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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Os cachecóis da Avó Sonho


Era uma vez uma senhora chamada Maria do Sonho, mãe de 8 filhos, e Avó de 18 netos. Estava divorciada há uns anos, vivia numa vivenda nos arredores de uma grande cidade, com alguns gatos e cães, e era feliz. Todas os dias e noites a senhora tinha lá netos, que dormiam com ela, e até levavam amigos. A senhora quase não tinha sossego, mas os momentos que tinha livre gostava de costurar cachecóis, cada qual o mais bonito, colorido, macio, algumas mantas e colchas, roupinhas para bebés e outros mimos. Enquanto os construía, sorria. Um dia, um dos netos ficou a observá-la e perguntou-lhe:
- Avó, porque fazes tantas coisas dessas?
- O quê?
- Isso, com as agulhas e linhas.
- São cachecóis.
- E porque fazes isso?
- Gostas?
- São bonitos.
- Faço porque gosto.
- Então é por isso que sorris?
- Sim! Cada linha, cada cor, é uma recordação feliz da minha vida.
- A sério?
- Sim.
- É por isso que sorris?
- Também! Gosto de recordar momentos felizes! E quando recordamos momentos felizes, sorrimos!
- Pois é. E que recordações são essas?
- São de muitas situações. Da minha infância, da minha adolescência, com os teus pais, com os teus tios, contigo e com os teus primos...
           De repente a Avó fica com dores nos dedos e nas mãos. Para assustada, suspira e geme.
- Aiiii...
- O que foi Avó?
- Estou com dores nas mãos e nos dedos.
- Óh...queres que eu chame ajuda?
- Não. Deixa estar. Isto já passa.
- Descansa um bocadinho.
- Isso, mesmo! Deve ser mesmo destes movimentos repetitivos.
          Pousa a agulha e as linhas, e vai para a beira do neto, vão os dois alimentar os animais. No dia seguinte, a Avó Sonho tenta tricotar, mas as dores nos dedos e nas mãos não a deixam. Ela fica aflita, e chora, triste. Vai ao médico, e este diz-lhe que não pode voltar a tricotar. A pobre Avó desata num choro sem fim.
- Óh. Não posso acreditar! Como é que isto foi acontecer? E agora? O que é que eu vou fazer?
         Ao chegar a casa, liga para os filhos, cheia de tristeza e lágrimas. Os filhos enchem-lhe a casa, com os netos, e tentam animá-la, mas nessa noite não dorme. Fica a olhar para as linhas, e fala com elas:
- Óh, minhas queridas, e agora que não posso mexer-vos mais? O que vou fazer sem vocês? Como vou bordar e tricotar as minhas recordações felizes, antes que a minha memória me atraiçoe? O que vou fazer convosco, memórias felizes, se agora não vos posso juntar, nem fio por fio, misturar-vos e ligar-vos? Óh! Como vou sorrir, agora? Eu gostava tanto de vocês... era tão feliz!
           De repente, ouve uma voz:
- Então, Sonho, que tristeza é essa?
           A avó estremece:
- Quem está aí?
- Sou uma recordação tua, feliz.
- Quem?
           Aparece uma pequenina luz.
- Reconheces-me?
           A avó abre um grande sorriso:
- Olá! Há quanto tempo que não nos víamos. Por onde andaste?
- Estive sempre aqui, e já me tricotaste várias vezes nas tuas coisas! Ainda estes dias.
- Sim, é verdade...lembro-me de ti.
- Fomos tão felizes, juntas, não fomos?
- Fomos! Estou muito triste...o médico diz que estou velha, não posso mais tricotar, porque se o fizer, posso não conseguir mexer mais os dedos. O que vou fazer agora, para que a minha memória dos momentos felizes, não me atraiçoe? Os momentos tristes não faz mal se não me lembrar, mas os momentos felizes, não quero esquecer.
- Não te acredites no médico! Só tens de descansar um pouco mais.
- Óh, eu já não sirvo para nada...
- Não digas isso, nem penses numa coisa dessas. As tuas memórias felizes não te vão deixar, elas estarão sempre aí, eu tomo conta delas. Daqui a uns dias vais voltar a conseguir tricotar outra vez.
- Achas? Como?
- Acredita em mim! Nós estamos aqui para te ajudar.
           As duas têm uma longa conversa, riem, bebem um chá juntas, e a Avó adormece quase de manhã. A luzinha sua amiga cobre-a com carinho, com uma grande manta que a Avó fez, e calça-lhe umas luvinhas mágicas que lhe tiraram a dor. Deixou-lhe uma flor com uma mensagem: «Querida sonho, voltarei em breve! Continua a tricotar memórias felizes.»
           Quando a Avó Sonho acorda, fica surpresa, mexe as mãos e para grande felicidade, não sente dores. Volta a tricotar, e faz um cachecol sobre as suas lágrimas que chorou nessa noite, e linhas mais coloridas que representavam a felicidade de já não sentir dores, e de poder voltar a tricotar. Mas percebeu que não podia fazê-lo durante muitas horas, como antes, e aprendeu a fazer outras coisas que gostava, mas nunca deixou de tricotar. Tricotava sempre com um enorme sorriso, e toda a família ficou feliz com essa recuperação da Avó Sonho.
          A sua amiga luzinha tinha toda a razão, e voltou para partilhar com ela mais momentos felizes. Por serem recordações felizes é que tudo o que a Avó Sonho tricotava era tão especial e bonito! Quando estamos felizes tudo é mais bonito, temos mais saúde, ficamos mais bonitos, e deixamos outros com mais luz, porque talvez possamos fazer parte das suas recordações felizes, que os fazem sorrir.

E vocês? Se tricotassem, ou se tivessem uma Avó Sonho que tricotasse, que cores usariam? Que recordações tricotariam?

                                                                         FIM
                                                                         Lálá
                                                              (13/Dezembro/2017)
                                                                        
     

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O que temos nos ouvidos

          Era uma vez um grupo de meninos e meninas muito curiosos, que estudavam na escola, e um deles, ao ver orelhas, ficou a pensar no que teria nos seus ouvidos. Perguntou em voz alta:
- Amigos, o que acham que temos nas orelhas?
- Ãh...? - Perguntam todos
- Estava aqui a pensar de que serão feitas as nossas orelhas por dentro.
- Hum, é uma boa pergunta. - Concorda outro menino pensativo
- Não sei! - Diz uma menina
- Vamos perguntar aos nossos pais, aos nossos avós, e a toda a família, de que são feitas as orelhas deles, por dentro, e amanhã trocamos as respostas, para ver se todos somos iguais, dentro das orelhas. Boa? - Propõe o menino
- Boa! - Concordam todos
          Quando chegam a casa cada um pergunta aos pais, aos tios, aos avós, e aos irmãos. No dia seguinte, encontram-se novamente e partilham as respostas.
- Então? Perguntaram de que são feitas as nossas orelhas?
- Sim!
- A minha mãe diz que não sabe de que são feitas as nossas orelhas por dentro, que isso só os médicos é que sabem dizer. Ela diz que são termos muito complicados. O meu pai também não sabia, nem os meus avós. A minha irmã diz que tínhamos um búzio dentro das orelhas.
- Um búzio? - Perguntam todos surpresos
- Sim! Como aqueles da praia.
- Não pode ser.
- Ela diz que sim, até lhe tiraram uma fotografia que aparece nos livros! E diz que todos temos isso.
- Mas, como é que temos uma coisa que costuma estar no mar?
- Não sei. Isso não perguntei, e se calhar isso ela também não sabe.
- Mas eu não oiço o mar, como nos outros búzios que apanhei na praia.
- Eu também não.
- Será que as nossas orelhas por dentro, são a praia, com mar e búzios e conchas?
          Todos riem.
- A minha Tia diz que temos um labirinto dentro das orelhas!
- Um labirinto? - Perguntam todos
- Sim.
- Aqueles que têm vários caminhos e temos de encontrar a saída?
- Isso não sei, nunca entrei lá, e acho que ninguém entrou.
- A minha Avó diz que tem grilos dentro das orelhas!
- Grilos? - Perguntam assustados
- Como é que a tua Avó tem grilos?
- Se calhar ela estava a dormir e eles entraram a pensar que ela uma toca.
- Pois, foi o que aconteceu com as abelhas que entraram nas orelhas do meu Avô!
- O teu Avô tem abelhas dentro das orelhas? Como é que elas entraram?
- Não sei, nem ele sabe.
- Não saem?
- Diz que não!
- E elas não picam?
- Não!
- Será que produzem mel?
- Claro que não, não temos flores dentro das orelhas, acho eu! Pelo menos ele não falou disso. Se tivéssemos flores, elas saiam fora das orelhas.
- A minha Avó diz que os grilos dela também não saem! Diz que às vezes não se calam.
- E como é que os vossos Avós sabem que têm grilos e abelhas? Alguém lhes tirou uma fotografia?
- Não! - Dizem os dois
- A minha Avó sabe que são grilos pelo cri, cri deles, e às vezes cantam tão alto que ela nem consegue dormir, depois tem de tomar um remédio para os pôr a dormir.
- Áh! Eu não sei o que é que o meu Avô faz para calar as abelhas que tem nas suas orelhas.
- A minha mãe diz que tem cigarras dentro das orelhas! Principalmente quando vai para a escola ensinar os alunos, cantam sem parar, quando chega a casa, as cigarras param de cantar.
- Áh! E como é que elas entraram?
- Não sei.
- Então como é que ela sabe que são cigarras?
- Pelo seu cantar.
- E não saem?
- Não, eu acho que elas só vão dormir quando a minha mãe volta para casa, mas não saem de lá porque cantam na escola.
- Áh.
- A minha Avó diz que tem anjos a cantar dentro das orelhas dela.
- Anjos?
- Sim, mas não cantam sempre. Só às vezes.
- E cantam bem?
- Diz que sim.
- O meu Avô diz que tem foguetinhos e bombinhas de Carnaval, a minha Avó diz que tem sininhos a tocar dentro das orelhas, os meus pais não sabem o que têm.
- Os meus Avós dizem que têm cera!
- Cera?
- Sim. É por isso que ouvem mal. Eles ás vezes vão tirá-la ao médico, mas não sei como fazem isso, e depois voltam a ter cera.
- Quem é que as põe lá?
- Não sei!
- A minha mãe também diz que temos um búzio e um labirinto em forma de círculo.
- O meu pai diz que o interior das nossas orelhas é muito importante, e que se ficarmos doentes, ele também fica.
- Será que as abelhas, as cigarras e os grilos também ficam doentes?
- Ficam!
- E continuam a cantar?
- Eu acho que não...quando estamos doentes, não conseguimos cantar, por isso, se calhar eles também não.
- Como é que eles tratam as doenças?
- Não sei!
- Se calhar vão ao médico como nós.
- Será que temos uma aldeia ou uma cidade dentro das nossas orelhas?
- Não.
- A minha tia diz que temos muitas coisas dentro das orelhas, disse nomes muito esquisitos, e todas essas coisas têm o seu papel para nos mantermos de pé sem cair. Quando caímos é porque algum desses com nomes estranhos, está a funcionar mal.
- Então devemos ter um computador dentro das orelhas que comanda tudo.
- É. A minha tia disse que sim, cheio de botões, como a nossa cabeça por dentro.
- Eu não sei o que tenho nas minhas orelhas.
- Vamos perguntar se todos temos as orelhas iguais por dentro, e amanhã trocamos as respostas.
           Perguntam a toda a família se as orelhas são todas iguais por dentro, e no dia seguinte partilham as respostas:
- Então, perguntaram se somos todos iguais, dentro das nossas orelhas?
- Sim!
- A minha mãe diz que devemos ser todos iguais dentro das orelhas, mas por fora, algumas orelhas são mais redondas, outras mais bicudas, umas mais finas outras mais grossas.
- A minha tia disse o mesmo, que dentro das orelhas todos temos a mesma coisa, por fora podemos ser diferentes.
- Os meus pais e os meus Avós também disseram isso.
- A minha irmã também.
            Folheiam um livro grande, e encontram o ouvido.
- Olhem...o búzio que a tua irmã diz! Não temos praia nos ouvidos, nem areia, nem mar, por isso não ouvimos o mar, mas temos um búzio.
- Áh! Que giro! E é mesmo importante.
- A tua tia tinha razão, temos mesmo muitas coisas dentro das nossas orelhas! Parece mesmo um computador.
- Olha o labirinto...! É muito diferentes dos labirintos que conhecemos, este é só em círculo. Uma pessoa que ande por aqui, deve ficar tonta.
- Pois. Este é fácil, mas onde é a saída?
- Este labirinto é muito estranho.
- Mas esperem...aqui não fala nas abelhas, nem nas cigarras, nem nos grilos, nem anjos, nem foguetinhos...
- Nem todos nós temos esses animais nas orelhas!
- Pois não!
- Como é que alguns têm e outros não?
- Vê se diz alguma coisa disso...
            Não encontraram nada nos livros. O que seria? E vocês, ouvem alguma coisa? Querem saber como são as nossas orelhas por dentro? Peçam a um adulto que vos ajude a descobrir! E perguntem aos vossos pais, irmãos, tios e Avós se ouvem algum desses barulhos.

                                                                    FIM
                                                                    Lálá
                                                                8/12/2017 
     

   

domingo, 19 de novembro de 2017

SE PERGUNTAREM POR MIM

foto de Lara Rocha 


       Era uma vez um menino que se refugiava todos os dias no seu quarto, à noite a olhar para as estrelas. Umas vezes deitava-se no puf à beira da grande janela, outras vezes sentava-se e apreciava as estrelas, até lhe chegar o sono. Ninguém percebia porque o fazia todos os dias, e o que teria tanto para ver.
        No fim de jantar, aos pais, aos quatro irmãos, aos amigos dos irmãos que iam muitas vezes lá para casa, e até aos vizinhos ele dizia:
- Se alguém perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas!
        Todos diziam «está bem», riam e deixavam-no estar. Um dia, foi ver as estrelas e começou a pensar…
- Será que as pessoas à minha volta, perguntam por mim?
        Desceu, e perguntou aos pais, aos irmãos e aos amigos dos irmãos:
- Alguém perguntou por mim?
        Todos respondiam:
- Não!
- E nos outros dias, alguém perguntou por mim?
- Não! Ninguém perguntou por ti.
- Se alguém perguntar por mim...
        Não o deixam terminar a frase e respondem por ele:
- Dizemos que foste ver as estrelas!
        Todos começam às gargalhadas, por terem dito em coro, e ele fica surpreso.
- É. Se alguém perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas!
        Continuam a rir, e não respondem mais nada. Voltou para a janela, ficou triste e sentiu-se sozinho.
- Porque é que ninguém pergunta por mim? Nem me procuram?
        Vê um gato vadio a desfilar no seu telhado e teve esperança de que saberia responder. Abre a janela:
- Óh, gato…
        O gato dá um salto, eriça-se todo, e fica a tremer todo enrolado no mesmo sítio.
- Óh, desculpa, assustei-te. Anda cá, por favor. Não te vou fazer mal, só quero fazer-te uma pergunta.
        O gato olha-o de cima a baixo, meio desconfiado, e vai ter com o menino a medo.
- Olá, boa noite. O que estás a fazer a esta hora aí fora? – Pergunta o menino
- Olá. Eu vivo cá fora. – Responde o gato
- Como assim?
- Sou um gato vadio. Durmo onde calha…onde está mais quente.
- E o meu telhado é quente?
- Tem sítios bem quentinhos.
- Já costumavas dormir por aqui?
- Sim.
- Nunca te vi antes.
- Mas eu já te vi muitas vezes!
- Onde?
- Aqui nesta janela. A olhar para não sei onde…pensei que me vias, porque eu passava bem à frente dos teus olhos.
- Estava a olhar para as estrelas!
- Áh! Então por isso não me vias. Mas…qual era a pergunta que me querias fazer?
- Áh, sim…era…antes de dormir, eu venho sempre ver as estrelas, e peço a todos à minha volta para se alguém perguntar por mim, dizer que vim ver as estrelas. De vez em quando, pergunto se alguém perguntou por mim, mas dizem que não. Há bocado estava a pensar porque é que ninguém me procura, nem vem ver onde estou! Fui à sala perguntar se alguém tinha perguntado por mim, disseram que ninguém perguntou, nem perguntam por mim. Depois eu disse que se alguém perguntar por mim…e eles disseram a minha frase, começaram-se todos a rir.
- E qual é a tua frase?
- É…se alguém perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas!
- Áh! E eles riram, porquê?
- Não sei. Eu não disse nenhuma coisa engraçada.
- Pois não.
- Tu por acaso sabes porque é que ninguém pergunta por mim?
- Hummm…se calhar é porque já sabem que foste ver as estrelas.
- Áh! Pois. Eu digo sempre que vou ver as estrelas, mas não digo para onde. Pensei que eles quisessem saber onde vou ver as estrelas, se vou para um sítio fora de casa, perigoso, ou aqui em casa. Mas não querem saber.
- Isso deixa-te triste?
- Sim! Hoje senti-me sozinho aqui. E a resposta deles deixou-me triste.
- Tu querias que eles te procurassem?
- Queria.
- Acho que eles sabem que estás num sítio seguro.
- Como é que eles sabem, se não me vem ver?
- Se calhar já te viram aqui.
- Não sei. Acho que não…se vissem talvez dissessem alguma coisa, mas não disseram nada!
- Mas não estás sozinho. Sabes que estão todos na sala, e que há muita gente à tua volta, agora eu também estou aqui, estão ali as estrelas, e a Lua.
- Fazes-me um bocadinho de companhia, por favor?
- Claro.
- Queres entrar?
- Posso?
- Podes.
        O gato entra no quarto do menino, fica encantado com o que vê.
- Áh! Que lindo que é o teu quarto.
- Obrigada.
- Então é para aqui que tu vens ver as estrelas.
- Sim.
- E o que vês nas estrelas?
- Vejo luzinhas. E tu, também vês as estrelas?
- Sim, elas também me fazem companhia. Têm alguma coisa de mágico, especial.
- É mesmo! Eu vejo muitas coisas nas estrelas…figuras, e uma coisa que o mundo não tem.
- O quê?
- Paz!
- Ááááááááhhhhhh… que bonito, isso que disseste agora! Elas dão-te paz?
- A paz não se dá…sente-se, principalmente. Quando olho para elas, além da beleza e da companhia, sinto paz! Não sei como sinto isso, mas gosto do que sinto, e acho que se chama paz! É muito bom, e especial.  
- O mundo está cheio de guerra. – Lamenta o gato
- Pois está! Se as pessoas olhassem mais para as estrelas, talvez sentissem mais paz.
- Achas?
- Acho que sim! Deve ser essa a magia que vemos nas estrelas. Paz é magia, não achas?
- Concordo.
      Os dois continuam numa longa e animada conversa, até o menino adormecer. Nessa noite, o gato dorme no quarto. No dia seguinte, no fim de jantar o menino disse aos pais e aos irmãos:
- Se alguém perguntar por mim…
- Digam que fui ver as estrelas! – Respondem todos
- Fica descansado…ninguém pergunta por ti. – Responde um dos irmãos
- Porque é que ninguém pergunta por mim? – Pergunta o menino
- Porque já todos sabemos onde estás! – Responde a mãe
- Como é que sabem, se nunca vão ver onde estou?
- Sabemos que estás no teu quarto! – Diz uma das irmãs
- Nunca foste lá ver… - diz o menino
- Mas sabemos que estás lá…não sais de casa! – Garante o pai
- Vai descansado, filho! – Diz a mãe
- Vocês não vêm as estrelas pois não? – Pergunta o menino
- Não! – Respondem todos
- Não se aprende nada a ver estrelas! – Comenta outro irmão a rir
- Não temos tempo para ver estrelas, filho. – Diz o pai
- O que é que tem de tão especial ver estrelas…? Elas estão lá para cima, não dão nada, não dizem nada, não fazem nada por ti. – Diz outra irmã
- As estrelas dão o que falta ao Mundo! – Responde o menino
- O quê? – Perguntam todos surpresos
- Paz!
- Ãh…? – Exclamam todos
        E desatam todos às gargalhadas.
- Era bom era…
- Santa inocência!
- Coitadinho!
- Experimentem. Olhar para as estrelas não é perda de tempo, é ouvir a mensagem tão importante que elas têm a dizer. Agora não há tempo para coisas boas, é por isso que o mundo anda em Guerra. Então vocês não tem tempo para saber de mim, claro, também não vão ter tempo para ver as estrelas. É triste!
        Ficam todos em silêncio, pensativos, a olhar uns para os outros.
- Se alguém perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas. Ninguém vai perguntar por mim, ninguém tem tempo, mas se alguém tiver tempo para perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas, e buscar nelas a Paz para o mundo. Se alguém tiver tempo para perguntar por mim, digam que fui ver as estrelas, e fui lá buscar tempo para que as pessoas possam estar juntas, e perguntar umas pelas outras. – Responde o menino
        Ninguém tem resposta para o menino. Ele vai para o quarto, ver as estrelas, e conversar com o gato. Passado um bocado, toda a família aparece na casa do menino, juntam-se aos pais, a mãe pega nele ao colo e vão para o terraço conviver, ver as estrelas. O menino fica mesmo feliz, não para de sorrir, abraça todos, vai de colo em colo, e diz:
- Boa! Afinal as estrelas ouviram o meu pedido…elas espalharam magia e tempo para estarmos uns com os outros. Obrigada, estrelas. Se perguntarem por nós…?
- Digam que viemos ver as estrelas! – Responde toda a grande família em coro
        Desatam todos às gargalhadas, dançam e brincam uns com os outros. A partir dessa noite, algumas outras noites, ver as estrelas com o menino passou a fazer parte dos programas de família, e todos se sentiam realmente mais felizes, principalmente por estarem uns com os outros.
FIM
Lálá
(19/Novembro/2017)

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

notas outonais

       


         Era uma vez uma menina que num dia cheio de nuvens, vento frio e chuva, desenhou várias notas musicais, em linhas de uma pauta musical, sem saber que notas eram aquelas, e se dariam uma música. Era apenas um pedaço de papel de músicas, com uns desenhos parecidos com notas que ela nem sabia quais eram, mas foi o que lhe apeteceu desenhar na hora.
        Olhou pela janela e vê uma chuva de folhas a cair das árvores, a rodopiar como ela nunca antes tinha visto, faziam redemoinho.
- Que ventania! - Diz a menina assustada
- Filha, anda lanchar... - Diz a mãe da cozinha
- Óh mãe, anda ver como aquelas folhas caem e rodopiam.
- Claro, está muito vento. - Diz a mãe
- Eu nunca as vi  rodopiar assim!
- Pois não, não adamira, estás sempre a olhar para outras coisas.
- Alguma coisa de muito estranho está a acontecer lá fora.
- Não há nada de estranho. Anda lanchar.
        A menina vai lanchar, mas sempre a pensar no que tinha visto. Enquanto ela está na cozinha, as notas musicais apresentam-se, e conversam entre elas. Quando a menina chega, calam-se. Olha para o desenho e está tudo igual:
- Será que estes desenhos têm algum valor? Será que são uma música?
        Quando o seu irmão mais velho chegou, a menina pediu-lhe para tocar na viola, aquelas notas musicais.
- Óh mano, achas que isto que desenhei são notas musicais?
        O irmão olha:
- Claro que são.
- São? Eu desenhei, mas não sei o que significam. Será que consegues tocá-las aí na viola?
- Posso experimentar...
        O irmão segue as pautas, e toca nota por nota, cada nota dança e canta com a voz que lhe pertence, depois toca tudo seguido, e todas as notas cantam em coro, dançam, brincam umas com as outras. O irmão sorri:
- Viste? Construíste uma linda canção.
- Gostaste? - Pergunta a menina a sorrir
- Gostei muito. É bonita. Onde foste buscá-la?
- Só desenhei estas bolinhas, com estes traços à sorte, vi-as num caderno teu, achei-as engraçadas e há bocado quando olhei para a janela, lembrei-me delas. Não sabia se iam ser música ou não, mas pelos vistos...
- Sim, construíste mesmo uma música.
- É assim que tu também fazes as tuas músicas?
- Algumas sim, mas a maior parte delas já está feita, eu só copio. Que nome queres dar a esta tua música?
- Hum, não sei. O que achas?
- A mim parece-me uma música de Outono. Quando a ouço, parece que consigo imaginar folhas de outono, o vento, as nuvens...os sons soam-me a Outono. Parece que consigo ver uma cor de Outono em cada nota musical que desenhaste.
- Áh! E quais são as cores do Outono que consegues ver?
- As que tu conheces...amarelo, verde, castanho, vermelho, roxo, cinzento, cores misturadas...
- E como é que consegues ver?
- Com os olhos da minha imaginação, os sons também nos fazem sentir coisas...despertam a nossa imaginação, como as palavras e as imagens.
- Que lindo! Nunca experimentei.
- Experimenta...fecha os olhos, eu vou tocar outra vez a tua música, e esquece o que eu disse... deixa que seja a tua imaginação a falar, pode ser muito diferente da minha. Preparada...?
- Sim.
         A menina fecha os olhos, e o irmão toca a música que ela própria compôs. Enquanto o irmão tocava, ela também deixou que a sua imaginação falasse. Encontrou-se com uma princesa feita de tronco de árvore, cheia de folhas e ramos ondulados que faziam lembrar os cabelos, tinha dois olhos, que eram uns enormes girassóis, um botãozinho de tronco que era o nariz, uma boca com um lindo sorriso, a condizer com os olhos, um vestido amarelo, com folhas de várias cores pregadas, e castanhas como se fossem brilhantes espalhadas por todo o vestido. Era tão simpática.
         As notas musicais, puseram o ser que ela imaginou, a dançar, e tudo nela dançava, até dançaram as duas: a menina e a outra menina que ela imaginou. Quando a menina lhe perguntou quem era, e como se chamava, ela disse que era a menina Outono.
         O irmão acabou de tocar, e ela diz:
- Mano, essa música vai chamar-se a menina Outono! Eu encontrei-me com ela, essa música fez magia...! Enquanto tocavas, vi uma menina  feita de tronco de árvore, cheia de folhas e ramos ondulados que faziam lembrar os cabelos, tinha dois olhos, que eram uns enormes girassóis, um botãozinho de tronco que era o nariz, uma boca com um lindo sorriso, a condizer com os olhos, um vestido amarelo, com folhas de várias cores pregadas, e castanhas como se fossem brilhantes espalhadas por todo o vestido. Era tão simpática! Dançamos as duas, e ela disse que era a menina Outono!
- Áh! Vês? Imaginaste uma coisa diferente de mim, enquanto ouvimos a mesma música. O tema era o mesmo...o Outono, mas o que imaginamos sobre o Outono, foi diferente.
- Pois foi. Que engraçado!
- Imaginaste uma coisa muito bonita.
- Eu também gostei.
- E que tal se esta música se chamar... notas Outonais?
- Notas Outonais...? Hum, até acho um nome bonito. É...acho que pode ser.
- Vou tocá-la aos meus amigos, pode ser?
- Pode. E pergunta-lhes o que imaginaram com essa música.
- Está bem. De certeza que vão gostar.
- Obrigada. Se calhar vão imaginar outras coisas diferentes.
- Sim, claro. Mas pode ser que o tema seja o mesmo. Estamos a entrar no Outono.
- Quando é?
- Depois de amanhã.
- O tempo que faz lá fora, já parece Outono.
- É. Ele já anda por aí.
- O Outono é um menino ou uma menina?
         O irmão dá uma gargalhada.
- É um menino...
- Então porque é que eu vi uma menina?
- Não sei, ele pode ter uma irmã!
- Pode, e pode ser gémea. Da próxima vez que a encontrar pergunto-lhe.
- Claro, se ela for como a que tu viste, ele é muito parecido. Mas achas que vais vê-la outra vez?
- Sim.
- Podes imaginar outras coisas diferentes, das próximas vezes que ouvires a música.
- É?
- É!
- Tu gostas dele?
- Gosto...algumas coisas.
- Eu também gosto.
        Os dois irmãos continuam a conversar sobre o Outono que se aproxima rapidamente, falam do que ele traz, do que muda na natureza, do que mais gostam e do que menos gostam. O irmão toca a música da menina aos amigos, e estes imaginam outras coisas, como era de esperar, mas dão os parabéns à menina pela música tão bonita que criou, sem saber que o que ela pensava ser só um desenho, afinal era música que o irmão conseguiu tocar na sua viola, e gostou muito.

                                                          FIM
                                                          Lálá
                                                 (20/Setembro/2017)  

E vocês? Acham que o Outono é um menino ou uma menina? Como é que o, ou a imaginam? O que gostam mais dessa estação do ano? O que muda na natureza? Façam uma composição ou um desenho sobre isso!

sábado, 9 de setembro de 2017

Os cheiros no quarto da Maria e da Luísa




foto de Lara Rocha 

            Era uma vez duas meninas: uma chamava-se Maria, a outra chamava-se Luísa, que eram irmãs e dormiam em quartos separados. Uma noite, a Luísa que era a mais nova acordou para ir à casa de banho e sentiu um cheiro no seu quarto que não costumava sentir. Cheirava-lhe a praia, maresia e algas.
- Mas que cheiro bom é este?
            Foi ao quarto da irmã Maria, mais velha, que estava a dormir, e acorda-a:
- Mana…há um cheiro diferente no meu quarto!
            A irmã acorda assustada, com os abanões da Luísa.
- O que foi, Luísa?
- Tenho um cheiro diferente no meu quarto! 
- A quê?
- A maresia, a algas e a praia.
- Como é possível? Não tens a janela aberta, nem estás na praia.
- Pois não! Mas acordei para ir à casa de banho e senti esse cheiro.
- Óh, deve ser impressão tua! Se calhar sonhaste que estavas na praia ou imaginaste!
- Anda comigo, para sentires o cheiro!
- Que chata, Luísa. Vai dormir, deixa o cheiro para lá!
- Anda comigo mana, vá lá…por favor!
- Ai…! Eu tenho que aturar cada uma…
                A Maria levanta-se e vai com a Luísa, de olhos quase fechados ao quarto.
- Cheira! – Diz Luísa
            A Maria inspira e responde:
- Não sinto nada, cheiro nenhum. Sonhaste, só pode.
- Mas eu sinto esse cheiro.
- Eu não! Vai dormir, que eu também vou dormir. E não me acordes outra vez para cheirar se cheira.
            A Maria volta para o seu quarto, e a Luísa fica no dela, amuada. Volta a dormir, mas sempre a pensar no cheiro, de onde vinha e porque é que a Maria não tinha sentido! Adormece e volta a acordar. Agora cheira-lhe a cerejas. Acende a luz para ver se existiam cerejas no quarto mas não as encontrou.
- Cheira-me a cerejas, mas não estão aqui no quarto!
            Levanta-se e vai ao quarto da Maria outra vez. Acorda-a e diz-lhe:
- Mana, agora cheira-me a cerejas! Anda…
- Outra vez, Luísa? Que chata. Agora não vou. Há bocado cheirava-te a praia, algas e não sei que mais, agora cheira-te a cerejas. Dorme! Esquece os cheiros, isso és tu a imaginar. Vai dormir.
                Luísa amua e volta para o seu quarto. O cheiro a cerejas tinha desaparecido. Ela fica muito pensativa, mas volta a dormir. Quando acorda outra vez sente um cheiro de flores. Levanta-se:
- Agora cheira-me a flores. Não estou a perceber nada.
            Procura no quarto todo.
- Nada de flores.
            Vai ao quarto da Maria, mas esta grita-lhe:
- Nem te atrevas…já vens outra vez com a história dos cheiros? Vai dormir.
            Luísa ainda tenta:
- Agora cheira-me a flores!
- E a caca não te cheira? – Diz a irmã zangada
            A Luísa choraminga:
- Má…
- Vai dormir.
                Luísa não consegue sossegar. Já que a irmã não lhe ligou, foi ao quarto dos pais.
- Mamã, papá, cheira-me a flores no quarto! Há bocado cheirou-me a mar, algas e praia, depois cheirou-me a cerejas, agora cheira-me a flores. Venham ao meu quarto. A mana foi lá mas diz que não lhe cheirava a nada. A mim cheirou-me, mas depois quando voltei já não me cheirava a cerejas. Mas agora cheira-me a flores. Anda cheirar mamã…e papá! Não sei de onde vem, eu não tenho flores no quarto.
            O pai mandou-a dormir, zangado, a mãe vai com ela ao quarto, inspira e diz:
- A mim não me cheira a nada, filha!
- A mim cheira-me a flores. Há bocado fui à casa de banho e cheirou-me a praia, algas e mar.
- Depois a cerejas e agora a flores. Deves ter sonhado, ou imaginaste! – Diz a mãe
- A mana também me disse isso. Mas eu sinto, e senti. – Garante Luísa.
- Está bem, agora dorme!
            A menina amua, a mãe cobre-a, dá-lhe um beijo e volta para o seu quarto, apagando a luz. No seu quarto, Luísa vê uma luzinha a andar de um lado para o outro, e agora sente no ar muitos cheiros diferentes, a fruta. Luísa senta-se na cama, a Luzinha aproxima-se e Luísa vê que é uma fada pequenina, com um cesto cheio de frascos vaporizadores.
- Olá!
- Olá! Quem és tu?
- Sou uma fada, venho da praia, e da floresta, fui recolher novos perfumes. Sentiste algum cheirinho aqui no quarto?
- Sim, senti vários cheirinhos diferentes, até fui buscar a mana e a mamã, mas elas não sentiram. Eu senti! Primeiro cheirava-me a praia, maresia, algas, depois cheirou-me a cerejas, mas quando voltei já não me cheirava, depois cheirou-me a flores, e agora está-me a cheirar a frutas variadas, e outras coisas.
- Áh! Boa! É que abri os frascos aqui, para ver se gostavam dos aromas, e se eu própria gostava. Se não gostasse teria de ir procurar outros.
- Tu fabricas perfumes?
- Sim, ajudo a fabricar, eu e muitas outras fadas.
- Áh! Que giro, e porque é que vieste aqui ao meu quarto?
- Desculpa, é que foi o lugar maior que encontrei para experimentar.
- E porque é que a mana e a mamã não sentiram?
- Não sei, talvez não sejam cheiros muitos fortes, ou não estavam muito atentas…mas tu gostaste?
- Gostei!
- Boa!
- Que outros perfumes já fizeste mais?
            As duas têm uma longa, agradável e divertida conversa. A menina cheira mais perfumes, e diz os que gosta e os que não gosta. A fada agradece e vai para a fábrica dos perfumes. A Luísa ainda dorme até de manhã.
            Na manhã seguinte, quando a menina acorda, sente um cheiro delicioso de bolo de chocolate.
- Hum…que cheirinho bom! És tu, fada dos perfumes? Olha que este é muito bom, nunca tive nenhum perfume com este cheiro, mas podes experimentar porque sei que há sabonetes com este perfume!
            Ela procura a fada pelo quarto toda, mas não está. Sai do quarto, vai ao quarto da Maria e diz:
- Mana, cheira-me a bolo de chocolate!
- A mim também me cheira a bolo de chocolate.
- Ai agora também sentes o mesmo cheiro?
- Sinto!
- Descobri de onde vinham aqueles cheiros que eu senti e tu não sentiste!
- A sério? O quê? Descobriste que sonhaste ou imaginaste não?
- Não! Era uma fada que trabalhava numa fábrica de perfumes e foi buscar novos perfumes à praia, e à floresta. Depois quis experimentar, e abriu lá os frascos para eu cheirar.
- Áh! Está bem. Mas este cheiro não deve ser de um perfume dela. Vamos à cozinha, deve ser a mamã ou a Avó que está a fazer lá um bolo.
            As duas vão à cozinha, e acertaram em cheio! O cheirinho delicioso que elas sentiam vinha de um bolo de chocolate que a Avó estava a fazer.
- Hummm…o cheiro vem daqui! – Gritam as duas com um grande sorriso!
- Bom dia! – Diz a Avó que espreita o bolo no forno – está mesmo a ficar pronto!
- Hum! Que delícia. – Dizem as duas
- Vão comendo o resto. – Diz a avó
- Avó sabes uma coisa? Esta noite senti muitos cheiros diferentes no meu quarto! – Diz Luísa
- Foi? Como assim? – Pergunta a avó surpresa
- Foi. Cheiro a praia, mar, algas, cheiro a cerejas, cheiro a flores e agora cheiro de chocolate.
- E de onde vinham tantos cheiros? Sonhaste?
- Não. Foi uma fada que trabalhava numa fábrica de perfumes, e foi buscar novos cheiros à praia, à floresta, e a jardins.
- Áh, que sorte! – Diz a avó com um sorriso
- Fui chamar a mana e a mamã, mas elas não sentiram.
            Chega a mãe.
- Áh! Que cheirinho bom! Este cheirinho acordou-me! Até parecia estar lá no quarto. – Diz a mãe
- Foi como o cheiro de praia, maresia, algas, e flores que só eu é que senti. E era uma fada que andava lá no quarto, que trabalhava numa fábrica de perfumes. – Conta outra vez Luísa
            Todas riem, tomam o pequeno-almoço sem pensar mais nos cheiros e preparam-se pois há muitas coisas para fazer.
            E vocês? Conhecem os cheiros do vosso quarto? Já sentiram algum cheiro diferente? E na vossa casa, que cheiros existem?
                                                           FIM
                                                           Lara Rocha 
                                               (7/Setembro/2017)