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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Sorrisos mascarados

 O sorriso 

Vemos sorrisos todos os dias…

De crianças,

De adultos,

De idosos, 

De animais…

Mas será que todos esses sorrisos são sinceros?

Sinceros...que vêm das profundezas da alma?

Será que são daqueles sorrisos 

Que se mostram sem medos?

Ou será que são sorrisos mascarados?

Umas vezes sincero

Outras vezes forçado, 

Sorrisos mascarados 

São aqueles que, 

se levantássemos as máscaras

Veríamos lágrimas 

A brilhar ao sol, 

Ou estrelas que viajam dos olhos 

Pela pele, até á almofada, 

À noite.

Ou param num animal…

Ou que caem no chão, 

Em cima da mesa,

No chá, no prato, no copo…

à noite. 

Quando já cada um está no seu canto

Muitos sorrisos mascarados 

Deixam de o ser 

As máscaras também precisam de descansar 

Mas...e o que vem no lugar do sorriso mascarado?

A explosão…

A lava que transporta consigo toda a essência

A verdade 

Os sentimentos puros 

Quando as máscaras do sorriso caem…

A alma fica nua! 

E nem sempre é fácil encontrarmo-nos com ela

Às vezes lutamos…

Porque queremos ser mais forte, 

Mas ela sabe bem 

Que na verdade somos fracos

Não porque choramos,

Mas porque somos de carne e osso...sangue…

Tudo mexe dentro de nós!

À noite 

Perdemos a vergonha, o poder…

A força da máscara do sorriso 

Enfraquece…

Deixa-se vencer pelo cansaço 

De tanto uso falso! 

Quantos sorrisos mascarados…

Se cruzam no nosso caminho todos os dias

Para quê?

Mais cedo ou mais tarde,

A máscara do sorriso 

Cansa e cede! 

Não porque é fraca,

Mas porque não aguenta mais. 

É o que acontece connosco! 

O único sorriso sem máscaras, 

O único rosto sem máscaras,

É o das crianças 


                                            Lara Rocha 

                                            17/Março/2014

cabelos brancos

 Hoje olhei para umas finas senhoras 

Sentadas no banco de jardim 

Todas tinham cabelos brancos!

Que linda visão…

Sim, não sei se elas gostam, ou não

Talvez os aceitem, 

Ou talvez deem apenas valor ao facto de estar vivas.

Enquanto muitas jovens se preocupam com a aparência 

Tentei ler esses cabelos brancos, 

Mas não consegui.

Porque cada fio branco

contava uma história diferente

cada cabelo branco chorava uma lágrima

de perda, de dor, de saudade

desgosto e solidão…

Ou impotência, pena…

Todos os fios de cabelos brancos

Se falassem

Muito nos teriam a ensinar

A nós, mais novos

Que achamos que sabemos tudo,

Na verdade nada sabemos…

À beira destas senhoras e de outras de cabelos brancos,

A nossa sabedoria é um fio de cabelo branco delas…

Perdido entre milhões de cabelos brancos.

Talvez esses cabelos brancos

Nos contassem serenidade,

Pobreza,

Fome,

Valores,

Sacrifícios,

Muitas lágrimas,

Muitas dores,

Muitas perdas,

Mas também muitas batalhas…

Umas perdidas,

não por falta de luta delas, 

Outras vencidas. 

Muitas cabeças erguidas,

Muito amor para dar,

Muita entrega aos outros…

Áh!

Cabelos brancos…

Um prémio!

Um motivo de felicidade

Pois cada um, conta histórias

Que muito ensinam quem nada sabe da vida!

                                Lara Rocha 

                                17/Março/2014 

cada lágrima

 Cada lágrima…

Cada lágrima conta

Um segredo…

Nunca confessado,

Um desejo…

Nunca realizado,

Um sonho…

Uma recordação

Ou várias recordações

Felizes,

Tristes,

Doces, 

Românticas.

Um sentimento,

Uma emoção,

Um medo,

Um momento 

que não se repete 

Cada lágrima conta…

Momentos de dor,

De saudade

De alguém

De algum lugar,

De alguma coisa especial,

De um momento…

De um tempo feliz…

E mesmo

De alguns minutos inesquecíveis…

Cada lágrima…

Conta

Mágoas…

Rancores,

Iras,

Frustrações,

Derrotas,

vitórias…

Cada lágrima…

Solta um grito,

Ou vários gritos silenciosos…

Profundos,

Que têm de ser calados,

sufocados…

Que emanam do oceano interior…

Grito de aflição,

De dor,

De tristeza,

De raiva,

De ódio…

De amores

Não correspondidos,

Proibidos,

Que não saem dos sonhos… 

Cada lágrima,

Conta a solidão,

Canta a tristeza,

Cada lágrima…

Varre a alma,

Limpa o coração,

Purifica,

Descongela-nos,

Liberta o que está preso na alma…

Cada lágrima

Mostra tudo o que temos

Dentro de nós…

Quando as máscaras caem…

Cada lágrima…

Despe-nos,

Mostra o que somos realmente.

Cada lágrima…

 Conta uma história de vida.

Cada lágrima é uma!


Fim 

Lara Rocha 

17/Março/2014 

Afinal o amigo

 Afinal

O amigo que eu conheci… 

Não passou de uma máscara!

Uma máscara muito bonita no início,

E logo depois a máscara caiu.

Afinal

Os abraços que prometeste

Onde ficaram?

E os beijos?

E as mensagens e telefonemas…?

E as saídas…

E tudo o que desejamos em conjunto?

Afinal

Quando a máscara caiu…

Percebi que:  

O que ardia nas tuas palavras, 

Não era o que o teu coração a falar.

Era o teu desejo

Para me conquistar.

Afinal

O que brilhava nos teus olhos,

Não era paixão, nem amor…

Era apenas o gelo da tua indiferença 

Que mostraste uns dias depois! 

Afinal 

Fizeste brilhar os meus olhos,

E de repente 

Apagaste todo esse brilho

Com a tua distância.

Afinal

O nosso desejo comum 

De amizade 

Transformou-se em…

conhecidos apenas.

Que pena! 

Afinal…

Só quero que no final 

Os meus olhos voltem a brilhar 

Iluminados pelo calor da tua amizade! 

Espero-te...Amigo! 

Espero…

Os abraços que ficaram por dar 

Os beijos que se perderam no ar 

Espero por ti, amigo!

Sem máscaras

Espero por ti, apenas amigo…

Espero apenas o teu carinho! 

Até breve…

Talvez um dia…

Realizemos estes sonhos comuns


                                                Lara Rocha

                                                18/Março/2014 

Álbum de recordações

ALBUM DE RECORDAÇÕES 

Hoje abri um álbum de fotografias,

e entre elas

apareceram as tuas!

A cada foto tua…

Uma fadinha

andou a brincar

com o meu coração,

e puxou uns fios fininhos

com os quais teci o meu amor por ti,

há uns anos atrás…

cuja luz se apagou

quando tu acabaste!

Mas esses fios fininhos

que ela apanhou

no cantinho escuro onde ficaste,

fizeram vibrar as cordas da saudade!

Não de ti,

mas do calor do teu abraço!

Uma estrelinha

brilhou timidamente,

em cada um dos meus olhos

ao lembrar dos teus abraços

e na minha garganta

suou um…

«obrigada»...

Para sempre…

Primeiro amor!

Sinto-te...

Sinto a tua presença,

Sinto o teu calor,

Sinto o teu corpo,

Sinto os teus braços,

a envolver-me.

Sinto o calor desses abraços,

Sinto os teus olhos a olhar para mim,

Sinto a meiguice que eles me transmitem,

Sinto a doçura e calma dos teus olhos.

Sinto a tua doçura,

Sinto a tua respiração,

Sinto a tua mão,

Sinto o teu coração a bater.

Sinto a tua presença,

Ouço a tua voz meiga, doce e serena,

Sinto os teus lábios,

Sinto a tua pele,

Sinto todo o teu corpo.

Sinto toda a tua luz,

dentro do meu coração.

Apenas na minha imaginação!

No dia em que…

Deixamos de ser o nós,

e voltamos a ser

eu e tu…

foi o dia em que

me desintegrei como um meteorito

o dia em que

deixei de saber quem era,

pois tu levaste contigo

tudo de mim!

No dia em que morri por dentro…

pus o meu coração encharcado

e a estourar de lágrimas,

a secar

nas cordas da máscara do sorriso,

mas o coração furou

e o meu mundo parou!

O meu corpo ficou doente!

O meu cérebro latejou,

estourou…

as lágrimas 

saíram pelos olhos

num mar de sofrimento,

dor,

raiva…

o coração batia descompensado,

confuso,

louco…

não dormi várias noites!

Até que gritou: «chega!»

Quando gritou «chega!»,

acalmei à força…

com um sol forçado.

Entretanto,

o coração foi secando,

ficando com menos lágrimas! 

E voltei a saber quem era,

muito lentamente,

voltei a construir-me,

e a reconstruir-me

quando 

reentrei para o teatro.

Foi maravilhoso!

Voltei a sorrir com vontade.

Renasci!

E o coração continuou a secar,

no varal dos meus olhos!

Umas vezes

envolvido em máscaras,

outras tantas vezes

voltou a encher-se de lágrimas,

a doer,

a apertar,

a gritar.

Outras vezes,

voltou a secar…

Hoje,

o coração

já não está a secar,

mas por vezes

ainda fica na sombra! 

O que levaste

No dia em que decidiste acabar

Levaste-me contigo 

Para onde estavas, 

Inteira, 

Sem me tocar. 

Eu estava a Norte, 

E tu a Sul. 

Dizias que eu estava dentro de ti, 

No teu coração. 

Aí, tinhas razão! 

Eu estava mesmo no teu coração. 

Não porque me amavas, 

Mas porque eu não tinha maldade, 

E estava apaixonada. 

Quando estamos apaixonados 

Deixamos de ver a realidade! 

Tudo à nossa volta 

nos parece verdade! 

Ficamos dominados 

pelo farol da ilusão. 

Levaste todo o meu corpo. 

Todos os milímetros da minha pele 

Onde me tocaste, 

E todos os pedacinhos 

que encostei na tua pele 

Nos nossos abraços carinhosos. 

Levaste todo o meu fogo, 

Toda a minha luz, 

Todo o meu brilho, 

Todo o meu sorriso, 

Todas as minhas lágrimas 

Todos os meus sonhos! 

Todos os meus desejos! 

Todas as minhas dores. 

Levaste todos os meus cacos, 

E levaste-me inteira… 

Sem me ter devolvido 

um único pedaço. 

Levaste quem dizias 

ser a mulher da tua vida! 

Eu acreditei! 

Ensurdecida pela música das tuas palavras 

Que acreditei serem verdadeiras. 

Levaste uma mulher 

Que deixou de existir. 

Levaste a mulher que já fui, 

Mas já não sou! 

Sou uma mulher muito diferente 

Que nunca mais conhecerás...!

Nunca mais verás, 

Nem ouvirás, 

Muito menos 

Sentirás. 

Talvez 

Essa mulher que já fui, 

Que tu levaste, 

Também já nem sequer exista 

dentro de ti. 

Talvez 

Essa mulher que levaste 

Esteja neste momento 

Esmigalhada 

no teu coração 

Lá para um canto qualquer... 

Ou, pode ser 

que quem tens agora 

tenha expulsado

a mulher que já fui 

e que estava 

no teu coração. 

Talvez 

Ela tenha deafeito

essa mulher 

que levaste contigo.

Ou pode ser 

que essa mulher 

por vezes 

Povoe o teu pensamento 

em forma de recordação 

Onde está essa mulher, 

que levaste contigo? 

Eu, nunca mais a vi...

E tu? 

Voltaste a vê-la? 

Voltaste a senti-la 

dentro de ti? 

Como dizias sentir-me! 

A mulher que levaste.  


Lara Rocha 

21/3/2014