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sexta-feira, 25 de março de 2016

a sorte de um bebé e de uma mãe adolescente (adolescentes e adultos)

Numa floresta dentro de um castelo, onde tudo é lindo, verde, onde se respira ar puro e amizade entre todos os habitantes, incluindo os anões.
Há um acontecimento que vai quebrar a paz desse sítio...
É uma noite fria, nublada, ventosa e com trovoadas a ameaçar. Os clarões dos trovões sobre o castelo arrepiam...dão um ar assombroso ao imponente castelo, os cães estão muito agitados, ladram, andam de um lado para o outro, uivam…
Os reis, as princesas e príncipes e até os empregados já dormem. Só estão os guardas do castelo de serviço, numa amena cavaqueira dentro das casotas à entrada, mas sempre atentos a tudo o que se passa.
Uma fada encaminha uma mãe adolescente e o seu bebé para o castelo. A adolescente está muito assustada, a tremer de frio, a chorar, anda pelos arredores do castelo à procura de um abrigo, com uma alcofa na mão e um bebé lá dentro, ainda com poucas horas de vida.
A rapariga grita e diz a chorar:
- Ááááhhh…! Não aguento mais…! É o meu fim…o meu filho vai ficar sem mim…ao menos que alguém o encontro…! Aaaaiiiii….que dor…eu desisto…! Perdoa - me meu anjinho…gostava de poder tomar conta de ti, mas não consigo…! (pega no bebé ao colo e abraça-o), dá-lhe beijinhos, e chora. O bebé chora também.
         A fada implora à mãe e incentiva-a:
- Força…! Não desistas! Eu sei que és capaz, tu vais aguentar e vais ser muito feliz com o teu filho. Ele precisa de ti.
         A rapariga acha que não vai conseguir, está fraca, cansada…e faz um pedido à fada a chorar:
- Toma…conta dele…! Por favor…! (quase a desmaiar)
         A fada insiste e grita-lhe:
- Segue a minha luz… tu és capaz…
A rapariga abraçada ao filho, em grande sofrimento, e quase a desistir, olha para a luz da fada e diz:
- Não consigo…andar…! Estou sem forças…!
         A fada não deixa a rapariga ceder e diz-lhe:
- Não consegues andar…gatinha…põe o teu filho na alcofa e segue-me, nem que seja de gatas… tu consegues…pensa que o teu filho precisa de ti…luta…tu vais conseguir…segue-me para alguém te ajudar…confia em mim, eu sei o que estou a fazer.
         A rapariga diz a chorar, desesperada:
- Eu quero mas não consigo…! As dores são muito fortes… a fraqueza também…! Já não aguento mais.
         A fada volta a insistir:
- Não desistas…sê superior às dores e ao cansaço…! Pelo teu filho…ele precisa principalmente de ti. Gatinha…se não consegues andar. Força…! Não podes desistir. Segue-me! Falta pouco. Pára de chorar e concentra-te no teu amor por esse bebé que acabou de sair de ti…ele é parte de ti.
A rapariga lá segue a gatinhar, a chorar, e a arrastar a alcofa do bebé, a gemer, e lentamente.
A fada encaminha-a até um sítio muito especial. Às portas do castelo.
Ela ajoelha-se e deita-se na relva. Um dos guardas (Rui) tem uma espécie de pressentimento…parece ter visto um vulto, e pergunta aos outros:
- Ouviram ou viram alguma coisa?
         Todos respondem em coro:
- Não.
         O guarda Rui tem quase a certeza de que ouviu alguma coisa e insiste:
- Parece que vi alguém ali…vou lá fora confirmar.
         Todos respondem em coro:
- Está bem.
         Outros três guardas: David, Pedro e Hugo não acreditam e dizem: - Deves estar a sonhar…
- Nós ficamos de olho.
- É…qualquer coisa chama.
         O guarda Rui responde:
- Ok. Já volto.
O guarda Rui sai e olha para todo o lado, quase tropeça em na rapariga. Ele aponta a lanterna…nem quer acreditar no que está a ver…uma rapariga…o guarda Rui fala com a rapariga e ela responde:
- Ui, o que é isto…? (ralha com a rapariga) …menina…o que vem a ser isto? A esta hora, sozinha por aqui…com este tempo, ainda por cima no chão. Levanta-te daí e vai para casa. Já bebeste bem não…? (ri) se vens à procura dos príncipes esquece…e as princesas também já estão a dormir.
- (a chorar) Por favor…deixa-me… falar…! (p.c) ajuda-me…imploro-te…! Eu não venho à procura de ninguém…não tenho casa…protege-me…a mim, e ao meu filho…!
- Filho? Um boneco…Humm…isto cheira-me a armadilha…vai-te embora daqui criatura…estás com isso tudo para que tenham pena de ti e entrares e roubares tudo.
- (a chorar) Não é nada! É um bebé! Toca-lhe…! (p.c) eu não quero entrar, nem roubar nada…só quero que me acolhas…
O guarda toca no bebé a medo, e estremece. Benze-se e comenta:
- Ááááhhh…tem pele…é…mesmo um bebé…!
- (a chorar) Claro que tem pele… se é um bebé, ia ter penas não? Ou escamas… ou pêlo… ainda não tem um dia de vida. Por favor…abriga-nos.
- (com pena da rapariga) Mas…eu não posso…esta casa não é minha…eu só tenho um quarto aqui no castelo…
- (implora desesperada) Por favor…nem que seja só por esta noite…que está muito chuvosa…e para o bebé não é bom…ele não tem defesas…ao menos abriga-o a ele…!
- (renitente e receoso) Eu…gostava de te ajudar…mas…desculpa…não posso. E é melhor saíres daqui se não…ainda perco o emprego.
- (implora, a chorar desesperada) Imploro-te…dá-me abrigo…a mim e ao meu anjinho…ele não pediu para nascer…não tem culpa…não é justo ele sofrer tanto… (p.c) estou fraca…não tenho casa…venho de muito longe, de uma família muito pobre! (p.c) Os meus pais expulsaram-me de casa quando souberam que estava grávida. (p.c) Eu prometo-te que não vou fazer nada…para te prejudicar…
O guarda Rui, fica comovido, pega no lenço, limpa os olhos e o nariz e diz a chorar:
- Óh valha-me Deus…que maldade…! Largar assim a filha…com um bebé…tenho pena de ti rapariga…fui parar a uma família maravilhosa…! Que idade tens?
- (a chorar) 14 anos.
- (chocado) És uma criança…ainda devias estar a brincar com bonecas, e não com o bebé…e…o pai do bebé?
- Esse foi para muito longe…nem soube que fiquei grávida!
- Tanta crueldade…!
Aparece o guarda David preocupado pela demora do amigo e pergunta:
- Então, companheiro…está tudo bem?
O David vai à beira de Rui e vê a rapariga.
- Humm…uma menina aqui…a esta hora…veio brincar contigo? É tua namorada…?
         O guarda Rui responde:
- Não…! Isto é um assunto muito sério…! Esta rapariga está a pedir abrigo para ela e para o filho…é de uma família muito pobre, que vive muito longe…que a abandonou depois de saber que ela estava grávida…só tem 14 anos…
         O guarda David está desconfiado e pergunta:
- Bem, que história…! Estás a falar verdade, rapariga?
         A rapariga responde a chorar:
- Claro que estou a falar verdade. Por que haveria de mentir com uma história destas…?
         O guarda David é directo na resposta:
- Para roubar…
         A rapariga volta a implorar:
- Por favor, acolham-me…a mim e ao meu filho…que nasceu há poucas horas…nem que seja só por esta noite…estou muito fraca…cheia de dores…com fome e sede…muito cansada…nem consigo andar…cheguei aqui…de gatas…segui a luz de uma fada…
         O guarda Rui e o guarda David comentam com pena da rapariga:
- Coitada…
- Ela está mesmo mal…vou levar-te para o meu quarto e chamar os médicos da floresta…precisas de comer e de beber.
- Ai, se alguém nos apanha…estamos perdidos.
- Estás preocupado em ser descoberto…? Não estás a cometer nenhum crime…que insensível…crime é não acolheres a rapariga neste estado…tenho a certeza que se nos descobrirem vão ficar orgulhosos de nós. Até parece que não conheces os reis…eles são boas pessoas! (p.c) Até vou chamar os outros para nos ajudar a carregá-la lá para dentro, e ao bebé.
         A rapariga respira de alívio e responde:
- Muito obrigada…!
David chama os outros, e todos ajudam a levá-la.
Rui leva a alcofa com o bebé.
No quarto de David deitam-na na cama, chamam o casal de médicos da floresta.
Quando chega com os médicos, os outros guardas voltam ao trabalho, David fica à porta.
A esposa analisa e trata da rapariga: limpa-a, muda-lhe de roupa, e dá-lhe de comer.
O marido observa o bebé, e a seguir a esposa veste-o.
Falam com a rapariga, dão-lhe algumas recomendações, e prometem voltar no dia seguinte.
Mãe e bebé estão bem, confortáveis, agasalhados, protegidos do frio e da chuva, e alimentados.
A rapariga está mais aliviada e responde:
- Não sei como vos agradecer todo o tratamento, acolhimento, roupa…comida…tudo…
         O casal de médicos responde em coro a sorrir:
- Ora essa…
         A médica salienta:
- Não tens de agradecer! É esta a nossa função. E se precisares de nós outra vez durante a noite, chama-nos.
         O médico descansa a rapariga ao dizer sorridente:
- O teu filho também está bom.
A médica faz mais algumas recomendações.
A rapariga volta a agradecer:
- Muito, muito obrigada!
         A médica informa a rapariga:
- Amanhã voltamos para ver como estás, e não te preocupes porque vamos arranjar uma casa para ti e para o teu filhote! Agora é importante descansares…o teu filhote está aqui à tua beira. Tens aqui tudo…!
         O casal de médicos responde em coro sorridentes:
- Boa noite!
         A rapariga sorri e responde:
- Obrigada. Boa noite para vocês também.
Os médicos saem, David volta a entrar e fala com a rapariga:  
- Posso entrar?
- Podes, claro…o quarto é teu…eu é que estou aqui a mais…
Ele entra, olha para o bebé e para a rapariga e pergunta:
- Estão bem…tu e ele?
- Sim…! Olha…desculpa esta situação…amanhã já saio está bem?
- Óh…nem penses numa coisa dessas! (p.c) só vais sair quando estiveres boa, forte, e quando arranjarem uma casa para ti e para o teu filhote.
- Ai, que vergonha…!
- Não é vergonha nenhuma! As pessoas gostam de ti…eu não fiz mais que a minha obrigação! Não podia deixar-te assim lá fora, com este tempo, e nesse estado!
- Tens uma boa alma…um bom coração…! O teu amigo não me queria ajudar…
- (sorri) Não lhe ligues muito...no fundo é bom rapaz. Acho que qualquer pessoa minimamente sensível faria isto!
- Não te quero trazer problemas por estar aqui…
- Não trazes problema nenhum!
- Os reis são maus? Podem despedir – te?
- Não são nada maus…são boas pessoas! É claro que não me vão despedir, tenho a certeza. E acho que eles fariam o mesmo se te tivesse m visto! (p.c) mas…fala – me mais de ti…se não estiveres cansada ou se não quiseres falar não faz mal…
- Posso falar…mas não tens de ir trabalhar?
- Não. Os outros estão lá de olho.
Os dois têm uma longa conversa, os guardas continuam de vigia. A noite é de verdadeira tempestade, e passa.
A médica da floresta acorda cedo e reúne com as anãs e respectivos maridos, e pede a colaboração de toda a gente para ajudar a rapariga com tudo o que puderem dar.
As anãs prontificam – se logo e trazem roupinhas para o bebé, outras fazem roupas para a rapariga, lençóis, e cobertores para os dois, os anões oferecem – se para construir móveis para uma casa numa árvore gigante para ela ficar.
Outras anãs dão as panelas, talheres, e outras louças.
A centopeia Nicole fabrica coisas de decoração.
A médica vai visitar a rapariga.
A rainha Manuela fica admirada por ver lá a médica, e pergunta - lhe:
- (sorridente) Bom dia, Manuela…o que estás aqui a fazer?! Está alguém doente e eu não sei…?!
         A médica e a rainha têm uma conversa:
- (sorridente) Olá querida, bom dia…chega aqui, por favor…tenho uma coisa muito importante para te contar…
A rainha está preocupada e vai ter com a médica, cumprimentam – se com dois beijinhos e a rainha ansiosa quer saber tudo:  
- Estás a deixar – me preocupada…diz lá…
- Quero apresentar – te uma pessoa…que…ontem precisou da ajuda dos teus maravilhosos guardas e um deles até cedeu o quarto para ficar…
– (zangada) Mas…o quê? Acolheram algum vadio aqui no meu castelo…?! Mas que incompetentes! Vou pô – los de castigo.
- Não, querida, calma…Deixa – me continuar, por favor…eles acolheram uma jovem mãe de 14 anos e o seu bebé, que foi expulsa de casa quando souberam que ela estava grávida…ela veio de muito longe e de uma família muito pobre…ela só vai ficar aqui até ter forças para andar, porque está fraca, não se alimentou bem este tempo todo, sobreviveu com o que algumas almas caridosas lhe iam dando de comer…andou sempre por aí…! (p.c) Logo que esteja bem ela já tem onde ficar, já tem roupas para ela e para o bebé…móveis…tudo…! (p.c) por favor…deixa – a ficar…!
A rainha está horrorizada e emocionada:
- Não…de maneira nenhuma…! (p.c) que idade é que ela tem?
- 14 Anos.
- Que miséria…! Pobre rapariga!
- Eu e o meu marido viemos aqui esta noite, ela estava em mau estado…limpei – a, analisei – a…vesti – a com umas roupas que trouxe, o meu marido analisou o bebé, e também o vesti, dei-lhe de comer, e agora vim ver como estão as coisas! Ela precisa de uns medicamentos…
- Mas…fizeste muito bem! Obrigada…! Os meus guardas então merecem um prémio! (p.c) e vou ajudar também a rapariga…em tudo o que ela precisar. Vou tratá – la como uma filha…e…até vou pô – la aqui a trabalhar se ela aceitar…e pago-lhe…!
- (sorri) Que bom…sempre bondosa…! É muito bom ser tua amiga…porque sei que estás sempre disponível.
Abraçam – se e a rainha disponibiliza-se para ajudar:
- Que mais é que ela precisa?
- Olha, para já de carinho, atenção e protecção…alimentação…banho…coisas básicas.
- Deixa comigo…! Onde é que ela está?
- Ali, no quarto do guarda David.
- Que coisa…uma criança a tomar conta de outra! (p.c) vou orientá – la…ensiná – la a tomar conta do filho…e a cuidar dele.
- (sorri) Isso! Ela bem precisa…
A médica abre ligeiramente a porta do quarto, o bebé está a mamar, e a médica cumprimenta-a alegremente:  
- Bom dia, linda…posso entrar?
         A rapariga responde:
- Bom Dia, Dra., pode entrar…
A Dra. Entra. A rainha está atrás! A Dra. Anuncia-a:
- Tenho aqui uma visita…posso mandar entrar?
         A rapariga não está à espera:
- Sim…
Entra a rainha, olha para ela, a rapariga fica assustada e diz:  
- É a rainha…?! (a médica diz que sim com a cabeça) Ai…meu Deus…vai – me mandar embora…! Mas se o fizer tem razão…
         A rainha tranquiliza-a:
- Bom dia filha…não fiques assustada! Não te vou mandar embora…
As duas aproximam – se e a médica e a rapariga falam umas com as outras:  
- (sorri) Como estás?
- Com dores de barriga, nas costas…em todo o lado, um bocado cansada…
- Dormiste bem? 
- Alguma coisa…esta cama é tão confortável! Já há tanto tempo que não estava assim num quarto…quentinho, acolhedor…protegida do frio, do vento e da chuva…deitada num colchão molinho…que bom! (sorriem) rainha…desculpe…eu…entrei aqui sem autorização…! Mas logo que esteja boa, eu saio!
         A rainha descansa a rapariga e faz-lhe uma proposta:
- Não filha…não te preocupes com isso! Podes ficar aqui o tempo que for preciso. Aliás…tenho uma proposta a fazer – te…queres trabalhar aqui no castelo? Eu pago – te o salário como as outras, e o teu bebé vai para o berçário e para o infantário onde as crianças andam…as dos empregados e as minhas.
         A rapariga aceita de imediato e responde feliz, com um grande sorriso:
- A sério…?! Quer que eu trabalhe aqui?
- (sorridente) Sim…! Se quiseres…
- Quero…! Não sei se sei fazer alguma coisa…mas, aceito…! (p.c) e se o meu filho ficar aqui no berçário e infantário vai ser óptimo! (p.c) não sei como lhe agradecer…
- (sorridente) Não tens que agradecer…é claro que sabes fazer, e se não, aprendes! (p.c) estou aqui para qualquer coisa que precises…! Não tenhas vergonha de pedir…como te chamas?
- Sofia!
- Eu sou a Manuela. (p.c) agora o importante é que fiques boa rápido, e que eu te ajude no que precisares…! Vou trazer – te o pequeno almoço…! O que queres comer? 
- Qualquer coisa…
         A médica sugere, e a rapariga aceita:
- Leite, torradas, gostas?
- Sim!
         A rainha informa a rapariga e elogia o bebé:
- Eu trago – te isso…! (p.c) que bebé tão lindo!
         A rapariga sorri e agradece:
- Obrigada!
         A médica sorri e acrescenta:
- Sim, é mesmo…sai à mãe que também é bonita!
Riem. A rainha quer saber mais sobre o bebé e pergunta:
- Como se chama esse bonequinho?!
          A rapariga responde sorridente:
- Rafael!
         A rainha gosta do nome:
- (sorri) Bonito nome! Já venho.
A rainha providencia um pequeno-almoço rico, completo e farto.
A médica analisa – a, e ao bebé também, dá uns medicamentos à Sofia para ela tomar, a rainha entra com o pequeno-almoço.
A rainha leva o pequeno-almoço e faz um pedido à rapariga:
- Aqui tens filha…se quiseres mais pede! Posso pegar no teu bebé um bocadinho?
         A rapariga sorri e autoriza:
- Sim, claro!
A rainha pega no bebé ao colo, faz – lhe festinhas, a rapariga come com apetite e deliciada. A médica dá algumas indicações à rainha para cuidar da Sofia.
A rapariga sorri e elogia o pequeno-almoço, e a rainha pergunta:
- (sorridente) Humm… está delicioso…! Tudo maravilhoso!
- Queres mais?
- Não se importa que eu coma outro?
- (sorri) À vontade! Toca aí na campainha que elas já sabem na cozinha! – (feliz) Não sei como lhe agradecer…!
- Não penses nisso…tudo o que eu puder fazer para te ajudar podes contar comigo!
Entra a empregada com o tabuleiro, olha para ela e comenta, a rapariga responde-lhe:
- Pobre rapariga…não tiveste sorte na vida…uma criança…com um bebé ao colo…!  
- Tive muita sorte com o sítio onde vim parar…!
- Isso sim! Estes reis são maravilhosos… (p.c) mas tu devias era brincar com bonecas…
         A rainha corta a conversa da empregada antes que ela faça qualquer outro comentário, a empregada obedece:
- Lúcia…pode ir…não se preocupe com a Sofia, ela está bem e vai ser uma excelente mãe…toda a gente a vai ajudar!
- Sim, com licença…
A empregada sai. A rainha tenta desculpar a empregada, e a rapariga não leva a mal:
- Querida, não ligues ao que ela disse…!
- Já estou habituada…!
Riem e conversam mais um bocado umas com as outras.
No dia seguinte, a azáfama na floresta é enorme.
Os anões levam o mobiliário que construíram e colocam nos sítios da casa toda, as anãs arrumam as panelas, tachos, pratos, copos, talheres, decoram com flores e outros objectos, fazem a cama da Sofia e para o bebé no bercinho.
Está uma decoração deliciosa…um miminho! Lindíssima.
Os anões olham em volta orgulhosos e felizes.
A rapariga quando fica boa, vai para a casa nova, e todos os casais de anões lhe fazem uma festa de boas vindas.
Ela está feliz e é acarinhada por todos, e a anã Raquel e a Anã Isabel disponibilizam-se para qualquer coisa e elogiam, a rapariga agradece.
- (feliz) Muito obrigada por tudo! (p.c) A casa está linda!
- De nada! Qualquer coisa que precises é só chamar!
- O teu filhote é lindo…! Tu também és bonita!
- (sorri) Obrigada! Vocês são umas boas almas.
Confraternizam, e ela vai para casa com o bebé.
Deita-o no bercinho, cobre – o, sorri – lhe e fala com ele:
- Já viste filho…?! (p.c) Depois de tanto sofrimento que passei, encontrei uma segunda família que me acolheu! (p.c) agora tenho muito carinho…muitas pessoas boas, queridas, que me alimentam, que me dão atenção… (p.c) Foi uma fada que nos conduziu até aqui…
Aparece a fada à janela e sorridente pergunta, a rapariga fala com a fada:
- Chamaste?!
- (sorridente) Fada?! (p.c) Estava a falar de ti ao meu bebé!
- (ri) Eu ouvi!
- (sorridente) Estava a contar – lhe que depois de tanto sofrimento, de tantas coisas más, encontrei uma segunda família, agora tenho muitos amigos, pessoas muito queridas que me dão muito carinho e atenção… (p.c) foste tu que me trouxeste para aqui…! Muito obrigada, Fada, por me teres dado uma família, e por nunca me teres deixado de desistir, quando eu estava quase…tu sempre acreditaste em mim, e sempre me deste força para eu não desistir.
- Mas é claro que nunca te ia deixar desistir…era o que faltava… já viste o que ias perder…? Essa coisinha fofa…a crescer…! Eu sabia para onde te estava a mandar…eu sabia que ias ficar muito bem entregue…rodeada de boas pessoas…aqui vão ter paz e excelentes condições para o teu filho, e para ti também. Tens muita gente à tua volta que gosta de ti, e que te vai ajudar em tudo. (p.c) a casa está mesmo excelente!
- (sorri) Sim.
- E qualquer coisa eu também estou aqui! (p.c) estás muito bem entregue…!
- (sorri) Não nos vai faltar nada, filho.
- Vais ser uma excelente Mãe, tenho a certeza. E amada por todos, tal como o teu filho…! (p.c) tu és uma rapariga lutadora, corajosa, forte…, eu sei que sofreste muito mas ultrapassaste tudo. Mereces ser feliz. E vais ser!
- Já não estou sozinha…tenho o meu filho e todas estas pessoas fantásticas…! (Faz festinhas ao bebé).
- Sim, é verdade! E as coisas boas não vão ficar por aqui!
- Áááhh…vou trabalhar no castelo…a rainha vai pagar-me e disse que o meu filhote também ia para o infantário do castelo…
- Eu sei! Isso é excelente!
- Já viste que maravilhosos que estes anõezinhos foram…? Construíram esta casa para mim, mobilaram-na com tudo o que é necessário…estou num cantinho que não pode ser melhor…!
- Sim, é verdade! É uma casinha muito acolhedora, simpática, confortável…
- Eu acho que todos os agradecimentos que fizer vão ser poucos para tudo o que eles fizeram por mim…!
- Eu tenho a certeza que estes seres não estão à espera de agradecimentos ou retribuições…! Fizeram-no com todo o seu coração.
- São muito boa gente.
- Pensaste que eu ia entregar-te a qualquer um…?! Naaa…eu vi muito bem para onde te encaminhei. A bondade destas pessoas sente-se a léguas!
- Queres tomar alguma coisa, ou comer…?
- Não, obrigada! Precisas de alguma coisa de mim neste momento? 
- Não, obrigada. Mas…já vais embora?
- Sim, tenho umas coisas para fazer…!
- Mas volta, por favor.
- Está bem…eu volto brevemente. Até lá, toma bem conta desse fofinho…! E de ti também.
- Espera Fada…eu…queria convidar-te para seres madrinha do meu filhote…! Aceitas?
         A Fada abre um grande sorriso e responde:
- Mas…eu…? Ser madrinha do teu filhote…?!
- Sim, Fada, eu quero que sejas tu…porque sempre estiveste do meu lado, principalmente nos meus piores momentos, sempre me protegeste…e salvaste-me. No dia do baptizado transformas-te em rapariga…eu sei que podes fazer isso…! Tu és a minha única e verdadeira amiga!
         A Fada ri e responde:
- Bem…já que fazer tanta questão que seja eu...aceito!
         A rapariga sorri e responde:
- Obrigada.
         A fada dá um beijo sonoro ao bebé e à rapariga. As duas sorriem e a Fada tem de sair:
- Bem, até logo…tenho de ir…
         A rapariga sorri e responde:
- Muito obrigada, amiga…!
         A fada sorri e sai pela janela a voar.
A Sofia vai trabalhar para o castelo, na cozinha, aprende tudo muito rápido e torna – se uma boa cozinheira, com a rainha a pagar – lhe inclusive torna – se amiga das princesas que gostam muito dela.
O filhote vai para o berçário, onde é muito bem tratado e adorado por todos do castelo, é tratado como um neto pelos reis, um sobrinho pelos guardas, pelos príncipes e princesas, e a rapariga também é muito acarinhada.
Os anões estão sempre preocupados com ela, e dão – lhe tudo o que ela precisa, ajudam – na muito, enchem – na de mimos e carinhos e ficam todos orgulhosos.
Os guardas também tiveram direito a uma condecoração, aumento de salário e uma festa.
Passado uns tempos, realiza-se o baptizado do pequenino e a Fada é uma madrinha muito orgulhosa e feliz. Toda a gente fica encantada com ela, pois ela transforma-se numa linda rapariga quando está com gente. E todos vivem com amizade e felizes.

Felizmente ainda há boas pessoas, sensíveis, carinhosas, que ajudam quem precisa…e ainda se vão encontrando grupos de pessoas que dão muito de si aos outros, nesta história são os anões e anãs…um exemplo a seguir, tal como a médica.
Na nossa sociedade, há muita miséria embora pareça escondida, e muita gente a precisar de acolhimento, de carinho, de um lar…muitas Sofias…muitos bebés. 
         A amizade verdadeira e o amor entre as pessoas são a solução base para tudo…!
São estes dois sentimentos que devem fazer esquecer coisas más, acontecimentos tristes…devem ser as chaves que abrem corações duros, fechados, frios, e olhos enevoados dos que não querem ver, nem ajudar porque tem tudo, mas infelizmente ainda há quem não tenha o essencial.
O AMOR nas suas diferentes manifestações (incluindo a amizade) deve ser a força e o objectivo de alguém se agarrar à vida quando o desespero destrói todo o seu interior. Pode ser qualquer tipo de amor, mas o importante é que ele esteja presente…

FIM!!
Lálá 

(2 de Janeiro, 2010)

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