Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 28 de julho de 2020

O cisne flor

        

  
         Era uma vez um lindo cisne que vivia com outros cisnes, patos, gansos e outras aves aquáticas,  num lago do parque de uma grande cidade. Viviam todos como família, entendiam-se muito bem, eram amigos, brincavam e passeavam juntos, mergulhavam, gostavam de ser o centro das atenções e até faziam habilidades para repararem neles.
      Entre todos, havia um que se destacava mais, por ser enorme, branco, e discreto. Era mais atraente do que os outros, porque tinha uma deficiência nas asas, só que essa deficiência não era visível, mas todos os visitantes reparavam nele. 
    Porque, conforme os movimentos que fazia com o seu corpo, e as asas, sempre que as abria, para se espreguiçar, nadar, mergulhar, andar na água mais depressa ou mais devagar, parecia uma flor: às vezes uma rosa em botão, outras vezes, uma rosa enorme, aberta, um girassol ou uma tulipa.
      Chamavam-lhe o cisne flor, misterioso, todos o queriam ver e fotografar, mas ele nem sempre fazia a vontade às pessoas, era um bocadinho envergonhado. Ele gostava mais de surpreender as pessoas solitárias, e com mais idade que iam apreciar o nascer e o pôr do sol.
        Nestes momentos, o cisne sentia orgulho em mostrar as suas asas, porque também ele adorava acordar cedo, e encher-se com a luz dos primeiros raios de sol. Como as suas asas eram brancas e finas, ganhavam um tom amarelo, dourado, brilhante, parecia que as atravessavam e apareciam as flores.
     Mexia-se, enquanto se refrescava, e dava a sensação de que as flores também se mexiam. Os mais velhos que os viam, suspiravam, sorriam, e aplaudiam para agradecer aquela magia que lhes dava alegria e vontade de viver o resto do dia. 
   Alguns até agradeciam e diziam que só podiam ser anjos que pousavam naquele cisne para acariciar quem o via.
        O cisne já conhecia cada pessoa que ia vê-lo todas as manhãs, e sentia-se feliz por ver o encanto nos olhos e no sorriso de quem o apreciava. Outro momento mágico era nas noites de Lua Cheia, quando o reflexo da Lua iluminava o lago e todo o espaço à volta.
      
    Nessas noites, o cisne não dormia, porque o parque enchia-se de casais apaixonados, e grupos de amigos adolescentes, adultos, que se encontravam para apreciar, mas agora, as suas asas ganhavam um tom branco azulado, quase prateado.
    O cisne desfilava e dançava na água, quase parecia dançar com a Lua, e movia as suas asas, que formavam as flores, tocadas pelas cores da Lua. 
    Era um espetáculo encantador e encantado. Os casais e jovens aplaudiam e fotografavam o cisne, outros desenhavam-no, mas não conseguiam transmitir a beleza das suas asas.
      Os outros cisnes, patos, gansos e outras aves aquáticas, não faziam ideia do que este cisne era capaz. Talvez nem o próprio soubesse, mas para ele o mais importante e a verdadeira recompensa, era a alegria e encanto que via nos olhos de quem o apreciava. 
      Não era a deficiência nas asas que o impedia de ter valor, e de ser feliz, de fazer bem aos outros. E as pessoas com deficiência também são cisnes flores com o seu valor na diferença, porque na verdade também somos todos diferentes, e perfeitos na nossa imperfeição. 

                                     FIM

                                     Lálá
                                                            
                                 28/7/2020