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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Um filho

Um filho é uma luz que brilha debaixo de uma pele,

é como uma flor a abrir 

ao som das batidas do coração de uma Mãe feliz, 

que ama, cuida e respeita, 

aceita o pequenino botão de rosas em formação, 

uma flor de luz,

que se abre e cresce dentro dela… 

mesmo com os seus espinhos! 

Um filho é um diamante bruto e valioso 

 guardado num lugar seguro 

A mãe!!! 

Depois de ser um lindo botão aberto, 

À luz do dia, 

o botão precisa de amor, cuidado, atenção, carinho e regras. 

E aceitação! 

Para que o botão continue a brilhar 

Com a sua própria luz, 

E continue a crescer, 

precisa de saber ouvir Nãos, 

de ser contrariado,  

de sentir a frustração e lidar com ela, 

mesmo com birras.

Um filho não precisa de máquinas nas mãos, 

Precisa dos pais, 

De dialogar com eles, 

Brincar com eles , e com outras crianças, 

Ouvir histórias, 

ler, inventar, criar, escrever, 

desenhar, pintar. 

Ser ouvido 

e valorizado mesmo na sua imperfeição. 

Um filho é uma luz que brilha, 

Mas para que ilumine a si próprio, ao mundo e aos outros, 

Precisa dos pais, 

Precisa de brincar, 

Precisa de falar sobre sentimentos, emoções,

Precisa de abraços, 

Carinho, colo, 

Precisa de ter tempo para ser criança! 

Não precisa de ser o melhor na escola, 

nem de ter altas notas, 

ou muitas atividades para competir com os outros. 

Tem de fazer o que mais gosta.

Um filho não é a continuidade dos pais, dos avós, dos tios, 

nem das vontades, sonhos ou desejos deles. 

Um filho é um ser único, 

diferente de todos, 

desenvolve ao seu ritmo, 

aprende ao seu ritmo, 

não é porque o outro fala mais ou anda mais rápido, 

que um filho tem problemas 

ou deve ser entupido de terapias e atividades, mais atividades…! 

De que vale tudo isto se vai contra o que ele é? 

Não é porque o outro tem, 

e este não, que ele deixa de ser um filho amado 

Só a aceitação da criança e das suas características físicas e psicológicas 

transmite à mesma o sentimento de pertença a uma família, 

e a sensação de ser amada. 

Um filho para a sua luz brilhar 

não precisa de ter tudo o que quer, 

ou tudo o exige, 

só porque o outro tem...! 

Um filho, 

Para a sua luz brilhar e iluminar os outros, 

Não precisa de ser arrogante, 

vaidoso ou magoar os outros, 

nem de ser stressado, 

Precisa de aprender ao seu ritmo,

e ser aceite com as suas dificuldades, 

ser respeitado e respeitar 

ser criança e ser feliz! 

Um filho é um ser em constante construção. 


                                             FIM 

                                         Lara Rocha  

                                    12/ Dezembro/2023 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Apreciar o sol


     Era uma vez umas folhas caídas de umas árvores no Outono, amontoadas pelas ruas sombrias de uma aldeia, com montes à volta, neve, e frio. 

       Tudo coberto de branco, mesmo o sol, só espreitava em determinados pontos da aldeia, de forma tímida, mas não era o que acontecia com estas pobres folhas que viviam aos pés das árvores. 

       Algumas tinham a sorte de encontrar tocas nas árvores, aos seus pés, ou nos troncos, outras eram convidadas pelos cogumelos gigantes a abrigar-se debaixo deles. 

        As menos sortudas, ficavam no chão desde que o vento as arrancava das árvores, eram levadas para baldes, e lá se consolavam com o calor umas das outras. 

foto de Lara Rocha 

       Pareciam já estar todos habituados àquele frio, mas as folhas viam uma luzerna de sol entre as ruas, não sabiam o que era.  Pensavam que era a luz das casas, só que quando olhavam para as casas essa luz era diferente. 

       Ficavam muito intrigadas. Um dia uma folha decidiu perguntar a uma menina que passava a naquele local, toda encasacada a cantarolar que ia ao supermercadinho fazer umas compras para a mãe: 

- Menina...desculpa...-diz uma folha 

   A menina olhou para todo o lado, não viu ninguém. A folha percebe que a menina não a viu e aos colocou-se aos seus pés. 

- Olá! Sou eu que estou a falar contigo! 

      A menina sorri: 

- Áh! Uma folha! Olá! Desculpa, não estava a ver ninguém. Pensei que estava a imaginar. 

- Olha...não te vou roubar muito tempo, mas...o que é aquela luzinha ali, entre as ruas? 

- São as luzes das ruas, e das casas! Como mesmo de dia, está escuro, elas ficam acesas. 

- Áh! Sim. E aquela luz diferente? Que só vemos de vez em quando? 

       A menina olha para as ruas. 

- Não vejo nada de diferente! São as luzes de sempre! 

       A folha ficou desiludida com a resposta. Sentia que alguma coisa diferente havia naquelas ruas, mas não sabia o que era. Sorriu e disse: 

- Entendi! Obrigada...! 

- De nada! 

      A menina segue caminho, a folha volta para o seu local, triste. 

- Tenho a certeza que aquela luz é diferente! Não é a das ruas nem das casas. - murmura a folha

- Falaste comigo? - pergunta outra folha 

- Não, não...estava só a pensar alto na resposta da menina. Perguntei que luzinha era aquela, ela disse-me que não havia luzinha...era a das ruas e a das casas. Eu disse-lhe que era uma luzinha diferente, aquela que só vemos de vez em quando, além da das ruas e das casas. Tu não vês uma luz diferente? 

- Sim, sei de que luz estás a falar. Talvez a menina nunca a tenha visto. 

- Acho difícil ela nunca ter reparado numa luzerna diferente! 

- Deixa lá! Estas pessoas andam sempre na lua...na vida delas, nos pensamentos delas, não olham para nós. 

      A menina regressa com as compras, ficou a pensar na pergunta da folha, parou e olhou para as ruas. Viu as luzes das ruas e as luzes das casas que já conhecia há muito, mas realmente viu raios de sol, pequenas luzernas que também não via sempre. 

- Realmente...existe ali uma luz diferente! Além das da rua e das casas...já sei o que é! (grita) Óh folha que há bocado me perguntaste o que era aquela luz...onde estás? 

      A folha, surpresa, e um pouco assustada, volta a aparecer aos seus pés. 

- Sou eu! Diz…! 

- Há bocado falaste numa luz diferente, além das ruas e das casas, e eu disse-te que eram as luzes de sempre, não havia outra! Mas tu tinhas e tens toda a razão! Aquela luzinha que só vês de vez em quando, além das outras, é a do sol que entra pelas ruas! Umas vezes mais forte, outras vezes, mais fraquinho. Quando sorri tímido, e o dia está mais cinzento, com mais nuvens. Olha que nunca tinha reparado quando se vê daqui! Que lindo! Ficam diferentes as ruas! Áááhhh…! Parece que sorriem e que se tornam mais quentes! Agora não, claro, mas no Verão, sim. 

- Áh! Que bonito mesmo! Obrigada! 

- Obrigada eu, folha! Nunca tinha reparado como ficam bonitas as ruas com  estes raios de sol entre nuvens! Se não me tivesses perguntado continuava sem ver este espetáculo. 

- Eu gostava de o sentir! Posso? 

- Queres hoje? Hoje não deve ser muito quente...mas posso levar-te e vês! 

- Está bem! 

      A menina leva a folha, deliciada com o que tinha acabado de descobrir, e um grande sorriso. 

- Aqui vê-se mais e melhor! É aqui que eu moro! - diz a menina 

- Uau! Que giro! - diz a folha

- Quando não há nuvens qualquer rua fica bem quentinha! Mas este sol de hoje é fraquinho, não aquece muito. 

- Virão dias mais quentes, com certeza! - diz a folha 

- Sim! Quando o sol estiver mais forte, eu vou-te buscar para o sentires! É muito bom! 

- Combinado! Muito obrigada! 

- Da nada! Ver-nos-emos em breve. 

- Claro que sim. Qualquer coisa estou ali! 

       A menina pousa a folha no chão, entra em casa, a folha sobe a rua à procura do sol. Numa praceta da aldeia, desamparada, sem árvores, o sol brilhava, tudo estava mais claro e mais agradável. 

- Ei, quase parece as luzes das ruas. - sorri 

O sol faz uma surpresa à folha. Começa a andar para trás. 

- Óh…vais fugir, agora que sei que és tu? 

      O sol sorri, e ela vai atrás dele, deixando as nuvens para trás, e vai parar à sua casa, onde quase nunca vai, no Outono e no Inverno. As folhas nem querem acreditar. 

fotos de Lara Rocha 

    Ficam tão felizes, que se levantam e sentem um sol quente. As saudades que elas já sentiam de um calor assim, e de tanta claridade. 

- Que delícia de calor! Obrigada querido Sol! - suspira uma folha

- Obrigada! - Dizem todas 

- Áh! Que espetáculo! Há quanto tempo não sentia assim uma coisa tão boa! - comenta outra folha 

       As folhas esbarrigam-se, saltam, de felicidade, deliciam-se com a claridade e o calor agradável do sol.

- Por favor, Sol, volta para este sítio mais vezes! Olha para isto...onde nós vivemos...já estamos habituadas mas com sol...contigo, é outra coisa! - pede uma árvore 

- Vocês também precisam de chuva! - lembra o Sol 

- Claro que sim, mas tu és melhor. - diz outra árvore 

- Deixa para lá quem não te liga nenhuma! - comenta outra árvore 

    As folhas correm, saltam, abraçam-se, brincam umas com as outras, dançam, cantam, batem palmas, caminham sorridentes. 

- Pois é! Olha a nossa alegria, olha a indiferença dos habitantes que nunca tinham reparado que tu passeavas pelas ruas. - comenta outra árvore 

- É mesmo! Nunca tinham visto a tua luz! E foi uma folha que reparou! Só não sabia que eras tu! 

    O Sol fica feliz e promete voltar: 

- Voltarei, sim! Tens toda a razão! Acho que não me ligam mesmo. Só quando eu não apareço há muito tempo, para me ralhar. E quando apareço durante muito tempo também não ficam satisfeitos...resmungam do meu calor! 

- Não sabem o que querem! - ri um cogumelo 

- Não mesmo! - diz o Sol 

- Bem...não saias daqui. É tão bom sentir-te! Estamos sempre neste lugar frio, sombrio, precisamos de ti! - diz a folha 

- Está bem, obrigado! Mas daqui a pouco vou ter de sair. Só que volto! 

- Está bem. - dizem todas 

- Muito obrigada por este bocadinho! - diz outra árvore 

- De nada! - diz o Sol a sorrir 

       Como prometido, o Sol vai e volta. As folhas ficam o resto do dia felizes, e mais quentinhas. Os habitantes continuam na vida deles, sem reparar na beleza que existe à sua volta, nem no Sol. Mas isso não o incomoda, porque ele vai alegrar as folhas que tanto lhe pediram, aquecê-las, vê-las dançar, cantar, brincar. 

       A menina aprendeu com a folha a ver os raios de Sol pelas ruas, e como isso tornava tudo mais bonito. Também passou a estar mais atenta à presença das luzernas de sol, e a sorrir. 

       Até contou aos pais, que contaram aos tios, e um deles, era fotografo. Dedicou-se a fotografar esses raios de Sol pelas ruas, em todos os recantos onde apareciam e nunca tinham visto, nas folhas, na neve, nos telhados, no chão, nas árvores. 

      Tudo ganhava um brilho especial, magia, cor. E foi a partir de uma exposição que o fotógrafo fez com as fotografias, que os habitantes começaram a apreciar a natureza que os rodeava.

      Isso fê-los sentir mais felizes, orgulhosos, ensinou-os a dar valor a tudo o que viam.

                                                FIM 

                                            Lara Rocha

                                        11/Dezembro/2023 


E vocês? Gostam de sentir, de apreciar o sol, a chuva, as nuvens, a neve e tudo o que a natureza oferece? 

O que gostam mais? 

Podem deixar nos comentários as vossas respostas.