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quarta-feira, 23 de março de 2016

alguém viu?

Numa linda floresta, cheia de cores, com milhares de animais diferentes e plantas…num dia de muito sol, acontece algo diferente de normal… Aparentemente está tudo sossegado. Os animais fazem o de sempre: tratam da sua higiene e alimentação, dos seus filhotes e outras tarefas rotineiras.
Mas de repente…o silêncio da floresta é interrompido.
Passa um cavalo branco, grande, elegante com a crina colorida numa correria selvagem e faz uma grande poeirada.
O Macaco, a Macaca, e as flores: Margarida, Girassol, Malmequer, resmungam indignados:
- Que mal educado…nem disse «bom dia» nem nada.
- (resmunga indignada) O que é isto?!
As flores ainda tossem…Cof, Cof, Cof…
- (resmunga) Que nojo!
– (enquanto se sacode) Que poeirada!
– (murmura) Este cavalo estava louco…
            O Macaquinho aos saltinhos com o susto confirma com o Pai, e o Pai responde:
- Óh pai, este cavalo era perigoso não era?
- Isso não sei, filho, sei que não tinha as luas todas, como diz a tua avó e a tua mãe.
A Macaquinha e todos riem. O Macaquinho não percebe porque é que o Pai disse aquilo:
- (aos saltos) Porque é que elas dizem isso?
            A Macaquinha ri e comenta:
- És mesmo ignorante…isso quer dizer que o cavalo não é bem acabado. Tem uns parafusos a menos.
Todos riem e confirmam:
- É verdade.
            O Macaquinho continua sem perceber e volta a perguntar:   
- E nós temos parafusos? Onde? E luas…? A lua não está lá em cima, muito no alto? Nós temos luas…? O que é isso?
            A Macaquinha ri-se e responde:
- Aaaaaaiiii, …esquece.
            A Macaca Mãe tenta mudar de assunto e diz ao pequeno a rir:
- Querido…eu já te expliquei. Mas mais tarde explico-te outra vez.
            O Grilo partilha a sua opinião:
- Eu, cá para mim, acho que este cavalo fugiu de um circo. Não tinha maneiras.
Um gato que se sacode debaixo de uma árvore frondosa e estava a dormir, espreguiça-se, boceja e pergunta:
- Eu sonhei ou houve um tremor de terra?
            A Rosa Branca responde-lhe:  
- Se sonhaste isso, não está muito longe do que acabou de acontecer aqui.
            O Gato pergunta muito intrigado:  
- O que é que aconteceu?
            Um Passarinho explica:  
- Passou aqui um cavalo completamente louco, de crina colorida…parecia fugido de um circo…
            O Gato acha muito estranho e comenta:  
- Humm, …um cavalo com crina colorida?! Realmente é muito estranho. Só podia estar louco…! (p.c) Nunca outra vi! (p.c) Normalmente as crinas dos cavalos são brancas ou castanhas ou pretas… (p.c) e…se calhar saiu mesmo de algum circo.
            A Macaca partilha da mesma opinião:
- Eu também nunca vi tal coisa.
            A Preguiça pendurada no tronco pergunta:
- De que floresta é que aquilo virá?
            Uma Flor Amarela Silvestre protesta indignada:
- O mal-educado nem disse bom dia.
            O Girassol acrescenta:
- Isso além de nos fazer a todos comer terra. Passou e nem quis saber quem estava à volta.
            O Gato exclama:  
- Eu não dei por nada…foi a sorte dele, senão até lhe mostrava logo as minhas lindas garras.
E eis que a paz da floresta é novamente interrompida!
Desta vez é uma matilha de lobos que vem vestidos com folhas de bananeiras, a uivar, com o pelo também pintado de várias cores.
Uns vem de óculos de sol, outros de chapéus de palha e unhas pintadas, pulseiras cheias de conchas penduradas nas patas, brincos estranhos, a falar e a cantar lobês, que ninguém percebe nada) e vão com o passo acelerado, abraçados uns aos outros.
Os animais escondem-se rapidamente e ficam a ver o que é aquilo, e o que irão fazer, assustados e admirados.
Quando passam, os animais respiram de alívio, olham-se…a Preguiça, o Macaco, e o Gato comentam ainda muito assustados:
- Mas, que espécie era aquela?
- Parecia um bando de extra-terrestres.
- Não faço ideia de onde é que saíram aquelas peças…
            As duas Formigas também ainda estão nervosas e partilham o seu susto com os amigos:
- Que susto! Por momentos pensei que iam devorar tudo o que apanhassem…
- Que horror…pensei que ia haver uma revolução…
- Se calha estão a fazer alguma manifestação.
- Eu é que fazia uma manifestação com reunião de assinatura para os pôr fora daqui… se não saíssem.
            O Grilo inquieto, com os seus cricris todos desafinados, tosse e pergunta:  
- Já alguma vez, alguém os tinha visto por aqui?
            Todos respondem em coro:
- Felizmente não.
            O Macaco ainda um pouco em choque comenta:
- Nunca tinha visto tanto lobo junto, num só dia e no mesmo espaço.
            Todos respondem em coro:  
- Nem eu.
            A Macaquinha questiona-se:  
- Será que foram ter com o cavalo da crina colorida?
            Respondem todos em coro:  
- Não sei.
            A Rosa Amarela garante:   
- Uma coisa é certa…estes podiam ser muito estranhos, mas ao menos não nos fizeram comer terra.
            As flores estão totalmente de acordo com a Rosa Amarela:
- Também acho.
            Um Passarinho e uma Formiga mostram-se preocupados:   
- Alguma coisa de muito estranho se está a passar…
-Também começo a ficar preocupada…
            Os dois cogumelos partilham a sua opinião:
- Pareciam fugitivos. Eu nunca vi semelhante.
- Eram figuras assustadoras.
            As Formigas concordam e respondem em coro:  
- Bem o podem dizer…
Ouvem muitos guinchos a aproximarem-se misturados com grunhidos, olham para a entrada da floresta e rapidamente surgem à beira deles uma vara de porcos igualmente muito estranhos, com tatuagens, piercings, anéis, pulseiras, fios e garrafas de cerveja em sacos, alguns já a bebê-las, numa grande risota.
Os animais à volta ficam agitados.
O gato não resiste e pergunta-lhes:
- Ei, óh seres de outro planeta…de onde é que vocês saíram?
            Um Porco muito espantado solta uma grande exclamação e pergunta:  
- Ááááááhhhh…de onde é que nos conheces?
Todos os porcos saltam, e batem palmas. Circundam o gato. O Macaco grita, nervoso da árvore aos Porcos, para defender o amigo:
- Se lhe fazem alguma coisa, fazemos espetadas de porco para o jantar e distribuímos pela floresta toda.
Um porco desata a grunhir às gargalhadas e os outros seguem-no.
Uma porca goza de fininho e comenta:
- Olha, olha…uma pulga a pilhas aos pinotes… e esta é das grandes. De que cão é que saíste?
            A Macaca fica louca de ciúmes e grita à Porca zangada:
- Óh grandessíssima porca…estás-te a fazer ao bife? Pinto-te já com outra cor…faço-te uma nova decoração…de tanto estaladão que vais levar…
            Os filhotes macaquinhos incentivam a mãe Macaca, riem, saltam e dizem:
- Isso dá-lhes Mamã…
A porca desata a rir...e manda uma piada provocatória:
- Óh, tronco de árvore…e galhos...cresce e aparece…ainda se esse castanho fosse uma bolota ainda o comia…agora essa coisa feia, peluda, de nariz estranho…com uma coisa comprida, esguia, …a sair das costas…
            Mas a Macaca não se fica e responde também com outra provocação chateada:  
- O quê? Já olhaste para ti…cor de rosa, com uma coisa atrás que mais parece uma minhoca enrolada a torcer-se…eu tinha vergonha de ser igual a ti.
As porcas riem às gargalhadas. Outra Porca responde a rir:
- Nós somos liiiiiinnnnddasss…
            Outra Porca acrescenta:
- Óh bolota oca…estás ruidinha de inveja de não ser como nós.
            A Macaca nervosa manda-as tratar-se pois acha que estão a precisar de óculos:
- Vão-se tratar…estão a precisar de óculos… coisas feias.
            Outro Porco responde a gozar, a Porca não se fica com a piada e responde também:
- Meninas…estão a falar com um tronco…? É melhor não beberem mais.
- Xéééééé… respeitinho é muito lindo, …baixa a crista se não comes já…!
- (gargalhadas) Uuuuuuiiii…de quem?
-Tu sabes de quem…
- Yá…sou amigalhão dele…Tásse beeeemmm…
            O Macaco nervoso ordena:
- Ponham-se a milhas, antes de sirvam de jantar…
            O mesmo Porco responde a gozar:
- Aaaaaiiii…que medo…
Os porcos desatam a rir, e um Porco acrescenta:
- Ainda gostava de ver…este macaqueco metido a fino…fazer de nós espetadas…
Gargalhadas e grunhidos dos porcos. Um Porco dirige-se para o Gato e pergunta-lhe:  
- Gaticho…não vais à festa?
            O Gato não sabe de nenhuma festa e pergunta:
- Que festa?
            O mesmo Porco que lhe perguntou responde-lhe a rir:
- Esquece peludo…é porque não foste convidado.
            Todos os Porcos respondem em coro:
- Até logo…bichos.
            Um Cogumelo pergunta chateado:
- E vocês o que é que são?
            Uma Formiga responde por eles:  
- Um bando de cabeçudos.
Os porcos seguem para a festa. A Macaca e o Macaco comentam nervosos:
- Que grandes palermas.
- Porque raio é que não lhes saltei mesmo em cima…?
            A Preguiça e os dois Cogumelos apoiam a decisão do Macaco:  
- Foi o que fizeste melhor, meu! Eles devem ser de um chiqueiro de lata aqui nos arredores…são loucos…é melhor dar-lhes o caminho todo.
- Sim. Foi melhor não lhes teres ido àqueles focinhos feios…se houvesse molho, ainda vinham o porco mór ou mais que um…e depois tínhamos problemas…ainda pegavam fogo à floresta.
- Eles são imundos, feios, grossos…desaparafusados, …tenho medo deles.
            O Gato resmunga:
- O que eu me controlei para não ter problemas…eu já estava com as garras tesas…e os dentes já quase de fora…acharam-me parecido com eles…eu não me mostrava se fosse da laia deles…ainda por cima, tão feios. (p.c) quando me chamaram gaticho e peludo…apetecia-me desfazê-los.
            Uma Formiga, Um Cogumelo e outra Formiga lançam as suas propostas de explicação para o que acabou de acontecer: 
- Que raio de festa é que vai haver…?
- Só se for entre eles…
- E tinham que vir para aqui …? Com tanto sítio…
            O Grilo todo desafinado comenta:
- Se calhar aquele cavalo maluco também vai para a festa.
            A Preguiça relembra:  
- Não tenho conhecimento de nada.
            A Macaca ainda a ferver resmunga:
- Ai, aquelas porcas estúpidas…vadias…quase fiz delas fiambre e salpicão…e aquela pele nojenta…lustrosa…fazia delas carteiras e sapatos…ou até um casaco e vendia…fazia bom dinheiro com elas. (p.c) Grossas…ainda se acham bonitas. Não devem ter espelho em casa. Bichas da noite. Arruaceiras…
Todos riem. Óh não…! Lá vem mais cavalos estranhos. Estes são unicórnios com rabos muito compridos e pintados de cores diferentes, tranças estranhas, roupas brilhantes, como saias, e vestidos de penas de pavão, calções de pele de leopardo e de zebra.
Estão a cantar músicas desconhecidas, com uns carapuços nas orelhas e dançam a fazer coreografias de patas no ar, cruzam uns com os outros, fazem malabarismos, há uns que tiram fotos.
Os animais nem querem acreditar.
Mas estes não fazem pó. Esses cavalos vão tão entretidos que nem falam com os animais que os estão a ver.
O Gato não acredita no que está a ver:
- Não…não pode ser…acho que estou a sonhar…
Os cavalos relincham e seguem caminho todos juntos. A Macaca assustada comenta:  
- Parece que estou noutro planeta.
            Uma Flor Margarida, um Cogumelo, uma Formiga, o Gato, a Preguiça, a Macaca, um Girassol e um Passarinho desabafam:  
- O mundo está virado de pernas para o ar.
- Que coisas tão fora do normal…
- Acho que fomos invadidos por seres do outro planeta…não sei qual, mas um bem diferente do nosso.
- Nunca vi isto em lago algum.
- Nem eu, nem nos meus piores pesadelos.
- Não fazia ideia de que existiam estas coisas aberrantes aqui bem perto.
- Se calhar pertencem a algum grupo.
- Mas eu não tenho conhecimento de festa…
            Todos respondem em coro:
- Nós também não.
            Margarida lembra-se:
- Pode ser algum clube secreto.
            O Gato informa:
- Vou dormir um bocadinho…desculpem…qualquer coisa, avisem-me.
            Um Cogumelo e a Preguiça mandam uma piada:  
- Este gajo muito dorme…
- Deve ter sido mordido pela mosca de setezé…
            Outra Flor Silvestre Amarela fica com pena do Gato pois não entende a piada e comenta preocupada:
- Coitadinho…quem é que lhe mordeu?
            O Macaco responde-lhe:
- Uma mosca.
            Uma Flor Silvestre Amarela acrescenta:  
- É por isso que eu não suporto essas bichas. Nem deixo que se aproximem de mim.
            Um Cogumelo explica:
- Este dorme muito é pelas noitadas…
            A Preguiça manda uma piada:
- E depois eu é que sou a preguiçosa…que só durmo…! Pois…!
            O Macaco acrescenta:
- Espero que agora não aconteça mais nada de estranho aqui.
Que coisa! Acabam de dizer isto, e passam por eles uma congregação de patos, todos vestidos de igual, a grasnar.
Um Pato pergunta:
- Desculpem…alguém sabe dizer se estamos no caminho certo para a festa?
Olham-se intrigados e o Macaco responde:
- Não sabemos de festa nenhuma…sabemos é que tem passado por aqui muitos seres que mais parecem de outra galáxia.
            Uma Pata pergunta:
- E tem passado por aqui?
            Todos respondem em coro:
- Sim.
            A Preguiça informa:
- Não fazemos ideia para onde vão, mas por aqui todos passam…por isso…se vão para lá, devem estar no caminho certo.
            A Pata responde:  
- Sim…muito obrigada. Bom dia!
            Todos os Patos respondem em coro:  
- Bom dia…
Seguem, de rabinhos a abanar…e um Cogumelo elogia:
- Bem, ao menos estes parecem-me mais normais.
            Todos respondem em coro:  
- Sim.
            A Macaca acrescenta:  
- E disseram bom dia, falaram connosco de forma delicada…
O quê…?! Outra invasão? Quem vem lá agora? Agora é um bando de macacos, vestidos de forma parecida com os outros animais, que já passaram por lá.
Tem piercings, tatuagens, roupas estrambólicas, e também levam sacos com comidas e bebidas. Vão aos guinchos e aos saltos, a cantar e a bater palmas, a rir, cumprimentam alegremente os macacos daquelas árvores e vão para a festa.
A Macaca pergunta ao Macaco se conhece aquela espécie, e o Macaco pergunta à Macaca:
- Conheces?
- Não, e tu?
- Eu também não. Mas ainda parecia que conheciam, cumprimentaram todos simpáticos.
            Os dois Cogumelos repararam nas semelhanças:
- São parecidos convosco.
- Sim, mas tem muito pouco gosto para se arranjarem…desculpem, mas é verdade.
            O Macaco concorda:  
- Tens toda a razão.
            Uma Formiga acrescenta:
- Estou a ver que há uma festa de malucos.
Quem vem lá?! Mais um grupo de animais estranhos. E estes vêm a…fumar…um grupo de esquilos. 
O Gato resmunga:  
- Parece impossível. Óh seus palermas, o que é essa coisa nojenta que faz fumo nas vossas bocas?
            Um Esquilo responde ao Gato de forma provocatória e o Gato responde-lhe a gritar:
- Que foi…?! Queres provar?
- Não. Quero é que apaguem isso senão daqui a pouco está tudo a arder.
            Outro Esquilo tenta defender o amigo e responde ao Gato:
- Que está tudo a arder…o quê? (gargalhadas) a tua cabeça feita de vento é que está a arder…
            Uma Formiga resmunga:
- Olha que eu faço-te engolir essa nojice…
            Um Esquilo goza de fininho e responde à Formiga às gargalhadas, e esta responde-lhe muito zangada:
- Tu?! Com esse tamanho? Áh, áh, áh, áh…
- Estás-me a desafiar…vê lá se queres que rabie já por todo esse pêlo asqueroso…
- Quem te dera a ti ter um pêlo como o nosso…
- Que horror…depilávamo-nos logo…lhec…tens a mania que és bom. Coitadinho…
            O Macaco saltita nervoso e grita:
- Eu não vou avisar segunda vez…
            Dois Esquilos respondem ironicamente ao ralhete do Macaco:
- Uuuiii…que medo…
- (às gargalhadas) Até já me cheira a gás…vindo de trás…
Desatam todos a rir, e outro Esquilo lança outra piada:
- Quem é que relaxou demais?
Gargalhadas gerais. A Macaca faz um aviso, nervosa:
- Se houver algum incêndio, vamos acusar-vos.
Os esquilos ignoram e seguem. A Preguiça suspira e diz devagar:
- Isto hoje está muito movimentado.
            O Macaco resmunga:
- Se aqueles esquilos voltam a passar aqui, até os penduro no tronco e dou-lhes uma tareia.
            O Macaquinho pergunta ao Pai muito curioso, mas o Macaco não sabe mas alerta o filhote:
- Papá o que era aquilo que eles levavam na boca?
- Não sei filho, mas não era boa coisa, garanto-te. Nunca te aproximes deles.
            A Macaca acrescenta:  
- Espero que não haja mais intrusos, hoje, por aqui!
Mas qual quê?!
Logo de seguida passa um enorme rebanho de ovelhas com botas e sapatos de tacão alto, carteira, pêlo pintado, umas de vestidos, outras de saia, a falar umas com as outras às gargalhadas.
O Gato questiona-se espantado:
- Estamos no Carnaval?
As ovelhas não lhe respondem, e andam sem parar.
Atrás vem uma matilha de cães também estranhíssimos nas roupas, e trazem muitos e variados instrumentos musicais. Vão a ensaiar pelo caminho, numa barulheira infernal, ladram. Os instrumentos tocam ao mesmo tempo e depois à vez.
O Macaco nem quer acreditar no que está a ver:
- Nunca vi tal coisa…
Os animais fazem perguntas aos cães, mas eles não ouvem com o barulho das músicas.
O Gato fica nervoso e ameaça:
- Já estou a ficar nervoso com tanto movimento. O próximo grupo que passar…
O gato nem acaba a frase que estava a dizer porque passam por ele talvez uma centena de vacas a mugir e a andar rápido da mesma maneira com adereços e roupas estranhas, pintadas…os animais começam aos gritos nervosos, e todos os outros fazem o mesmo.
Vem uma Águia enorme a voar e pára no solo, perguntando aos animais:
- Porque é que estão todos nesta histeria?
            A Preguiça responde:
- Isto hoje está agitado demais para o nosso gosto.
            O Macaco informa a resmungar:
- Já passaram aqui talvez largas centenas de seres que parecem de outra galáxia, não sabemos de onde saíram…vestem-se de uma forma assustadora, com pulseiras, e outras coisas que nunca vimos antes…
A águia ri-se e pergunta:
- O quê? Não sabem da festa que está a haver no vale das cascatas?
            Respondem todos em coro:
- Não!
            Um Cogumelo pergunta:  
- Tu sabias?
            A Águia sabia e responde:  
- Sabia. Esta festa há muitas vezes por ano, em sítios diferentes. Junta sempre milhares de animais…se quiserem também podem ir para lá.
            A Macaca pergunta:
- Mas para irem para essas festas têm que ir vestidos daquelas maneiras?
            A Águia responde:
- Eles vestem-se assim, e juntam-se milhares de animais com o mesmo estilo de vestir…têm uma maneira de ser e de estar uns com os outros, totalmente diferente da nossa. Aliás todos nós da mesma espécie somos diferentes uns dos outros. (p.c) muitas vezes são rejeitados por serem assim. Ao menos quando se encontram nestas festas apercebem-se de que não estão sozinhos, e que não são únicos, sentem-se em família. Aceitam-se uns aos outros e as diferenças não impedem que façam grandes amigos. Trocam experiências, ficam a conhecer-se, fazem novos amigos, e divertem-se muito.
            Margarida está intrigada:
- Já foste a essas festas?
            A Águia responde:
- Sim, vou sempre. (P.C) Não há qualquer razão para os rejeitarmos só porque se vestem de maneira diferente. Eles sentem-se bem assim…nós sentimo-nos bem assim… eles não rejeitam os diferentes. Venham comigo…venham ver com os vossos olhos. Vão ser muito bem recebidos. Eu sou sempre muito bem recebida e vão adorar-vos…porque são aceites. Não precisam de ter medo das roupas deles, eles também não vão ter medo das vossas.
Todos sobem para a águia e esta leva-os ao sítio das festas.
De cima vêem milhares de cabeças, tudo a dançar, e quando descem estão muitos a confraternizar.
De facto, a águia tinha razão. Foram muito bem recebidos. Toda a gente os quer conhecer e ganham novos amigos.
Todos se divertem o resto do dia e noite dentro, até ao dia seguinte, numa grande alegria.
Todos somos diferentes, nos gostos, nas escolhas dos acessórios que usamos, como roupas, pulseiras, brincos, fios, não deveriam ser um bloqueio às relações…mas às vezes são.
Também o ser humano forma grupos com quem se veste de igual…pelo menos com os seus semelhantes, não se sente rejeitado.

FIM.
Lálá
(8/ Janeiro/09)








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