZ – Sim, eu sei. É por isso que o teu tesouro está bem escondido.
RAPARIGA – Ou talvez não…pode ser que o encontres rápido.
RAPAZ – Não me parece.
RAPARIGA – Tenta. Não podes dizer que não te parece se não te lançares à descoberta.
RAPAZ – És simplesmente…mulher…uma grande mulher. Se encontrar o mapa para o teu tesouro…prometes que me deixas entrar?
RAPARIGA – Tens de encontrar as chaves certas.
RAPAZ – Quais?
RAPARIGA – Terás de descobrir…poderás vir a encontrar muitas chaves parecidas, ou até iguais…e pode ser que muitas entrem, mas talvez não abram.
RAPAZ – Tens armadilhas?
RAPARIGA – Quem sabe! Vai com cuidado, e atenção.
RAPAZ – Sim, irei…! Quantas chaves são…?
RAPARIGA – Não sei…se as encontrares vai tentando…se abrirem, é porque eram essas.
RAPAZ – És linda…és mistério…és um vale encantado de carne e osso…!
RAPARIGA – Cuidado.
RAPAZ – Com quê?
RAPARIGA – Vai com cuidado.
RAPAZ – Não tenho medo do amor, nem de amar!
RAPARIGA – Podes não conseguir encontrar as chaves, nem entrar.
RAPAZ – Tenho a certeza que vou encontrar…não vale a pena fugires.
RAPARIGA – Boa sorte!
RAPAZ – Sorte não…sou romântico, e acredito no amor…ele tem todas as chaves que abrem os corações…
RAPARIGA – Ou não! Pode não ser assim tão evidente.
RAPAZ – Eu sei. Sou romântico, acredito no amor, e sei que vou conseguir abrir o teu coração.
RAPARIGA – Talvez consigas…ou não…tenta!
RAPAZ – Podes ter a certeza que sim.
(Abraçam-se)
RAPAZ – Acabei de encontrar a primeira chave!
RAPARIGA – Sim, é verdade…mas tens muitas mais!
RAPAZ – Vou encontrá-las, e vou abrir.
(Os dois levantam-se, e passeiam de mão dada. Luz do amanhecer)

FIM
Lálá 
(18/Março/2013)




Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras