Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

UM CORAÇÃO BOM!


NARRADORA – Era uma vez uma menina que vivia num barracão, com a mãe, que nunca viveu com o pai da menina. Viviam as duas, a mãe ganhava pouco dinheiro, mas não faltava amor e carinho, nem comida, nem bebida, nem roupa necessária, e havia higiene. A menina era muito simpática, meiga, educada e brincava sozinha. Um dia, passeava-se pela aldeia onde vivia, e viu uma loja nova, de animais. Na montra tinha uma gaiola com cãezinhos bebés, lindos, fofinhos, pequeninos, pareciam peluches. A menina encantou-se com os bichinhos, e ficou maravilhada a olhar para a montra, sorridente, a sonhar acordada que tinha um cãozinho daqueles. Foi a casa a correr contar à mãe.
MENINA – Mamã, vi uns cãezinhos tão fofinhos, tão bonitos, numa loja que abriu…!
MÃE – Uma loja nova? Aqui na aldeia?
MENINA – Sim, eu ainda não tinha visto, mas há. Os cãezinhos eram tão lindos.
MÃE – Sim, sim…deixa-os estar.
MENINA – Anda vê-los, Mamã.
MÃE – Depois eu vejo.
MENINA – Anda agora.
MÃE – Não sejas chata. Vejo depois.
MENINA – Vá lá. São tão lindos.
MÃE – Está bem, podem ser, mas não vão fazer o serviço por mim, nem vão buscar o dinheiro para nós.
MENINA – Vá lá, Mamã…
MÃE (grita) – Que chata!
NARRADORA – A menina consegue convencer a mãe, e vão as duas ver os cãezinhos.
MENINA (enternecida) – Olha, Mãe…não são lindos?
MÃE – São.
MENINA – Vamos buscar um…!
MÃE – O quê?
MENINA – Sim, por favor…
MÃE – Nem penses.
MENINA – Por favor, Mamã…eu queria tanto um.
MÃE – Eu também queria muita coisa e não tenho.
MENINA – Vá lá, Mamã…quando eu ganhar dinheiro, vou dar-te tudo o que tu querias.
MÃE – Não!
MENINA – Por favor, vamos buscar um. São tão lindos, tão pequeninos, tão fofinhos…!
MÃE – São, mas é só para ser vistos. Não temos dinheiro!
MENINA – Eu vou perguntar quanto custa.
MÃE – Vai…mas não o vamos levar. (p.c) Mal temos dinheiro para comer…vivemos naquele barracão, e ainda queres ter um bicho…?! (p.c) Nem pensar. Não temos dinheiro para ele. Precisamos do dinheiro para outras coisas.
MENINA – Óh…podes vender os meus brinquedos, e assim já temos dinheiro para o cãozinho.
MÃE (ri) – E tu achas que as coisas são assim.
(Entram na loja, e perguntam ao senhor o preço do cãozinho)
MÃE – O quê? (p.c) Nunca terás este cão.
MENINA – Porquê, Mamã?
MÃE – Já te disse que não temos dinheiro.
MENINA (triste) – Óóóhhhh…!
MÃE – E não adianta ficares de trombas…não levamos e pronto. O dinheiro não estica, filha…não podemos comprar tudo o que queremos. Nem temos onde o meter.
NARRADORA – A menina fica numa tristeza sem fim, cortante, mete pena olhar para ela, e chora ao olhar para os cãezinhos.
MÃE – Vamos embora.
SENHORA – Toca neles, querida.
MÃE – Não…se não custa mais a esquecer.
(A senhora pega num cãozinho, e a menina faz uma festinha, maravilhada ao cãozinho. Ela fica cheia de pena da menina.)
MENINA (a chorar) – Queria tanto que viesses comigo! Mas não posso, desculpa.
MÃE – Vamos…! Deixa o bicho em paz.
SENHORA – Passas aqui quando quiseres vê-lo, está bem, querida? E pede às estrelas esse desejo!
(A menina não para de chorar)
MÃE (também a chorar) – É muito triste não poder realizar os desejos dos nossos filhos…mas não podemos! E ela sabe que não temos dinheiro, mal temos para comer…vivemos num barracão…temos as condições mínimas, mas não para muito mais. E não podemos levar o cão.
SENHORA – Eu faço-lhe um desconto.
MÃE (a chorar) – Não…não, pode ser, não pode ser…ela tem de se habituar à ideia de que não temos dinheiro, e não podemos ter tudo o que queremos. Isto passa-lhe…não se preocupe. (p.c) Boa tarde, obrigada.
NARRADORA – A mãe quase leva a filha a rastos, as duas a chorar. Entretanto, ela para de chorar, mas continua muito triste e muito calada. À noite, quase não come. A mãe entende que ela esteja triste, mas não diz nada. Quando se vai deitar, a menina pede um desejo às estrelas. A mãe ouve da porta, atrás do armário:
MENINA – Estrelas...estão a ouvir-me? (p.c) Eu quero muito aquele cãozinho. (A mãe chora em silêncio) Por favor, imploro-vos…realizem o meu desejo. A minha mãe não tem dinheiro para comprar um cãozinho, mas então…façam-na ganhar mais dinheiro nos próximos dias…para me poder comprar aquele cãozinho. Por favor…! Eu gostei tanto dele, e acho que ia ser muito bom para mim, e para a minha mamã, já que somos só nós as duas…e eu amo a minha mamã, mas queria mais uma companhia, para brincar comigo…a minha mamã, dá-me muito carinho, e brinca muito comigo…mas eu queria mais alguém…o cãozinho! Eu acho que ela também ia gostar muito. Eu sei que vocês são boazinhas…e que vão ouvir o meu desejo! Façam-me companhia esta noite, e guardem o cãozinho.
(A mãe está igualmente destroçada. Limpa as lágrimas, respira fundo, e entra no quarto da filha, com um sorriso).
MÃE – Ainda não estás deitada…?
MENINA – Estava à tua espera, para me cobrires, e para me aqueceres. (p.c) Deita-te aqui, mamã! (p.c) Só um bocadinho.
MÃE – Está bem, filha…!
(A mãe abraça a filha, deita-a, enche-a de beijos, cobre-a)
MENINA – Pedi um desejo às estrelas.
MÃE (sorri) – Está bem…! Tu falas muito com elas.
MENINA – Só não te posso dizer qual é, se não…não se realiza.
MÃE (ri) – Está bem, então não digas.
MENINA – Eu acho que elas vão realizar o meu desejo.
MÃE (sorri) – Também acredito que sim!
MENINA – Eu sei que também querias que esse desejo se realizasse.
MÃE (sorri) – Se dizes isso, eu acredito.
MENINA – Amo-te, Mamã…! (p.c) Um dia ainda vamos viver num sítio melhor, numa casa melhor, e vamos ter cãezinhos…
MÃE (sorri) – Sim, está bem…vamos fazer por isso. (p.c) Também te amo, filha, muito!
MENINA – Eu sei.
MÃE (sorri) – Agora…fecha os olhinhos, e dorme…sonha com esses sonhos todos.
MENINA – Tu também vais sonhar com esses todos?
MÃE – Sim.
MENINA – Assim podem realizar-se mais depressa.
MÃE (sorri) – Sim, pois é.
MENINA – Boa Noite, mamã…!
MÃE – Boa Noite, meu amor.
MENINA – Olha…o cãozinho não está ao frio, pois não?
MÃE – Não! Fica descansada.
NARRADORA – A mãe acaricia a filha, e chora em silêncio. A menina adormece. A mãe sai do quarto da filha, e vai para o dela, a chorar.
MÃE (baixinho) – Como eu queria dar-te tudo o que desejas, minha filha! (p.c) Mas, como é que eu vou fazer isso…? O cãozinho é carote…! (p.c) Vou trabalhar horas extras…não sei onde, nem como…mas tenho de fazer alguma coisa além disto…para ter dinheiro…ainda se o teu pai financiasse…mas aquele desgraçado…Aaaaaiiii…onde te meteste…malvado…?!
NARRADORA – A mãe fica na sua cama a dar voltas à cabeça, e não consegue dormir. A senhora da loja, ficou tanta pena da menina que também não prega olho, e toma uma decisão. No dia seguinte, a mãe da menina vai trabalhar bem cedo, e nesse dia faz outros trabalhos para ganhar mais. A menina vai almoçar à Avó, e fala-lhe do cãozinho. Mas a Avó também não tem muito dinheiro. A menina fica desolada, e a Avó também. Mas dá-lhe todas as economias que tinha de lado para a menina. Mas não chega para o cãozinho. A Avó e o Avô não sabem o que fazer. Vão com a menina à loja, ver o cãozinho, e perguntar quanto custa. Para grande tristeza deles, não chega. A menina chora. A senhora da loja, pega no cãozinho ao colo, e diz.
SENHORA – Pega, querida, o cãozinho é para ti…eu ofereço-te!
(A menina abre um enorme sorriso, e pega no cãozinho ao colo, feliz)
MENINA (sorridente) – Muito obrigada.
AVÓ (um pouco envergonhada) – Por favor, não faça isso…!
SENHORA – Sou eu que quero oferecer. Esta menina ontem já esteve aqui com a mãe, e não tinha dinheiro para o cãozinho que gostou tanto. Hoje vem com os Avós, e as economias também não chegam…a menina está outra vez desconsolada…! (p.c) Não preguei olho, a pensar nisto…é muito triste a situação dela. (p.c) Não vai ser dar um cãozinho que me vai levar ao prejuízo.
AVÔ – A senhora é maravilhosa…mas por favor, não queremos ficar em dívida consigo…!
SENHORA – E não ficam…eu é que quero oferecer.
AVÓ – Então…levamos um bichinho também.
AVÔ – Boa ideia.
SENHORA – Por favor, não se sintam na obrigação de levar um animal, só porque eu ofereci um à menina.
AVÓS – Não.
AVÔ – Nós também queremos levar um. (p.c) Quer dizer…se tiver algum dentro daquele saldo que podemos disponibilizar.
AVÓ – Isso mesmo.
SENHORA – Sim, temos estes cãezinhos…temos gatinhos…que são mais baratos…temos…peixinhos…aves…!
NARRADORA - Os Avós dão uma volta pela loja, e acabam por levar dois gatos, um cãozinho de outra raça, igualmente bonito e meigo, e uns peixinhos. A menina está feliz, abraçada ao cãozinho, a fazer-lhes festas, e mais festas, dá-lhe beijinhos. O cãozinho também está feliz no colo da menina.
MENINA (sorridente) – Boa…obrigada, estrelinhas…obrigada, senhora boa!
SENHORA (sorridente) – De nada, minha querida. Tu és a minha netinha, que nunca tive.
MENINA (feliz) – Então posso chamá-la de Avó?
SENHORA (sorridente) – Sim, filha…o que quiseres. (p.c) Sempre que quiseres ou precisares de alguma coisa, para o cãozinho, passas por aqui, está bem?
MENINA (sorridente) – Está bem! A minha mamã também vai ficar muito feliz.
SENHORA (sorridente) – Tenho a certeza que sim.
AVÓS (sorridentes) – Muito obrigada.
NARRADORA – A senhora fala mais um pouco com o casal, e com a menina. A menina não larga mais o cãozinho, e vai para casa dos Avós, com os outros bichos, feliz. Brinca com o cãozinho, dá-lhe comida e bebida, abraça-o, faz-lhe carinhos, brinca com os outros animais. Chega a mãe, e nem quer acreditar.
AVÓ – A senhora de loja, teve tanta pena dela, que lhe ofereceu o cãozinho, e nós compramos estes para nós.
MÃE – Não…!
AVÔ (sorridente) – Olha como ela está feliz!
MÃE (sorri) – E eu, que estava a fazer horas extras, hoje, para juntar dinheiro e comprar-lhe o cão um dia destes…!
AVÓ (sorri) – As nossas economias não chegavam…mas a senhora foi tão bondosa que ofereceu o cãozinho. Disse que ela já tinha estado lá ontem, e a senhora ficou muito sensibilizada…disse que não conseguiu dormir…e decidiu oferecer.
MÃE (sorridente) – Óh, que senhora tão querida…eu ontem disse-lhe que era muito triste não poder dar tudo aos nossos filhos, que mal tínhamos dinheiro para comer… (p.c) Óh, nem sei como lhe agradecer. Vou ter de ir lá falar com ela.
AVÔ (feliz) – Ainda há bons corações.
AVÓ (feliz) – Sim. Eu no lugar dela acho que faria o mesmo! (p.c) Ela diz que tem vendido muitíssimo, desde que se mudou para cá. (p.c) É uma senhora adorável. (p.c) Gostei muito dela.
MÃE (sorridente) – Que bom!
MENINA (feliz) – Olha, mamã…que lindo que é, este bichinho. As estrelinhas ouviram o meu desejo.
MÃE (sorri) – Sim, claro que sim. (p.c) E tu mereces…!
MENINA (feliz) – Faz-lhe festinhas.
NARRADORA – A mãe faz festinhas ao bichinho, e também fica deliciada com os cães, os gatos, e os peixinhos. A mãe da menina passa na loja de animais para agradecer à senhora, e fala com ela. Ela arranja-lhe um emprego extra, para que a mãe possa comprar uma casa em condições, e roupa e comida para a menina. As duas ficam instaladas na casa da Avó da menina no Inverno. Os cãezinhos fazem uma companhia maravilhosa, e todos os adoram, brincam com eles, dão-lhes mimos, alimentam-nos…e quando finalmente a mãe da menina consegue juntar dinheiro, com trabalhos e horas extras, compram um pequenino apartamento, no prédio ao lado dos pais, e instalam-se lá, com o cão, e todas as condições. E vocês? Fariam o mesmo? Se fossem donos de uma loja de animais, e se vos aparecesse uma menina pobre, que não tivesse dinheiro para o cãozinho, mas quisesse muito, ofereceriam o cãozinho? Ainda há almas boas, pessoas com grandes corações, com sentimentos. Vocês já deram alguma coisa a alguém que precisava? O quê? Ou já fizeram alguma coisa boa para ajudar alguém que precisava? Quando? O quê? Se o fizeram, como se sentiram? Como ficou o vosso coração? E o vosso sorriso? Acham que essa pessoa ficou feliz? Sabem, hoje em dia, não podemos ter tudo o que queremos…por isso, em vez de ficarem zangados com os papás ou avós que não vos dão alguma coisa que queriam, não fiquem tristes. Em vez disso, ajudem-nos a juntar dinheiro, com as economias que vos dão, as moedinhas, e quando tiverem já um bom dinheiro, aí sim, podem comprar o que querem. Mas se os papás e os avós dizem que não podem, é porque não podem mesmo, mas mesmo assim, eles amam-vos muito! E acreditem, que se eles tivessem dinheiro, dar-vos-iam tudo com todo o gosto, por isso, respeitem os vossos papás e Avós, quando não vos dão alguma coisa…lembrem-se, não é por não gostarem de vocês, é porque não podem mesmo. Mais tarde, poderão vir a dar. Em vez de brinquedos e outras coisas, o mais importante, e o mais bonito que eles vos dão, é o carinho, o amor, os abraços, os beijos, os pitéus que vocês adoram comer, e os docinhos…as coisas que vos ensinam e a sua presença nas vossas vidas. Agradeçam aos vossos papás e avós, tudo o que eles vos dão, de bom…oferecendo-lhes um desenho por exemplo, ou uma pequenina oferta. Peçam ajuda à vossa professora ou a outro adulto, e podem oferecer a mais quem quiserem. Dêem valor, e agradeçam tudo o que têm, pois ainda há quem tenha muito menos.

FIM
Lálá
(23/Janeiro/2013)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

GATINHOS E PATINHOS TEIMOSOS














NARRADORA – Olá meninos e meninas…já alguma vez vos aconteceu de desobedecerem às ordens ou instruções dos vossos papás ou Avós? E o que é que vos aconteceu? Não precisam de contar agora…não gostaram pois não…? De certeza que não! Mas devem ter aprendido, não? Toda a gente, às vezes se porta um bocadinho mal. Mas as consequências nem sempre são boas. Temos de ter cuidado. Vejam esta História. Era uma vez oito gatinhos, e doze patinhos que viviam com os respectivos pais numa grande quinta de uma família. A quinta tinha muito espaço, mas os animais convivem com os humanos, passeavam à vontade pela quinta, onde havia alguns rochedos, estátuas de enfeitar, lagos e fontes deliciosas, erva verde, árvores frondosas. Uma tarde cheia de sol e calor, os patinhos passeavam-se pela quinta, e encontraram dois gatinhos traquinas, que desafiaram os patinhos. 
GATINHO BRANCO – Olá patecos…
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigos!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer!
PATINHOS – Olá.
PATINHA 1 – Já nos tínhamos visto hoje!
GATINHOS (a rir) – Já!
GATINHO BRANCO (ri) – Mas somos cavalheiros, e educados, por isso cumprimentamos sempre que nos cruzamos com os vizinhos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Foi o que eu quis dizer!
PATINHAS (riem) – Sim, sim, claro!
PATINHA 1 – Isso é bonito, fica-vos bem!
GATINHOS – Sim!
GATINHO BRANCO (sorri) – Nós sabemos que sim.
PATINHAS – Vaidosos.
PATINHA 3 – Convencidos!
PATINHA 2 – Isso traz água no bico!
GATINHO BRANCO – Ora, nós nem temos bico…!
(Riem)
PATINHA 4 – Meninas, não lhes dêem ouvidos, nem trela.
GATINHO BRANCO E PRETO – Trela…? Não usamos disso.
PATINHA 6 – E bem precisavam.
GATINHOS – Que más.
PATINHA 6 – Ai, o respeito…! Levam já uma bicada…!
GATINHO BRANCO – Au, prefiro beijinhos.
PATINHA 5 – Que piada…
PATINHA 6 – Vais ter sorte…!
GATINHO BRANCO (ri) – Vais dar-me beijinhos…óh…que bom!  
PATINHA 6 – Que palerminha.
GATINHO BRANCO – Sou muito inteligente.
PATINHAS – És, és…!
PATINHA 5 – É melhor continuarmos o nosso passeio e deixar estes totós…!
GATINHO BRANCO – Patecos…
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigos…!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer.
GATINHO BRANCO E PRETO – Querem vir brincar connosco?
PATINHO 1 – A quê?
GATINHO BRANCO – Podemos brincar a muita coisa.
PATINHA 5 – A mamã disse para não brincarem com esses!
GATINHO BRANCO – Então…? Não entendo porquê…? Somos vizinhos.
GATINHO BRANCO E PRETO – E amigos!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer. (p.c) Não vos fazemos mal!
GATINHO BRANCO E PRETO – Claro que não. Até simpatizamos convosco.
PATINHA 6 – É melhor não confiarem neles, manos!
GATINHO BRANCO – Ora, então porque não poderão confiar em nós?
GATINHO BRANCO E PRETO – Nós só queremos brincar!
PATINHA 5 – Ora…brinquem uns com os outros. vocês são tantos…!
GATINHO BRANCO – Mas nós já brincamos tanto uns com os outros…! Queremos brincar com amigos diferentes.
GATINHO BRANCO E PRETO – Lá porque somos gatos, e vocês patos…!
PATINHOS – Vá lá, mana…!
PATINHA 6 – Mas não vão.
GATINHO BRANCO – Também podem vir, meninas.
PATINHAS – Nunca!
PATINHO 3 – Vá lá, mana, deixa…!
PATINHO 4 – Por favor, maninha linda, deixa-nos ir brincar com eles.
PATINHA 5 – Deixa-os ir…!
PATINHA 6 – Não. São ordens da Mamã.
PATINHA 5 – É problema deles…depois não digam que não avisamos.
PATINHA 4 – São mesmo palermas.
PATINHA 6 – Então vão pedir à Mamã!
PATINHO 3 – Eu vou.
(Aparecem três gatinhas, irmãs dos outros).
GATINHA 1 – Olá manos…!
GATOS – Olá…!
GATINHA 1 – Olá meninas.
PATINHAS – Olá.
GATINHA 3 – Querem vir dar uma voltinha connosco?
PATINHAS – Vamos.
PATINHA 6 – Estávamos mesmo a pensar nisso!
GATINHA 2 – E querem a nossa companhia?
PATINHAS (sorriem) – Sim.
(Chega o Patinho 3)
PATINHO 3 – A Mamã deixou.
GATINHOS (contentes) – Boa.
PATINHAS – Ááááhhh…!
PATINHA 2 – A Mamã devia estar distraída…!
PATINHO 3 – Não. Estava bem atenta.
PATINHA 4 – Grande mudança.
PATINHA 5 – É melhor irmos avisar a Mamã, e perguntar se quer vir connosco.
PATINHAS – Sim.
PATINHA 6 – Meninas, não se importam…? Ou então…venham connosco, e seguimos.
GATINHAS – Está bem!
GATINHO BRANCO – Vão, choquinhas…!
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigas simpáticas.
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer.
PATINHAS – Palermas.
GATINHA 1 – São mesmo cínicos, estes nossos irmãos.
GATINHA 2 – Têm muito jeito para escovar, e conquistar…!
GATINHA 3 – Até fazem papel de maluquinhos só para conseguir conquistar e conseguir o que querem.
GATINHA 1 – E fazem tão bem feito que toda a gente cai.
GATINHA 2 – Mas por baixo daqueles ares de santinhos, existem uns verdadeiros diabos.
GATINHA 3 – A Mamã fica com a cabeça em água.
PATINHA 5 – São meninos…!
PATINHA 3 – Só conhecem brincadeiras estúpidas.
PATINHA 2 – É, só daquelas que se magoam.
GATINHA 1 – As brincadeiras das meninas são muito mais divertidas.
TODAS – Pois são!
GATINHA 2 – A nossa Mamã tem muito orgulho em nós…!
GATINHA 3 – Claro, não andamos à luta…nem partimos coisas a brincar.
PATINHAS – Nós também não.
PATINHA 5 – A nossa Mamã também tem muito orgulho em nós.
(Chegam a casa).
PATINHA 6 – Mamã, nós vamos dar uma voltinha com as gatinhas.
MÃE PATA – Está bem.
PATINHA 5 – Anda connosco!
PATINHAS – Sim, anda!
MÃE PATA – Mas, filhas…eu tenho coisas para fazer!
PATINHA 2 – Óh, fazes mais tarde!
MÃE PATA – Não, vão vocês!
PATINHA 4 – Anda…quando voltarmos ajudamos-te.
MÃE PATA – Mas querem mesmo que eu vá?
PATINHAS – Siiiiiiiimmmmmm!
PATINHA 1 – Anda, Mamã…anda aproveitar o sol, porque daqui a pouco vem a chuva!
PATINHAS E GATINHAS – Pois é!
MÃE PATA (sorri) – Pronto, está bem…convenceram-me!
PATINHAS (contentes) – Boa!
MÃE PATA – Vou só buscar o chapéu. Levem o vosso também!
PATINHAS – Está bem!
(Pegam nos chapéus)
PATINHA 6 – Mamã…tu deixaste os manos brincar com aqueles…?
GATINHA 1 – Eles são um bocado malucos.
MÃE PATA – Sim.
PATINHA 5 – Mas não costumavas deixar!
MÃE PATA – Eu já lhes disse muitas vezes…não me dão ouvidos…assumem, se alguma coisa correr mal! (p.c) Eles têm de bater com a cabeça para aprender. Aí vão – me dar razão!
PATINHAS – Ááááááááhhhhhh…!
GATINHA 2 – Mas não precisamos de bater com a cabeça para aprender…!
GATINHA 3 – Pois não…até porque ao bater com a cabeça, magoamo-nos.
MÃE PATA (ri) – Pois é…queridas, mas há animais que só aprendem quando se magoam. Eles têm de aprender com as asneiras e erros. (p.c) Vamos.
NARRADORA – As patinhas passeiam alegremente, todas vaidosas e muito divertidas. Ao passar pelos filhos, a mãe Pata recomenda:
MÃE PATA – Brinquem com juízo.
PATINHOS – Sim, mamã.
GATINHOS (sorriem) – Boa tarde, vizinha…!
MÃE PATA – Boa tarde.
NARRADORA – Seguem caminho, contentes a falar e a rir, todas vaidosas. Os seis gatinhos juntam-se aos outros dois, e aos seis patinhos. Correm de um lado para o outro, rebolam, riem, saltam, até que os gatinhos se lembram de subir às árvores, mas os patinhos não conseguem. Os gatinhos insistem com eles.
GATINHO 3 – Vá lá…subam!
GATINHO 4 – É tão divertido!
PATINHO 5 – Não conseguimos.
PATINHO 6 – Temos patas, com estas badanas.
GATINHO 6 – Claro que conseguem!
GATINHO BRANCO – Toda a gente consegue!
PATINHO 2 – Nós não conseguimos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Estão é com medo!
PATINHOS – Não!
GATINHOS – Subam!
PATINHOS – Não. Não vamos conseguir.
GATINHOS – Vão!
NARRADORA – Os patinhos tentam subir às árvores mas escorregam e espetam farpas da árvore, com pedaços de madeira, do tronco. Gritam, e caem. Os gatinhos riem. Tiram as farpas com a ajuda dos gatos, das patas, e voltam a subir.
GATINHO 3 – Não se preocupem, isto é só no início.
GATINHO 5 – Tentem outra vez.
NARRADORA - Tentam mais uma vez, e ferem as patas, além disso, caem de costas, gemem, e tiram outra vez as farpas, já com feridas. Mesmo assim, ainda tentam outra vez, e escorregam outra vez. Magoam-se novamente. Tiram as farpas e voltam a subir. Os gatinhos riem.
GATINHO BRANCO (a rir) – Que falta de jeito…!
PATINHO 1 – Eu não subo mais…já estou com as patas muito feridas.
PATINHO 3 – Ai, ai, ai…a Mamã bem nos disse para não subirmos às árvores.
GATINHO BRANCO E PRETO (ri) – Ui, que mariquinhas…a dar valor à mãezinha.
GATINHO 4 – Por causa de uns arranhões iniciais…!
GATINHO 6 – Que medricas…isso são coisas de meninas.
PATINHO 4 – Só por causa dessas coisas, eu vou subir outra vez.
GATINHOS (a rir) – Boa!
PATINHO 5 – Não vás, mano…olha para as tuas patas…!
GATINHO BRANCO – Ora, amigo…não dês ouvidos a esse mariquinhas…! Vai…! Tu és macho…um macho aguenta tudo.
PATINHO 4 – É já.
NARRADORA - Ele soube, os outros patinhos vão atrás, e por sorte conseguem subir. Sobem até meio…os gatinhos batem palmas. Os patinhos olham em volta.
PATINHOS (contentes) – Conseguimos!
GATINHO BRANCO – Eu disse-vos.
GATINHO 3 – E não foi divertido?
PATINHOS – Sim.
PATINHO 4 – Mesmo com as patas feridas.
GATINHO 5 – Isso passa-te já, meu!
GATINHO 6 (sorri) – São mesmo machos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Vamos brincar a outra coisa?
TODOS – Sim.
PATINHO 2 – Mas não precisamos de nos magoar.
TODOS – Não.
NARRADORA – Levantam-se, gemem um pouco, mas continuam a brincar. Desta vez começam a correr e apanham uns novelos de lã que a dona da casa deixou cair distraída. Os gatinhos adoram brincar com novelos de lã, e fazem-no muitas vezes…principalmente desfazê-los. É mesmo isso que fazem com os patinhos. Para os patinhos é uma brincadeira totalmente nova, e divertidíssima. Primeiro, correm atrás dos novelos, e chutam-nos, como se fossem bolas, passam de uns para os outros, e o novelo começa a desenrolar-se. Eles correm felizes, rebolam na relva, perto do lago, escorregam na lama e caem, riem, os gatinhos e patinhos estão todos sujos, mas felizes. Depois vão tirar a sujidade à fonte.
FONTE – Áh, áh…nem pensem que vão entrar aqui.
GATINHO BRANCO – Quem é que está a falar?
FONTE – Eu.
GATINHO BRANCO E PRETO – Quem…?
(Olham todos em volta)
FONTE – Eu, palermas…aqui, mesmo diante dos vossos olhos.
(Ficam todos surpresos)
GATINHO 5 – Porque é que não podemos entrar aqui, senhora da fonte?
FONTE – Isto não é sítio para tomar banho.
GATINHO 4 – Vá lá…estamos todos sujos.
FONTE – Não quero saber. Arranjem outro sítio.
GATINHO 6 – Por favor…deixe-nos tomar banho…!
FONTE (grita) – Nem pensar.
GATINHO 5 – Vá lá.
FONTE (grita) – Porque é que não vão para o lago dos patos?
GATINHOS – Não sabemos nadar.
FONTE (grita) – Não tenho nada a ver com isso. Vão á pia dos porcos, ou dos cavalos, ou das galinhas… arranjem-se. Aqui é que não.
GATINHOS E PATINHOS – Que nojo!
FONTE – Que nojo porquê? É tudo água…Aliás vocês é que estão um nojo. A água não vai ficar assim…!
GATINHOS – Por favor…dê-nos um bocado de água…para tirarmos esta sujidade.
FONTE – Não.
GATINHOS E PATINHOS – Vá lá…!
FONTE (grita) – Já disse que não! Já viram esta água, que limpinha que está, se entram aqui, fica um nojo! E eu não quero.
GATINHO BRANCO – Que má.
FONTE – Mãos estão a ser vocês.
GATINHO BRANCO E PRETO – Por favor…nós estamos todos sujos…
FONTE – Não.
NARRADORA – Os gatinhos e patinhos entram na mesma, mas a fonte fica tão zangada que transforma a sua água numa piscina com água a ferver e a borbulhar. Tipo jacuzzi. Os bichinhos saem a correr da água, aos gritos, e vão aos saltos a correr para outra fonte, calma e simpática, e mergulham rapidamente na água. A fonte desata às gargalhadas.
FONTE (às gargalhadas) – Teimosos…!
Suspiram de alívio.
NARRADORA – Olham em volta, aliviados, e vêem penas e pelos a boiar na água. Começam todos a gritar, em pânico, e preocupados. Levantam-se da água.
TODOS (preocupados) – Isto é nosso? (Olham uns para os outros) É!
FONTE 2 (ri) – Sim, é vosso. E não vai ficar aqui nesta água pois não?
GATINHO BRANCO – Não podemos colá-los outra vez.
FONTE 2 – Mas eu também não tenho que ficar com eles aqui…!
GATINHO BRANCO E PRETO – Aquela cobra…quase nos cozia ali.
FONTE – Eu avisei que não iam entrar na minha água, nesse estado imundo, não foi?
PATINHOS – Sim, foi.
FONTE – Teimaram em entrar, mesmo sem autorização.
GATINHOS E PATINHOS – Sim.
PATINHO 1 – Nós só queríamos limpar-nos.
FONTE – Com tantos sítios para se lavarem…tinham logo que vir para a minha água…nem pensar.
PATINHO 2 – Mas também não precisavas de nos tratar daquela maneira.
FONTE (ri) – Não entenderam a bem, entenderam a mal.
FONTE 2 – Foram teimosos…?
FONTE – Sim, muito.
FONTE 2 – Fizeste muito bem.
FONTE – E é claro que eles vão limpar essas penas e pelos daí.
GATINHO 3 – Mas estamos rodeadas de mázonas.
PATINHO 4 – Já não podemos brincar…!
FONTE – Ninguém está a dizer que não podem brincar…mas brinquem de forma decente.
FONTE 2 – O que vocês fizeram, não é brincar…é fazer porcarias, e estragar coisas.
FONTE – Pois é…! Ninguém vos mandou brincar na lama.
NARRADORA – Aparece a senhora da casa, mais velha, que está desvairada à procura dos novelos de lã que comprou. Não quer acreditar no que vê…os novelos todos sujos, desfeitos, cheios de nós, entrançados uns nos outros, as cores todas misturadas...e os patos e gatos na fonte.
SENHORA (grita) – Mas o que é isto? (p.c) O que é que aconteceu aqui? (p.c) Os meus novelos…?! (p.c) Aaaaaaaiiiiiii….malditos gatos…foram vocês…!!
GATINHOS – Estamos fritos.
PATINHOS – Ai, ai, ai…!
SENHORA (grita, nervosa) – O que é que estão a fazer dentro de água…? Seus porcos…
NARRADORA – Ela agarra um por um, dá umas sapatadas em cada um, e tira-os da água. Tira os pelos e as penas, muito chateada, os patinhos estão muito envergonhados, e os gatinhos também. A Senhora apanha os novelos todos desfeitos. Encolhidos, encostados a uma árvore, a tremer e a chorar. A mamã Pata, chega com as patinhas e as gatinhas.
MÃE PATA – Mas o que é que aconteceu aqui.
SENHORA – Só me apetece desfazer-vos…! (p.c) Olhem para isto…! (p.c) Só fizeram bagunça…e porcarias…! (p.c) Palermas. Indecentes…! (p.c) Um dia destes faço uma arrozada de patos e de gatos. (p.c) Aaaaaiiii…que nervos…o que é que eu vou fazer agora? (p.c) Desgraçados…!
MÃE PATA – Mas, mas…!
SENHORA (nervosa) – Desapareçam da minha frente, antes que vos desfaça…
GATINHA 1 – O que é que vocês fizeram…?
GATINHOS – Nada…!
GATINHA 2 – E por acaso são peixes para nadar…?
GATINHA 3 – Porque é que a senhora está tão zangada?
MÃE PATA (zangada) – Já para casa, suas pestes…!
NARRADORA – Os gatinhos desatam a correr, e os patinhos também. A senhora resmunga mais um pouco, arruma o que desarrumaram, e a mãe Pata está a ferver, mas não explode. Está apenas com ar pesado. Os patinhos estão muito envergonhados, e cheios de mazelas. Feridas nas patas, sem penas no rabo…a mãe Pata grita.
MÃE PATA – Muito bem…sentem-se…suas pestes…! O que venha a ser isto? (Silêncio) Ai não tem nada a dizer…?
PATINHO 1 – Desculpa Mamã.
MÃE PATA – O que venha a ser isto…as patas nesse estado?
PATINHOS – Estivemos a brincar.
MÃE PATA – A brincar…? A brincar com facas…?
PATINHO 2 – Subimos às árvores.
MÃE PATA (grita) – O quê?
PATINHO 3 – Óh, mamã, só queríamos experimentar coisas novas.
MÃE PATA (zangada) – E desde quando é que um pato sobe a uma árvore?
PATINHO 4 – Nós achávamos que conseguíamos…
PATINHO 5 – Sim, e os gatinhos começaram a dizer que éramos mariquinhas, e que não éramos machos se não subíssemos…!
MÃE PATA – Mas que disparate tão grande…onde é que já se viu patos a subir às árvores…?
PATINHO 6 – Estávamos a brincar.
MÃE PATA – Áááhh…só estavam a brincar, mas estão felizes por estarem com as patas em carne viva…?!
PATINHOS – Não.
PATINHO 1 – Dói muito.
MÃE PATA – Vão outra vez subir às árvores…atrás dos vossos amigos…gatos idiotas…e se eles dissessem para vocês se atirarem para a fogueira…vocês atiravam-se só porque eles iam dizer não sei quê, não sei que mais…?!
PATINHOS – Não.
MÃE PATA – Mas foi o que vocês fizeram.
PATINHO 2 – Por favor Mamã…trata-nos das feridas…!
MÃE PATA – Não trato…tratem vocês!
PATINHOS – Por favor, Mamã.
PATINHO 3 – Eu sei que não nos portamos bem, mas por favor, ajuda-nos.
MÃE PATA (zangada) – Não. Vocês não merecem…foram muito teimosos, como sempre. (p.c) Quantas vezes é que vos disse para não brincarem com aqueles…? (p.c) Vocês não têm as mesmas capacidades que eles…não tem quatro patas, nem adesivos nas patas…nunca poderão subir a uma árvore como eles, mas podem brincar de outras maneiras… (p.c) E lá porque eles estavam a provocar-vos, não tinham nada que pôr a vossa vida em risco, para provar uma coisa de que realmente não são capazes de fazer. (p.c) Por acaso pensaram no que podia acontecer-vos, por causa da vossa teimosia…? Eu fartei-me de vos avisar. Foi ou não foi?
PATINHOS – Foi.
MÃE PATA – E mesmo assim fizeram asneirada da grossa. (p.c) Acham bem…?
PATINHOS – Não.
PATINHO 2 – Estamos muito arrependidos.
PATINHO 4 – E muito envergonhados.
MÃE PATA – E devem estar mesmo…foi mesmo vergonhoso o que vocês fizeram. (p.c) E essa escaldadela no rabo?
NARRADORA – Pois é…a teimosia dos bichinhos trouxe muitos problemas. A Mãe Pata continua a pregar sermões aos patinhos, que explicam tudo o que aconteceu, e no fim, a mãe lá lhes cura as feridas com amor e carinho. Os gatinhos também ouvem ralhetes.
MÃE PATA – Isto que não volte a acontecer. E estão de castigo, enquanto não souberem brincar!
PATINHOS – Nãããããããoooo…!
MÃE PATA – Calados, se não o castigo triplica.
PATINHOS – Que castigo?
MÃE PATA – Amanhã verão.
NARRADORA - No fim, gatinhos e patinhos pedem desculpa à senhora e às fontes, e ajudam a senhora a enrolar as lãs em novelos. Ainda tentam dar a volta à mãe Pata, mas ela mantém-se firme, e não cede. Ficam mesmo de castigo, vários dias, a fazer tarefas de casa, sem brincar ao ar livre, ir às compras com a mãe…e outros que a mãe impõe. A teimosia, é boa, quando nos ajuda a encontrar soluções, e quando nos faz persistir nas tarefas que temos de cumprir, e nas dificuldades que nos aparecem pelo caminho. Devemos ser teimosos, para seguir em frente, e não ficarmos parados. Mas, atenção, não devemos manter a nossa teimosia, quando isso põe em risco a nossa saúde, por exemplo, só para provar aos outros que somos capazes de loucuras perigosas, ou só porque os outros dizem que somos isto ou aquilo. Somos feitos de carne e osso, e não podemos, nem sabemos fazer tudo, por muito que queiramos. Toca a obedecer às Mamãs, meninos. Elas quando falam têm razão. Se dizem não, é não…e não as desafiem. Lembrem-se que tudo o que fazemos… tem consequências, umas boas…outras más…! Cuidado com a teimosia. E não façam tudo o que os vossos amigos querem, ou dizem.
FIM
Lara Rocha 
(20/Janeiro/2013)