Número total de visualizações de páginas

domingo, 18 de abril de 2021

Achamos que somos de ferro -monólogo para adultos e adolescentes


 


Às vezes achamos que somos de ferro! Sim, de ferro, pois claro! Isso queríamos nós, quando fazemos planos para uma manhã, a pensar que a manhã vai render muito, tem muitas horas para tudo o que planeamos, ou achamos que somos capazes. 

      Isso mesmo, achamos que somos de ferro e que tudo se vai cumprir, com 50 mil tarefas ou textos de mais de 400 páginas, como achamos que somos de ferro, o que nos vai impedir? 

      É que não existem obstáculos nem contratempos que nos atrasam, como a falta de vontade em começar, o cansaço, a triateza, o mau ambiente de trabalho, as relações de rivalidade, competição, os conflitos, o trânsito, os prazos apertados, tudo é para o mês anterior ou com sorte, para o dia seguinte, mas vamos lá assumir: somos de ferro, vestimos uma armadura que não deixa passar nada porque é de ferro e nós também! 

     Que importância tem se estamos cansados? Qual cansaço qual quê? É preciso ganhar o nosso dinheiro, mesmo que pouco, e não interessa se a família fica para segundo lugar?! 

     Todos precisamos de dinheiro, a família incluída, e até agradecem porque assim podemos dar-lhes todos os luxos que eles querem. 

     Nada contra mas, eles começam a cobrar... nas notas, no comportamento, no stress. Não tem qualquer problema, nós somos de ferro e eles também, os medicamentos resolvem, reforçam o ferro! 

     Somos de ferro, não estamos cá com mariquices. A familia está assegurada, é um dado adquirido, eles compreendem que não lhes podemos dar atenção, porque estamos a trabalhar, para termos uma vida boa! 

     Uns comprimidinhos para crianças, adolescentes e pais resolvem, e os professores também são de ferro, são eles que têm de assumir a responsabilidade pelo comportamento de stress,  pela baixa nas notas e desinteresse. 

      Os professores são de ferro, eles é que passam mais tempo com os pequenos, eles é que têm de substituir os pais, porque estes são de ferro, estão a trabalhar para poder ter os meninos eme1500 atividades por dia, desde manhã até dormir, porque têm de ser os melhores em tudo, têm que ter as notas mais altas que o do lado. 

     Mas como não sobem as notas com tantaa explicações, apoios, centros de estudo, escolas de tudo e mais alguma coisa? 

      Eles são de ferro, tem de ser de ferro, eles aguentam, são jovens, estão cheios de vida, energia e saúde, se for preciso uns comprimidos ajudam, nem que seja pior que droga e tenha mais efeitos secundários do que droga, mas é para bem deles e eles agradecem! 

     Somos de ferro e estamos a trabalhar para eles. Brincar, descansar, parar uns minutos, relaxar, pintar, desenhar, observar a natureza, conversar com eles, contar-lhes histórias, dar-lhes colo, eatar com eles sem mais nada, só nem que seja 30 minutos depois do trabalho. 

      Qual quê? Tudo isso é perda de tempo para todos! Os pais levam trabalho de casa, os filhos levam tanto ou mais trabalho de casa depois de 1 dia inteiro de escola em escola, de supostas aprendizagens que os vão tornar os melhores. 

      É preciso trabalhar, o resto são fantochadas. Os filhos têm tudo, só precisam de aproveitar esse apoio, para serem os melhores, terem altas notas. 

       Nem que não sejam humanos, e uns joguinhos eletrónicos que não ensinam absolutamente nada, deixa-os sossegadinhos, porque os pais têm de trabalhar. 

     Eles sao de ferro, aguentam, são novinhos, cheios de energia. Não levantam as notas, não é pelo cansaço coisa nenhuma, nem por não brincarem, ou andarem o dia todo com tantas tarefas quanto os adultos... Claro que não! 

      Eles são de ferro, aguentam! Os grandes também aguentam. A culpa é dos professores que não sabem ensinar. 

      Os maus comportamentos na escola, são culpa da escola, a escola é que tem de saber educar e ensinar como se devem comportar, claro! 

     Todos aguentamos! Pois, somos de ferro, enquanto o ferro dura, mas ele enferruja, e o corpo cobra. Problema dele. 

       Achamos que somos de ferro e que conseguimos com toda a certeza alcançar os nossos objetivos, além daqueles de sermos sempre perfeitos em tudo, nunca falhar, nunca errar porque o outro passa à frente se revelamos a mais pequena falha. 

       Somos de ferro, e de certeza que aguentamos quando nos fecham as portas, quando nos criticam, quando alguém passa à nossa frente só porque teve mais umas décimas. 

       Somos de ferro porque lutamos até não podermos mais, mas temos de conseguir, dê por onde der, porque temos que agradar aos nossos pais, eles investem tanto em nós, financiam-nos tudo, a nossa obrigação é sermos os melhores em tudo, nem que para isso a nossa saúde fique em risco. 

       Que chechada... nem pensar em falhar, errar ou termos notas tão baixas. Porque somos de ferro, aguentamos, e eles merecem. Somos de ferro?! 

       Somos de ferro, quando usamos máscaras, quando disfarçamos emoções para os outros não verem, quando frustram as nossas expectativas seja de que tipo forem. 

       Somos de ferro? Não. Somos feitos de carne e osso, somos humanos com sentimentos, emoções, cansaços, desilusões, frustrações, inquietações, medos, irritações, responsabilidades, formulamos expetativas e planos, propostas, sonhos que não se realizam, quando perdemos as nossas batalhas, quando cedemos ao cansaço, à desilusão, ao sem sentido das coisas que nos acontecem, às injustiças!

       Somos metade ferro, enquanto conseguinos lidar mais ou menos bem com os acontecimentos, e metade humanos quando reconhecemos que afinal não somos de ferro, e sim, de carne e osso com fracassos. 

        As crianças são de ferro? Não, nem de próximo! Elas precisam de ser humanas, de pais, de brincar, de serem melhores pessoas e seres humanos, do que os melhores na escola. 

      As crianças não são de ferro, são humanos, frágeis, não querem remédios, nem mil atividades ou apoios de estudo. 

      Querem os pais, querem a sua atenção, a sua presença, a sua interação com eles e brincar, tempo para respirar, relaxar! 

      Não somos de ferro, embora às vezes tenhamos de ser ou parecer mas não somos! Em algum momento tudo o que somos vai atravessar o ferro de que parecemos ser, independentemente da nossa vontade! 

      Não há como negar, não há como esconder, nem como não sair debaixo dos ferros. Todos, desde bebés aos Avós, podem parecer de ferro mas mais cedo ou mais tarde o ferro derrete, enferruja. 

        Não vale a pena fingir que somos o que não somos, e sermos o que somos, com aceitação. A aceitação dói muito no início e às vezes dura vários dias a passar, mas não somos de ferro, por isso mais vale vive-lo! 

        Gostaríamos de ser feitos de ferro, pelo menos não sofriamos tanto, porque lidar com outros seres humanos é difícil, provoca desilusão, e é difil aceitar que falhamos muitas vezes, que poucas vezes conseguimos cumprir os nossos planos  e a nossa vontade de agradar, de sermos perfeitos, de sermos sempre os melhores.

       De que vale sermos os melhores na escola, se depois falha a saúde e o humanismo no trato com os outros? 

       Vale a pena sermos de ferro? Vale a pena usarmos máscaras de ferro com medo de não agradar aos outros? Vale a pena quererem transformar os vossos filhos em ferro? Não somos de ferro, somos humanos! 

Fim 

Lara Rocha 

18/Abril/2021 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

As misteriosas flores gigantes

        













Era uma vez um jardim vazio, que pertencia a uma casa de uma senhora que vivia com o seu marido e os filhos estavam próximos. O casal adorava sair, viajar, mas um dia, cansaram, e começaram a ficar mais pela cidade onde viviam com os filhos e os netos. A senhora olhava para o jardim da sua casa, e pensava:

- Não gosto deste jardim tão vazio. 

     Decidiu que iria plantar algumas flores para dar mais vida àquele espaço. Comprou uma série de sementes de flores diferentes, plantou-as com carinho, sorridente, com a ajuda do marido, espalhadas pelo espaço. 
         Nos dias seguintes, eles cuidaram dela com amor, como se tratassem de filhos, regaram-nas, conversaram com elas, e começam a aparecer umas cabecinhas muito pequeninas, com folhinhas. 

- Não demorará muito estão aí a aparecer! - diz a esposa 

- Pelo menos sempre vai haver mais cor e vida neste jardim. - comenta o marido 

- Foi por isso que as plantei, estava cansada de ver só verde. Vamos ver o que vai sair daqui, se o terreno é bom, se vão resistir. 

     Da noite para o dia, os pés das flores tornaram-se compridos, e os botões maiores, já se começavam a ver cores, lindas. O casal estava encantado, mas o que eles não esperavam era que aquelas cabecinhas de flores, da noite para o dia, abriram e tornaram-se gigantes, com pés altos, e pétalas enormes, cada qual a mais bonita. 

        Nunca tinham visto daquilo. 

- O que aconteceu aqui? - pergunta a senhora

- Nunca vi tal coisa! - diz o marido

- Que coisa mais linda! - suspira a senhora 

    Chamaram os filhos, os netos, a família toda, que ficaram igualmente escandalizados com o tamanho daquelas flores, e encantados. Com os olhares invejosos de alguns vizinhos que não sabiam cuidar dos seus jardins, diziam que aquelas flores eram falsas, e algumas murcharam, mas quando os donos falaram para elas, voltaram a ficar viçosas, e a crescer. 
       As flores pareciam crescer de dia para dia, mais e mais, até que formaram trepadeiras naturais com flores, cada qual a mais bonita. Não sabiam de onde tinham vindo flores tão grandes, como aqueles, nem com tantas cores, até que uma joaninha que pousou numa das flores disse ao casal que foi o amor com que eles as trataram. 
      Eram flores muito delicadas, e muito sensíveis às emoções das pessoas, só acontecia a pessoas com um coração bom, que cuidavam, regavam e conversavam com as flores. Era por isso que as flores dos vizinhos cresciam pouco, ou murchavam rápido. 
     O marido disse que ia publicar e convidar muita gente para ver, a pagar a entrada. Infelizmente, por causa dessa ambição, as flores murcharam, mingaram e outras desapareceram. 
      Realmente enquanto tiveram visitas, receberam muito dinheiro, mas as flores tão maravilhosas e tão grandes sentiram a inveja de quem as via, e a vontade do senhor enriquecer à custa da natureza. 
       A esposa lembrou-se da mensagem da joaninha, e proibiu muito zangada, que o marido continuasse a fazer essa asneira. O marido ficou tão zangado com ela que não a ajudou a plantar, e saiu de casa, deixou-a sozinha. 
    Foi à procura de formas de enriquecer. A senhora dedicou-se às novas plantações, tal como fez da primeira vez, e como dessa vez, as flores cresceram enormes, lindas.  
     As suas lágrimas eram tantas que regaram as cabecinhas das flores, mas à medida que elas se iam tornando gigantes, com as longas conversas que a senhora tinha com elas, as flores voltaram a ter tamanhos e cores nunca vistas.   
         Cresceram tanto, eram tantas que formaram uma barreira contra a inveja, pois o amor da senhora, e o seu coração eram mais fortes do que os invejosos e não permitiu que entrasse na sua casa mais ninguém, a não ser aquelas pessoas que sabia terem bom coração. 
    Todas as flores que a senhora plantou ficaram enormes, tornaram-se um chamariz para borboletas, cada qual a maior, e de rara beleza, que ela fotografava, joaninhas, abelhas e outros insetos que se tornaram quase outra família. 
        Os filhos e os netos, instalaram-se na sua casa, para recuperar da tristeza e num instante, com tanta beleza, com aquele tamanho nunca antes visto, rapidamente ficaram novos, cheios de alegria, ao ver que as flores que plantaram ficaram como as da Mãe e da Avó...enormes, lindas, altas. Algumas eram tão grandes que chegavam às janelas e ao telhado. 
           Quando se trata a natureza com amor, ela surpreende-nos! 

                                                                    Fim 
                                                                Lara Rocha 
                                                                16/4/2021
 

A bola no rio, o cão e os patos

      


Foto de Lara Rocha 

        Era uma vez uma bola de futebol, que pertencia a uma criança que a perdeu no rio, como não podia ir lá buscá-la, era perigoso, deixou-a ficar muito triste. A bola, igualmente triste, andou por cima da água, vários quilómetros a tentar sair de lá. 

        Pediu ajuda aos sapos e rãs, perguntando-lhes onde havia saída, mas estes só conheciam saídas para esgotos, e claro que a bola não queria ir para um esgoto, porque só o cheiro que já pairava à entrada, era nojento. Ele não percebia como é que haviam animais a viver naquele espaço. 

        Ratazanas ainda tentaram tirá-la de lá, mas só conseguiam chutá-la, a pôr-se em cima dela e a deixar-se rolar. Estavam mais divertidos do que em qualquer labirinto, ainda mais a e vê-la rolar de uns para os outros, como se fosse um jogo de futebol. 

        A bola não gostou nada daquelas criaturas, e fez de tudo para fugir a sete roladas, ou menos, felizmente conseguiu. Rolou na água tão rápido quanto pôde, foi parar a uma cascatinha feita de rochas por onde a água passava a correr. 

        Respirou de alívio, e deixou-se ficar naquele sítio, a ouvir o som da água com o baloiço. Olhou em volta, não havia saída. Só água, pequenas cascatinhas. O sol fazia brilhar a água, o que tornava aquele espaço especial. 

- Que lindo! O que será que brilha tanto? - suspira a bola 

        Foi ao ritmo mais lento da água, a olhar para todo o lado, o brilho parecia mudar de sítio, à medida que ele avançava, tanto era estreito, como começava a alargar e apanhava o rio todo! Pensou que eram pedras preciosas, mas pelo caminho não viu nenhuma, só viu o misterioso e belíssimo brilho na água. 

        E de repente, do lado de fora, na margem, ouviu um cão a ladrar que estava a ver a bola. Era um cão de água, que ladrava sem parar, ao ver a bola a rolar na água. Saltou disparado da margem para a parte mais baixa do rio, onde estava a bola, abocanhou-a, e esta ficou muito assustada. O dono do cão chamou-se, e ele voltou à margem com parte da bola na boca.

- Tu e as bolas...larga isso! - ralha o dono 

        Mas o cão não largou, e começou a brincar com a bola. O dono achou engraçada, e começaram os três a brincar. O dono atirava a bola e perdia-se de riso ao ver o cão a correr completamente louco atrás da bola, quase sem parar à beira de bola. 

        Às vezes até parou mais à frente da bola, deu meia volta, e voltou a correr para abocanhar a bola. O dono ria à gargalhada, e a bola também, filmou e fotografou, depois entraram os três na brincadeira. A bola ladrava como o cão, os dois pareciam conversar e entender-se muito bem. 

        O dono ria e atirava a bola, o cão abocanhava a bola, rolava no chão com ela na boca, chutava-a com a pata, ela deixa-se ir na brincadeira, às vezes fugia de propósito para a relva, onde o cão se sacudia, e voltava a esfregar-se na terra, com a bola na boca. 

        Depois de tanta brincadeira, como era um cão de água, ele e a bola entraram no rio para tomar banho, brincaram na água, como dois patinhos, o dono apreciava deliciado. E não é que aparecem mesmo 6 patos bravos que nadam loucos de medo, de forma desordenada, o cão a ladrar sem parar, a bola a ladrar e a grasnar como os patos, dividida entre o cão e os patos. 

        Os patos ficaram desorientados com o medo do cão que corria atrás deles, nadavam em círculo, para um lado e para o outro, deslizavam, chocavam uns com os outros, quanto mais eles tentavam fugir, mais o cão os perseguia a tentar agarrar. 

      O dono ria sem parar, até que gritou para ele  sair, e deixar os patos em paz. O cão obedeceu, mas esqueceu-se da bola e seguiu caminho com o dono. A bola ficou com os patos, que a rodearam, depois do susto. 

- Maldito animal...- grita um pato 

- Vai-te embora! Deixa-nos sossegados! - grita outro pato 

- Nunca outra nos aconteceu, um cão dentro de água a tentar apanhar-nos! - diz outro pato zangado 

- Francamente! - respondem os outros 

- E tu, quem és? - pergunta um pato à bola 

- Sou uma bola. Eu pertencia a outro menino, que me atirou para aqui, como era perigoso não me veio buscar. Depois encontrei este cão, estive a brincar com ele, pensei que me ia levar mas afinal deixou-me aqui. 

- Óh, que história triste, pobre bola. - lamenta um pato 

- Agora tens-nos a nós. 

- O que fazes? 

         A bola e os patos têm uma longa conversa, enquanto passeiam ao sabor da água. A bola perguntou aos patos, o que brilhava tanto, quis saber porque apareciam só alguns brilhantes na água, outras vezes apanhava o rio todo, quando na verdade, pelo caminho nunca tinha visto nenhum brilhante, mas era tão bonito! 

        Os patos explicaram-lhe que era o sol que refletia na água, mas não existiam mesmo brilhantes. Eles pensaram o mesmo, quando viram a primeira vez, mas ouviram várias pessoas a dizer que era efeito do sol. Concordaram que também adoravam ver aquele brilho todo, e andar sossegados ao sabor da água. 

       Chegada a hora de recolher, os patos bravos vão para a sua casa, e levam a bola, deixando-a num sítio bem seguro, um ninho que construíram de propósito para a bola, junto deles, bem confortável e aconchegante com penas, palha, e erva.  

        No dia seguinte, os patos brincam com a bola, tão divertidos como o cão, que não voltou a ir buscar a bola, porque esta escondia-se, no meio dos patos, e o menino também nunca mais o viu, mas ganhou a sua nova família, os patos, que a tratavam tão bem. 

E vocês, já viram bolas no rio? 

Acham que elas encontraram amigos, procuraram a saída ou ficaram lá? 

                                                                FIM 

                                                             Lara Rocha 

                                                             16/4/2021   

       

monólogo: gelo. chuva fria e gotas de orvalho























quadro pintado por Lara Rocha 


A cada desilusão, a cada ilusão que criamos, a cada tristeza que sentimos. A cada perda, cada derrota, cada abandono...cada doença, a cada maldade, a cada injustiça...lançamos um pedaço de gelo para o nosso coração. Umas vezes grande, outras vezes pequeno, mas é sempre uma pedra de gelo! Uns pedaços derretem, outros não! Uns transformam-se em lágrimas, outros ganham ainda mais força, peso e espessura. 

E quanto mais gelo acumulamos mais pesados ficamos. E mais frios somos. Quem pode desfazer os cubos de gelo? Talvez...Cada um de nós, alguém, ou nunca os desfaremos. Mas mais cedo ou mais tarde, o gelo torna-se visível Mais gelado, mais duro. E nós? Em que nos transformamos? Em nada  a não ser...Gelo! 

As lágrimas que caem dos nossos olhos, umas vezes são chuva fria, outras vezes são água do mar. Umas vezes são águas limpas,  outras vezes, águas poluídas. Umas vezes transportam alegria outras vezes tristeza. 

Outras saudades de bons momentos, de pessoas especiais, outras, muitas outras coisas. Mas todas lavam a alma, e desatam os nós que às vezes apertam tanto tempo a garganta  E o coração. Cada gota de orvalho brilha com os raios de sol. 

Cada gota de orvalho é um brilhante oferecido pelos anjos. Cada gota de orvalho conta um desgosto da terra, uma dor, por cada  crueldade do homem. Em cada gota de orvalho pode também brilhar um olhar ou um sorriso feliz. Cada gota de orvalho é um lindo mistério, um toque mágico, uma promessa boa, um bom presságio, pelo menos, de um momento de paz!  Enquanto vemos uma gora de orvalho a brilhar  com o sol. 

                                                                Fim 

                                                            Lara Rocha 

                                                            16/4/2021


Os livros são uma arte



Os livros são uma arte! Uma arte em forma de palavras e imagens. A arte de fazer sonhar, de ensinar, aprender, conversar, crescer, brincar, rir, chorar, corar, imaginar, viver. Ter livros é ter amigos...Ler livros é como viajar. Como se estivéssemos numa aula particular, num consultório de psicologia, num filme, num teatro. 

Com eles podemos chegar a milhares de sítios / espaços diferentes, novos povos, novas raças, costumes, tradições diferentes das nossas, sentir coisas novas, como se estivéssemos a vivê-las…ver a natureza, o espaço, sem sair do lugar. 

Podemos falar com eles, umas vezes baixinho, outras vezes alto…Ou até escrevendo o que achamos. Sem nunca sermos criticados ou gozados, por isso, eles também são uns grandes confidentes e ensinam – nos muito, contam – nos segredos. Mostram-nos o que somos, e que não estamos sozinhos, porque somos únicos, mas há muita gente à nossa volta que é como nós! 

Gostamos tanto de alguns livros, que se pudéssemos dormíamos com eles, não era? Por tanto que nos fazem sonhar de olhos abertos, pelas imagens, pela mensagem, pelas personagens ou por tudo! 

Com eles  conhecemos novas pessoas, percebemos que nem todos somos bons, e nem todos somos maus, somos bons e maus. Nas histórias, e na vida real. Até parece que ao lê-los, as pessoas de quem os autores falam, saltam dos livros…conseguimos vê-las, sentir a presença delas, libertar algumas emoções e eles despertam – nos outras!

Podemos interagir com elas! Através das palavras às vezes até parece que os autores nos fazem um raio – x ao corpo e principalmente à alma. Ou que leem os nossos pensamentos.

Os livros são tesouros! Deviam ser todos bem tratados, mas alguns não têm muita sorte! Os que são bem tratados, devem sentir – se lisonjeados, felizes. É maravilhoso ter livros e ler livros, andar com eles, senti-los, agarrá-los, segurá-los com as mãos, entre os braços. Acariciá-los com os nossos dedos, quando os folheamos.

Ter livros, é ganhar arte, aliás, um livro é uma obra de arte! Aquela que não precisa sempre de palavras para expressar emoções, porque usa uma ou várias imagens, para contar uma história. 

Aquela que cada um quiser, com as personagens que mais gostar. Os livros são como a arte, que nos faz sentir alguma coisa especial, ativa recordações, faz pensar e sonhar! Rir, chorar...

Qualquer arte, e os livros são uma arte, fala connosco, com aquelas palavras que às vezes fogem, perdem-se, vagueiam, e não encontram saída. Arte, dança, teatro, pintura, escrita, desenho, ou outras formas, são os suspiros da alma, as histórias escondidas, que se querem mostrar, os medos envergonhados que se mostram disfarçados, vestidos de animais ou de escuro, monstros, ou seres bonitos. 

Obrigada por existirem livros! Obrigada a quem os constrói, obrigada por fazerem parte da nossa vida, pelo que nos ensinam, pela vossa presença, bondade e sincera amizade! É maravilhoso ler!

E vocês gostam de ler? 

Porquê? 

                                             

                                      FIM

                               Lara Rocha 

                                                                                                                                15/4/2021

terça-feira, 6 de abril de 2021

o peso do cérebro


























        Como deve ficar pesado o cérebro quando parece que todos os pensamentos desaparecem! Como deve ficar pesado o nosso cérebro quando está repleto de maus pensamentos e maus sentimentos.
        Como fica pesado o nosso cérebro e o nosso coração, com as imagens que vemos, da guerra, da destruição, e da indiferença. Como fica pesada a nossa cabeça quando nos desiludem, seja de que maneira for.
        Como fica pesado o coração e a mente quando pensamos e ouvimos tanta maldade a ser espalhada, em vez de espalharmos amor, tanta inveja uns contra os outros, em vez de nos apoiarmos na nossa totalidade, no que somos enquanto seres humanos, que vivemos com outros seres humanos.
        Como fica pesado a nossa mente, e o nosso coração ao ver tanta crueldade espalhada pelo mundo, nas suas diferentes formas. Se pudéssemos pô-los na balança, talvez chegasse ao peso máximo.
        Como fica pesada a nossa mente e o nosso coração com algumas decisões que tomamos a pensar que vamos ajudar os outros, e o que recebemos do outro lado, indiferença, ingratidão, maus tratos.
          Como fica pesada a nossa mente e o nosso coração ao perceber que não podemos fazer nada por tanta gente que precisava, mas infelizmente está longe, e encontramos uma série de obstáculos.
          Como fica pesada a nossa mente e o nosso coração, quando enfrentamos fracassos, quando os nossos objetivos não são cumpridos, e pensamos que tínhamos obrigação de ser perfeitos, de dar o nosso melhor, de sermos os melhores para retribuir o que fizeram por nós de bom.
        Como fica pesada a mente e o coração, com a tristeza e a vontade de desistir, quando o cansaço e o desânimo tomam conta de nós! Como fica pesada a mente e o coração ao tomarmos consciência que falhamos, que erramos, que não conseguimos cumprir tudo o que planeamos e desejamos.
        Com certeza um peso que não se mostra na balança, mas nos comportamentos, expressões faciais e emoções quando conseguem sair. Muitas vezes a mente fica na mais completa noite sem estrelas. Mas há sempre umas mãos que nos trazem de volta a luz, que pegam na nossa mente ao colo, que nos embalam e acalmam, em forma de anjos para quem acredita neles, em forma de palavras agradáveis e simpáticas, pequenos gestos de carinho, sorrisos, presença por mensagens ou gratidão!
        Nunca estamos sozinhos, nem mesmo quando achamos que não existe ninguém que nos compreenda! Essas mãos estão lá, essa luz, acende-se!
Boa noite, com um cérebro leve, e que mãos especiais nos protejam, segurem, abracem e cuidem de nós.

Lara Rocha

6/4/2021

domingo, 4 de abril de 2021

os cinco sentidos e a guerra - sobre a guerra no Mundo



Vejo uma Guerra sem fim! 

Vejo a Guerra, 

vejo a tristeza, 

vejo o mal, 

vejo a destruição, 

vejo um inicio sem fim! 

Vejo feridas, e sangue derramado, de inocentes, vejo lágrimas, vejo medos, vejo bombas, vejo armas, vejo sonhos desfeitos, vejo famílias destroçadas vejo crianças sozinhas...

Vejo um inicio sem fim! 

Ouço tiros, ouço gritos, ouço choros, ouço dores, ouço estouros, ouço bombas, ouço explosões...! 

Ouço um inicio sem fim! 

Cheiro a Fumo, cheiro a morte, cheiro a sangue, cheiro a pólvora...cheiro um inicio sem fim! 

Sinto a dor, sinto o fumo, sinto os estrondos, sinto o medo, e o terror, por todo o lado, sinto a incerteza, sinto a tristeza, sinto a guerra, sinto o frio, sinto o calor, sinto o mal, sinto um inicio sem fim! 

                                                                        Lara Rocha 

Nascer e criança (monólogo de reflexão)

Desenhado por Lara Rocha 

Das cinzas, vi nascer uma flor. Do vento, vi nascer novas flores. Das nuvens, vi nascer o sol. Do escuro da noite, vi nascer o dia. De uma estrela,
vi nascer um brilho num olhar. De um sol, vi nascer luz. De uma chama, vi nascer ardor, e calor. 
De um coração, vi nascer um amor, de uma lágrima uma saudade. De uma mãe um ser vivo, de um sonho um desejo. De um desejo, uma desilusão e uma paixão. 
De um sorriso de criança, vi nascer uma nova esperança, e na sinceridade do olhar puro de criança, vi nascer a simplicidade da verdadeira felicidade. 
NASCER... No sorriso de uma criança, vejo um brilho cristalino, como as pequeninas gotas de orvalho a brilhar ao sol. ~
No sorriso de uma criança, vejo delicadeza, como botões de flores a abrir. No sorriso de uma criança, vejo o arco-íris, vejo magia...vejo liberdade. 
No sorriso de uma criança, vejo estrelas a brilhar, vejo pós mágicos de fadas, luz pura, diamantes...Alguns lascados por abandono, tristeza, maus-tratos, doença...No sorriso de uma criança, vejo paz, vejo sinceridade, vejo verdade...No sorriso de uma criança, vejo felicidade...No sorriso de uma criança vejo uma das grandes maravilhas do mundo
                                                                  Lara Rocha 
                                                                    3/4/2021 
                                    

sábado, 3 de abril de 2021

O mar e a mulher (monólogo)

      


       O que sentirá o mar quando recebe lixo...em vez de flores? O que sentirá o mar quando os barcos se afundam? E quando engole pessoas? O que fará com as lágrimas que recebe das mulheres dos pescadores, ou daquelas que se afundam a fugir da guerra? 

        O que fará o mar com elas? Será que as acolhe? O que importa, elas já não sentirão. O que sentirá o mar quando ouve os lamentos dos tristes? Não fala por palavras, não fala das suas tristezas, não revela a dos outros, o que fará com tudo isso? A sua intensidade, pode ser a revelação de como se sente! Mar feliz, mar sereno, mar triste e revoltado, mar agitado, mar...é misterioso...mar é essência, mar á baú de segredos, mar é vida! Mar é água, emoção, medo e inspiração. 

        Por tudo isto...faz lembrar a mulher! O mar pode ser comparado a um corpo feminino, e a uma alma feminina. Corpo feminino pelas suas ondas que parecem vestidos longos, quando desfila e ondula ao sabor do vento. 

        Corpo feminino porque atrai e gosta de ser apreciado, seduz, provoca, e convida à descoberta. Corpo feminino pelas suas cores...corpo feminino pelas suas pedras, e pelo seu peixe. Alma feminina, pelas suas fases de instabilidade...ora calma, ora revoltada. 

        Alma feminina, porque tanto dá, como tira...alma feminina porque é mistério, sem compreensão, alma feminina porque tem em si milhares de lágrimas de vida! Alma feminina, toda colorida mas só por fora, parecem felizes, sorriem, estão bem com toda a gente, mas nas suas profundezes, podem estar numa prisão! 

        Uma prisão fria, escura, solitária...chamada tristeza, onde o preso - o coração, está fraco. Arrasta-se pela cadeia, a gritar (quase sem fôlego), e a implorar ao corpo que o liberte, nem que seja pelos olhos, ou pela doença. 

        A mulher às vezes é sereia ou peixe preso nas redes, quando elas querem dar alguma coisa, fazer alguma coisa por alguém, que sente que precisa dela, quanto tenta ajudar outras pessoas, e elas ignoram-nas, respondem-lhes mal, ou quando não podem. 

       A alma feminina sente-se sufocada, quando está muito angustiada, por qualquer que seja o motivo, ficam presas sem espaço, sem ar, sol, vento, chuva. A alma feminina enfrenta com coragem mas medo as suas intempéries, serenadas por algum sol, o que emana das crianças. 


                                                                Lara Rocha

                                                                3/4/2021  

monólogo lágrimas e palavras comestíveis



Há palavras que não podemos dizer para não magoar os outros, mas que nos envenenam todo o corpo. Há palavras que nos dirigem algumas pessoas, e às quais não respondemos, engolimos, bebemos veneno.

emoções, sentimentos, palavras, que gostávamos de dividir, por exemplo na hora do desespero, ou se dividimos raramente/ nunca recebemos conforto A resposta é o silêncio, a ignorância, mais veneno para o corpo…

Não poder dizer a outra pessoa que amamos, o sofrimento que ela nos causa por terminar o namoro, ou por não nos dar a atenção que gostávamos, e muitas outras situações, não podermos dizer que temos saudades dele (a), com medo de que essa pessoa se afaste ainda mais, que interprete mal, ou que ainda diga coisas piores.

Principalmente saber que nós estamos mal e essa outra pessoa está bem, como se nada fosse! Dói muito…Deixa-nos geladas (os), destrói-nos a alma, faz-nos chorar, e achar que não vamos conseguir dar a volta. 

Tira-nos a alegria, o sorriso, e a vontade de viver…Faz-nos sentir estranhos, tristes, como se fossemos desconhecidos de nós mesmos, deixa-nos doentes. Há palavras que ouvimos, que não dizemos...Que parecem facadas no nosso interior, 

Deixa-nos com a sensação de estarmos mortos. É muito triste…! E se pudéssemos provar as palavras que ouvimos? Todas teriam sabores diferentes! Umas saberiam a doce, outras a amargo, umas a salgado, outras a deslavado.

Umas saberiam a picante, outras a fresco, ou a quente, outras...seriam gelo...cada uma tem mesmo um sabor diferente. Não as comemos com a boca, mas o coração come! Se sorrimos, ele gostou do sabor das palavras. Se choramos, ele não gostou do sabor. 

O que faz ele com os diferentes sabores das palavras? Guarda-as? Deita-as fora? Se pudéssemos tocar na palavras...Umas seriam veludo, outras pétalas macias de flores. Umas seriam vidros partidos, facas, picos, agulhas e pedras que nos magoavam de certeza. 

Outras seriam outro material indefinido, penas leves ou asas finas de borboletas...Voaríamos com elas? Porque não...Algumas palavras que nos dizem são tão leves...Tão macias...tão boas...O coração gosta delas. Outras, cortam-nos aos pedaços, rasgam-nos, ferem-nos, furam-nos, atravessam-nos… 

O coração não gosta dessas. Quando ele gosta do toque das palavras, sorrimos. Quando ele não gosta, choramos. Cada palavras tem um sabor diferente, cada palavra tem uma cor diferente, cada palavra tem uma textura diferente...Mas ouvimos todas!

O mesmo acontece com cada lágrima! Cada lágrima conta um segredo, nunca confessado. Um desejo, nunca realizado, um sonho, uma recordação ou várias recordações. Felizes, tristes, doces, românticas, um sentimento, uma emoção, um medo. 

Cada lágrima conta...momentos de dor, de saudades de alguém, de algum lugar, de alguma coisa especial, de um momento...de um tempo feliz...e mesmo de alguns momentos inesquecíveis, e mesmo de alguns minutos especiais. 

Cada lágrima conta mágoas, rancores, iras, frutrações, derrotas, vitórias. Cada lágrima solta um grito, ou vários gritos silenciosos, profundos, que têm de ser calados, sufocados...que emanam do oceano interior...grito de aflição, de dor, de tristeza, de raiva, de ódio, de amores não correspondidos, proibidos, Que não saem dos sonhos... 

Cada lágrima, Conta a solidão, Canta a tristeza, Cada lágrima...Varre a alma, Limpa o  coração, Purifica, Descongela-nos,  Liberta o que está preso na alma… Cada lágrima...Mostra tudo o que temos Dentro de nós...Quando as máscaras caem.. Cada lágrima, despe-nos, Mostra o que somos realmente. Cada lágrima… Conta uma história de vida.


Lara Rocha 

2/4/2021