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domingo, 28 de março de 2021

As vezes olhamos para cima

 





          Às vezes olhamos para cima, à procura de pensamentos que nos fogem, de ideias, novos planos, soluções, de ajuda e não encontramos. Só recebemos quadradinhos cheios de nada.                     
       Às vezes olhamos para cima à procura de ajuda, revisitamos e encontramos desejos e sonhos não realizados, medos, incompreensões, os gritos e as palavras que tivemos de calar, os choros que ninguém viu, a tristeza que disfarçamos tantas vezes ainda hoje.
      Às vezes olhamos para cima e encontramos desilusões, silêncios, saudades, vontades, antepassados,  a nossa infância, adolescência e idade adulta, as nossas histórias, brinquedos e brincadeiras inocentes. 
   Quando olhamos para cima sentimos orgulho, misturado com saudade, revisitamos momentos, amores, sonhos. Quando olhamos para cima, temos esperança que alguém esteja a ver a mesma estrela mais bonita que nós, aquela pessoa que esperamos ou que nem sequer sabemos se alguma vez vai aparecer...ou se ela pensa em nós e tem a mesma vontade de nos encontrar! 
      Às vezes olhamos para cima só para ver se está lá alguém. E olhamos para cima para sonhar, em busca de Sonhos... é mesmo nesses que encontramos o caos, tudo o que não conseguimos exteriorizar, mostra-se em forma de chuva,  a raiva, a dor, a tristeza, os medos, os amores não correspondidos. 
      Está tudo lá em cima, nas palavras, emoções e pensamentos que não conseguimos exteriorizar! Quando olhamos para cima, procuramos abraços, estrelas, colo, amor, carinho, compreensão e luz. O que encontramos na verdade? Solidão, silêncio, vazio,  às vezes só encontramos quadradinhos cheios de nadas, em vez de respostas.

Fim 
Lara Rocha 
Março 
2021 

terça-feira, 16 de março de 2021

o abraço, as suas formas, cores e sabores...













Dois amigos têm uma conversa de reflexão sobre os abraços: 

- De que são feitos os abraços? 

- Sei lá, nunca fiz nenhum. 

- Já viste alguém fazer abraços? 

- Não! 

- Nem eu! 

- Então se calhar não devem ser feitos de nada, nem sequer devem ser fabricados! 

- Nunca os vi. 

- Nem eu. 

- Acho que não tem forma. 

- Não, pelo menos de gente não tem forma, se não, conseguíamos vê-los. 

- Acho que eles disfarçam-se...

- De quê? 

- De invisíveis. 

- E alguma vez isso foi possível? Se são invisíveis não se podem disfarçar de invisíveis. 

- Já viste algum invisível? 

- Não! 

- Nem eu! 

- Então porque é que dizes que eles se disfarçam de invisíveis? 

- Porque...nunca os vi. 

- Nem eu, mas não sei para que é que se disfarçam de invisíveis. 

- Para não serem vistos, ora! 

- E porque é que eles não querem ser vistos?

- Não sei...pergunta-lhes. 

- Tens o contacto deles? 

- Claro que não. 

- Então também não lhes posso perguntar.

- Porquê? 

- Se não tens o contacto deles, nem eu...nada feito, não temos como falar com eles. 

- E para que é que tu querias falar com eles?

- Eu já tentei falar com eles, mas eles não me responderam. 

- Se calhar não foste muito simpática com eles. 

- Fui, fui...eles é que são mal-educados. 

- Não, podem ser envergonhados. 

- Ou ficaram chateados. 

- Pois, podem não gostar de ser incomodados. 

- Mas tu achas que eles têm forma, e podem ser como nós?

- Acho que sim. 

- Como é que sabes? 

- Se calhar quando somos abraçados por alguém...são eles...

- Hummm.... bem pensado! És capaz de ter razão. Mas eles quem? 

- Os abraços. 

- Áh, pois. 

-  Será que se constroem? 

- Não sei. Acho que não.

- Também para ti é tudo não. 

- Claro, nunca vi a construir abraços. Tu achas que se constroem? 

- Eu acho que sim... 

- Quem? 

- Hum, não sei se se constroem, nem quem os constrói...talvez...sejamos nós que os construímos, com os nossos melhores sentimentos uns pelos outros. 

- Nunca vi ninguém a construir abraços. Mas como são bons os abraços! 

- Isso é verdade, e eles falam. 

- Falam? Já os ouviste falar? O que disseram? Então tens o contacto deles. 

- Não, falam, quer dizer...transmitem mensagens a quem os recebe.

- Já experimentaste? 

- Já. 

- E o que é que eles disseram? 

- Não me lembro! Já foi há muito, muito tempo, mas também já não me lembro do que disseram. Sei que foi bom. 

- Pois...eu acho que também já me encontrei com eles, foi bom, mas não sei quando foi. 

- Será que os abraços se podem cozinhar? 

- Claro que não...ou talvez sim, como batatas na fritadeira a saltitar, eu nunca os vi ser cozinhados. 

- Se se pudessem cozinhar, eu não saía da cozinha.

- Para os cozinhares ou comeres?

- Os dois.  

- Mas daqui a pouco podem inventar um novo prato feito de abraços. 

- Quando se puderem cozinhar, eu faço isso, para alimentar corações doridos, solitários, frios, magoados, alimento todos os que andam em guerra. 

- Olha, boa! A que sabem os abraços? 

- A muita coisa! 

- Já provaste? 

- Acabei de dizer que sim... mas já foi há tanto tempo que não sei ao que souberam... mas...acho que se me dessem agora um abraço, iam saber-me a... saudade, alegria, carinho... 

- Áh! Que lindo! O meu acho que ia saber a tristeza....

- Porquê? 

- Porque...olha porque...estou triste. 

- Lembro-me que alguns sabiam-me a...amor, outros a...carinho...outros a...estou contigo...outras a...amizade, conforto...outros a...preenchimento...

- Vamos experimentar? 

- Agora? 

- Sim. 

            Abraçam-se, e riem. 

- Este soube bem! 

- Sim, foi bom. Soube a... felicidade! 

- A mim também, e a carinho! 

- A mim também. 

- Óh, agora....soube-me a saudades! E a tristeza. 

- Que estranho,  a mim também. 

- Vamos dar outro a ver se nos sabe melhor! 

- Boa! 

        Abraçam-se outra, e outra vez, e perceberam que realmente cada abraço tem o seu sabor, a sua cor, a sua mensagem, e uma forma, pode ser mais leve e rápido, mais longo e apertado. Mas uma coisa é certa. É muito bom. 

E vocês? De que acham que são feitos os abraços? 

Se pudessem vê-los, que cor ou cores teriam? 

A que saberiam? 

Acham que se podiam comer? 


           Imaginem, e podem escrever nos comentários 

 Lara Rocha

                                                                            16/3/2021 


sábado, 6 de março de 2021

monólogo: quem és tu?

 




QUEM ÉS TU?

Quem és tu, belo anjo de luz, em corpo de criança? És um anjo? És uma criança? Ou és um anjo num corpo de criança? Vi-te…Vi a tua luz! Só não sabia de ti. Ser pequenino, mágico, doce, especial. Quem és tu, pequenina luz que vi nos meus sonhos? Onde estavas, pequenino anjo lindo? Procurei-te…Muito tempo, todos os dias…Dia, noite, na rua, nas lojas, nos livros…Procurei-te Anjo lindo! Pequenina luz…Cheguei a pensar que serias mesmo um anjo lindo para me proteger, amar à tua maneira, fazer-me sentir especial. Cheguei a pensar que eras mesmo um anjo porque não te vi, durante tanto tempo que te procurei…

Só te vi aquela vez…Anjinho…em forma de gente! Enquanto não te vi procurei-te sem parar, sentia a tua luz e a tua presença. Anjo lindo, simples, bom. Quando estava convencida que eras mesmo um anjo porque não te via e porque me transmitias coisas tão boas…A tua luz esteve sempre comigo…E fazia-me bem. Via-te muitas vezes, até de olhos abertos, sem pensar em ti…e era tão bom, o que me transmitias! Conseguia ver os teus olhos, as tuas bochechas, o teu cabelo escuro, a tua doçura, e tudo o que tinhas de especial!

Sim, eu sabia que eras mesmo um ser especial…Por isso, só podias pertencer a um mundo à parte…Diferente do nosso. E estavas sempre comigo! Eu sentia-te, e via-te muitas vezes no meu pensamento! Um feliz dia…Há muito pouco tempo, tu apareceste outra vez…Quando estava a meditar, a repousar…Apareceu aquela criança linda, o anjo do sonho…E a criança mais crescida…Essa que procurava por todo o lado. Essa que me fazia sentir tão bem, Esse anjo de luz, em forma de criança…A menina especial…Anjo do meu sonho, que tanto procurei, e pensei nunca encontrar, Conhecia-a! 

Com sete anos…Um verdadeiro e lindo anjinho, de carne e osso, com o mesmo olhar, com tudo o que esse olhar me transmitiu no sonho, a mesma serenidade, a mesma luz, a mesma temperatura da pele, a mesma textura da pele, o mesmo cabelo escuro, e toda a sua beleza! 

Agora, esse anjinho continua a fazer parte de mim, um ser de luz, Que amo incondicionalmente…Um ser doce, um ser mágico, bom, que agora me abraça de verdade…E que é tão bom. Esse anjo, essa criança do sonho…Que tanto procurei e nunca antes tinha encontrado, que estava sempre em mim…Sempre no meu pensamento, eras tu, meu amor, minha boneca, minha princesa, meu anjinho lindo!

dedicado a um criança muito especial!!! 

Lara Rocha 
19/Março/2018 

monólogo terapêutico

 


O que sinto? Será que te perdoei? Será que já te esqueci? Talvez sim, talvez não...Não sei.

Talvez te tenha perdoado, mas talvez não te tenha esquecido. Porque tenho memória e porque a cratera ainda é funda. Será que te perdoei? Talvez...pela tua escolha, pela tua ignorância, pela tua fraqueza...No fundo...Talvez não tenha sido perdão...Mas...pena! 

Esqueci-te? Não...Ainda me lembro muitas vezes de ti. Talvez tu não te lembres, ou talvez sim. Gosto dessas lembranças, são carinhosas, fazem-me sorrir.  Enternecem-me e às vezes até trazem saudades...

Saudades daquele que foste quando dizias que eras meu, e que eu era tua. Saudades do carinho...Saudades do brilho do olhar, saudades dos toques, das mensagens. 

Saudades...É...não passa disso...Acho que te perdoei, mas não te esqueci...Apenas porque o coração ainda dói, ainda está ferido, e as portas estão fechadas.

Perdoei-te? Acho que sim. Talvez sim, Talvez não...Umas vezes sim, outras vezes não...O coração é que decide. Esqueci-te? Não. Essa é a única certeza que tenho! Talvez um dia tenha a certeza que te perdoei.

Não sei quando será...Hoje...Amanhã...Depois...Quando o coração quiser. O que sinto? 

Desafio de libertação emocional para adolescentes e adultos. Podem colocar a continuação do monólogo nos comentários, ou enviar e- mail: lala.rochapsiact@gmail.com 


Lara Rocha 

Março, de 2018 

emoções. Adolescentes e adultos,exercício de organização de sentimentos,monólogo terapêutico,estímulo para libertação e expressão emocional,





vou na barquinha dos sonhos













O João Pestana acenou-me da janela, numa barquinha fofinha feita de nuvens, com estrelinhas. 

Abri a janela e entrei na barquinha dos sonhos. Vou para a barquinha dos sonhos, nas asas do João Pestana...

Pelas águas serenas, onde baloiça a barquinha dos sonhos, embalada pelas ondas serenas...À espera de sonhos!

Pelo caminho apanho pedacinhos de algodão, bolinhas de nuvens, luzinhas, pedacinhos de astros. 

Agarro estrelas cadentes, que passam à minha frente, e as estrelas que elas deixam a pairar no céu. 

Na barquinha dos sonhos, levo sonhos bons. Na barquinha dos sonhos, eu e tu navegamos juntos. Na barquinha dos sonhos, eu sou a sereia, tu o meu pescador. 

Na barquinha dos sonhos. Navegamos sem rumo. A nossa estrela guia é a nossa  imaginação!

Na barquinha dos sonhos, tudo pode acontecer...Na barquinha dos sonhos...Eu e tu, somos nós! Na barquinha dos sonhos...! 

Desafio: deem continuidade à história... podem pôr as vossas respostas nos comentários, ou enviar por e-mail 

Lara 

março 19, 2018



sexta-feira, 5 de março de 2021

Monólogo: Sinto frio esta noite

 

Monólogo: Sinto frio esta noite

Sinto frio. Sinto frio esta noite, como já senti frio noutras noites. Um frio que me invade e congela até os ossos. Um frio que vem de dentro talvez. Um frio silencioso, neste silêncio da noite onde os meus olhos procuram juntamente com a mente as palavras que vagueiam pelo meu quarto!

Palavras…aquelas que são como estrelas, cintilantes como o teu sorriso, de amor, carinho e delicadeza! Aquelas palavras que o corpo todo gosta de ouvir, aquelas palavras que preenchem, aquelas palavras que constroem sonhos.

Sonhos…aqueles onde nos encontramos por momentos só nossos, aqueles sonhos em que nos fundimos, olhamo-nos e conhecemos cada milímetro de pele um do outro, aquelas palavras que descrevem cada detalhe, cada olhar que não precisa de palavras para sentirmos a presença um do outro.

Procuro aquelas palavras que te trazem a mim. Procuro aquelas palavras que não me dizes. Sinto frio esta noite. O frio do teu silêncio, e a tua ausência.

Sinto frio esta noite, como já senti noutras noites. Um frio que vem de dentro e de fora quando descolo pedaços de mim, pedaços de amor e carinho que vão em palavras que te envio…sinto frio porque perco esses pedaços de mim, sinto frio esta noite, porque esses pedaços de mim não voltam e fazem-me falta.

Os meus olhos procuram no espaço esses meus pedaços para me aquecer, que toda a minha essência gostaria de os receber, regressados de ti, depois de lhes teres tocado e segurado com carinho, e devolvido a mim embrulhados em gratidão, nem que fosse só «obrigado. Beijinhos».

Sinto frio esta noite, como já senti em tantas outras, um frio que me gela inteira, um frio por dentro, quando vejo nos e-mails e redes sociais…o teu silêncio, a tua ausência e indiferença que dói.

Sinto frio esta noite pela desilusão, pelo meu sonho de receber algo de ti, construído por palavras, aquelas palavras que gostava de ouvir de ti, algo que não fosse o teu silêncio, e o gelo da tua ingratidão, indiferença. Enquanto estás quente na tua cama, eu estou gelada na minha. Sinto frio esta noite…!

Fim

Lara Rocha 

(13/Julho/2016)



segunda-feira, 1 de março de 2021

Meu netinho...







Uma Avó escreve uma carta num caderno, para aliviar a sua dor... 
        Meu netinho, meu amor, minha estrelinha, minha alegria de viver! Que saudades que tenho tuas, é por isso que olho centenas de vezes por dia, para as centenas de fotografias desde que te vi a primeira vez! 
        Uma maravilha, uma perfeição, um ser inocente! Lindo, perfeito! Pagava milhões, se tivesse, para te ter outra vez nos meus braços, esse teu corpinho tão pequenino, delicado, perfumado! Que delícia. Como eu era feliz, desde o dia que nasceste, trouxeste um novo brilho ao meu olhar e ao meu sorriso.
        Este inferno há-de passar, rezo todos os dias para isso, por ti, para ter saúde e poder voltar a abraçar-te, poder beijar-te novamente, sentir a tua paz enquanto dormes nos meus braços, e a tua energia, alegria, risinhos que iluminam a minha casa toda, quando ficas comigo. 
        Nunca pensei termos de nos separar assim, só nos podermos ver à distância, estamos tão perto, e não nos podemos abraçar, nem beijar. Como dói saber que estás tão perto, e que também gostavas de estar comigo, mas um maldito assombrou a vida de toda a gente. 
        Não merecíamos! Nem eu, que já não sou assim tão nova, nem tu que és tão pequenino, e queres amor de toda a gente que te rodeia. Mereces amor, e mesmo não nos podendo tocar, sabes que esta tua Avó adora-te, ama-te! 
        Ai, meu amor, para os próximos tempos, só quero que tudo isto passe, e que tenha saúde para voltar a tocar-te, a sentir-te, a cheirar-te, a abraçar-te, a embalar-te, a contar-te histórias e a brincar contigo. 
        Ainda quero mostrar-te tanta coisa bonita que existe à tua volta, ensinar-te muito, e a tua mãe também, claro que sim, dela também tenho saudades, mesmo falando-nos todos os dias, não há tecnologia que pague a presença, o calor da proximidade, o toque, o abraço, o beijo, os sorrisos...como tenho saudades dos sorrisos, do teu, de todos, até do meu, porque como só nos vemos nas câmaras e telefones, os sorrisos são mais incompletos, falta a outra parte, a melhor de todas! 
        O toque, o abraço, ter-te no meu colo. Que saudades, meu anjinho...também rezo ao teu anjinho da guarda, ao meu, ao teu, ao da tua mãe, ao de todos os que amo, para que nos protejam e que logo, logo, possamos voltar a estar perto, no melhor do mundo, que são os abraços, os afetos. 
        Aguenta, meu amor, às vezes fico sem forças para aguentar tantas saudades e a dor da falta que a tua presença me faz. Sinto saudades daquela Avó orgulhosa, vaidosa, feliz, toda luminosa que mostra às amigas, a obra perfeita que tem, além da filha. 
        Nunca nenhum de nós pensou que um maldito vírus que nem se vê, nos tirasse tanta coisa boa, que tínhamos como certa, para toda a nossa existência. Mas este demónio já cá anda há um ano...e roubou-nos tanta coisa...para quê? Porquê? Como foi capaz...levou tantas vidas que ainda tinham tanto para viver, separou todas as famílias, os avós dos netos, que são saúde para eles, os pais dos filhos, que são o melhor que eles sempre tiveram, e amigos, não menos importantes. 
        Roubou-nos a liberdade, a capacidade de sorrir, e o que todos precisamos....maldito! Além de milhares de vidas, está a transformar-nos cada vez mais em extraterrestres, que eu achava não existirem, mas existem, somos todos nós, com aquela porcaria na cara, que só se vê olhos, que horror... gosto de olhos, mas não desta maneira, forçada, faz muita impressão, ver caras incompletas, gente a fugir de gente, quando era esperado que nos aproximássemos! 
        Meu amor...acho que para já ainda não compreendes bem como é mau não te poder abraçar, não te poder sentir nos meus braços, nem poder sentir a tua pele, o teu cheiro, os teus cabelos. Estou a escrever, para não chorar quando falar contigo ao telefone daqui a bocado...porque há dias em que a saudade é tanta, misturada com raiva por nos tirarem o que mais amamos, que só dá vontade de desaparecer, mas quero continuar a ter saúde e a ver-te! 
        Quero acreditar que daqui a uns dias, tudo vai passar, e que em breve vamos poder abraçar-nos outra vez! Quem inventou os abraços, o amor, os pais, os filhos, os avós e os netos, merecia um  prémio, não este castigo de estar longe de quem mais amamos. 
        Que saudades de brincar contigo, meu anjinho mais lindo, que saudades de te alimentar, e de me rir contigo! Continua a rezar ao teu anjinho, a pôr essas mãozinhas puras, lindas, perfeitas, como a Avó te ensinou, e pede-lhe para tudo isto passar rápido, sei que também tens muitas saudades da Avó, como tu dizes, nem imaginas o esforço que faço para não desabar e chorar como se não houvesse amanhã.
     Mas choro, quando não estás a ver, quando revejo as tuas fotos, e sinto que já há tanto tempo não podemos abraçar-nos, não podemos beijar-nos, nem estar juntos fisicamente. Mas isso vai acontecer! 
A Avó promete, só não sabe quando, infelizmente, mas sim, vai acontecer! 
        Quando as saudades me sufocam, escrevo, para poder falar contigo daqui a bocado, sem me veres chorar, porque mereces é ver-me feliz, como quando sou contigo, e como sou feliz e grata por existires, e fazeres parte da minha vida. 
        Tu mereces ver-me tão feliz, como nós os dois ficamos, e a tua mãe. quando nos vemos todos os dias, as várias vezes por dia. Como vos amo! Meus anjos, meus amores, minhas partes de mim que estão separadas mas juntas no meu coração. 
        Bem, amor, as coisas vão melhorar, e oxalá eu tenha saúde para aguentar, para poder voltar a abraçar-se, a beijar-te, a sentir-se, e a ser feliz contigo. Chega de chorar! Daqui a pouco estás a ligar-me...! Até já! Beijos infinitos da tua Avó, que está perto e longe, longe e perto.   







                                                                        Lara Rocha 
                                                                        1/3/2021