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quinta-feira, 24 de março de 2016

o caracol excluído

                         foto tirada por Lara Rocha 

NARRADORA - Era uma vez um grupo de animais de todas as espécies que participou num concurso para modelo fotográfico. Na floresta, sentia-se uma grande agitação…os animais corriam de um lado para o outro, divertidos, risonhos, felizes, vaidosos. Havia muitos duendes a tirar fotos para o concurso, e cada animal tirava várias fotos, com diferentes jóias, roupas, penteados, poses, e sapatos, carteiras, e outras coisas que eles emprestavam. No regulamento do concurso não excluía nenhuma espécie de animal, por isso todos podiam participar: macacos, cães, gatos, lobos, borboletas, e todos os outros. Alguns animais, lindos…foram logo escolhidos, pela sua beleza e elegância…pois…elegância…eles queriam elegância…mas os animais não sabiam…era um segredo do júri para eliminar os candidatos. Até ao momento, todos os elegantes tinham sido escolhidos e estavam felicíssimos, aos outros, o júri dizia que estavam em lista de espera para anúncios, e quando precisassem, chamavam-nos. Como todos podiam participar, um caracol quis experimentar a sua sorte. Olhou para o espelho de manhã…
CARACOL – Huummm…concorro…? Não concorro…? Será que vale a pena tentar? Huummm…não sei se tenho as características de beleza que eles pretendem.
(Uma fada aparece à janela do quarto dele)
FADA (sorridente) – Olá bom dia!
CARACOL (sorri) – Olá, desculpa…já estavas aí há muito tempo? Desculpa, não te vi…
FADA (ri) – Não, cheguei agora! Estás a preparar-te para sair?
CARACOL – Sim…estou a pensar se vale a pena concorrer ao concurso de modelo fotográfico…!
FADA – Tu querias ser modelo fotográfico?
CARACOL – Huummm…não sei bem, mas acho que sim…
FADA – Então, vai!
CARACOL – Não sei se reúno as características físicas que eles querem.
FADA – Mas vai na mesma…quem sabe! É para qualquer animal, por isso…estás incluído. 
CARACOL – Mas eu não sei se sou bonito.
FADA – Para mim és…mas não custa tentar…vai lá e já vês…pode ser que lhes agrades…a beleza é muito subjectiva.
CARACOL – Sim, acho que tens razão…
FADA – Se não ganhares, também não perdes nada.
CARACOL (sorri) – Sim, acho que tens razão. Queres vir comigo?
FADA – Posso ir.
NARRADORA – E os dois seguem para o local onde vai decorrer o desfile. Já não estão muitos animais…aliás à espera só mesmo o caracol, pois os outros já estão a tirar fotos, e quando um sai, mandam entrar o caracol. O júri composto por uma macaca, uma loba, uma coelha, um leão, um lobo, um macaco, um canguru, um gato, um pavão e uma águia…olham de cima a baixo o caracol, e com ar de nojo.
URSO (irónico) – Desculpe…acho que se enganou na toca…
(Todos riem)
PAVÃO (irónico) – Que nojo…uma coisa viscosa e cascuda…lhec…!
LOBA – Então meninos…parem lá com isso…
(A loba cheira o caracol, o caracol encolhe-se assustado)
PAVÃO – Vais deixar este desfilar…?
MACACO – Não vamos sair hoje daqui…
(Todos riem)
LEÃO – Tu não estás boa da cabeça…
CANGURU – Por mim já nem desfilava…é tão feio…gordo…viscoso…lhec…
GATO – Acho que já tenho jantar…
ÁGUIA – Huummm…este nem para comer serve…só se eu estivesse num deserto, sem mais nada para comer…ainda por cima tem manchas na casca…e sempre com a casa às costas…não…não serve mesmo para nada.
(Todos riem)
LOBA (grita) – Por favor, caracol…desfila para nós…!
COELHA – Mas…
LOBA – Eu sei o que estou a fazer.
COELHA – Está bem.
NARRADORA – O caracol desfila, e o júri, menos a loba, ri, e manda piadas humilhantes, fazem comentários desagradáveis, apontam o dedo.
MACACO – Coisa viscosa…
PAVÃO – Aquilo não tem elegância nenhuma…
URSO – Que horror…não tem estilo nenhum.
LEÃO – Uma lesma…que feio que é…
LOBO – Se o seleccionamos, vai ser um falhanço.
COELHA – Ainda por cima cheira mal…
LOBA – E já viste aquela coisa que deixa no chão…depois os outros candidatos escorregam.
MACACO – Óh lesma gorda…já chega…
(O caracol fica estático)
TODOS (levantam-se e gritam) – Chumbado.
(O caracol fica muito envergonhado e triste, e olha surpreso)
MACACO – És horroroso…só se te seleccionarmos para um filme de terror.
(Todos riem)
ÁGUIA (ri) – Boa ideia…
PAVÃO – Não tens estilo nenhum…
LEÃO – És feio…
COELHA – Ainda por cima cheiras mal.
LOBA – Constituis um perigo para os outros candidatos.
(O caracol fica cada vez mais triste, e mais envergonhado)
CARACOL – Porquê?
(Todos riem)
LOBA – Porque essa coisa nojenta que largas faz os outros candidatos escorregar.
COELHA – Ainda por cima tens manchas na casca…
TODOS – Não serves para nada.
GATO – Vai-te embora coisa horrível…
LEÃO – Viscoso…nojento…
NARRADORA – Todos gritam insultos, e dizem coisas muito desagradáveis ao pobre caracol, que ouve tudo em silêncio, até ao fim, muito envergonhado, e triste. De repente, mete-se na sua casca, e o júri joga com ele à bola em cima do palco, e escorraça-o aos pontapés. O pobre caracol grita, chora, e dá voltas, e mais voltas, até fica enjoado. Quando cai no solo, abaixo do palco, ainda atordoado, chora de dor e de cansaço. A fadinha está muito nervosa, e preocupada com o amigo. Bate-lhe na casa, mas o caracol não lhe abre a porta…
FADA – Por favor…aparece…quero saber como estás…!
CARACOL (grita, a chorar) – Vai-te embora…não quero saber de ti…tu viste tudo, e não fizeste nada para me defender…! Que grande amiga…deixaste que aqueles monstros fizessem de mim gato sapato…nunca mais te quero ver, e nunca mais me vais ver. Sua falsa…
FADA – Por favor…não digas isso…Estou preocupada contigo…eu tentei, mas eles eram tantos, que nem te via.
CARACOL (a chorar) – Nunca mais me vão ver…
FADA – Essa tristeza vai-te passar…
CARACOL – Vai-te embora. Não te quero ver mais.
FADA – Vá lá…perdoa-me…deixa-me ajudar-te.
CARACOL (grita) – Não preciso…deixa-me em paz. Sua falsa.
FADA (triste) – Eles foram muito injustos contigo…Bem, volto amanhã. Se precisares chama-me.
NARRADORA – A Fadinha vira costas, triste, e voa devagar. Ouve-se o choro e os gritos de dor e de tristeza e vergonha do caracol, dentro da sua casa.
FADA (triste) – Coitadinho…desculpa!
NARRADORA – O pobre caracol chora tanto, que tem de sair da sua casa, pois está toda a ficar submersa. Ele sai, e arrasta a sua casa, devagar, muito triste, e a chorar, sempre a olhar para todo o lado, a ver se alguém o via. Andou, andou, andou…a noite toda, até que chegou a uma gruta da montanha, onde vivem os seus pais. Na montanha, com os primeiros raios de sol, o caracol, muito cansado, pousa a casa, encosta-se e vira o resto da água, pois muita dela saiu pelo caminho. Deixa a casa a secar, e entra na gruta. Os pais vêem-no, ficam muito surpresos, intrigados, e preocupados.
PAIS – Filho…?
CARACOL (triste) – Mamã…papá…desculpem estar a incomodar-vos a esta hora…
CARACOL MÃE – Nunca incomodas…
CARACOL PAI – O que aconteceu?
CARACOL (desata a chorar) – Ai…que vergonha…
PAIS – O que foi…?
NARRADORA – O caracol encosta-se à mãe, e abraça-a, senta-se entre os dois, e conta tudo o que aconteceu. Os pais ficam muito surpresos, e tristes.
CARACOL MÃE – Filho, nós sempre te amamos.
CARACOL PAI – Sempre te achamos lindo…!
CARACOL MÃE – Para nós sempre foste, e és o melhor…o mais especial…sempre lindo…sempre perfeito…! O que os outros acham não tem qualquer valor.
CARACOL PAI – Devem ter a mania que são os melhores…mas não devem ter nada que se aproveite, na verdade…
CARACOL – Ai…sinto-me tão mal…!
CARACOL MÃE – Descansa, filho…come qualquer coisa, e dorme…
CARACOL PAI – Sim, deixa a tua casa secar.
CARACOL – Não tenho fome…estou tão triste, que só me apetece atirar daqui abaixo.
PAIS – O que é isso, filho…?
CARACOL MÃE – Nem penses numa coisa dessas…já viste o desgosto que nos ias dar?
CARACOL PAI – Estás a dar valor a mais, a quem não o tem, filho…a tua vida, é muito mais valiosa, e muito mais bonita, que meia dúzia de comentários idiotas, de bichos com cabeças doentes…sabes, filho…deves ter pena deles, em vez de mágoa…porque eles dizem essas coisas, e fazem essas coisas, porque não estão bem das cabeças.
CARACOL – Não…?
CARACOL PAI – Não…
CARACOL – Como é que é que sabes?
CARACOL MÃE – Eu vou preparar-te o pequeno almoço…
CARACOL PAI – Uma pessoa ou um bicho que está bem da cabeça não faz isso…como sabem que não valem nada, fazem de conta que são superiores, e muito poderosos…usam os outros, para se sentirem realizados, e valorizados…na verdade…são uns grandes ignorantes, e idiotas, porque não valem mesmo nada. Lá porque chamam a atenção pelo ar…já se acham…mas de que vale ter o ar, e não ter nada de bom, como tu e nós temos…?
CARACOL – Sim, é verdade…
CARACOL PAI – Não tens de te sentir mal, nem feio, porque sabes muito bem que tens muito valor, e muita beleza no coração…a que realmente importa. Não penses que eles são felizes, ou que se acham mesmo assim tão jeitosos quanto dão a entender…não acredites naquelas máscaras…por dentro são uns infelizes. Tu não usas máscaras, e nós também não…e somos felizes não somos?
CARACOL – Sim…agora não estou feliz.
CARACOL PAI – Agora é normal…todos temos dias e momentos em que estamos mais tristes…mas quando estamos tristes, mostramos…eles não. Temos saúde, eles…duvido que tenham…Não sabes quantas marcas estão debaixo daquelas roupas…! Eles não tas mostraram, mas de certeza que também têm. Nós temos educação, bons valores…eles não! Nós somos bons…eles não!
CARACOL MÃE – Pega, filho…come, bebe, e vai descansar.
CARACOL – Vou ficar sempre aqui convosco.
PAIS (sorriem) – Está bem…nunca te fechamos a porta…
CARACOL – Eu sei…
NARRADORA – O caracol toma o pequeno-almoço consolado.
CARACOL – Vocês são os melhores pais do mundo. As pessoas mais importantes para mim.
PAIS (deliciados) – E tu para nós, filho…
CARACOL MÃE – Não te preocupes…um dia eles vão ter de volta o que te fizeram…tu é que os vais pisar.
CARACOL PAI (sorri) – Com certeza.
CARACOL MÃE – Agora…descansa.
CARACOL – Fiquem aqui comigo…
PAIS – Sim, está bem…
CARACOL MÃE (sorri) – Estamos aqui…
NARRADORA - E o caracol adormece rapidamente, e dorme bastante. Os pais vigiam a casa do pequeno e fazem os seus trabalhos, enquanto esta seca. A Fada tenta falar com ele, mas ele ficou tão magoado que não fala com ela, e continua a dormir. Nos dias seguintes, a Fada tenta outra vez, sem sucesso. Passado uns dias, depois da Fada tentar todos os dias, lá consegue falar com o caracol, e fazem as pazes. Na verdade, o caracol ficou muito triste, e não voltou a aparecer naquela aldeia da floresta. Andou muito triste, muitos dias, e com vergonha, mas sempre na companhia dos pais. Um dia, a Fada disse:
FADA – Em vez de continuares triste, agradece às estrelas tudo o que tens de bom…és perfeito, tens tudo no sítio…e tens saúde, tens os teus pais que te amam e que te dão tudo…estão sempre presentes…e eu também sempre gostei muito de ti. Dou muito valor ao que és. Tu querias mesmo ser famoso?
CARACOL – Não…só queria ser valorizado.
FADA – Tu querias viver de fachada?
CARACOL – Não, quero viver a vida a sério…
FADA – Querias ser muito conhecido, para ser usado?
CARACOL – Não…! Também não uso ninguém.
FADA – Mas aqueles usam…vai ser o que vai acontecer com aqueles animais que foram seleccionados…vão ser usados e explorados.
CARACOL – Que maldade.
FADA – Sim, é verdade…!
CARACOL – Gosto muito de ser quem sou.
FADA (sorri) – Eu também gosto muito de ser quem sou, e gosto muito de ti, como és!
NARRADORA – O tempo passa, e os dois continuam amigos. Um dia, o caracol é convidado para fazer parte de uma sessão fotográfica. Ele nem quer acreditar…
CARACOL – Não vou.
FADA – Vai, e dá-lhes uma ensinadela.
CARACOL – Não vou…eles querem aproveitar-se de mim…primeiro eu não valia nada, até jogaram á bola comigo…agora já me querem?
FADA – Vai…e diz-lhes como é…!
CARACOL – Isto não me cheira bem!
FADA – Ei…não fui eu…
CARACOL (ri) – Não estou a dizer que cheiras mal, ou que o cheiro vem de ti… o que quero dizer é que esta vontade de me terem lá…traz alguma coisa de estranho…não achas?
FADA – Eles devem ter percebido que se excederam.
CARACOL – Não sei.
FADA – Vai lá e vê…
CARACOL – Não…não me vou magoar outra vez.
FADA – Vai…e mostra-lhes o que és…
NARRADORA – O Caracol ainda magoado, vai ter com eles. Olha-os a todos, fixa e prolongadamente. O Júri congela de susto.
PAVÃO – Ai que medo…
ÁGUIA – Ui, aqueles olhos dele…parece que nos atravessa…!
CANGURU – Acho que ele vai fazer-nos qualquer coisa…
LEÃO – Mantenham a calma…
GATO – Isso…estamos juntos!
MACACO – Ai, estou a ficar nervoso…
LOBO – É melhor quebrarmos o gelo…sorriam…
JÚRI (sorriso nervoso) – Olá!
CARACOL – Cínicos…
JÚRI – Ei…!
MACACO – Estás mal disposto…?
LEÃO – Não estás a ser nada simpático…
CARACOL – Vocês não merecem que se seja simpático convosco…também não foram comigo…o que é que vocês querem? Gozar comigo é?
JÚRI – Não.
MACACA – Sei que estás magoado…
JÚRI – E tens razão!
LOBA – Nós fomos muito maus contigo…
MACACO – Eu…nem dormi nas noites seguintes.
JÚRI – Nem eu…
CARACOL – Que pena que eu tenho de vocês! (ri)
CANGURU – Óh, não…não tenhas pena de nós…
CARACOL – Até ter pena de vocês é demais.
GATO – Desculpa-nos…nós estávamos muito cansados…
CARACOL – E por isso resolveram…recarregar baterias a tratar um candidato daquela maneira…até futebol comigo jogaram. Que eu saiba era aberto a todos os animais…logo, eu estava incluído, pois também sou um animal. Posso ser nojento como disseram, ou gordo…ou viscoso…mas tenho noção perfeita do que valho, e de quem não presta…como vocês!
LEÃO – Sim, é verdade. Nós nem pensamos no que fizemos.
CANGURU – Tu tinhas direito a participar, como todos.
LOBA – Nós dissemos-te coisas horríveis.
CARACOL – Ainda bem que reconhecem, só foi pena não ter pensado nisso antes de abrirem essas bocas rotas…para ofender.
JÚRI – Sim, tens razão.
ÁGUIA – Agimos sem pensar, mas estamos muito arrependidos!
CARACOL – Imagino…!
COELHA – Foi por isso que te contratamos…para te pedir desculpa.
CARACOL (ri) – O quê? Vão comprar-me?
JÚRI – Não.
LOBO – Queremos mesmo que participes!
GATO – És mesmo tu, quem procuramos.
CARACOL (ri) – A mim…? Mas eu sou gordo, não tenho elegância, sou viscoso, nojento, tenho manchas na casca…para que é que precisam de mim, com tantos candidatos…? Só se for para fazer de monstro…ou outra personagem qualquer…monstruosa…tipo…sapo…com todo o respeito pelos sapos, que tenho amigos sapos…e são fantásticos.
JÚRI – Não…
GATO – Estamos muito envergonhados pelo que te dissemos, não precisas de repetir.
CARACOL (ri) – Claro…claro…imagino!
MACACA – Queremos que sejas um adereço do cenário, para fotos com bebés.
CARACOL – O quê? Mas os bebés não vão gostar…
PAVÃO – Vá lá…aceita…e perdoa-nos, se conseguires…se não…pelo menos participa neste cenário…por favor.
LEÃO – É de ti que precisamos.
LOBO – Nós pagamos-te bem!
CARACOL (sorri) – Como se o dinheiro pagasse as feridas que me fizeram…!
JÚRI – Por favor…!
LOBA – Desfila para nós…perdoa-nos…
CARACOL– Enganaram-me uma vez, mas não voltam a enganar-me.
LEÃO – Por favor…
JÚRI – Aceita…!
CARACOL – Ai do primeiro de vocês que abra a boca contra mim.
NARRADORA – A macaca explica o que querem que o caracol faça. Ele desfila maravilhosamente bem, e ensaiam com ele o que ele tem de fazer. Passa uma tarde divertidíssima, e à noite, chegam os pais, os irmãos, os amigos todos da floresta, para ver o caracol a desfilar com o bebé nas costas e outros animais no palco, como borboletas, coelhos, lobos e macacos. O bebé porta-se lindamente, e todos aplaudem de pé. Alguns até ficam emocionados, com a beleza do momento. O Júri está maravilhado e aplaude sem parar, de pé. O caracol sorri vaidoso e orgulhoso. Com o dinheiro que ele recebe, oferece uma parte aos pais, outra parte a uma instituição de apoio a animais necessitados, e guarda o resto para si. Está muito feliz. A partir desse dia, o caracol ganha o respeito, a amizade e a admiração de todos. Pois é, amigos, às vezes aprendemos lições de forma inesperada. Este júri aprendeu com certeza a valorizar outras qualidades muito além das características físicas, e são mesmo essas que importam. Que grande sapo que engoliu aquele júri, pois precisaram de quem tinham maltratado, gozado e humilhado…na hora da aflição…quem eles excluíram, foi quem escolheram para salvar o desfile…e o caracol, mesmo magoado aceitou ajudá-los, embora para ajudar outros com o dinheiro que recebeu. Às vezes também somos assim uns com os outros: escorraçamos pela aparência, somos atraiçoados pelos olhos, e maltratamos…quem de verdade, possui a maior beleza de todas…no seu interior…e não raras vezes, são as pessoas que escorraçamos e maltratamos que nos surpreendem, pela positiva, estando do nosso lado, nas horas mais tristes e nos momentos mais dolorosos…eles vem quando todos os outros, com grande beleza exterior, que nos agrada aos olhos, nos viram as costas…eles vem quando todos os outros só estão presentes para festas! Eles vem, mesmo sem merecermos…mas vem. E esses são os que têm o verdadeiro valor de amigos, de pessoas, seres humanos. O caracol não foi bom, para ter fama, ou para ser reconhecido…participou, mesmo magoado, para ajudar os seus pais, que o amam de verdade, incondicionalmente, com as suas qualidades e defeitos, e para ajudar quem mais precisa. Ainda há na sociedade algumas pessoas assim…pelo menos quero acreditar que sim…e bem precisamos!
FIM
Lálá 
(8/Julho/2013)




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