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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O mistério das árvores

        

foto de Lara Rocha 

         Era uma vez um jardim na casa de uma família onde existiam muitas árvores que pareciam iguais às outras, umas grandes, outras pequenas, umas mais largas outras mais finas, umas com mais galhos, outras com menos, mais folhas, menos folhas, cores diferentes, e serviam de abrigo a muitos passarinhos.
As pessoas não lhes ligavam, raramente olhavam para elas, só quando mudavam as estações a correr, para ver se tinham folhas ou se estavam carecas, mas logo voltavam à sua vida, ou lembravam-se delas, quando agradeciam nas suas orações noturnas a sua presença. 
Mesmo com tanta indiferença dos humanos, as árvores continuavam resistentes, de pé, e felizes, porque sabiam o seu valor.
            Um dia, a menina parou de trabalhar e sentou-se numa cadeira no sótão. Olhou para a janela e para as árvores que eram verdes, frondosas e na sua copa viu fios dourados, muito finos. Ela nunca tinha visto nada assim...por isso ficou maravilhada e surpresa.
Que fios eram aqueles? Será que já tinham estado ali desde sempre e ela nunca reparou, ou só estariam lá hoje? O que seria? Mil perguntas encheram a sua cabeça, e enquanto isso, do nada… os fios começaram a desaparecer. Olhou outra vez e já não havia um único fio dourado.
Como tinham desaparecido foi jantar, e quando se ia deitar foi ver a linda lua cheia, olhou para a árvore e reparou que não haviam fios dourados, mas sim fios prateados muito leves, que ondulavam para um lado e para o outro na copa da árvore que ela achava que era a mesma, ficou surpresa e pensativa…mas foi dormir.
De manhã cedo, acordou e olhou para a árvore…não havia fios dourados, nem prateados, mas havia uma cor azulada, parecia que estava uma nuvem leve em cima da copa da árvore, e brilhantes por todo o lado, uns que brilhavam mais, outros que brilhavam menos, e pareciam cristais tão transparentes que quase se viam arco-íris.
Noutra árvore os cristais deslizavam pelos troncos, e outros pendurados nos troncos, outros pousados no musgo, noutra árvore ao lado ela viu mesmo pequeninos arco-íris vindos não se sabia de onde.
Muito preocupada e assustada, foi contar aos seus avós. Estes sorriram e não lhe contaram o segredo daquele mistério todo. Só lhe disseram que os fios dourados, os fios prateados, os cristais e os arco-íris eram as danças das fadas da natureza, quando se encontravam com os anjos, para nos lembrar que a natureza é perfeita, o mundo existe, está cheio de magia, beleza e mistérios que nunca saberemos explicar! Nem são para compreendermos, apenas para aproveitarmos e saborearmos cada mimo que ela nos oferece, cuidar dela, protegê-la, respeitá-la a amá-la!
A partir daí ela passou a estar muito mais atenta, todos os dias, para ver todas as surpresas da natureza! Elas não paravam….e até despertou esse gosto nos outros elementos da família, que muitas vezes pareciam distraídos com o trabalho.
Aliás…só a natureza é perfeita!
            E vocês? O que acham que poderiam ver de uma janela para as árvores?

FIM
Lálá
(26/Fevereiro/2016)



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A ÁRVORE E OS SEUS BRACINHOS

      
            Foto de Lara Rocha 

       Era uma vez um tronco de uma árvore muito grosso e largo, cheio de braços com garras finas, que vivia numa floresta. Num dia de Inverno, os galhos observaram atentamente e muito curiosos, um céu cinzento e nuvens roxas, azuis escuras, violetas.
        Eles preferiam o sol, é claro, mas amavam a natureza, por isso aceitavam e respeitavam! Os galhos sentiram uma enorme vontade de tocar nas nuvens.
        Os braços mais carinhosos queriam pegar nelas, deitá-las e sentá-las nos seus colos, embalá-las nos seus braços para dormirem.  Os mais delicados queriam tocar-lhes para saber como eram. Os mais comilões queriam poder prová-las ou trincá-las.
O mais agressivo, o mais nervoso e o mais resmungão, queriam chegar-lhes e arranhá-las, rasgá-las, pisá-las, amassá-las e torcê-las. Os mais irrequietos queriam subir, saltar, correr, escorregar, rebolar.
Os mais pesados, queriam ir lá, para ver se ficavam mais leves, os mais tristes queriam abraçar-se às nuvens e conversar com elas. Os mais preguiçosos, os dorminhocos e os sonhadores, queriam as nuvens para fazer uma caminha, uma almofadinha e um cobertor.
Cada um tinha os seus sonhos e desejos. Nesse mesmo dia, depois de uma chuva torrencial, um nevoeiro muito cerrado envolveu toda a floresta.
Os galhos pensaram que o seu desejo se ia realizar, que as nuvens tinham ido ao seu encontro, porque eles estavam presos e não podiam sair, e ficaram muito entusiasmados, felizes…
Tentaram fazer tudo o que queriam, mas perceberam que não conseguiam agarrá-las, nem prová-las, nem tocar-lhes, nem abraçá-las, como tinham imaginado.
Óh…ficaram mesmo tristes! Tão tristes que começaram a chorar. O tronco ficou encharcado, parecia que de repente tinha recomeçado a chover outra vez, muito forte.
O tronco olhou para os galhos e perguntou o porquê de tanta tristeza. Cada um contou os seus desejos, e todos pensaram que podiam realizá-los…
O tronco explicou que não eram nuvens. Era nevoeiro, por isso, nem nas nuvens, nem no nevoeiro podiam ou conseguiam tocar…só na imaginação deles.
Foi mesmo isso que fizeram! Fecharam os olhos e deixaram-se levar pelos seus sonhos, sem nunca sair do seu tronco. Lá…cada um conseguiu realizar o que queria.
E todos sorriram. O sorriso deles foi tão luminoso, e tão doce, sincero, que até as nuvens gostaram, afastaram-se envergonhadas, a sorrir, porque sabiam que aqueles galhos estavam a pensar nelas, parou a chuva…o sol voltou a brilhar, mesmo que com as nuvens por trás.
Para retribuírem a lembrança e o carinho, cada nuvem deu um bocadinho das suas cores através de um sopro, e todas juntas construíram um gigantesco arco-íris, visto em toda a floresta. Os galhos perceberam que foram as nuvens, agradeceram em coro e aplaudiram.
E vocês? Já sonharam com nuvens? Ou imaginaram histórias ao ver as nuvens? O que é que já descobriram lá?

FIM
Lálá
(11/Fevereiro/2016)