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sábado, 25 de abril de 2020

Conversa de reflexão entre amigos sobre a lua

      
          Foto de Lara Rocha 



         Um grupo de amiguinhos  estava no terraço da casa de um deles, a ver a lua enorme e as estrelas. Uma menina pergunta:
- Amigos, já viram que gigante está a lua? Eu gostava de ser assim. A lua será pesada ou leve?
- Eu também gostava de ser lua. Eu acho que deve ser pesada... muito pesada! - responde outra menina
- Acho que deve ser leve, se não, não ficava lá em cima! - contraria um menino
- Mas se ela fosse leve, voava e passeava pelo espaço como os balões que nos fogem.
- A lua não é um balão. Isso tenho a certeza!
- Como é que tens tanta certeza disso?
- Pois, nunca pegaste nela, nem lhe tocaste.
- Os adultos é que dizem.
- Acho que os adultos sabem o que dizem.
- E se vocês fossem a Lua, seriam leves ou pesados?
- Eu seria leve.
- Eu também.
- Sim, acho que era leve... como um balão que sobe.
- As bolas de sabão também são leves.
- São, ainda são mais leves que os balões mas acho que as bolas de sabão não chegam à beira da lua.
- Claro que não chegam lá muito acima.
- Pode-se tocar na lua?
- Claro que não! - dizem em coro
- Só se for na nossa imaginação
- Ou uma almofada em forma de lua.
- Pois.
- Mas eu gostava de lhe tocar a sério.
- Eu não! Gosto mais de a ver aqui de baixo.
-  Acho que também não se pode transformar num objeto leve...
- Não! - respondem todos
- Se isso acontecesse, eu tirava-a dali e levava-a comigo passear para onde eu fosse.
- Isso eu também gostava! - respondem todos.
- Eu gostava de puxa-la dali e dormir abraçada a ela, com aquela luz.
- Eu também. Assim já não tinha medo do escuro.
- Não sei se para o medo do escuro ia resultar.
- Porquê?
- Porque eu acho que os monstros da noite também gostam da lua .
- Mas a lua não deve gostar, por isso acho que ela ia manda-los embora.
- Eu acho que a lua é muito corajosa. Não tem medo do escuro de certeza.
- Não tem medo porque tem aquela luz.
- A lua será fria ou quente?
- Fria! - respondem todos
- Os adultos dizem que é fria.
- Os adultos dizem que a lua é mentirosa.
- Como é que eles sabem? Ela não fala, ou será que fala com eles?
- Eles é que mentem muitas vezes.
            Todos se riem.
- Pois é!
- Será que a Lua dorme e sonha?
- Sim.
- Enquanto é dia aqui na terra eu acho que ela dorme e sonha.
- Serão sonhos bons ou maus?
- Deve ter sonhos bons e maus como nós.
            Os adultos chamam as crianças.
- Óhhhh... não!
- Estávamos aqui tão bem.
- Pois estávamos!
- Não quero ir dormir.
- Nem eu.
            Um adulto grita da porta para as crianças entrarem.
- Que seca, dormir...
- O meu pai ainda não apanhou os monstros que dormem no meu quarto... lá vou eu atura - los. Estava melhor aqui!
- Boa noite, Lua! - dizem todos
           Nessa noite, todos sonharam com a lua, e a conversa que tiveram uns com os outros sobre ela. Pelo menos não foram visitados pelos monstros do escuro!
E vocês? O que acham deste diálogo entre os meninos? Desafio-vos a escreverem as vossas respostas às perguntas que encontram nesta história.

                                               Fim
                                               Lála.
                                         25/Abril/2020







terça-feira, 7 de abril de 2020

encanto/desencanto - monólogo


encanto/desencanto


        Alma sonhadora, alma que deseja, alma vazia que sonha e fantasia, alma sozinha, alma que se entrega, e abre as portas à desilusão. Alma, que se encanta tanto, que se deixa levar, pelo canto do encanto, encantada, desilude-se quando acorda para o desencanto, e percebe que toda a música era encantadora...quando o rádio se desligou, tudo terminou...E depois?  
        Quem nos cura da desilusão? Quem criou a ilusão? Não! O coração? Não, porque fica ferido...A mente? Talvez...talvez tenha sido ela que criou a ilusão...Os olhos? Não! Esses são as vítimas inocentes, são os navegantes da ilusão que viagem nas águas da desilusão, levados pela ilusão, à procura da realidade, de compreensão, de força e de olhos bem abertos para ver a desilusão! 
       Pobre coração que alimenta uma ilusão que nem existe...Porque fazes isso, coração? A nossa mente, o nosso ser, a nossa pessoa precisa das ilusões e desilusões para se contruir, cair, crescer, e renascer, descobrir-se. 
     Porque fazes isso, mente? Porque fazes isso? Fico com raiva de ti, quando crias ilusões, que depois não passam de fantasias, mas enquanto acreditamos nas ilusões que crias, parece que nos sentimos preenchidos.  
     Porque precisamos de sonhar, criar, para percebermos quem somos na verdade. E somos muito mais do que as ilusões e as desilusões. Vivemos entre o encanto e o desencanto...a ilusão e a desilusão... Quem as cria? Nós...o coração, os olhos, a mente? Talvez...apenas...nós.