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sexta-feira, 25 de março de 2016

Duas famílias

Personagens:

- 1 Menino pequenino, bonzinho, de 6 anos, cabelo loiro, olhos castanhos, pele branca, educado muito meigo, simpático, chama – se Pedro
 - 1 menino mau, revoltado, nervoso, vingativo, de 9 anos, cabelo preto, curto e liso, pele branca, olhos castanhos, mal educado…chama – se Roberto

- Avô Rafael (Avô do Pedro)                       
- Mamã Paula (Mãe do Pedro)                     
- Papá Cláudio (Pai do Pedro)
- Avó Diana (Avó do Pedro)
- Dona Tânia (Mãe do Roberto)                                        
- Sr. Filipe (Pai do Roberto)
- Avó Paulina (Avó do Roberto)
- Avô Afonso (Avô do Roberto)
- 1 Cãozinho


         O sol já pintou toda a Serra de dourado e está escaldante. Numa casinha rústica típica da Serra, com um grande espaço verde á volta, vive o menino Pedro com os Pais e os Avós.
Os Avós já foram tratar dos animais e dos cultivos da horta, desde que os passarinhos anunciaram o nascer do dia com os seus doces chilreares.
Pedro ainda está no mundo dos sonhos.
Paula já acordou para preparar o pequeno-almoço ao marido que está a resmungar porque ela se atrasou a acordar e não o despertou á hora que ele pretendia.
– Querido, não precisas de tomar o pequeno-almoço a correr… ainda é cedo!
– Já estou atrasado! Já devia ter saído há muito! Já me devias ter acordado há muito tempo…não sei como é que te deixaste adormecer outra vez sabendo que eu tinha que sair… tanto te pedi…
– Desculpa meu amor! O nosso filho vomitou vezes sem conta esta noite, fartei – me de acordar para o limpar e mudar os lençóis, senão era desagradável, tive que lhe fazer 1 chá, pôr – lhe toalhas de água fria na testinha… aliviá-lo porque ele estava muito quente, cheio de febre.
– (preocupado) Mas… vomitou porquê?
– Não sei querido. Deve ser ouvidos ou garganta.
– (preocupado) E não me chamaste?!
– Não amor! Eu sei que tens que trabalhar e á noite tens de descansar. Não havia necessidade de te acordar, fofinho! (p.c.) Não ias fazer nada!
– Querida, ao menos estava do teu lado e entretinha – o. 
– Não deve ser nada grave! Há bocadinho estava a dormir bem. Depois eu estava tão cansada e com sono de manhã ouvi o despertador, mas olha, deixei – me estar mais um bocadinho. Desculpa!
– Ok, ok…! Desculpa, não sabia que tinhas passado a noite acordada.
– Pensaste que era preguiça?
– (a sorrir) Desculpa! Vai descansar agora, meu amor, enquanto ele dorme e por favor: qualquer coisa liga – me. É melhor levá-lo ao Dr. Miguel.
– Está bem. Vai descansado!
– Vou lá cima dar – lhe 1 beijinho.
Cláudio e Paula vão ao quarto do pequeno que acabou de acordar todo sujo á volta dele e comentam:  
– (preocupado) Vomitou outra vez.
– Vou levá-lo ao Dr. Vai descansado, eu trato dele.
– Eu ligo mais tarde.
– Está bem meu amor. Bom trabalho!
– Obrigado.
Ele dá 1 beijo terno á mulher e outro ao filho que fala com o Pai, e o Pai responde:
– (choquinho a choramingar) Onde vais papá?
– Vou trabalhar filho!
– (choquinho) Não vais brincar comigo?
– Mais tarde sim, filho. Agora vou trabalhar para ganhar dinheiro. Até já!
– Até já! Não demores.
Cláudio sai depressa, Paula pega no Pedro ao colo, beija – o carinhosamente, dá – lhe banho numa conversa muito animada, os dois trocam carinhos, enquanto a mãe fala com o pequeno, e o pequeno responde:
– Dói alguma coisa meu amor?
– A garganta.
– Áh, então vamos ao Dr. Miguel… ele vai dar um remedinho e vai já passar sim?
– Pica não!
– Não.
– Tu não deixas pois não?
– Não.
A Paula veste – o, dá – lhe o pequeno-almoço e aparece o Avô Rafael e cumprimenta os dois sorridente:  
– Bom Dia!
         Os dois respondem em coro (a sorrir):  
– Bom Dia!
Pedro pendura – se no Avô e dá – lhe beijinhos, o Avô retribui. Paula faz um pedido ao Pai, o qual aceita de imediato:
– Óh Pai, não se importa de tomar conta dos recados para mim, se aparecerem freguesas… é que eu tenho de o levar ao médico.
– Óh filha, eu levo – o.
– Eu tenho umas coisas para acabar, mas primeiro está o meu filho; depois digo às freguesas o que aconteceu.
– Não, filha vai acabar o que tens a fazer, descansada, eu levo – o lá!
– Não se importa?
– Óh mulher, eu sou AVÔ dele, achas que me vou importar? Está descansada… suspeitas de quê?
– Não sei bem, talvez uma crise de garganta ou ouvidos. Ele diz que lhe dói a garganta, tem febre e vomitou várias vezes de noite.
– Está bem. Não te preocupes, eu vou lá. Vai tratar do teu trabalho. Eu tomo conta do recado. A Mãe também deve estar a chegar com as coisas para a sopa que tu pediste.
– Está bem… (sorri) Muito obrigada, Pai.
– Ora essa... até já.
Paula dá um sonoro beijo nas bochechas vermelhas do filho, o pequeno retribui sorridente e Paula informa-o:  
– (a sorrir) Vais com o Avô, está bem?
– (a sorrir) Sim, está bem. Até já Mamã.
– (a sorrir) Até já, meu Amor!
A Mãe é costureira, e tem trabalhos para acabar, vai para o atelier dela. A Avó Diana passa pelo marido e pelo neto cumprimentam-se, e a Avó diz a sorrir:  
– Bom Dia, meu anjinho.
– (a sorrir) Bom Dia, Vovó.
         O Avô Rafael informa a Avó, e o Pedro acrescenta:
– Vou levá-lo ao Dr. Miguel
– Tou doente…
         A Avó Diana fica preocupada, mas o Avô Rafael tranquiliza-a:
– Mas… o que é que ele tem?
– Calma, querida, não deve ser nada grave, em princípio é uma simples crise de garganta, já que vomitou e diz que lhe dói a garganta, que tem febre. A Paula está atulhada de trabalhos para acabar, vou lá eu com ele.
– Está bem querido! Vai. Eu vou lá ter com ela ajudá-la na costura e depois fazer o almoço. Não precisas que vá contigo?
– Não! Vai ajudar a Paula, ela precisa mais.
– Está bem… Até já! Lembranças ao Dr. Miguel.
– Sim, eu dou. Até já.
Pedro dá 1 beijo na Avó, a Avó retribui. O Avô Rafael segue de mão dada com o neto, a conversar muito animados, e a Avó vai ajudar a Mãe do Pedro.  
                 ENTRETANTO NA CASA DO ROBERTO…A confusão é total.
Os Avós estão a trabalhar no campo.
O Sr. Filipe está de ressaca, é uma pessoa nervosa, que bebe muito álcool e pára pouco em casa. Não dá atenção ao filho e é violento com a mulher.
A Dona Tânia está acordada e já fez muita coisa. Está na cozinha e resmunga:  
– O raio do Homem nunca mais acorda! Parece impossível! A esta hora, aqui em casa tudo por fazer e sua excelência a trabalhar para a engorda! Chegou a umas lindas horas, chegou. Já o sol tinha nascido. Mas não quero saber; vai acordar a bem ou a mal. Dona Tânia sobe as escadas, nervosa, entra no quarto, abre a persiana e grita com o marido, que também responde de forma agressiva com a esposa:
– Óh porco de engorda… pincha já do ninho, bola de carne…! Andor…
– (grita) Cala – te! Pareces uma cabra. No monte a juntar o gado não berras tu assim. Vai berrar para o raio que te parta!
– (Grita) Anda! Salta.
– (resmunga) Vai comer erva e deixa – me dormir!
– (grita nervosa) Estás – me a chamar vaca é?! (P.C.) Onde é que tu andaste a noite toda para chegares de manhã completamente bêbado?! E eu em claro a noite toda preocupada contigo!
– (resmunga) Cala – te! Não estás a juntar o gado por isso escusas de falar alto.
– (resmunga) Responde ao que eu te perguntei!
O marido levanta – se nervoso, o Roberto acorda, vai lá ao quarto dos Pais chateado e vê o Pai a bater na Mãe; e a Mãe sem se defender. Roberto implora ao Pai, mas o Pai ameaça-o também:
– (nervoso) Não batas na Mãe.
– (nervoso) Põe – te a andar senão também apanhas.
A Dona Tânia agarra nos cabelos do Sr. Filipe e atira – lhe uma almofada para os olhos, ele larga – a deita – se na cama e adormece!
A Dona Tânia fica incrédula com a reacção que teve e ri – se, e murmura:
– Monstro… Porco de engorda… estou a ficar farta de ti!
A Dona Tânia vai – se consolar com uns cãezinhos que nasceram há muito poucos dias. Roberto está na cozinha a chorar. Dona Tânia e Roberto têm uma conversa séria:   
– Estás a chorar porquê? Não foste tu que apanhaste!
– (a chorar) Mãe… porque é que estão sempre a discutir e a bater um no outro?
– Não tens nada a ver com isso, és muito pequeno para perceber os problemas dos adultos.
– (A chorar) Como é que tu gostas do Pai, se ele te está sempre a bater e aos gritos contigo?!
– (triste) O teu Pai tem alguns problemas…mas é meu marido… já estou habituada a apanhar dele… mas no fundo amamo-nos!
– (a chorar) Não sabia que amar era dar porrada…
– (triste) E não é, mas se o teu Pai me bate é porque acha que mereço…
– (a chorar) Não mereces nada! Eu não gosto de vos ver assim! Preparas – me o pequeno-almoço?
– (zangada) Prepara tu, já és grandinho e sabes muito bem preparar…
– (a chorar) O Pai já é velhote, bate – te e tu preparas – lhe…
Dona Tânia puxa 1 orelha ao Roberto e grita-lhe:
– Cala – te. Prepara tu… e é se queres! É só deitar o leite no copo… e não digas aos Avós que o teu Pai me bate.
Ele faz o que a Mãe diz, e resmunga:
– Para esse nojento tu preparas, para mim que sou teu filho não!
– (zangada) Vê lá como falas do bichinho…
Dona Tânia enche o cão de festinhas, mimos, beijinhos, põe leite na tigela do cão e dá – lhe o leite com o cão ao colo… passado um bocado a Mãe pousa o bichinho e vai para a horta. Roberto, nervoso pega no cãozinho pelas orelhas e diz – lhe nervoso e revoltado:
– Detesto – te! A minha Mãe em vez de gostar de mim gosta de ti. Tu é que tens direito a pequeno-almoço no colo, e és um estúpido de um cão, eu sou um ser humano e eu é que devia tomar o pequeno-almoço preparado por ela, no colo dela tu é um cão… não tens direito. Tens os mimos todos para ti, eu que sou filho dela é que devia ter mimos, mas és tu que os tens… detesto – te! Vou pôr – te na rua… assim, a minha Mãe já vai gostar de mim, e dar – me o mimo todo que eu quiser.
Roberto revoltado sai com o cão pelas orelhas e anda com ele assim um bom bocado, até quase á casa do Pedro. Ai, bate no animal sem dó nem piedade, atira – o para ao chão, bate – lhe com sapatadas, dá – lhe pontapés… o cão está a tremer no chão, a ganir, e ferido.
O Avô Rafael vê aquele rapaz e vai ter com ele, juntamente com o neto e diz:   
– Um cãozinho… Coitadinho, está ferido… Roberto, de quem é este cão?
         Roberto é muito mal-educado e responde nervoso:
– Era meu… como é que você pode ter pena desta coisa, seu velho estúpido?!
         Pedro ralha com o rapaz:
– Não fales assim com o meu Avô!
         O Avô Rafael tenta falar a bem com Roberto, mas ele é mal-educado e responde de maneira rude:
– Primeiro, vê se tens mais respeito, porque eu só te fiz 1 simples pergunta… posso ser velho, mas por isso mesmo, tenho autoridade suficiente para dar umas boas sapatadas quando me faltam ao respeito… mesmo não sendo teu avô…! O que é que lhe aconteceu?
– (nervoso) Sei lá, nem me interessa!
O Avô Rafael, perde a paciência, puxa – lhe a orelha e aperta – lha, ralhando-lhe:  
– (chateado) Baixa a crista quando falas com as pessoas mais velhas!
– (grita) Ai, está – me a magoar! Você não me pode bater velho monstruoso.
– (chateado) Cala – te! Não sabes o que estás a dizer! Daqui a pouco ficas sem orelha (dá – lhe 1 sapatada no rabo) O que é que fizeste ao pobre cão? Olha o estado em que ele está!
– (nervoso) Quero lá saber do nojento do cão! Não faz falta nenhuma em casa! É um palerma! A minha Mãe gosta mais dele do que de mim … só se preocupa com ele… se eu não comer, ela não quer saber, mas se este pulguento não comer já fica toda cheia de pena e quer logo dar de comer. Só este… insignificante é que tem direito aos mimos e ao colo… eu é que sou o filho. A mim nunca dá mimo nem colo. O meu Pai também não quer saber de mim, quase nunca o vejo e quando está em casa bate na minha Mãe… tudo por causa dos cães.
         Pedro defende o animal e ralha com Roberto:  
– Não digas mal do bichinho! Ele é um ser vivo como nós, quer colo e mimos como nós. Ele não tem culpa. Eu também tenho muitos cães, a minha Mãe dá – lhes festinhas e pega neles ao colo, e a mim faz o mesmo. Dá comida aos cães e a mim também.
         O Avô dá toda a razão ao neto:
– Claro! Um não tira o lugar do outro. Os teus Pais amam – te. Os animais não têm nada a ver com os assuntos dos adultos, e não devias ter tirado da Mãe dele!
         Pedro acrescenta reprovador:
– És um menino muito mau. A Mãe do cãozinho devia – te morder!
         O Avô tenta que Roberto se coloque no lugar do cão, mas o Roberto mantém a revolta dele:
– Também não gostavas de ser tirado da tua Mãe e maltratado pois não?!
– (a chorar) Para a minha Mãe ter – te com ela ou tirarem – me dela era o mesmo. Ela até devia ficar contente e eu ia deixar de ser maltratado!
– Não digas disparates! (p. c.) vou levar – te já ao teu avô e falar com ele!
         Pedro chora com pena do cãozinho:
– Coitadinho do cãozinho!
O AVÔ Rafael pega no cãozinho com uma mão e leva o rapaz preso pela orelha e diz ao Roberto:
- Tu devias era ser arrastado pelas orelhas, ou levado preso por uma trela ou por correias puxadas por bois…seu palerma!
         Roberto responde-lhe a chorar:
– Larga a minha orelha velho.
O Avô Rafael dá – lhe outra sapatada e ralha com ele o resto do caminho a puxar – lhe a orelha. Chegam a casa do Roberto. A Avó Paulina está á porta e pergunta:  
– O que estás a fazer com o meu neto pela orelha?
         O Avô Rafael explica:
– O teu neto, além de me faltar ao respeito maltratou este pobre bichinho. Despejou toda a raiva num inocente.
         A Avó não acredita:  
– O meu neto?! Tenho a certeza que ele não era capaz de fazer isso.
         O Avô Rafael comenta, mas a Avó nega para defender o neto:
– Eu também achava que ele não era capaz de tal monstruosidade mas foi!
– Não pode ser.
A Avó chocada e incrédula, preocupada, vai ter com a Dona Tânia à cozinha, enquanto o AVÔ Rafael fala com o Avô Afonso. A Avó Paulina comunica à filha:  
– Tânia, filha, o teu filho fez uma coisa muito má e muito feia, com um pobre bichinho de quem gostas muito…e foi mal-educado com o Avô Rafael. O cãozinho está ferido. (P.C) Foi tudo por causa de ciúmes! Ele acha que tu não gostas dele… só gostas do cão; só dás colo ao cão e mimos… e a ele não… ele sente – se rejeitado. (p.c) Não grites com ele quando falares com ele sobre o que aconteceu, nem lhe batas… agora é tarde demais para lhe bater… mostra – lhe que o amas, dá – lhe muito carinho, explica – lhe que o cão não ocupa o lugar dele, que ele é muito importante para ti e que não tem que ter ciúmes do cão, nem precisa de o tratar mal! (p.c.) Ouve – o… pergunta – lhe o que fez e porque o fez… diz – lhe que ele ocupa todo o teu coração e promete – lhe que a partir de agora vais brincar com ele e demonstrar – lhe todo o teu amor! (P.C) E que o Pai dele vai ser tratado para não te bater mais.
         O Avô Afonso está louco com o neto e grita da porta:
– Tâââââânnnnniiiiiiiaaaaaaaaaa…., Tânia…
Tânia aparece á porta. A Avó acompanha – a de braço dado e segreda:
– Controla – te filha.
         O Avô Afonso informa:
– Anda cá ver e saber a asneira que o teu filho fez.
Dona Tânia aproxima – se, calma, preocupada, meiga e fala com o Avô Rafael que responde educadamente:  
– O que foi? (P.C) Bom Dia Sr. Rafael.
– Bom Dia filha, como estás?
– Bem, obrigada e o Sr.?
– Também.
         A Avó Paulina já está a atacar a filha. A filha faz-lhe um pedido, mas o Avô Afonso também não a poupa:
– Tu não lhe dás educação, agora atura – o.
– Mãe, poupe – me das suas críticas por favor.
– Olha o que ele fez ao pobre Bobbie…
         Dona Tânia pergunta ao filho, mas antes do filho se explicar, a Avó Paulina responde a criticar a filha:
– Filho, porque é que fizeste isso?
– (chateada) Ainda perguntas? Facilidades a mais… sempre lhe disseste que sim a tudo, sempre achaste muita piadinha a tudo o que ele fazia, eu bem te disse para te impores na altura certa… tinhas sempre pena de lhe dar uma boa sapatada quando fazia o que não devia, nunca o chamaste a atenção e até te viravas contra mim quando eu ralhava com ele…
– Outra vez, Mãe?! Francamente!
– Devias ter – lhe dito que não a muitas palermices que ele fazia e eu nunca achei piada… bater ao menino…que coisa mais antiga, Mãe… era o que ele precisava! Umas boas sapatadas.
– (chateada) Chega Mãe! Não se pode voltar mais atrás!
         O Avô Afonso reforça:
– Claro que não se pode voltar atrás mas a tua sogra tem razão, e pode – se emendar o passado no presente, tomando as atitudes certas enquanto é tempo, e enquanto ele é pequeno. Ainda está muito a tempo de apanhar umas boas tareias para aprender!
         O Avô Rafael tenta acalmar os ânimos, embora concorde com os mais velhos:
– Calma! Ele acha que os Pais não gostam dele e preferem o cachorrinho a ele! Ele maltratou o bichinho com ciúmes.
Dona Tânia abraça o Roberto e diz meiga:
– Estou muito triste contigo! (P.C) Eu e o teu Pai amamos – te muito. Gostamos muito dos bichinhos, mas tu é que preenches o nosso coração todinho! (P.C) Não tens que ter ciúmes do cão.
         A Avó Paulina manda uma directa, mas Dona Tânia não gosta e responde:  
– Ele precisa é de irmãos e não de cães.
– (chateada) Mãe, por favor deixe – me falar com o meu filho e pare de me atacar está bem?! (P.C) É certo que nós adultos discutimos muito às vezes, mas a culpa nunca é dos filhos… Também sei que nem sempre te dou a atenção e o carinho que mereces…
         Roberto continua com a ciumeira dele:
– Mas dás aos cães!
         Dona Tânia nega:
– Isso não é verdade. Agora estou mais de volta dos cães porque eles são bebés e precisam de ajuda! (P.C) Não voltes a fazer isso e pede desculpa ao SR, Rafael!
         Roberto resmunga e nega-se:
– Eu não tenho que pedir desculpa a este velho; ele puxou – me as orelhas; bateu – me no rabo e veio o caminho todo a resmungar.
         A Avó Paulina e o Avô Afonso reconhecem a bondade do Avô Rafael e elogiam a sua atitude com o neto deles:
– Bendito Sr. Rafael.
– Muito obrigado, bom amigo!
         Roberto sente-se ofendido e responde:
– Ainda o defendem?
         A Avó Paulina responde:  
– Eu e o teu Avô fazíamos o mesmo, e a tua Mãe também devia fazer. Nunca te ensinamos, nem nunca te educamos para o mal.
         Dona Tânia dá uma ordem ao filho:
– Pede desculpa ao Sr. Rafael, e não me envergonhes.
         Roberto obedece contrariado:
– Desculpe!
         O Avô Rafael explica-lhe:
– Eu quero é que te lembres que os animais não têm que sofrer as consequências de tu estares chateado! Ele precisa de muito amor, carinho e atenção dos Pais… não precisa propriamente de ser espancado quando faz 1 asneira apenas, nessa altura chamá-lo a atenção e explicar – lhe porque é que aquilo não se faz. Eu sempre fiz isso com os meus filhos, com os meus netos, e os meus filhos fazem o mesmo. O Pedro nunca precisou de apanhar!
         Dona Tânia informa:
– A partir de hoje, vai ser diferente aqui em casa, filho. Porque nós amamos – te demais, vamos dar – te tudo de bom que mereces!
Roberto abraça a Mãe contente, a Mãe a ele e trocam beijos. O Avô Rafael informa:
– Quando o bichinho estiver curado, nós devolvemo – lo!
         Dona Tânia faz um pedido:  
– Não, por favor… fique com ele!
Pedro salta de alegria, sorri e bate palminhas e grita:  
– Ééééééééhhhhhhh… mais um bichinho! Que bom!
         Dona Tânia sorri e responde:
– Eu sei que ele vai ser muito bem tratado na vossa casa.
         O Avô Rafael assegura:  
– (a sorrir) Eu fico com ele com todo o gosto.
         Dona Tânia pede desculpa ao Avô Rafael:  
– Desculpe, Sr. Rafael… e muito obrigada.
         O Avô Rafael sorri e diz:
– Óh… não foi nada! Eu já fui Pai de muitos filhos Graças a Deus, e tenho netos… sei bem o que são as crianças e o que eles sentem! Até eu já fui criança! E traquina… (Riem) Vê se agora te portas bem rapaz.
         Roberto promete:
– Vou portar – me bem.
         Dona Tânia diz:  
– Lembranças a todos lá em casa!
         O Avô Rafael responde:  
– Serão dadas.
         O Avô Afonso fala com o Avô Rafael: 
– Não tomas nada, velho amigo?
– (sorri) Outro dia, meu amigo! A Paula já deve estar preocupada.
         A Avó Paulina sorri e diz:
– Óh Rafael, diz á Diana que brevemente apareço lá para tomar 1 chazinho e conversar!
         O Avô Rafael sorri e responde:
– Claro que sim. Apareçam lá todos sempre que quiserem. Até logo!
         Respondem todos em coro:
– Até logo.
O Avô Rafael regressa a casa feliz com o neto e com o cãozinho, os 2 numa conversa muito animada. A Paula e a Avó Diana estão a trabalhar na costura. Eles entram em casa, vão ter com elas e cumprimentam-nas a sorrir:
– Olá!
         A Avó Diana pergunta preocupada, o Avô responde:
– Então querido?! O que é que tem o Pedrinho lindo?
– (a sorrir) Não é nada grave. É garganta! O Sr. Dr. Mandou 1 xarope para ele tomar ao almoço e ao jantar e recomendou ficar na caminha até não ter febre.
A Avó Diana assusta – se quando vê 1 coisa preta no colo do Avô e pergunta. O Avô e o Neto respondem em coro:
– Ááááááááhhhhhh… o que é isso na tua mão querido?
– É um cãozinho.
As duas levantam – se contentes, deliciadas. Paula repara que ele está ferido e pergunta:
– Coitadinho, está ferido. Onde o encontrou?
         O Avô Rafael responde:
– É uma longa história…! Vamos tratar – lhe estas feridas e eu conto – vos.
A Mãe e a Avó do Pedro cuidam das feridas do cãozinho e alimentam – no ouvindo a história do AVÔ deliciadas.
Enquanto almoçam animados, o cãozinho está bem instalado, confortável e de vez em quando bebe leitinho e recebe festinhas dos donos.
No fim do almoço Pedro vai para a cama como o médico recomendou e o AVÔ passa a tarde a brincar com ele no quarto, a contar histórias e a ler algumas, a Avó também o vai ver frequentemente e leva – lhe chazinhos de limão com mel; bolinhos…
À noite chega o Pai Cláudio, abraça e beija carinhosamente a mulher e o filho, e os sogros. Fica deliciado com o cãozinho, faz – lhe muitas festinhas e vai com ele ao colo ver o filho.
Pedro fica muito contente, faz festinhas ao cão, a Mãe leva o cãozinho para baixo e o Pai abraça e beija carinhosamente o filho, brinca, fala com ele e riem muito, parecem 2 crianças.
Já com o Pedro quase a dormir, o Pai conta – lhe 1 história, ele adormece, o Pai cobre – o cuidadosamente, dá – lhe 1 beijo suave, apaga a luz e vai para a beira da Paula falar e namorar antes de dormirem até ao dia seguinte.
O cãozinho recupera das feridas e é muito bem tratado por todos. Sobre a família do Roberto: o Pai foi internado num Hospital de Psiquiatria e a Mãe cumpriu o que prometeu ao filho, o qual se tornou numa boa pessoa.

                                      FIM.

MENSAGEM:
Pois é, nesta história tínhamos 2 famílias diferentes.
1 onde reinava a violência e a falta de amor, de carinho e atenção, na qual o Roberto era o reflexo desse ambiente: 1 criança revoltada, má, vingativa, sem o mínimo de respeito, não tinha bons sentimentos.
O Pedro era o oposto. Vivia num meio onde tinha amor de toda a gente, carinho, atenção, dedicação, delicadeza, paz, serenidade, calma, respeito, educação, bondade, por isso era 1 menino meigo, doce, amoroso, sensível, feliz, educado, respeitador…
Os Avós também tiveram 1 papel importante tal como acontece hoje em dia, os quais substituem muitas vezes os Pais na educação, crescimento e desenvolvimento dos netos como pessoas. São eles que tomam conta dos pequenos enquanto os Pais passam horas intermináveis nos locais de trabalho. São os guias sentimentais e emocionais dos netos.
A família é a base de tudo, os Pais e os filhos são reflexo de tudo o que se passa dentro das 4 paredes, bom ou mau.
O ideal seria que todas as famílias fossem constituídas por bons sentimentos, e boas pessoas. Talvez o mundo e as relações entre as pessoas fossem mais equilibrados e mais duradouras…
                                                   FIM 
                                                 Lálá
                                              (Setembro / 2005)

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