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domingo, 23 de agosto de 2020

Somos diferentes e depois?

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                                                desenhado por Lara Rocha 

Somos diferentes e depois? Tenho cicatrizes, borbulhas, manchas ou sardas, sou de cor escura ou morena e depois? É na pele…Não é uma doença contagiosa, é apenas pele! Todos temos cicatrizes de quedas em pequenos, quando começamos a andar! Tenho cabelo ruivo, loiro ou outra cor qualquer, e depois? Falta-me um membro… uma perna, um braço, os dois, as duas… uma mão, as duas...e depois? Ando numa cadeira de rodas, ou num andarilho, ou de muletas… tenho um membro mais torto que o teu, ou umas orelhas maiores que as tuas? E depois? Uso óculos e depois? Tu também podes vir a usar! Sou um palito, ou com muitas curvinhas e almofadinhas, e depois? Sou mais calado ou mais tímido e depois? Precisamos de ser todos papagaios? De certeza que a ti também não te apetece falar sempre...e depois? Sou mais sossegado, e depois? Não precisamos de estar sempre a mexer. Tenho dificuldades e depois? Tu também tens, mas podem não ser tão visíveis como as minhas. Que bom para ti. Mas sabes uma coisa… lamento dizer isto… um dia serão descobertas, e verás quem realmente são os teus amigos! Sou mais baixo que tu, e depois? Chego onde tu chegas, mais depressa ou mais devagar, às vezes a pressa faz cair. Canto mal e depois? Não temos de ser todos rouxinóis, não existem só rouxinóis, também existem outros animais que não precisam de cantar para conquistar ou para chamar a atenção. Numa coisa...sou igualzinho a ti: eu e tu… somos seres humanos! Alguma vez pensaste nisso? Tens mais coisas materiais...coisas mais caras...e depois? Eu não tenho, mas e depois? Não temos de ter as mesmas coisas. A mim não me falta o essencial: comida, carinho, amor, atenção, respeito, compreensão, diálogo, companhia. Talvez não saibas, ou nunca te tenham dito: a verdadeira beleza não está no que se veste, ou no que se tem, mas no que se é, e no que se dá! Acredita que recebo muito mais do que tu… e não são coisas materiais, são coisas que fazem bem e enchem o coração… talvez não saibas o que é, ou talvez nunca te tenham dado isso. O mundo perderia todo o interesse e toda a beleza se fossemos todos iguais… não aprenderíamos nada de novo se fossemos todos iguais, não conheceríamos a diferença. O mundo seria inabitável se fossemos todos iguais. O que mais interessa é que tenho um coração como tu tens para ser amado e um coração que pode amar! O que eu quero é que olhes para mim, para o meu sorriso, porque é lá que encontras o que realmente sou. O coração gosta de bater no peito, de felicidade, por ser tratado com carinho, de alegria, de amar e ser amado...porque o que interessa é o que está nele...a luz que ele mostra pela fechadura dos olhos. Tenho muitas mais outras coisas para te mostrar. Não tenhas medo de te aproximar de mim, só porque me falta alguma coisa, tenho um coração como tu, que bate no peito e que te quer mostrar o que ele tem de bonito e bom. O meu coração é como o teu, eu não sou o ou os membro ou membros que faltam...sou um ser humano como tu, que gosta de amar e ser amado, que gosta de ser respeitado e que gosta de amizade. Só quero que brinques comigo, como sou! Sou diferente de ti, e tu és diferente de mim, e depois? A diferença pode completar-nos. Tenho dois braços, ou um braço e meio para te abraçar se precisares, ou posso abraçar-te de outra maneira diferente da tua. Tenho boca para te dizer as coisas mais bonitas e agradáveis do mundo, quando todos te encherem de palavras feias que te magoam. Tenho colo para te dar sempre que precisares, quando todos os outros iguais a ti, sem nada que se veja como eu, te virarem as costas ou te derem pontapés. As minhas mãos, ou mão, ou parte de braço...servem para te dar carinhos, ou para segurar as tuas quando todos os outros as usarem para te baterem. Tenho orelhas maiores que as tuas… é uma vantagem...podes ter a certeza de que vou ouvir-te muito melhor que os outros que parecem tê-las perfeitas, serão as minhas orelhas que chamas de grandes, que vão ouvir as tuas tristezas, e elas vão ficar guardadas nas suas partes largas que chamas de abanos, quando todos os outros espalharem os teus segredos ou gozarem com o que tu dizes. Tenho óculos, mas os meus olhos verão muito melhor do que os outros, se estás triste ou se precisas de companhia ou de um abraço, mesmo sem dizeres nada. Tenho pernas tortas ou pés com botas que te são estranhas, mas são essas pernas que irão ter contigo quando caíres e te magoares, e quando todos os outros com pernas e pés iguais a ti, fugirem e rirem à gargalhada. Serão os meus membros tortos que te levarão ao curativo ou a passear sem pressa e mostrar-te coisas que nunca viste antes, porque ias a correr. Serão elas que me farão ficar ao pé de ti, quando tiveres dificuldades na escola, e quando todos os outros que são muito espertos te gozarem e chamarem nomes feios por não seres como eles acham que são. Não tenhas pena de mim! Não sou pássaro ou pato ou águia ou outro animal qualquer, tenho pele como tu, um nome como tu tens, quero ouvir o meu nome da tua boca como se fosse uma melodia! Poderia dizer-te todas as coisas boas que podes encontrar em mim, mas prefiro que sejas tu a descobrir. Anda...vem ter comigo...vê-me além das diferenças. Eu não sou o que tu vês...só verás quem sou, quando te aproximares de mim, quando olhares para os meus olhos e quando conviveres comigo. Sou diferente de ti, e depois? Eu posso dar-te um abraço ou mil abraços, posso encher-te de mimos e sorrisos, posso ser o teu confidente, o teu amigo verdadeiro. A amizade não tem corpo, forma, cor, raça, tamanho… nasce do coração, e da diferença. Somos todos diferentes, mas todos temos coração e sentimentos...todos humanos. Somos o que não se vê com os olhos, não somos as cicatrizes, as manchas, as borbulhas ou os membros tortos… somos o que está por baixo da nossa carapaça… somos a luz que vemos, somos Amor! Temos o direito de ser diferentes, e de ser respeitados pela diferença! Lara Rocha 22/Agosto/2020
















sábado, 22 de agosto de 2020

Os colecionadores de lágrimas

 
Foto de Lara Rocha 
  

    Era uma vez um jovem artista, que colecionava lágrimas de pessoas. Por onde andava, sem que as pessoas percebessem, recolhia as lágrimas e guardava-as nos bolsos até chegar a casa. De vez em quando, pedia às pessoas que lhe dessem as suas lágrimas, quando não queria ser demasiado atrevido. 
    Geralmente, o jovem não dizia que era para construir obras de arte em vidro, e muitas vezes, ouvia «nãos», palavras agressivas, de pessoas que achavam que era louco, ou que tinha segundas intenções com esse pedido, e escorraçavam-no. 
    Outras pessoas eram simpáticas, mesmo sem perceber para que é que ele queria as lágrimas, deixavam-no recolhê-las, coisa que fazia com carinho. Agradecia muito, e quando regressava a casa, dividia as lágrimas por frascos, de acordo com as emoções que as fizeram cair.  
    Umas iam para o frasco da tristeza, de cor escura, quando choravam de dor, solidão, ilusões e desilusões, amores não correspondidos, fracassos, zangas. Outras para um frasco vermelho, se eram provocadas por raiva, irritação, frustrações e saudades. Para um frasco de várias cores, iam as lágrimas de felicidade, alegria, risos, conquistas, reencontros, boas notícias, saúde, e gargalhadas. 
    As suas lágrimas preferidas eram as dos frascos de várias cores, e era com elas que construía as mais bonitas e verdadeiras obras de arte, em vidro: estátuas com as expressões faciais das emoções, jarras, flores e outras com formas geométricas. Outras vezes, misturava os vários tipos de lágrimas. 
    Para algumas obras, metia as lágrimas numa máquina que as transformava em plasticina e massa mole, às quais o jovem juntava as cores que queria, e misturava tudo, como se estivesse a brincar. Outras metia numa espécie de micro ondas, para não ficarem muito duras, nem muito moles, salpicava com tintas e usava muitos materiais diferentes para construir o que imaginava, até algodão. 
    Certo dia, tentou vender muitas das suas peças, para ganhar espaço e algum sustento. Todos ficaram encantados, mas para surpresa sua, as mais vendidas foram aquelas feitas de lágrimas de tristeza. As mais coloridas ficaram para trás. 
    Uns dias depois, tentou vender só as de cores alegres, e não conseguiu. Lembrou-se de convidar um amigo palhaço, para trabalhar com ele. Explicou-lhe o tipo de trabalho, e o amigo aceitou de imediato. No dia seguinte, lá foram os dois, o seu amigo palhaço atraiu muita gente com a sua simpatia e brincadeiras, venderam tudo. 
    Para agradecer, o artista recolheu muitas lágrimas das pessoas que muito se riram com o palhaço, sem elas perceberem, durante vários dias seguidos. Com essas lágrimas construiu uma obra de arte, grande, dois amigos a dar um abraço e um sorriso aberto, toda colorida, para agradecer ao seu amigo a amizade que os unia há muitos anos, e a ajuda que este lhe estava a dar. 
    O amigo ficou sem palavras, e concretizou o abraço, agradeceu, e muito orgulhoso continuou a trabalhar com o artista. O problema foi que, com tanto sucesso, o artista tornou-se uma pessoa distante, fria, vaidosa. O seu amigo palhaço, ficou tão triste, que recolheu todas as suas lágrimas e ofereceu-as ao artista. 
    O artista recebeu-as, e quase não lhe deu atenção, só estava centrado nas suas obras grandes. Quando utilizou as lágrimas que o amigo lhe deu, todas as suas obras estalaram, partiram, derreteram. O artista não percebeu porque é que tal aconteceu, e foi a casa do amigo, muito irritado tirar a situação a limpo. 
    Gritou com o amigo, chamou-lhe falso, vigarista, interesseiro, e outras coisas feias. O amigo ouviu até ao fim, triste. 
- Já acabaste? - perguntou o amigo palhaço
- Já. Ainda queres mais? - pergunta o artista zangado 
- Agora vou falar eu…As lágrimas que te dei, mostram o que aconteceu às tuas obras! São o espelho de como me sinto, desde que a fama de subiu à cabeça. De coração partido, estalado, estilhaçado. Estou desiludido e magoado contigo. Desde que te tornaste conhecido, esqueceste que eu existo, que somos amigos desde crianças, que crescemos juntos, e que estivemos do mesmo lado, sempre que um de nós precisou, nos piores momentos. Esqueceste-te que vendeste muito desde que eu trabalhei contigo, mais uma vez estive ao teu lado, a chamar as pessoas para as tuas obras. Desde que és famoso, só pensas nas tuas obras, na tua fama, no dinheiro, e quem está à tua volta, deixa de existir. Desde que cresceste, diminuíste como pessoa, desapareceste como amigo. Não falas mais comigo, nem com quem gosta de ti. Fiquei muito desiludido contigo! Se as tuas obras se desfizeram com as lágrimas que te ofereci, com aquelas que chorei por causa da tua indiferença, foi para te mostrar como eu fiquei e como estou. Só assim é que te lembraste de mim. 
    O artista fica em silêncio. 
- Desculpa! Acho que tens razão. 
    Vira costas e sai. Vai para casa, pensa muito na situação e fica triste. Passadas umas horas, volta a casa do amigo, depois de também muito chorar. 
- Será que mereço uma segunda oportunidade? Eu sei que errei, magoei-te, desiludi-te, fui injusto contigo, egoísta...mas será que me podes perdoar e voltar a ser meu amigo? 
- Estás a dizer isso só porque precisas de mim, ou de coração? - pergunta o amigo palhaço
- Estou a falar de coração. 
    Os dois olham-se fixamente, e num impulso trocam um abraço longo, choram os dois de alegria, e o artista recolhe as lágrimas dos dois. 
- Obrigado, amigo. Queres ver como estou a falar de coração? 
    Constrói uma obra com as lágrimas dos dois, e até ensina o amigo a sua arte. A obra não se destrói, pelo contrário, parece feita de cristal brilhante. 
- Vês?! 
    Os dois passam a trabalhar em conjunto, na recolha de lágrimas, e na construção de obras que  vendem, dividindo os lucros pelos dois. O mais importante, foi continuar a amizade que quase se destruiu como as obras feitas com as lágrimas do coração partido, por causa de ganância e atenção excessiva às obras, à grandeza, ao dinheiro e à fama. 
    Às vezes é o que acontece com as amizades de hoje em dia. Há valores que falam  mais alto, e partem o vidro mais bonito de cada um, estatelam o nosso interior, fazem-nos colecionar lágrimas em frascos de cores escuras, em vez de construirmos lindas obras de vidro com as nossas lágrimas dos frascos de várias cores, onde se inclui a amizade. 

                                                     FIM 
                                                 Lara Rocha 

                                                          22/Agosto/2020  

                                                             

                                                      
    
  

A lua de todos nós


Foto de Lara Rocha 

Há uma lua que nos espia lá em cima. 

Há uma lua que nos espreita, 

há uma lua que nos ilumina, 

há uma lua que nos vê. 

Há uma lua que nos sussurra, 

há uma lua que nos embala, 

há uma lua que nos envolve. 

Há uma lua que nos inspira, 

há uma lua que nos pega ao colo, 

há uma lua que nos espera. 

Há uma lua que nos escuta, 

há uma lua que nos conta histórias, 

há uma lua que nos faz sonhar. 

Há uma lua que brinca connosco, 

há uma lua que nos segue, 

há uma lua que nos encanta. 

Há uma lua que nos guia, 

há uma lua que nos toca, 

há uma lua que nos beija. 

Há uma lua que nos canta, 

há uma lua que nos sorri, 

há uma lua que nos ouve. 

Há uma lua...lá fora, em mim, em ti, para mim, para ti no mundo, em todos nós!


                                                                Lara Rocha 

                                                             22/Agosto/2020 

                                                                              



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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O sonho gelado e o mundo real

         






















desenho de Lara Rocha 



         












          Era uma vez uma terra gelada, numa grande cidade, coberta de neve que não derretia. As casas eram feitas de gelo, os habitantes eram criaturas de gelo, sem expressões faciais, e outras com expressões neutras, ou carrancudas, tristes, aborrecidas, pesadas. 
         Já estavam habituados a viver naquele gelo, mas um dia, uma criatura estranha, nunca antes vista, visitou aquela terra. Por fora era feita de pequeninas chamas que flamejavam à medida que ela se mexia, aumentavam e diminuíam. 
         Por onde passou, as pessoas que eram de gelo sentiram um grande calor, e uma grande vontade de se abraçarem umas às outras, o que nunca tinha acontecido. Tinha um sorriso que iluminava tudo e fazia as pessoas de gelo sorrir. 
         Mergulhou no rio, o gelo derreteu e borbulhou, as pessoas viram-na tão feliz, que quiseram experimentar. O rio ficou cheio de gente, que ficou sem gelo, e apareceram pessoas humanas, umas mais bonitas que as outras, começaram a falar umas com as outras, abraçaram-se, riram, brincaram, mergulharam. 
         A paisagem que era escura, ficou dia claro, cheio de sol e céu azul. Onde era gelada transformou-se num manto verde, cheio de flores, de todas as cores e espécies, animais a correr livremente, e a pastar, todas as fontes que estavam geladas há milhares de anos ficaram a descoberto, e deitavam água que dava gosto ver e ouvir, a cair por uma série de rochas. 
         Onde havia silêncio e gelo, ouviam-se pássaros, e nasceram árvores, risos de crianças a brincar, pessoas a falar alegremente umas com as outras. Como tudo estava lindo, e maravilhoso! De repente, esse mundo mágico desapareceu outra vez, a jovem abriu os olhos, sorriu, mas logo ficou triste, ao perceber que tinha sido só um sonho… a sua vontade que o seu mundo gelado, onde vive, com pessoas como ela, mas geladas, fosse um mundo colorido, luminoso. 
         No mundo desta jovem, as pessoas são de carne e osso, mas parecem feitas de gelo, como no sonho, pela indiferença com que muitas vezes tratam os outros, pela correria, pela falta de tempo, pela ganância, maldade, ambição de ser mais que o outro, e esquecem-se de ser chama! Como aquela pessoa feita de chaminhas no sonho. 
         Ela vivia assim em dois mundos diferentes: no seu mundo real, gelado, e no seu mundo ideal que só existe nos sonhos. Podemos ser como a personagem das chamas, se olharmos um bocadinho mais para o outro que pode precisar, tal como nós, e pelo menos nesse bocadinho derreter a paisagem gelada que nos cerca. 

                                                                    Fim 
                                                                 Lara Rocha  
                                                               21/Agosto/2020

domingo, 16 de agosto de 2020

Sensações agradáveis

SENSAÇÕES AGRADÁVEIS.

Imaginem que vão a passear alegremente a caminho de uma linda e maravilhosa floresta.

Antes de lá entrar, passam por um parque muito agradável…com árvores grandes e recheadas de folhas.

Num dos ramos dessas árvores, vive uma família de passarinhos: os pais, que foram buscar comida, e os filhotes, que ficaram no ninho.

Passa um macaco muito estouvado, habitante da floresta, e com a brincadeira de subir à árvore, como é muito curioso, quase deita o ninho abaixo, e um passarinho cai aos vossos pés. Vocês assustam – se.

E…muito zangados, ralham com o macaco, ficam com pena do passarinho, pegam nele com cuidado, o bichinho está a tremer e a piar assustado, fazem – lhe festinhas para o sossegar.

As peninhas dele são tão fofinhasque bom que é tocar – lhe na cabecinha. O passarinho fica mais sossegado. Vocês estendem o braço com o passarinho na mão e põem – no no ninho juntamente com os outros. Olham para os passarinhos, sorriem, fazem uma festinha aos 4 passarinhos, fazem sinal com a mão «xau» e seguem para a floresta. 

            Na floresta está um dia quente, mas como há muitas árvores frondosas e sombra sente – se uma brisa muito suave, que transporta consigo cheiro a flores, a eucalipto das folhas que os kualinhas estão a comer, e a outras coisas.

            Ouvem – se os passarinhos a cantarque bem que cantam…parecem canções de embalar…estão a dar – vos as boas – vindas! Sorriam para lhes agradecer.

            Inspirem o ar purohummmm…que delícia…sabe tão bem…até podem esticar os braços, bocejar…o que quiserem, desde que se sintam livres, e bem dispostos.

            A erva que vocês pisam é fresca, verde…apetece tirar os sapatos e senti – la mesmo nos vossos pezinhos, correr em cima dela, rebolar…mas não façam isso…choveu nos dias anteriores e se molham os pés ou a roupa podem ficar doentes.

            Sigam em frente que vão encontrar mais surpresas…estão a andar…olham para o vosso lado…ááááááááhhhhhh….tão queridos…uns póneis, umas lindas éguas e uns cavalos elegantíssimos…uns brancos…outros castanhos…outros malhados…que bonitos! E vejam como eles estão felizes a correr soltos, e a relinchar. Apetece – vos fazer – lhes companhia não é? Tentem…vão ter com eles, de mansinho…mas talvez se assustem…! Vocês…vão apenas ter com eles, fazer uns carinhos nos seus pêlos macios e brilhantes…o dono deles está de olho em vocês, e andam uns cães à solta que vão ter convosco. Vocês primeiro assustam – se, eles cheiram – vos, o dono diz – vos que eles não mordem, que podem fazer festinhas à vontade. Vocês fazem festinhas aos cães…e eles abanam o rabo felizes, lambem – vos, rebolam na relva e viram – se de barriga para cima…que engraçados…estão a pedir miminho…vocês fazem – lhes mimos.

            Continuam a andar pela floresta e por entre as árvores vêem uns coelhos muito despachados a correr, a esconderem – se nas tocas…uns esquilos a descer e outros a subir às árvores, a roer bolotinhas…, alguns macacos a saltitar e a brincar uns com os outros…tão engraçados…! Sorriem e continuam o passeio.

            Estão vocês a andar alegremente, e umas borboletas…um grupo grande acompanha – vos, voam à vossa volta. Vocês olham – nas e seguem os seus movimentos…rodam a cabeça para cima, para o lado direito, para o lado esquerdo, e vocês tentam apanhá-las, mas elas não se deixam apanhar.

Aparecem quatro gatinhos pequeninos, muito bonitos e fofinhos, a miar docemente…tão fofinhos…parecem umas bolinhas de pêlo. Vocês sentam – se no chão para lhes fazerem festinhas, e brincar com eles. Eles gostaram de vocês…sobem para as vossas pernas, enroscam – se no vosso colo, nas vossas pernas, e até no vosso pulso…vocês riem – se, e brincam com eles, rebolam como eles na relva, pegam neles ao colo, fazem festinhas, gatinham com eles e como eles, e vão a brincar juntos o resto do caminho.

            Óóóóóóhhhh…que pena…a mamã está a chamar – vos. Vocês levantam – se, fazem outra vez o caminho, mas ao contrário, apanham umas lindas florinhas para a mamã e outras para a vovó. Quando chegam à beira da mamã oferecem – nas e dão – lhe um abraço e um beijinho. Ela agradece – vos, e retribui o abraço e o beijinho

Situação 3

Está um dia radioso…cheio de sol e calor. Vocês vão para a praia com os vossos pais e menos, e carregados de coisas para brincar.

            Uuuuaaaauuuuu…! O mar está tão baixinho…boa …! Há montes de possecas…que fixe…podem ir para a água e brincar com os baldinhos e as pás, fazer castelos encantados como os dos príncipes e princesas…os meninos vão poder jogar á bola e fazer corridas de motos e de carros nas pistas de areia. Que giro…! Vocês estão muito felizes, eufóricos…saltitam, batem palminhas, tiram a roupa, pegam nos brinquedos e começam a correr.

            A mamã recomenda-vos para não de afastarem e vocês obedecem. Só ficam lá diante dos olhos dos vossos papás que estão muito perto. Estão muito contentes a brincar na água, a encher os baldinhos com areia…e…surpresaaa…estão duas estrelas do mar, grandes a sorrir para vocês, encostadas nos penedos. Vocês ficam espantados…querem tocar, mas têm um bocadinho de medo…já ouviram falar nas estrelas do mar, mas ficam na dúvida se podem tocar nelas ou não…vocês estendem a mão e tentam agarrar…puxam a mão para trás outra vez e não tocam.

            Vão perguntar à mamã…a mamã diz-vos que podem tocar na estrela do mar, e até vai convosco vê – la. Que gira…! A mamã pega numa das estrelas do mar e vira – a ao contrário para vocês verem como é que ela é…! Vocês tocam – lhe, as patinhas muito pequeninas dela fazem – vos cóceguinhas nas mãos e nos dedos. Vocês riem e querem levá-la para casa. A mamã faz-vos a vontade! Leva-a para cima e põe-na ao sol. E se a deixar ao sol mais alguns dias vão poder pô-la na prateleira do vosso quarto a enfeitar.

            De repente passa um cão enorme por vocês, a correr…vocês assustam – se, gritam e choram, mas a mamã está à vossa beira…faz umas festinhas ao cão e o dono está por perto, diz que não faz mal. Realmente, o cão fica todo feliz com os mimos, até de deita na areia de barriga para cima, com a língua de fora, a vossa mamã está deliciada a fazer mimos ao cão, na barriga, no lombo, na cabeça, e nas orelhas.

            Como a mamã diz que o cão não faz mal, vocês também lhe fazem festas e riem. O cão segue com o seu dono, vocês e a mamã continuam a brincar. Ufff…que susto…mas…que alívio…a mamã estava lá junto de vocês.

            De tanta água, ficam com frio. A mamã leva-vos para o sitio onde estão, enrola-vos na toalha…hummm…que bom…a toalha está mesmo quentinha…e é tão bom senti-la na vossa pele…huummmm…sentem fome e sede…vão á lancheira da mamã e tiram de lá água e pãozinho com manteiga…que delicia!

            Na hora de mais calor e em que o sol é mais perigoso, vão para casa. 

                                                              Lara Rocha 

                                                              16/ Agosto/ 2020