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quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Pesadelos, medos, histórias, adultos e crianças


       Era uma vez uma menina que adorava ler, e sempre que acabava de ler um livro pensava: - «quem me dera ser esta personagem! Quem me dera visitar este lugar, quem me dera dançar como ela, quem me dera ter este cabelo tão bonito! Gostava de ter este animal. 

       Como já era crescidinha sabia que nada daquilo era possível, só na sua imaginação, e enquanto lia. Um dia estava tão concentrada e deliciada a imaginar-se, numa praia, uma história que falava falava de gaivotas e praia. 

       Ouviu o piar de um bando de gaivotas esfomeadas que voavam bem perto dela sua janela, numa grande barulheira, que de dirigiam para a lixeira. Ela nem queria acreditar, estava a ler sobre gaivotas e elas ali! Realmente era tudo como ela tinha lido sobre essas aves.  

        Ficou encantada e tentou imaginar onde iriam, será que iriam para as praias que descrevem nos livros? De certeza que não! Na cidade onde ela vive, as praias não eram assim! Cansou de ler, e sonhou com as praias que visitava nos livros. 

        Nas praias dos seus sonhos, o mar estava sempre calminho. As águas eram transparentes, limpas e com peixinhos. Às vezes apareciam golfinhos, sereias, para brincar com ela, dar grandes saltos, mergulhos e passeios pelo mar. 

         Mas uns caranguejos malandrecos também queriam fazer parte da brincadeira, e chamar a atenção, então, para isso, pensavam que estavam a dar carinho à menina, mas sem querter, puxavam-lhe os cabelos com as tenazes. Como ela gritava, eles pediam desculpa, e davam abraços à maneira deles sem magoar. 

        Passeava pela areia limpa e branca, e encontrava búzios, conchas e pedras, pequeninas, grandes, médias, e gigantes. O sol era escaldante e fazia brilhar a areia, como cristais preciosos, mas uma coisa muita estranha aconteceu. 

        De repente, o céu ficou coberto de nuvens, o mar agitado, com ondas tão grandes que pareciam querer engolir a cidade toda e tudo o que aparecesse. As ondas cresciam cada vez mais, e os cristais da areia brilhante, transformaram-se em vidros. 

       O vento fazia um barulho ensurdecedor, parecia gente a gritar. A menina sai a correr, muito assustada da praia, com muita dificuldade e quase sem ar porque o vento empurrava-a, e ela gritava. Acordou! Ufa! 

        Foi só um sonho, a tempestade estava a acontecer na sua cidade, com chuva, vento e trovoada, granizo, e por isso aconteceu no seu sonho. Que medo que ela sentiu! Como acordou muito nervosa, foi ter com os pais, os avós e os irmãos que estavam totalmente encantados com a tempestade, e mostravam-lhe os raios a fazer desenhos no céu, os clarões, as nuvens, o granizo.  

        Ela contou-lhes o pesadelo, e os pais disseram-lhe que foi da sua imaginação por ter estado a ler sobre aves, praia, sol, tempestades. Perguntou se ninguém estava com medo, todos disseram que não, e os pais até a lembraram que ela de certeza que já tinha lido sobre o que estava a acontecer! 

        Ela confirmou que sim, e apreciou a tempestade com os pais, os avós e os irmãos. Cada um dos adultos partilhou o que sabia sobre aves, tempestades, praias, ondas, chuva, trovoada, granizo, vento, e outros fenómenos. 

        Aproveitaram e falaram dos seus medos, em pequenos, riram muito, perceberam que já tinham passado, e dos medos agora em adultos, que tinham razão para alguns deles, outros não. Como estavam em casa e em segurança, divertiram-se e apreciaram a tempestade. 

E vocês? Têm medo de tempestades? 

Que outros medos sentem? 

Perguntem aos adultos que estão convosco, se não sentem medos. Claro que sentem medos, os crescidos também, não acreditem se eles disserem que não têm medos. 


                                                        Fim 

                                                       Lara Rocha 

                                                        23/Dezembro/2021 

      

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Monólogo de reflexão, silêncio que dói, revolta

        

        Começaste por me responder. De há uns tempos para cá...não respondes mais. Como dói receber o teu silêncio! Como dói o teu silêncio! Como dói a tua indiferença...Como dói não ter respostas para o teu silêncio. 

        Silêncio! Quero ouvir as palavras do teu silêncio. Quero ver cada palavra do teu silêncio. A que é que sabe o teu silêncio? Quero saborear e provocar, sentir alguma coisa no meu corpo...Boa ou má...Quero agarrar no teu silêncio.

        Quero saber se é um silêncio quente, ou um silêncio gelado! O silêncio que me mandas...é gelado!
E a cada silêncio teu, mais gelada me torno. O coração não quer o teu silêncio gelado. Porque é que és assim? Será que o teu silêncio diz alguma coisa, ou muita coisa?

        Diz-me...Mostra-me o teu silêncio. Eu quero saber o que é que ele diz...Quero ouvir palavra por palavra...letra por letra...Gostava de sentir o teu silêncio. Gostava de o transformas em pessoa...Será que o teu silêncio é uma criança que pede colo?

        Será que o teu silêncio sofre? Será que o teu silêncio tem medo? Será que o teu silêncio tem sonhos? Será que o teu silêncio tem lágrimas? Será que o teu silêncio tem risos? Será que o teu silêncio tem sorrisos?

     Será que o teu silêncio é um mistério? Sim, é um mistério. Que eu gostava de entender...De entender o teu silêncio! Gostava de saber o que fazes com as luzinhas que te mando. Gostava de saber o que fazes com as minhas palavras, com os carinhos...

        Porque não me respondes? Porquê essa tua indiferença em relação a mim? Porque não me envias as tuas palavras? Eu gosto delas, gosto de ti...É por isso que não me respondes? É por eu gostar de ti?
És mesmo ignorante. O meu gostar de ti não esse que tu pensas, o meu gostar de ti é sincero, inocente, com o coração...

        Não é um gostar de amor...ou de desejo. É um gostar de carinho, um gostar sensível, um gostar, que nada tem de assustador. Meto-te medo? Porquê? Porque é que as tuas palavras tão bonitas ficam presas para mim?

        Porque é que o teu silêncio não fala? Ele existe...mas porque não me diz nada? Porque é que o teu silêncio foge? O que esconde o teu silêncio? Eu não gosto do teu silêncio. Não o entendo. Diz ao teu silêncio que fale comigo...Fala, silêncio...Fala.

                                                                        Lara Rocha 

monólogo: como se...

 COMO SE...

        Escrevo-te como se fosses ler o que escrevo, mas talvez não leias o que te escrevo, ou será que lês? Porque não respondes! Pergunto-te como se fosses responder-me, talvez leias as minhas perguntas, mas por qualquer motivo, não me respondes! 

        Desabafo contigo, como se fosses dizer-me alguma coisa que me consolasse...Quer dizer, que eu gostava de ouvir de ti, ou esperava ouvir de ti. Mas de ti só ouço o teu silêncio que me congela. Se é o teu silêncio que recebo, então porque te escrevo, pergunto e desabafo? 

       Como se me fosses ler, responder, consolar…? Se sei que a única resposta que me devolves
É o silêncio, a indiferença. Escrevo-te, pergunto-te, desabafo contigo, como se me ouvisses, como se me compreendesses, como se me consolasses. 
        
        Envio-te carinho...Como se mo devolvesses, nem que fosse só com palavras. converso contigo, como se conversasses comigo, como se me acarinhasses nem que fosse com as tuas palavras doces.
Escrevo-te, pergunto-te...Como se me fosses responder, talvez na esperança de que um dia destes
eu receba de ti palavras, respostas, consolos.

        Diz-me...O que vou fazer com todo o carinho que tinha para te dar, Que ficou preso em mim, e que tu me obrigaste a fechá-lo? Sim, todo o que ficou contigo, e o que ainda era para ti, Antes de receber o teu silêncio e indiferença? 

        Diz-me...E o carinho que te dei? O que fizeste com ele? Chegou a ti, ou fechaste-lhe a entrada do teu coração? Diz-me...O que vou fazer a todos os restos de desilusão que deixaste me mim? Com todas as mensagens que ficaram sem resposta,  com toda a ingratidão?

        Diz-me...O que vou fazer com o teu gelo? O que vou fazer com os sentimentos bons que fizeste nascer em mim? Já fiz! Esses guardei-os num lugar especial, aqueles em que trocamos algumas palavras simpáticas, e fugazes. 

        Aqueles momentos em que pelo menos agradecias...Porque deixaste de o fazer? Porque é que descaradamente passaste a ignorar-me? Como se eu não existisse, como se não me visses...É claro que me vias! É claro que sabias, e sabes que eu existo, porque fazes isso comigo? 

        Diz-me...O que vou fazer contigo? Isso não precisas de dizer, mesmo que queiras...Já sei qual é a tua resposta...É igual às anteriores. Indiferença! Silêncio! Distância! Ingratidão! Diz-me...O que vou fazer contigo, com o gostar de ti, mesmo sem ser correspondida, com a tua energia boa. 

        Porque não dizes nada? Desliguei-me de ti. Não porque quisesse, Mas porque és tu que me fazes agir assim. Sim, tu! Eu não queria ser como tu: desligada, indiferente, fria, distante. Não queria ser nada como tu, apesar de gostar de ti.

        Mas a forma como me tratas, é assim que me obriga a tratar-se...É uma retribuição. Acredita. Não queria fazer isso, mas fi-lo...Porque...CANSEI! As tuas respostas cansaram-me, a tua indiferença cansou-me, a tua ingratidão cansou-me, o teu silêncio cansou-me! 

        Cansei-me de te dar o que não me davas, nem o mais essencial e primário...um...«obrigada/o». A DESILUSÃO apoderou-se de mim. Como podes ser assim? Eu não sou perfeita, e podias não gostar de mim, nem podias gostar...Não tens tempo, não é? 

        Claro, tempo...o tempo tem as costas largas, e anda de mãos dadas com a vontade. Querias preza fácil, e rápida, para consolares os teus olhos, mas o que ia adiantar…? Isso iria preencher a tua alma? 
Não tens tempo para mi, mas tens para todos os outros/as...Só para mim é que não tens tempo? 

        Porquê? Não tens tempo para conhecer alguém difícil, que não se mostra facilmente, mas mostra-se. Só tinhas de ter tentado...Só tinhas de ter «perdido algum tempo». Diz-me...O que vou fazer com a decisão que tomei? 

        Igual à tua, mas difícil de aceitar? Sim, para mim é difícil...Porque eu não queria fazer o mesmo que tu. Diz-me...Porque te afastaste, sem dizer nada? Diz-me...Como vou desprender tudo o que eu tinha de bom para ti? 

        A quem vou dar? A quem vou abrir o meu coração? A quem vou mostrar a minha luz? Foi a minha luz que não te permitiu olhar para mim, e receber tudo o que eu tinha para ti? Diz-me...Porque decidiste não dizer mais nada? Porque passaste a ignorar-me? Porque te tornaste indiferente a mim? Porque me obrigaste a mudar? 

        Diz-me...Já sei que não me dizes nada! 

                                                                        Lara Rocha 

Aquele sorriso de criança

desenhada por Lara Rocha 
    

    Às vezes a vida brinca connosco. Junta-nos e separa-nos. Umas vezes aceitamos bem, outras nem tanto, dependendo da pessoa que é, do que tivemos com ela. Algumas felizmente afastaram-se de nós, outras, lembramos de vez em quando mas achamos que nunca mais as vemos, temos apenas recordações fugazes, que se perdem no espaço rapidamente. 

        Mas o destino às vezes volta a juntar-nos passados uns anos, de forma inesperada, como aconteceu ontem. Ontem passeava-me pelos Jardins do Palácio de Cristal, e apanhava sol sentada no banco, perdida na paisagem. (p.c) Uma paisagem para a Ribeira…com águas cristalinas e rastos de brilho do sol… (p.c) Que lindo! (p.c) Pelo canto do olho vejo um rapaz, mais ou menos da minha idade, que me olhava fixamente. 

        À primeira vista não o conhecia, até que ele sorriu, e cumprimentou-me, sorriu-me. Com aquele sorriso…acendeu-se um pequeno flash na minha cabeça…eu já tinha visto aquele sorriso lindo, de malandreco, mas cheio de meiguice em algum lado, mas agora, num corpo de homem. 

        Ele percebeu que eu não estava a reconhece-lo, e começou a falar comigo…fiquei boquiaberta…afinal conhecíamo-nos tão bem…! Tínhamos estado juntos no hospital, ainda muito pequenos, há uns bons anos atrás…! Por causa de familiares nossos…eu tinha lá a minha Avó internada, e ele tinha lá o Avô dele. 

        Nós os dois tínhamos brincado juntos, e tínhamo-nos tornado amigos…mesmo depois dos nossos familiares terem saído do hospital, trocaram contactos, e ainda nos encontramos várias vezes. Mas entretanto, crescemos, e cruzávamo-nos de vez em quando… na rua, ou nos centros comerciais…sorriamos um ao outro, mas nada demais…Até que ontem…ele reiniciou as nossas conversas. 

        Falamos essa tarde toda, trocamos contactos, rimos muito, recordamos as nossas brincadeiras…foi tão engraçado! Há coisas que ele ainda mantém…os cabelos aos caracóis, castanhos…que lhe ficam lindamente… e um sorriso…aquele sorriso que tinha em criança! E que lindo que está! Um homem…elegante, simpático, meigo…com um sorriso de criança! 

        Hoje…daqui a bocado…sairemos outra vez juntos. Foi tão bom! E ele disse que eu estou na mesma, os traços da cara, que ele se lembrava de mim, ainda são os mesmos. O Mundo é mesmo pequeno! 

        E há características nossas, físicas e mesmo psicológicas, que por mais que os anos passem, não mudam. Como aconteceu com o sorriso daquele rapaz…agora homem…com um lindo sorriso de criança.  

        Fica tão atraente…! Pude perceber que nele, tal como em mim, a criança interior que fomos, mantém-se bem viva ainda hoje, e que tanto a minha criança, como a dele, reconheceram-se através dos nossos olhos, ou do sorriso. 

        E ontem…as duas crianças voltaram a rir, a brincar uma com a outra, a chorar, a trocar carinhos e a relembrar momentos felizes que passaram juntas. É por isso que hoje, os dois na casa dos 30…ainda somos as crianças que fomos, num corpo maior, transformado. 

        Que saudades de quando éramos inocentes…quando não tínhamos maldade, nem más intenções. Foi tão boa a nossa infância. Quem sabe, se as nossas crianças interiores, não olham uma para a outra, e não se descobrem, com os olhos do coração! 

        Estamos os dois solteiros…livres…descomprometidos…Pode ser o destino a juntar as duas crianças que um dia se encontraram, para continuarem a ser crianças, numa só alma…juntas num amor sincero, puro, verdadeiro e inocente. A minha criança espera pela tua, e a tua espera pela minha. 

                                                                    Fim 

                                                                Lara Rocha 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Todos amigos!

 

TODOS AMIGOS

PERSONAGENS

UMA PRINCESA

UMA BAILARINA 

UM CÃO 

UM PÁSSARO 

UM CORAÇÃO 

UMA BONECA 

UM PALHAÇO 


        Era uma vez uma princesa que foi passear com o seu cãozinho e encontrou um pássaro, que foi para o castelo. No castelo vivia a princesa com a sua família, um coração, e no jardim uma bailarina muito amiga da princesa, com quem brincava muito. 

        O coração sentia-se muito sozinho e saiu do castelo para fazer amigos. Na floresta encontrou uma linda boneca, que fugiu do palhaço porque tinha medo dele e porque não sabia que o palhaço era amigo e fazia rir.

O coração gostou tanto da boneca que a levou consigo para o castelo da princesa. Quando a princesa vê o coração com a boneca ela diz:

PRINCESA - Ei…este é o meu castelo! O que estás aqui a fazer?

E depois o coração diz:

CORAÇÃO - Gostei muito da boneca, ela estava sozinha, e eu trouxe-a comigo! Não te importas pois não?

PRINCESA - Importo – me!

BAILARINA – Eu nunca vi uma boneca no Castelo, nem um coração…

PÁSSARO – Óh! Nunca vi uma bailarina tão bonita no jardim.

BONECA – Não deixem entrar aquele palhaço!

TODOS – Que palhaço?

O palhaço aparece na janela do castelo, e diz:

PALHAÇO – Olha a minha boneca!

A boneca grita, o cão começa a ladrar, o pássaro aparece também à janela e diz:

PÁSSARO – A boneca não é tua.

PRINCESA – Calma…a boneca pode ser amiga de todos e todos podemos no meu castelo.

PALHAÇO – E que tal se fizermos uma festa?

O cão começa a ladrar e aos saltinhos.

TODOS – Siiiiiiiiiimmmm!

O palhacinho começa a fazer brincadeiras, e todos se riem. Depois da brincadeira, o pássaro pergunta:

PÁSSARO - E a boneca vai ficar aqui?

PRINCESA – Sim!

TODOS – Sim! Viva…

E todos vão dar um passeio! Nesse passeio, a princesa casa com o coração. O cão ficou cheio de ciúmes e triste, porque ele é que gostava de casar com a Princesa, mas era só um sonho…e ficam na mesma, todos amigos. Viveram felizes para sempre.

Fim

Lara Rocha (+ meninos e meninas que a escreveram comigo, de um colégio, do pré escolar, que inventaram as personagens, os diálogos, e representaram para os séniores)

Inesquecível a felicidade das crianças e ainda mais dos séniores

Outubro/ 2015


A Primavera é tão boa!

 

A PRIMAVERA É TÃO BOA! 

Personagens: 

- Abelha 

- Joaninha 1 e 2 

- Gato 

- Coelho 

- Pato 

- Borboleta 

- Princesa Primavera 


        Entra a Princesa Primavera, de mãos dadas com a Borboleta e a Abelhinha. O dia ainda estava a nascer, havia muitas nuvens e frio, e no dia anterior tinha chovido muito. As três passeiam pela floresta e conversam umas com as outras.

PRINCESA PRIMAVERA – Olá, cheguei!

ABELHA E BORBOLETA – Chegamos!

BORBOLETA – Finalmente…

ABELHA - Parecia que nunca mais chegávamos.

AS TRÊS – Pois é.

ABELHA – Ui, que frio que ainda está.

PRINCIESA PRIMAVERA – Pois, acabamos de dizer que chegamos, com os primeiros de sol….

BORBOLETA – Não tarda nada, ele está aí.

PRINCESA PRIMAVERA – As estrelas vão dormir.

TODAS – Boa noite, estrelinhas.

ABELHA – Olha…

PRINCESA PRIMAVERA – Lá vem ele!

TODAS - Soooooollllll….! Bom dia, sol!

BORBOLETA – As estrelas já devem estar a sonhar.

ABELHA – Vamos dar uma volta por aí.

PRINCESA PRIMAVERA – Boa ideia!

BORBOLETA – Está mesmo na hora de acordar esta floresta toda.

     A Princesa Primavera vai dar um passeio com as suas amigas, brincam, com as suas varinhas acordam as flores e cheiram-nas, riem, saltitam, mostram coisas bonitas umas às outras, fazem mimos aos passarinhos…enquanto isso, as joaninhas estão na toca e pensavam que ainda estava a chover muito, ainda não tinham percebido que já não chovia.

JOANINHA 1 – Ui, que temporal.

JOANINHA 2 – Com este tempo não conseguimos voar.

JOANINHA 1 – Mas o Inverno nunca mais acaba?

JOANINHA 2 – Já deve faltar pouco para ela chegar.

JOANINHA 1 – Quem?

JOANINHA 2 – A princesa!

JOANINHA 1 – Espero que não demore.

JOANINHA 2 – Também eu.

JOANINHA 1 – Já estou farta de estar aqui fechada.

JOANINHA 2  – Eu também.

JOANINHA 1 – Já tenho tantas saudades do sol…

JOANINHA 2 – Eu também…e das flores…

JOANINHAS – Do mundo lá fora.

JOANINHA 1 – Espero que ela não demore.

        A princesa e as amigas passam pela toca das joaninhas a rir umas com as outras, e com elas aparece um lindo e sorridente sol. Elas espreitam.

JOANINHAS (assustadas) – Está ali alguém!

        As joaninhas abrem um grande sorriso.

JOANINHA 1 – Olha quem são elas!

JOANINHAS – A princesa primavera!

PRINCESA PRIMAVERA – Olá! Viva…chegou o sol. Já podem sair.

JOANINHAS (felizes) – Boa! Soooll…Finalmente.

        Um gatinho está na sua toca, e acorda assustado. A princesa vê uma caudinha:

PRINCESA PRIMAVERA – Olha, olha…acho que estou a ver ali uma caudinha.

ABELHA E BORBOLETA – Sim, eu também.

PRINCESA PRIMAVERA – Quem será?

JOANINHA 2 – É o nosso amigo gatinho.

PRINCESA PRIMAVERA – Ááááhhhh…acorda gatinho! Chega de dormir.

       O gatinho sai da toca assustado

GATINHO – Óhhh…. estou a sonhar, ou está sol?

JOANINHAS – Bom dia!

PRINCESA PRIMAVERA – Olá lindo gatinho, não estás a sonhar.

JOANINHAS – Está mesmo sol.

GATINHO – Acho que dormi muito!

JOANINHAS – Eu também.

       O gatinho começa a esticar-se, a correr, a miar, e as joaninhas vão atrás dele.

JOANINHAS – Óh…

JOANINHA 1 - Não fujas…

JOANINHA 2 - Anda cá…

        A borboleta e a abelha também correm atrás dele, querem tocar-lhe, mas ele não deixa.

GATINHO – Deixem-me…Xô abelha…

        Todas riem.

PRINCESA PRIMAVERA – Bichinho…. elas são tuas amigas, não te preocupes!

BORBOLETA – Só queremos fazer-te miminhos.

GATINHO – Óh, mas a abelha não dá mimos.

ABELHA – Damos mimos sim. Queres ver?

GATINHO – Ai, não…tenho medo.

PRINCESA PRIMAVERA –É verdade, gatinho. Elas são boas.

GATINHO – Eu acredito em ti.

JOANINHA 1 – Queres ver como a abelha é amiga?

       As joaninhas abraçam a abelha, e trocam beijinhos. O gatinho sorri. Elas abraçam o gatinho e dão-lhe mimos, ele sorri, rebola e mia todo derretido, até pede mais carinhos.

GATINHO – Ei, que linda princesa. Quem és?

JOANINHA 2 – Então não conheces?

BORBOLETA – Impossível.

ABELHA – Toda a gente a conhece!

JOANINHA 1 – Acho que ainda está a dormir de olhos abertos.

TODAS (a rir) – É.

JOANINHA 2 – É a Princesa Primavera.

GATINHO – Áh! Claro… Desculpa. Trouxeste muitas surpresas?

BORBOLETA – Claro que sim.

PRINCESA PRIMAVERA – Vamos dar uma volta. Querem acompanhar-me?

TODOS – Sim.

JOANINHA 1 – Olha que lindos passarinhos estão a cantar!

TODOS – Óh! Tão fofinhos.

BORBOLETA – Cantam tão bem.

ABELHA – E têm tantas cores!

BORBOLETA – As penas ainda são pequeninas, mas têm muita cor.

PRINCESA PRIMAVERA – Vão crescer, e serão ainda mais bonitos.

JOANINHA 2 – Olha, estou a ver ali um molhinho de folhas, palha e erva. O que será aquilo?

TODAS – São ninhos!

PRINCESA PRIMAVERA – Então vem aí novos passarinhos.

        Espreitam para os ninhos e dizem todos:

TODOS – Tem ovos!

GATINHO – Este já tem passarinhos.

ABELHA – Mas não são para tu lhes deitares as patas, seu goloso!

GATINHO – Nem para tu picares!

ABELHA – Já disse que não pico. Muito menos uns passarinhos tão fofinhos.

BORBOLETA – Então? Este sol e vocês a zangarem-se? Olhem estas flores que bonitas!

TODAS – E cheiram tão bem…

JOANINHA 1 – Tem tantas cores.

TODOS – Uau! Tanta luz.

JOANINHA 2 – O gelo já derreteu!

JOANINHA 1 – Olhem que felizes que eles estão.

JOANINHA 2 – Olha para aquele lado… Que grandes cisnes a voar.

TODOS – Que lindos!

JOANINHA 1 – Os cavalos já saíram das cortes.

PRINCESA PRIMAVERA – Estavam tão ansiosos que nem esperaram que os fossemos acordar.

BORBOLETA – Ei, tantas famílias de raposas, lobos…

ABELHA – Os ursinhos também já nadam.

PATO – Ei…que claridade é esta?

ABELHA – É o sol.

GATO – Ela chegou.

PATO – Quem?

GATO – Ela.

PATO – Quem?

GATO – A primavera.

PATO – Áh! Finalmente.

PRINCESA PRIMAVERA – Olá. Cheguei. Toca a acordar.

PATO – Olá Princesa. Bem-vinda.

        O coelho entra aos saltinhos, ainda ensonado e diz:

COELHO – Ela já chegou?

PATO – Quem?

GATO – Ela!

COELHO – Quem?

PATO – Quem chegou?

GATO – A princesa primavera!

COLEHO – Óh, então é por isso que eu vejo tanta luz!

PATO – Não é luz…é sol!

ABELHA – E o sol também dá luz!

PRINCESA PRIMAVERA – Sim, e aquece.

PATO – Pois. Está mesmo mais quentinho.

COELHO – E faz-nos sorrir.

BORBOLETA – O gelo do lago até derreteu.

COELHO – Vou esticar as patas e já volto.

PATO – Vou acordar para a festa de logo.

COELHO – Há festa?

PATO – Então não sabes?

COELHO – O quê?

PATO – Hoje é dia de festa.

COELHO – Alguém faz anos?

ABELHA – Mas que distraído.

PATO – Muita gente faz anos…mas não é por causa disso que há festa.

COELHO – Então que festa é?

TODOS – É a festa da primavera!

PRINCESA PRIMAVERA – Quero ver tudo a mexer.

BORBOLETA E ABELHA – Quero ver tudo a sorrir.

TODOS – Chegou a primavera!

PRINCESA PRIMAVERA - E vamos oferecer um bocadinho de primavera aos nossos queridos avós do coração! Vamos encher este coração que uma estrela me enviou, de coisas boas!

TODOS – Primavera!

                                                            FIM

                                                        Lara Rocha 

                                                    15/Fevereiro/2016 

    (+ meninos e meninas do pré escolar, que inventaramas personagens, os diálogos e representaram para os séniores do mesmo colégio) 












segunda-feira, 8 de novembro de 2021

A formiguinha mentirosa

   



  Era uma vez uma formiguinha, que andava sempre com alguma coisa debaixo do braço, e era muito mentirosa.
     Quando lhe perguntavam o que levava, uma vez disse que era um livro sobre o amor. Como ia embrulhado, não viam, e acreditavam. 
      Outro dia, perguntaram: 
- Olá amiguinha, o que levas aí? 
      Ela trocou os olhos e respondeu: 
- Olá! Levo uma pasta de chocolate!
- Oh que bom. Podes dar-me um bocadinho? 
- Não! É para oferecer. 
- Está bem. E quem é essa pessoa? 
- Não conheces! - diz a formiguinha
- De certeza que vai ficar mesmo feliz com esse chocolate.
- Claro que sim. - diz a formiguinha 
       De outra vez perguntaram: 
- O que levas aí, formiguinha? 
- Levo um estendal de roupa! 
- Queres ajuda? 
- Para quê? - pergunta a formiguinha 
- Para levar o estendal de roupa. 
- Não! Obrigada. É leve. 
        Outro bichinho perguntou também o que é que ela levava, e ela respondeu: 
- Levo uma vassoura. 
        O bichinho achou estranho. Outra perguntou o que é que ela levava. 
- Levo um espelho! 
- Posso ver? 
- Não. 
        Outro animalzinho perguntou, ela respondeu: 
- Levo uma cama. 
- Queres ajuda? 
- Para quê? 
- Para levar e montar a cama. 
- Nao. Obrigada! Eu posso com ela e já está montada. 
        Outro animalzinho perguntou e ela zangada de tanta pergunta respondeu: 
 - Não têm nada a ver com isso. 
         Virou costas, e foram todos atrás dela, triste.  
- Porque andam a seguir-me? Eu não ando a ver o que vocês levam todos os dias, nem vos pergunto nada pois não? 
- Não. - respondem todos 
- Também só oferecemos a nossa ajuda, ao ver-te carregada! 
- Obrigada, mas não preciso. 
- Todos os dias dizes que levas coisas diferentes, mas a nós parece-nos sempre a mesma coisa! 
- Não têm nada a ver com isso. - diz a formiga irritada. 
          Ela segue para a sua casa, e todos os animais veem que a formiguinha estava a construir uma casinha ao lado da sua, só com as folhas que encontrava, porque era pobre e não podia comprar nada. 
         Por isso aproveitava tudo o que aparecia em boas condições na floresta, como paus caídos, folhas, troncos de árvores cortadas, pedras e outros objetos. 
         A formiguinha tinha vergonha de pedir e de dizer que era pobre! Por isso ela mentia, e dizia que levava coisas que gostava de ter e previsava. 
         A formiguinha ficou envergonhada quando viu que tinham descoberto as suas mentiras, que não eram por mal, nem faziam mal a ninguém. 
- Desculpem, mentir... É que não queria que soubessem que sou pobre e que as coisas que tenho são o que encontro na floresta! Para me alimentar, para ter uma casa...  
- Oh, não precisavas de ter mentido, nem de ficares envergonhada por fazer isso! Nós estamos aqui para te ajudar no que pudermos e no que precisares. - diz um coelhinho 
- Claro! - dizem todos 
         Os animaizinhos sentiram pena dela, e cada um ajudou-a como pôde, com roupas, agasalhos, comidas, construíram uma casa, com tudo o que ela precisava. Ela também ajudou toda contente, no que sabia e no que aprende. 
         Quando estava tudo pronto, fizeram uma grande festa, descobriram que ela costurava maravilhosamente bem, fazia roupas e bolos, cozinhava bem, por isso, até lhe deram emprego. 
         Passou a ser amiga e aforada por todos. E assim foi desfeito o mistério do que é que a formiguinha segurava debaixo do braço, e que tinha vergonha de se mostrar como era, que precisava de ajuda. 
          Não se deve mentir, mas às vezes fazem isso por vergonha. 

                                         Fim
                                     Lara Rocha 
                                  8/Novembro/ 2021 
                                       

domingo, 7 de novembro de 2021

Os póneis de algodão

  Foto de Lara Rocha 

      Era uma vez uma vila muito longe da terra onde viviam muitos póneis feitos de algodão, uns com bolinhas coloridas, cores misturadas, outros com placas de algodão de cor branca, outras amarelas, outras vermelhas, e outras com as cores do arco-íris. 
        O sol, umas vezes era cor de rosa, outras vezes era roxo. Durante umas horas ficava com vários tons de azul (mais claro, mais escuro, azul acinzentado), outras  partes do dia, começava no amarelo muito clarinho e ia escurecendo, até ao cor de laranja que passava a vermelho quase ao fim do dia.
        Noutros dias, o céu era cor de rosa (do mais claro para o mais escuro), violeta, roxo (claro e escuro), e salpicos de branco. O único momento em que a cor era sempre igual era de noite, preta, com estrelas ou sem estrelas, e às vezes cinzenta. 
       Todas estas cores cobriam o espaço, deixavam tudo à sua volta dessas cores: as águas das fontes, a areia da praia, as palmeiras, a água do mar, as árvores, o chão, os campos onde os póneis corriam livres e soltos, leves, as tendas onde dormiam, e os olhos dos póneis que ficavam encantados.
        Os póneis de algodão adoravam ver-se uns aos outros com essas cores, e às vezes até faziam brincadeiras, em que trocavam bocadinhos de algodão uns com os outros, de cores diferentes. Enquanto corriam e saltavam, alguns pedacinhos do seu algodão soltava-se, ficava no chão ou em cima das pétalas de flores, quando havia vento. 
        Mas todos aproveitavam os algodões que se perdiam: uns faziam cobertores, outros construíam ninhos, outros almofadas e almofadões, sofás, e roupa. Vários dias por ano, os póneis mudavam naturalmente as suas cores, sem ser por causa das cores do céu e do ambiente: em dias de festas e aniversários. 
        Nas mudanças de estação do ano, os póneis ganhavam as cores próprias de cada uma delas. Na Primavera, ficavam com muitos tons de verdes e reflexos de flores, de todas as cores e espécies, joaninhas e borboletas que se colavam ao seu algodão, que era mais grosso, mesmo assim, esvoaçava com a brisa (umas vezes mais suave, outras vezes mais forte).
        No Verão ficavam cheios de energia, com os algodões mais amarelados, alaranjados, dourados, avermelhados, azuis claros e escuros. Adoravam ir de manhã cedo para a praia, brincar, fazer estátuas de areia, jogar à bola, rebolar-se na areia, rir com os amigos e família, refrescar-se, fazer caminhadas e conversar, apreciar a paisagem e as cores que os rodeavam. 
        No Outono, o algodão era em tons mais castanhos claros e escuros, amarelos, verdes claros, verdes escuros, cores misturadas, conforme o que havia nas folhas das árvores, o sol, e o céu. Apanhavam alguns frutos, castanhas, nozes, maçãs, uvas, conversavam com as flores, deixavam bocadinhos de algodão para guardarem e agasalharem-se, pois o frio estava a caminho, para cobrir as novas sementes, e deliciavam-se a comê-los, faziam banquetes, e bailes, passeios Outonais. 
        No Inverno, os algodões tornavam-se brancos como a neve, caiam muito, todo o espaço ficava em tons de branco e cinzento, às vezes roxo, outras vezes azul escuro, por isso, no Inverno, o mar e os campos quase ficavam congelados, com grande pedaços de gelo a boiar, a neve ficava branca e cinzenta, cheia de neve, os animais recolhiam, chovia muito, e o vento era muito forte, muitas vezes com tempestades durante dias e dias seguidos.
     Os póneis de algodão não podiam sair no Inverno, porque eram feitos de algodão, mesmo assim, juntavam-se nas casas uns dos outros para brincar, e iam ajudar o Pai Natal a preparar os presentes para os meninos. 
        E como se divertiam! Sabiam que os meninos e os adultos iam ficar muito felizes, o Pai Natal também gostava muito da ajuda dos póneis de algodão, e era uma grande festa. 

E vocês? Se fossem póneis de algodão, qual a seria a cor, ou cores do vosso algodão? 
Se fossem um pónei de algodão, qual seria a vossa estação do ano preferida? 
Que cores teria o ambiente à vossa volta? 
O que havia na paisagem, incluindo as cores? 

                                                                                FIM 
                                                                             Lara Rocha  
                                                                            7/Novembro/2021 

Calem as armas e cantem amor!

CORO - Calem as armas! 

MENINO/A (ADULTO) - Em vez de mostrar armas,

CORO - Mostrem amor! 

MENINO/A (ADULTO) - Amor à terra, 

MENINO/A (ADULTO) -Amor à vida,

MENINO/A (ADULTO) - Amor ao dia e à noite,

MENINO/A (ADULTO) - Amor à chuva, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor ao sol, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor às nuvens, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor ao vento, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor à trovoada, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor às estrelas, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos montes, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos rios, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos oceanos, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor ao ar que respiramos, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos alimentos, 

MENINO/A (ADULTO - Amor aos animais, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor às crianças 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos pais 

MENINO/A (ADULTO) - Amor às mães 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos filhos, 

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos avós, tios, tias, primos, primas

MENINO/A (ADULTO) - Amor à Luz 

MENINO/A (ADULTO) - Amor às casas

MENINO/A (ADULTO) - Amor aos amigos

MENINO/A (ADULTO) - Amor a tudo, e a todos 

CORO - Calem as armas, e cantem amor! 

MENINO/A - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para plantar árvores e flores, 

MENINO/A (ADULTO) - construir casas e pontes, 

MENINO/A (ADULTO) - inventar curas. 

CORO - Calem as armas. 

MENINO/A (ADULTO) - para alimentar quem tem fome. 

CORO - Calem as armas

MENINO/A (ADULTO) - e plantem generosidade, carinho, luz.  

CORO - Porque não calam as armas, as bombas, e as explosões

MENINO/A (ADULTO) - para ouvir cantar os pássaros 

MENINO/A (ADULTO) - e ver as estrelas, em vez de destruição e sofrimento, lágrimas? 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para ouvir tudo o que existe na natureza, 

MENINO/A (ADULTO) - os sonhos, a alegria. 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para ver sol e chuva! 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para sentir o frio, o calor, e até o medo ou paz. 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para ouvir as vozes e os gritos 

MENINO/A (ADULTO) - dos sonhos desfeitos, 

MENINO/A (ADULTO) - das pessoas que tiveram de fugir 

MENINO/A - e deixar tudo o que mais queriam. 

CORO - Porque não baixam as armas

MENINO/A (ADULTO) -  para ouvir a inocência 

MENINO/A (ADULTO) - e o riso das crianças 

MENINO/A (ADULTO) - que brincam e correm livres, 

MENINO/A (ADULTO) - sem medo, 

MENINO/A (ADULTO) - sem fumo, 

MENINO/A (ADULTO) - sem gritos? 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) . para ouvir palavras bonitas, 

MENINO/A (ADULTO) - palavras de amor, de esperança e vida! 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para ouvir as batidas do coração que bate. 

CORO - Calem as armas 

MENINO/A (ADULTO) - para ouvir 

MENINO/A (ADULTO) - e ver o terror 

MENINO/A (ADULTO ) - nos olhos de inocentes 

MENINO/A (ADULTO) - que pagam injustamente 

MENINO/A (ADULTO) - todo o mal que vos veste! 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque não transformam as armas 

MENINO/A (ADULTO) - em braços para abraçar, 

MENINO/A (ADULTO) - amparar, 

MENINO/A (ADULTO) . pegar ao colo? 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque não colhem os gritos de terror, e dor, 

MENINO/A (ADULTO) - e transformam em 

MENINO/A (ADULTO) - gritos de felicidade, de amor? 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque não espalham sorrisos, e beijos? 

MENINO/A (ADULTO) - Em vez de tiros e bombas? 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque espalham lágrimas? 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque espalham sofrimento? 

CORO - Porquê? 

MENINO/A (ADULTO) - Porque espalham terror e dor? 

CORO - Para quê?

MENINO/A (ADULTO) - O mundo devia dar as mãos, 

CORO - pela paz em todas as áreas...

MENINO/A (ADULTO) - É de luz e pontes que o mundo precisa! 

MENINO/A (ADULTO) - Aceitação pela diferença, 

MENINO/A (ADULTO ) - acolhimento, 

MENINO/A (ADULTO) - abraços, 

MENINO/A (ADULTO) - carinho.

MENINO/A (ADULTO) - E que se calem as armas. 

CORO - Calem as armas e cantem amor! 

                                           

 FIM

                                                            Lara Rocha 
                                                                      7/Novembro/2021