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sexta-feira, 16 de abril de 2021

A bola no rio, o cão e os patos

      


Foto de Lara Rocha 

        Era uma vez uma bola de futebol, que pertencia a uma criança que a perdeu no rio, como não podia ir lá buscá-la, era perigoso, deixou-a ficar muito triste. A bola, igualmente triste, andou por cima da água, vários quilómetros a tentar sair de lá. 

        Pediu ajuda aos sapos e rãs, perguntando-lhes onde havia saída, mas estes só conheciam saídas para esgotos, e claro que a bola não queria ir para um esgoto, porque só o cheiro que já pairava à entrada, era nojento. Ele não percebia como é que haviam animais a viver naquele espaço. 

        Ratazanas ainda tentaram tirá-la de lá, mas só conseguiam chutá-la, a pôr-se em cima dela e a deixar-se rolar. Estavam mais divertidos do que em qualquer labirinto, ainda mais a e vê-la rolar de uns para os outros, como se fosse um jogo de futebol. 

        A bola não gostou nada daquelas criaturas, e fez de tudo para fugir a sete roladas, ou menos, felizmente conseguiu. Rolou na água tão rápido quanto pôde, foi parar a uma cascatinha feita de rochas por onde a água passava a correr. 

        Respirou de alívio, e deixou-se ficar naquele sítio, a ouvir o som da água com o baloiço. Olhou em volta, não havia saída. Só água, pequenas cascatinhas. O sol fazia brilhar a água, o que tornava aquele espaço especial. 

- Que lindo! O que será que brilha tanto? - suspira a bola 

        Foi ao ritmo mais lento da água, a olhar para todo o lado, o brilho parecia mudar de sítio, à medida que ele avançava, tanto era estreito, como começava a alargar e apanhava o rio todo! Pensou que eram pedras preciosas, mas pelo caminho não viu nenhuma, só viu o misterioso e belíssimo brilho na água. 

        E de repente, do lado de fora, na margem, ouviu um cão a ladrar que estava a ver a bola. Era um cão de água, que ladrava sem parar, ao ver a bola a rolar na água. Saltou disparado da margem para a parte mais baixa do rio, onde estava a bola, abocanhou-a, e esta ficou muito assustada. O dono do cão chamou-se, e ele voltou à margem com parte da bola na boca.

- Tu e as bolas...larga isso! - ralha o dono 

        Mas o cão não largou, e começou a brincar com a bola. O dono achou engraçada, e começaram os três a brincar. O dono atirava a bola e perdia-se de riso ao ver o cão a correr completamente louco atrás da bola, quase sem parar à beira de bola. 

        Às vezes até parou mais à frente da bola, deu meia volta, e voltou a correr para abocanhar a bola. O dono ria à gargalhada, e a bola também, filmou e fotografou, depois entraram os três na brincadeira. A bola ladrava como o cão, os dois pareciam conversar e entender-se muito bem. 

        O dono ria e atirava a bola, o cão abocanhava a bola, rolava no chão com ela na boca, chutava-a com a pata, ela deixa-se ir na brincadeira, às vezes fugia de propósito para a relva, onde o cão se sacudia, e voltava a esfregar-se na terra, com a bola na boca. 

        Depois de tanta brincadeira, como era um cão de água, ele e a bola entraram no rio para tomar banho, brincaram na água, como dois patinhos, o dono apreciava deliciado. E não é que aparecem mesmo 6 patos bravos que nadam loucos de medo, de forma desordenada, o cão a ladrar sem parar, a bola a ladrar e a grasnar como os patos, dividida entre o cão e os patos. 

        Os patos ficaram desorientados com o medo do cão que corria atrás deles, nadavam em círculo, para um lado e para o outro, deslizavam, chocavam uns com os outros, quanto mais eles tentavam fugir, mais o cão os perseguia a tentar agarrar. 

      O dono ria sem parar, até que gritou para ele  sair, e deixar os patos em paz. O cão obedeceu, mas esqueceu-se da bola e seguiu caminho com o dono. A bola ficou com os patos, que a rodearam, depois do susto. 

- Maldito animal...- grita um pato 

- Vai-te embora! Deixa-nos sossegados! - grita outro pato 

- Nunca outra nos aconteceu, um cão dentro de água a tentar apanhar-nos! - diz outro pato zangado 

- Francamente! - respondem os outros 

- E tu, quem és? - pergunta um pato à bola 

- Sou uma bola. Eu pertencia a outro menino, que me atirou para aqui, como era perigoso não me veio buscar. Depois encontrei este cão, estive a brincar com ele, pensei que me ia levar mas afinal deixou-me aqui. 

- Óh, que história triste, pobre bola. - lamenta um pato 

- Agora tens-nos a nós. 

- O que fazes? 

         A bola e os patos têm uma longa conversa, enquanto passeiam ao sabor da água. A bola perguntou aos patos, o que brilhava tanto, quis saber porque apareciam só alguns brilhantes na água, outras vezes apanhava o rio todo, quando na verdade, pelo caminho nunca tinha visto nenhum brilhante, mas era tão bonito! 

        Os patos explicaram-lhe que era o sol que refletia na água, mas não existiam mesmo brilhantes. Eles pensaram o mesmo, quando viram a primeira vez, mas ouviram várias pessoas a dizer que era efeito do sol. Concordaram que também adoravam ver aquele brilho todo, e andar sossegados ao sabor da água. 

       Chegada a hora de recolher, os patos bravos vão para a sua casa, e levam a bola, deixando-a num sítio bem seguro, um ninho que construíram de propósito para a bola, junto deles, bem confortável e aconchegante com penas, palha, e erva.  

        No dia seguinte, os patos brincam com a bola, tão divertidos como o cão, que não voltou a ir buscar a bola, porque esta escondia-se, no meio dos patos, e o menino também nunca mais o viu, mas ganhou a sua nova família, os patos, que a tratavam tão bem. 

E vocês, já viram bolas no rio? 

Acham que elas encontraram amigos, procuraram a saída ou ficaram lá? 

                                                                FIM 

                                                             Lara Rocha 

                                                             16/4/2021   

       

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