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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

GATINHOS E PATINHOS TEIMOSOS














NARRADORA – Olá meninos e meninas…já alguma vez vos aconteceu de desobedecerem às ordens ou instruções dos vossos papás ou Avós? E o que é que vos aconteceu? Não precisam de contar agora…não gostaram pois não…? De certeza que não! Mas devem ter aprendido, não? Toda a gente, às vezes se porta um bocadinho mal. Mas as consequências nem sempre são boas. Temos de ter cuidado. Vejam esta História. Era uma vez oito gatinhos, e doze patinhos que viviam com os respectivos pais numa grande quinta de uma família. A quinta tinha muito espaço, mas os animais convivem com os humanos, passeavam à vontade pela quinta, onde havia alguns rochedos, estátuas de enfeitar, lagos e fontes deliciosas, erva verde, árvores frondosas. Uma tarde cheia de sol e calor, os patinhos passeavam-se pela quinta, e encontraram dois gatinhos traquinas, que desafiaram os patinhos. 
GATINHO BRANCO – Olá patecos…
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigos!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer!
PATINHOS – Olá.
PATINHA 1 – Já nos tínhamos visto hoje!
GATINHOS (a rir) – Já!
GATINHO BRANCO (ri) – Mas somos cavalheiros, e educados, por isso cumprimentamos sempre que nos cruzamos com os vizinhos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Foi o que eu quis dizer!
PATINHAS (riem) – Sim, sim, claro!
PATINHA 1 – Isso é bonito, fica-vos bem!
GATINHOS – Sim!
GATINHO BRANCO (sorri) – Nós sabemos que sim.
PATINHAS – Vaidosos.
PATINHA 3 – Convencidos!
PATINHA 2 – Isso traz água no bico!
GATINHO BRANCO – Ora, nós nem temos bico…!
(Riem)
PATINHA 4 – Meninas, não lhes dêem ouvidos, nem trela.
GATINHO BRANCO E PRETO – Trela…? Não usamos disso.
PATINHA 6 – E bem precisavam.
GATINHOS – Que más.
PATINHA 6 – Ai, o respeito…! Levam já uma bicada…!
GATINHO BRANCO – Au, prefiro beijinhos.
PATINHA 5 – Que piada…
PATINHA 6 – Vais ter sorte…!
GATINHO BRANCO (ri) – Vais dar-me beijinhos…óh…que bom!  
PATINHA 6 – Que palerminha.
GATINHO BRANCO – Sou muito inteligente.
PATINHAS – És, és…!
PATINHA 5 – É melhor continuarmos o nosso passeio e deixar estes totós…!
GATINHO BRANCO – Patecos…
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigos…!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer.
GATINHO BRANCO E PRETO – Querem vir brincar connosco?
PATINHO 1 – A quê?
GATINHO BRANCO – Podemos brincar a muita coisa.
PATINHA 5 – A mamã disse para não brincarem com esses!
GATINHO BRANCO – Então…? Não entendo porquê…? Somos vizinhos.
GATINHO BRANCO E PRETO – E amigos!
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer. (p.c) Não vos fazemos mal!
GATINHO BRANCO E PRETO – Claro que não. Até simpatizamos convosco.
PATINHA 6 – É melhor não confiarem neles, manos!
GATINHO BRANCO – Ora, então porque não poderão confiar em nós?
GATINHO BRANCO E PRETO – Nós só queremos brincar!
PATINHA 5 – Ora…brinquem uns com os outros. vocês são tantos…!
GATINHO BRANCO – Mas nós já brincamos tanto uns com os outros…! Queremos brincar com amigos diferentes.
GATINHO BRANCO E PRETO – Lá porque somos gatos, e vocês patos…!
PATINHOS – Vá lá, mana…!
PATINHA 6 – Mas não vão.
GATINHO BRANCO – Também podem vir, meninas.
PATINHAS – Nunca!
PATINHO 3 – Vá lá, mana, deixa…!
PATINHO 4 – Por favor, maninha linda, deixa-nos ir brincar com eles.
PATINHA 5 – Deixa-os ir…!
PATINHA 6 – Não. São ordens da Mamã.
PATINHA 5 – É problema deles…depois não digam que não avisamos.
PATINHA 4 – São mesmo palermas.
PATINHA 6 – Então vão pedir à Mamã!
PATINHO 3 – Eu vou.
(Aparecem três gatinhas, irmãs dos outros).
GATINHA 1 – Olá manos…!
GATOS – Olá…!
GATINHA 1 – Olá meninas.
PATINHAS – Olá.
GATINHA 3 – Querem vir dar uma voltinha connosco?
PATINHAS – Vamos.
PATINHA 6 – Estávamos mesmo a pensar nisso!
GATINHA 2 – E querem a nossa companhia?
PATINHAS (sorriem) – Sim.
(Chega o Patinho 3)
PATINHO 3 – A Mamã deixou.
GATINHOS (contentes) – Boa.
PATINHAS – Ááááhhh…!
PATINHA 2 – A Mamã devia estar distraída…!
PATINHO 3 – Não. Estava bem atenta.
PATINHA 4 – Grande mudança.
PATINHA 5 – É melhor irmos avisar a Mamã, e perguntar se quer vir connosco.
PATINHAS – Sim.
PATINHA 6 – Meninas, não se importam…? Ou então…venham connosco, e seguimos.
GATINHAS – Está bem!
GATINHO BRANCO – Vão, choquinhas…!
GATINHO BRANCO E PRETO – Amigas simpáticas.
GATINHO BRANCO – Foi o que eu quis dizer.
PATINHAS – Palermas.
GATINHA 1 – São mesmo cínicos, estes nossos irmãos.
GATINHA 2 – Têm muito jeito para escovar, e conquistar…!
GATINHA 3 – Até fazem papel de maluquinhos só para conseguir conquistar e conseguir o que querem.
GATINHA 1 – E fazem tão bem feito que toda a gente cai.
GATINHA 2 – Mas por baixo daqueles ares de santinhos, existem uns verdadeiros diabos.
GATINHA 3 – A Mamã fica com a cabeça em água.
PATINHA 5 – São meninos…!
PATINHA 3 – Só conhecem brincadeiras estúpidas.
PATINHA 2 – É, só daquelas que se magoam.
GATINHA 1 – As brincadeiras das meninas são muito mais divertidas.
TODAS – Pois são!
GATINHA 2 – A nossa Mamã tem muito orgulho em nós…!
GATINHA 3 – Claro, não andamos à luta…nem partimos coisas a brincar.
PATINHAS – Nós também não.
PATINHA 5 – A nossa Mamã também tem muito orgulho em nós.
(Chegam a casa).
PATINHA 6 – Mamã, nós vamos dar uma voltinha com as gatinhas.
MÃE PATA – Está bem.
PATINHA 5 – Anda connosco!
PATINHAS – Sim, anda!
MÃE PATA – Mas, filhas…eu tenho coisas para fazer!
PATINHA 2 – Óh, fazes mais tarde!
MÃE PATA – Não, vão vocês!
PATINHA 4 – Anda…quando voltarmos ajudamos-te.
MÃE PATA – Mas querem mesmo que eu vá?
PATINHAS – Siiiiiiiimmmmmm!
PATINHA 1 – Anda, Mamã…anda aproveitar o sol, porque daqui a pouco vem a chuva!
PATINHAS E GATINHAS – Pois é!
MÃE PATA (sorri) – Pronto, está bem…convenceram-me!
PATINHAS (contentes) – Boa!
MÃE PATA – Vou só buscar o chapéu. Levem o vosso também!
PATINHAS – Está bem!
(Pegam nos chapéus)
PATINHA 6 – Mamã…tu deixaste os manos brincar com aqueles…?
GATINHA 1 – Eles são um bocado malucos.
MÃE PATA – Sim.
PATINHA 5 – Mas não costumavas deixar!
MÃE PATA – Eu já lhes disse muitas vezes…não me dão ouvidos…assumem, se alguma coisa correr mal! (p.c) Eles têm de bater com a cabeça para aprender. Aí vão – me dar razão!
PATINHAS – Ááááááááhhhhhh…!
GATINHA 2 – Mas não precisamos de bater com a cabeça para aprender…!
GATINHA 3 – Pois não…até porque ao bater com a cabeça, magoamo-nos.
MÃE PATA (ri) – Pois é…queridas, mas há animais que só aprendem quando se magoam. Eles têm de aprender com as asneiras e erros. (p.c) Vamos.
NARRADORA – As patinhas passeiam alegremente, todas vaidosas e muito divertidas. Ao passar pelos filhos, a mãe Pata recomenda:
MÃE PATA – Brinquem com juízo.
PATINHOS – Sim, mamã.
GATINHOS (sorriem) – Boa tarde, vizinha…!
MÃE PATA – Boa tarde.
NARRADORA – Seguem caminho, contentes a falar e a rir, todas vaidosas. Os seis gatinhos juntam-se aos outros dois, e aos seis patinhos. Correm de um lado para o outro, rebolam, riem, saltam, até que os gatinhos se lembram de subir às árvores, mas os patinhos não conseguem. Os gatinhos insistem com eles.
GATINHO 3 – Vá lá…subam!
GATINHO 4 – É tão divertido!
PATINHO 5 – Não conseguimos.
PATINHO 6 – Temos patas, com estas badanas.
GATINHO 6 – Claro que conseguem!
GATINHO BRANCO – Toda a gente consegue!
PATINHO 2 – Nós não conseguimos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Estão é com medo!
PATINHOS – Não!
GATINHOS – Subam!
PATINHOS – Não. Não vamos conseguir.
GATINHOS – Vão!
NARRADORA – Os patinhos tentam subir às árvores mas escorregam e espetam farpas da árvore, com pedaços de madeira, do tronco. Gritam, e caem. Os gatinhos riem. Tiram as farpas com a ajuda dos gatos, das patas, e voltam a subir.
GATINHO 3 – Não se preocupem, isto é só no início.
GATINHO 5 – Tentem outra vez.
NARRADORA - Tentam mais uma vez, e ferem as patas, além disso, caem de costas, gemem, e tiram outra vez as farpas, já com feridas. Mesmo assim, ainda tentam outra vez, e escorregam outra vez. Magoam-se novamente. Tiram as farpas e voltam a subir. Os gatinhos riem.
GATINHO BRANCO (a rir) – Que falta de jeito…!
PATINHO 1 – Eu não subo mais…já estou com as patas muito feridas.
PATINHO 3 – Ai, ai, ai…a Mamã bem nos disse para não subirmos às árvores.
GATINHO BRANCO E PRETO (ri) – Ui, que mariquinhas…a dar valor à mãezinha.
GATINHO 4 – Por causa de uns arranhões iniciais…!
GATINHO 6 – Que medricas…isso são coisas de meninas.
PATINHO 4 – Só por causa dessas coisas, eu vou subir outra vez.
GATINHOS (a rir) – Boa!
PATINHO 5 – Não vás, mano…olha para as tuas patas…!
GATINHO BRANCO – Ora, amigo…não dês ouvidos a esse mariquinhas…! Vai…! Tu és macho…um macho aguenta tudo.
PATINHO 4 – É já.
NARRADORA - Ele soube, os outros patinhos vão atrás, e por sorte conseguem subir. Sobem até meio…os gatinhos batem palmas. Os patinhos olham em volta.
PATINHOS (contentes) – Conseguimos!
GATINHO BRANCO – Eu disse-vos.
GATINHO 3 – E não foi divertido?
PATINHOS – Sim.
PATINHO 4 – Mesmo com as patas feridas.
GATINHO 5 – Isso passa-te já, meu!
GATINHO 6 (sorri) – São mesmo machos.
GATINHO BRANCO E PRETO – Vamos brincar a outra coisa?
TODOS – Sim.
PATINHO 2 – Mas não precisamos de nos magoar.
TODOS – Não.
NARRADORA – Levantam-se, gemem um pouco, mas continuam a brincar. Desta vez começam a correr e apanham uns novelos de lã que a dona da casa deixou cair distraída. Os gatinhos adoram brincar com novelos de lã, e fazem-no muitas vezes…principalmente desfazê-los. É mesmo isso que fazem com os patinhos. Para os patinhos é uma brincadeira totalmente nova, e divertidíssima. Primeiro, correm atrás dos novelos, e chutam-nos, como se fossem bolas, passam de uns para os outros, e o novelo começa a desenrolar-se. Eles correm felizes, rebolam na relva, perto do lago, escorregam na lama e caem, riem, os gatinhos e patinhos estão todos sujos, mas felizes. Depois vão tirar a sujidade à fonte.
FONTE – Áh, áh…nem pensem que vão entrar aqui.
GATINHO BRANCO – Quem é que está a falar?
FONTE – Eu.
GATINHO BRANCO E PRETO – Quem…?
(Olham todos em volta)
FONTE – Eu, palermas…aqui, mesmo diante dos vossos olhos.
(Ficam todos surpresos)
GATINHO 5 – Porque é que não podemos entrar aqui, senhora da fonte?
FONTE – Isto não é sítio para tomar banho.
GATINHO 4 – Vá lá…estamos todos sujos.
FONTE – Não quero saber. Arranjem outro sítio.
GATINHO 6 – Por favor…deixe-nos tomar banho…!
FONTE (grita) – Nem pensar.
GATINHO 5 – Vá lá.
FONTE (grita) – Porque é que não vão para o lago dos patos?
GATINHOS – Não sabemos nadar.
FONTE (grita) – Não tenho nada a ver com isso. Vão á pia dos porcos, ou dos cavalos, ou das galinhas… arranjem-se. Aqui é que não.
GATINHOS E PATINHOS – Que nojo!
FONTE – Que nojo porquê? É tudo água…Aliás vocês é que estão um nojo. A água não vai ficar assim…!
GATINHOS – Por favor…dê-nos um bocado de água…para tirarmos esta sujidade.
FONTE – Não.
GATINHOS E PATINHOS – Vá lá…!
FONTE (grita) – Já disse que não! Já viram esta água, que limpinha que está, se entram aqui, fica um nojo! E eu não quero.
GATINHO BRANCO – Que má.
FONTE – Mãos estão a ser vocês.
GATINHO BRANCO E PRETO – Por favor…nós estamos todos sujos…
FONTE – Não.
NARRADORA – Os gatinhos e patinhos entram na mesma, mas a fonte fica tão zangada que transforma a sua água numa piscina com água a ferver e a borbulhar. Tipo jacuzzi. Os bichinhos saem a correr da água, aos gritos, e vão aos saltos a correr para outra fonte, calma e simpática, e mergulham rapidamente na água. A fonte desata às gargalhadas.
FONTE (às gargalhadas) – Teimosos…!
Suspiram de alívio.
NARRADORA – Olham em volta, aliviados, e vêem penas e pelos a boiar na água. Começam todos a gritar, em pânico, e preocupados. Levantam-se da água.
TODOS (preocupados) – Isto é nosso? (Olham uns para os outros) É!
FONTE 2 (ri) – Sim, é vosso. E não vai ficar aqui nesta água pois não?
GATINHO BRANCO – Não podemos colá-los outra vez.
FONTE 2 – Mas eu também não tenho que ficar com eles aqui…!
GATINHO BRANCO E PRETO – Aquela cobra…quase nos cozia ali.
FONTE – Eu avisei que não iam entrar na minha água, nesse estado imundo, não foi?
PATINHOS – Sim, foi.
FONTE – Teimaram em entrar, mesmo sem autorização.
GATINHOS E PATINHOS – Sim.
PATINHO 1 – Nós só queríamos limpar-nos.
FONTE – Com tantos sítios para se lavarem…tinham logo que vir para a minha água…nem pensar.
PATINHO 2 – Mas também não precisavas de nos tratar daquela maneira.
FONTE (ri) – Não entenderam a bem, entenderam a mal.
FONTE 2 – Foram teimosos…?
FONTE – Sim, muito.
FONTE 2 – Fizeste muito bem.
FONTE – E é claro que eles vão limpar essas penas e pelos daí.
GATINHO 3 – Mas estamos rodeadas de mázonas.
PATINHO 4 – Já não podemos brincar…!
FONTE – Ninguém está a dizer que não podem brincar…mas brinquem de forma decente.
FONTE 2 – O que vocês fizeram, não é brincar…é fazer porcarias, e estragar coisas.
FONTE – Pois é…! Ninguém vos mandou brincar na lama.
NARRADORA – Aparece a senhora da casa, mais velha, que está desvairada à procura dos novelos de lã que comprou. Não quer acreditar no que vê…os novelos todos sujos, desfeitos, cheios de nós, entrançados uns nos outros, as cores todas misturadas...e os patos e gatos na fonte.
SENHORA (grita) – Mas o que é isto? (p.c) O que é que aconteceu aqui? (p.c) Os meus novelos…?! (p.c) Aaaaaaaiiiiiii….malditos gatos…foram vocês…!!
GATINHOS – Estamos fritos.
PATINHOS – Ai, ai, ai…!
SENHORA (grita, nervosa) – O que é que estão a fazer dentro de água…? Seus porcos…
NARRADORA – Ela agarra um por um, dá umas sapatadas em cada um, e tira-os da água. Tira os pelos e as penas, muito chateada, os patinhos estão muito envergonhados, e os gatinhos também. A Senhora apanha os novelos todos desfeitos. Encolhidos, encostados a uma árvore, a tremer e a chorar. A mamã Pata, chega com as patinhas e as gatinhas.
MÃE PATA – Mas o que é que aconteceu aqui.
SENHORA – Só me apetece desfazer-vos…! (p.c) Olhem para isto…! (p.c) Só fizeram bagunça…e porcarias…! (p.c) Palermas. Indecentes…! (p.c) Um dia destes faço uma arrozada de patos e de gatos. (p.c) Aaaaaiiii…que nervos…o que é que eu vou fazer agora? (p.c) Desgraçados…!
MÃE PATA – Mas, mas…!
SENHORA (nervosa) – Desapareçam da minha frente, antes que vos desfaça…
GATINHA 1 – O que é que vocês fizeram…?
GATINHOS – Nada…!
GATINHA 2 – E por acaso são peixes para nadar…?
GATINHA 3 – Porque é que a senhora está tão zangada?
MÃE PATA (zangada) – Já para casa, suas pestes…!
NARRADORA – Os gatinhos desatam a correr, e os patinhos também. A senhora resmunga mais um pouco, arruma o que desarrumaram, e a mãe Pata está a ferver, mas não explode. Está apenas com ar pesado. Os patinhos estão muito envergonhados, e cheios de mazelas. Feridas nas patas, sem penas no rabo…a mãe Pata grita.
MÃE PATA – Muito bem…sentem-se…suas pestes…! O que venha a ser isto? (Silêncio) Ai não tem nada a dizer…?
PATINHO 1 – Desculpa Mamã.
MÃE PATA – O que venha a ser isto…as patas nesse estado?
PATINHOS – Estivemos a brincar.
MÃE PATA – A brincar…? A brincar com facas…?
PATINHO 2 – Subimos às árvores.
MÃE PATA (grita) – O quê?
PATINHO 3 – Óh, mamã, só queríamos experimentar coisas novas.
MÃE PATA (zangada) – E desde quando é que um pato sobe a uma árvore?
PATINHO 4 – Nós achávamos que conseguíamos…
PATINHO 5 – Sim, e os gatinhos começaram a dizer que éramos mariquinhas, e que não éramos machos se não subíssemos…!
MÃE PATA – Mas que disparate tão grande…onde é que já se viu patos a subir às árvores…?
PATINHO 6 – Estávamos a brincar.
MÃE PATA – Áááhh…só estavam a brincar, mas estão felizes por estarem com as patas em carne viva…?!
PATINHOS – Não.
PATINHO 1 – Dói muito.
MÃE PATA – Vão outra vez subir às árvores…atrás dos vossos amigos…gatos idiotas…e se eles dissessem para vocês se atirarem para a fogueira…vocês atiravam-se só porque eles iam dizer não sei quê, não sei que mais…?!
PATINHOS – Não.
MÃE PATA – Mas foi o que vocês fizeram.
PATINHO 2 – Por favor Mamã…trata-nos das feridas…!
MÃE PATA – Não trato…tratem vocês!
PATINHOS – Por favor, Mamã.
PATINHO 3 – Eu sei que não nos portamos bem, mas por favor, ajuda-nos.
MÃE PATA (zangada) – Não. Vocês não merecem…foram muito teimosos, como sempre. (p.c) Quantas vezes é que vos disse para não brincarem com aqueles…? (p.c) Vocês não têm as mesmas capacidades que eles…não tem quatro patas, nem adesivos nas patas…nunca poderão subir a uma árvore como eles, mas podem brincar de outras maneiras… (p.c) E lá porque eles estavam a provocar-vos, não tinham nada que pôr a vossa vida em risco, para provar uma coisa de que realmente não são capazes de fazer. (p.c) Por acaso pensaram no que podia acontecer-vos, por causa da vossa teimosia…? Eu fartei-me de vos avisar. Foi ou não foi?
PATINHOS – Foi.
MÃE PATA – E mesmo assim fizeram asneirada da grossa. (p.c) Acham bem…?
PATINHOS – Não.
PATINHO 2 – Estamos muito arrependidos.
PATINHO 4 – E muito envergonhados.
MÃE PATA – E devem estar mesmo…foi mesmo vergonhoso o que vocês fizeram. (p.c) E essa escaldadela no rabo?
NARRADORA – Pois é…a teimosia dos bichinhos trouxe muitos problemas. A Mãe Pata continua a pregar sermões aos patinhos, que explicam tudo o que aconteceu, e no fim, a mãe lá lhes cura as feridas com amor e carinho. Os gatinhos também ouvem ralhetes.
MÃE PATA – Isto que não volte a acontecer. E estão de castigo, enquanto não souberem brincar!
PATINHOS – Nãããããããoooo…!
MÃE PATA – Calados, se não o castigo triplica.
PATINHOS – Que castigo?
MÃE PATA – Amanhã verão.
NARRADORA - No fim, gatinhos e patinhos pedem desculpa à senhora e às fontes, e ajudam a senhora a enrolar as lãs em novelos. Ainda tentam dar a volta à mãe Pata, mas ela mantém-se firme, e não cede. Ficam mesmo de castigo, vários dias, a fazer tarefas de casa, sem brincar ao ar livre, ir às compras com a mãe…e outros que a mãe impõe. A teimosia, é boa, quando nos ajuda a encontrar soluções, e quando nos faz persistir nas tarefas que temos de cumprir, e nas dificuldades que nos aparecem pelo caminho. Devemos ser teimosos, para seguir em frente, e não ficarmos parados. Mas, atenção, não devemos manter a nossa teimosia, quando isso põe em risco a nossa saúde, por exemplo, só para provar aos outros que somos capazes de loucuras perigosas, ou só porque os outros dizem que somos isto ou aquilo. Somos feitos de carne e osso, e não podemos, nem sabemos fazer tudo, por muito que queiramos. Toca a obedecer às Mamãs, meninos. Elas quando falam têm razão. Se dizem não, é não…e não as desafiem. Lembrem-se que tudo o que fazemos… tem consequências, umas boas…outras más…! Cuidado com a teimosia. E não façam tudo o que os vossos amigos querem, ou dizem.
FIM
Lara Rocha 
(20/Janeiro/2013)

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