PEDIDO DA MÃE NATUREZA.

NUVENS:

NUVENS ROXAS,                         grandes e pequenas, de vários

NUVENS CINZENTAS,                 formatos.

NUVENS AZUIS ESCURAS

NUVENS COR – DE – LARANJAS…

NUVENS VERMELHAS

Crianças, árvores falantes…

                                      1.

NARRADORA:

O sol decidiu tirar uns diazinhos de férias em Portugal, porque estava cansado de tanto brilhar; de ouvir tantas críticas por estar sempre presente e quente, num mês em que era suposto estar frio. Mas como a natureza tem que estar sempre presente, renovar – se, mudar de roupas: das mais coloridas, variadas, luminosas e claras ( na Primavera e Verão) ás mais escuras, menos luminosas e menos variadas ( no Outono e no Inverno), pediu ao sol que dissesse ás suas amigas para a visitarem porque estava com saudades delas, e a ficar um bocadinho doente de não chover. O sol também concordou com a Natureza e nessa mesma noite, foi falar com as nuvens. Quando a noite cai nas cidades, e as estrelas trabalham para colorir e fazer sonhar as pessoas, as nuvens reunem – se em grandes festas, animadíssimas, apesar de muitas estarem desempregadas, não perderam nunca a esperança de voltar a trabalhar! Pelo menos nesta cidade. Umas simpáticas e delicadas fadinhas  dão sinal sinal de que chegou o Rei. Pára tudo, desligam o rádio, põem – se em sentido, abrem alas, e o Sol passa entre elas, fazem véneas…

NUVEM VERMELHA 1

Uuuuuuuuuuiiiiiiiiiiii…maravilhoso Rei…estás com um ar de tão cansado…!

NUVEM ROXA 2

 A que se deve a tua visita…? Tiveste saudades nossas?

NUVEM C – D – L 1

Estás a precisar de férias…acho eu!

SOL

Olá, minhas amigas! Tenho boas noticias para vocês…Vão ter trabalho…

TODAS (espantadas)

Áááááááááááhhhhhhh….

NUVEM CINZENTA 1

Vais descansar é ?

SOL

Sim! A Natureza pediu – me para que vos dissesse que ela está com saudades vossas, e que está um bocadinho doente por falta de chuva! Vocês sabem, Amo – a muito, respeito – a, e quero vê – la feliz! Sei que ela vos quer ver, e precisa de vocês.

NARRADORA:

Começam todas aos saltos de alegria, saltam tanto que ao chocarem umas com as outras a dançar, fazem faíscas. Na Terra as pessoas ouvem um grande trovão e vêem grandes raios a desenhar o céu…ficam aterrados, com uma mudança tão rápida de tempo, já que ao fim da tarde estava limpo. Agora é noite na cidade. Mas quando as núvens páram de manifestar a sua alegria para ouvir o resto que o Sol tem a dizer, páram os trovões na Terra e voltam a brilhar as estrelas. Ninguém percebe nada! As núvens estão ansiosas, e muito felizes. Perguntam entusiasmadas:

NUVEM CINZENTA: (feliz)

Quando começamos meu mestre?

SOL:

Eu sabia que íam ficar felizes! Começam já hoje…

TODAS: (felizes a sorrir)

Iiiiiiiiiiiiiii….Que bom!...Vamos, vamos…

NUVEM C-D-L:

E como nos vamos dividir…? Acho que não podemos aparecer todas ao mesmo tempo!

SOL:

Isso é convosco, minhas queridas! Entendam – se!

NUVEM A-E:

Podemos pôr o vento a trabalhar?

SOL:

Sim. Bom, alguém tem mais alguma pergunta a fazer?

NUVENS:

Hummm…Não…

SOL:

Então…bom trabalho, e até ao meu regresso…Beijinhos…

NUVENS:

Beijinhos...

NUVEM VERMELHA 2:

Quando voltas?

SOL:

Não sei…daqui a alguns dias…quando a minha raínha disser.

TODAS (sorridentes)

Boas férias!

SOL (sorri):

Obrigada! Bom trabalho…

NUVEM A – E:

Para onde vais?

SOL (sorri):

Ainda não sei…vou ver!

TODAS: (sorridentes)

Obrigada pela boa noticia.

NUVEM A – E :

Descansa, querido, que bem precisas!

NARRADORA:

O Sol sorri, manda beijinhos e segue para o seu aposento.

2.

NARRADORA:

As nuvens estão agitadíssimas, contentíssimas, e a nuvem azul escura vai chamar o vento. O vento está a dormir, serenamente, encostado a uma árvore, na floresta envolvido pelas delicadas asas da sua namorada, a fada Douradinha, que também está a dormir.

NUVEM A – E :

Não posso acreditar…(grita) ventoooooooooo….óh vento… Acorda, tens que ir trabalhar!

FADA DOURADINHA (assustada):

Cruzes, Azulinha…o que é que se passa? Deixa o meu amor dormir, e a mim também. Não são horas de ele ir trabalhar.

NUVEM A – E :

Desculpa ter – te acordado assim, mas é que estou a cumprir ordens do nosso Rei.

NARRADORA:

A Fada Douradinha, estremece, levanta – se, o vento resmunga.

FADA DOURADINHA:

O nosso Rei…? Mas…porque é que ele vos mandou a esta hora ir trabalhar?

VENTO (resmunga):

Que chata, feia, má…o que é que tu queres? Não tens sono, vai fazer outra coisa qualquer, mas deixa – me dormir…

NUVEM A – E :

Não sou eu que não tenho sono, nem que quero brincar contigo, o nosso Rei é que nos mandou trabalhar. Vai de férias. Precisa de descansar, e a Natureza, a nossa majestosa raínha, precisa dos nossos serviços, assim como,  as pessoas, os seres vivos, animais, plantas, rios…todos precisam de nós. Meche – te, que eu e as minhas amigas queremos trabalhar rápidamente. Não podemos perder esta oportunidade, não é todos os dias!

FADA DOURADINHA:

Mas o Rei está doente?

NUVEM A – E :

Está muito cansado…

FADA DOURADINHA:

Então vai, meu amor…não faças a nossa Raínha sofrer…

VENTO: (resmunga)

Amanhã eu vou, depois de dormir uma soneca…

NUVEM A – E:

Não é amanhã, é hoje, já!

VENTO:

Não podemos negociar?

NUVEM A – E :

Não há negócio nenhum para fazer! Despacha – te…já te esqueceste que tens que ir primeiro que nós lá para baixo, para a seguir aparecermos nós?

VENTO:

Está certo, mas não podem esperar mais um bocadinho?

NUVEM A – E:

Eu não vou dizer isto outra vez: não somos nós que queremos ir trabalhar agora, é a nossa Raínha que precisa de nós urgentemente…

VENTO (resmunga):

Que chatas…estava a dormir tão bem! É só pelo nosso Rei e pela nossa Raínha que vou…(para a Fadinha) Prometo que venho o mais rápido possível, minha Deusa da Floresta!

FADA DOURADINHA (sorri):

É o teu trabalho! Fá – lo com toda a dedicação e carinho…demore o tempo que demorar…estou aqui á tua espera.

VENTO:

Está bem! Até já…

FADA DOURADINHA:

Bom trabalho, meninas…

NUVEM A – E :

Obrigada.

NARRADORA:

Lá vai o vento com a nuvem Azul escura. Encontram – se com as outras nivens, e combinam como vão trabalhar em grupo.

Entretanto, na Terra, umas lindas crianças num prédio, estão no quartinho, a ver á janela.

FILIPINHO: (grita)

Mamã… olha as estrelinhas…que lindas!

NARRADORA:

A Mamã espreita também…ficam um bocadinho a apreciar, e de repente…o vento dá sinal…não é muito forte porque está ainda com um bocadinho de sono!

MAMÃ:

Humm, parece que vamos ter mudança de tempo. Filho, é melhor irmos para dentro, porque está vento agora…e podes ficar constipadinho…O João Pestana também já vem aí.

NARRADORA:

A Mamã fecha a janela, e os meninos vão dormir, o Filipinho, adormeceu. A Mãe espreita á janela, já não há estrela.

MAMÃ:

Realmente…já não há estrelas! Mudou tão rápido…e parece que amanhã vai chover…

NARRADORA:

 As nuvens estão a discutir quem vai aparecer primeiro. Por fim, decidem que as primeiras a aparecer serão as cinzentas, as vermelhas e as cor de laranja. As nuvens azuis escuras decidem ir para a beira mar…juntamente com as brancas. Mas  que grande confusão…agora as vermelhas e as cor de laranja também querem aparecer… então, antes que comecem ao barulho, as cinzentas chamam – nas para fazerem grupo com elas. Durante a noite, e durante o dia, o vento também trabalha bem! Arrancou as folhas todas das árvores por onde passava.

ÁRVORE PEQUENINA: (muito triste)

Óh, Mamã e Papá, olhem para nós, que feias que estamos! Quase sem folhas…! E agora…? Os passarinhos não se vão aproximar de nós…

ÁRVORE (Mãe):

Óh, minha linda, não fiques triste! É passageiro. No Outono e Inverno vai acontecer - nos sempre isto! O vento leva – nos tudo, para na Primavera renascermos ainda mais bonitas!

ÁRVORE PEQUENINA (choraminga)

Mas eu não gosto de mim assim…!

ÁRVORE (Pai):

Querida…as folhas que o vento nos tirou não nos vão fazer falta, acredita…eram velhas, secas, com cores monótonas, todas amarelas, vermelhas, castanhas…as verdes só na Primavera e no Verão! Os humanos malvados também ficam com os cabelos mais fracos.

ÁRVORE (Mãe):

A Mãe Natureza quer que seja assim, e é assim que tem que ser! Temos de a respeitar, senão, ela vinga – se.

ÁRVORE PEQUENINA (choraminga):

E aqueles que muitas vezes nos fazem mal, também são castigados?

ÁRVORES GRANDES:

Sim, claro!

ÁRVORE (Mãe):

Por isso é que eles estão com este tempo…tanto cansaram o Rei Sol, no Verão, com a poluição dos tenebrosos incêndios, que agora vão ter mau tempo, como eles chamam. Não te doeu tanto que as tuas lindas folhinhas fossem tiradas pelo vento, do que quando são arrancadas e pisadas pelos seres humanos, pois não?

ÁRVORE PEQUENINA:

Não! Quando são os humanos a maltratar – nos, dói muito mais.

ÁRVORES:

Pois dói.

NARRADORA:

As árvores recuperam juntas da noite mal dormida, com o vento. A Natureza está mais feliz, mas ainda lhe falta alguma coisa… alguma coisa que faz falta a toda a gente para vivermos, e a ela também….é isso mesmo: a chuva…Nuuuuuvvveeeeeeennnnsssssssssss…Pouco depois, as nuvens começam todas ao barulho. A Natureza grita:

NATUREZA: (chateada)

Meninas, deixem – se dessas coisas minúsculas de ver quem é que vai aparecer primeiro, e quem é que aparece depois, isso não me importa…eu quero e preciso é de água…eu gosto muito de todas vocês, sei que todas trabalham muito bem, mas por favor,...imploro – vos,... juntem – se e mandem – me ááááááááááááággggggggguuuuuuuuuuuaaaaaaa…antes que eu me  chateie, e me lembre de outra coisa qualquer mais terrivel para os humanos…

NUVEM VERMELHA:

Vou chamar a trovoada…

NATUREZA (chateada):

Chamem quem quiserem, eu quero é água….tudo o que me pertence, grita por áááááááááááááááááággggggguuuuuuaaaa.

NARRADORA:

Finalmente o desejo da Natureza é realizado. Com a trovoada Que rasga as núvens com toda a violência, e desenha raios assustadores, acompanhados por grandes estrondos, as nuvens com tanto respeito que tem á trovoada, e medo, deixam caír as primeiras gotinhas de água, em cima de umas folhas, uns pingos mais grossos acariciam as flores, e chove torrencialmente, batem fortemente nas janelas, em tudo o que é superfície, forma possas de água no chão. A Natureza sorri. Todos os seres vivos festejam, com ela. Até alguns humanos ficam felizes, principalmente os agricultores, e as crianças, que ao ir para a escola, gostam de passar pelas possas, á saída das casas. Os passarinhos abrigam – se nas árvores, onde tem os ninhos, e chilreiam de alegria. Os cãezinhos ladram, abanam a cauda e saltitam, os gatinhos escorregam nos telhados, água abaixo ás gargalhadas, e miar, as vaquinhas, os boizinhos,  as ovelhinhas, bodinhos e todos os bichinhos dos campos, regalam – se com a frescura da relva. As flores dançam suavemente, embaladas pela leveza do vento. Os ribeiros e alguns lagos artificiais, até os naturais ficam com mais água, o que é muito bom para os patinhos que já se estavam tristes com a diminuição da água. Até os reachinhos encheram. Chove durante vários dias!

NATUREZA (com um grande sorriso):

Muito obrigada, meu Rei…por teres mandado as nuvens…estava mesmo a precisar de água. Em nome de tudo o que me pertence, muito obrigada! Estamos todos felizes. Eu preciso de ti, das nuvens e da trovoada para me trazerem chuva, e até do vento que me limpa o que tenho acumulado, principalmente lixo. Quando voltares de férias anda visitar – me para veres como estou muito mais bonita, mais fresca…e á minha volta estão todos felizes, eu incluida. Todos em equipa fizeram e fazem um excelente trabalho.

SOL

 (sorridente, aparece de fugida para falar com a Natureza):

Claro, minha raínha…volto daqui a uns dias…vou dar mais uns diazitos de trabalho ás nuvens e ao vento…sempre foste maravilhosamente bonita, mas realmente…fresca, ficas ainda mais deslumbrante! Faço tudo para te ver feliz, saudável, fresca, bonita,…tu e os teus! Até os humanos estão deliciados…E é feliz que tu estás neste momento! Até breve…!!!! Bom trabalho queridas nuvens, querido vento, querida trovoada…a Natureza está muito feliz, e eu, muito feliz de a ver assim. Posso contar convosco mais uns dias?

TODOS (felizes):

Mas é claro que sim!

NUVENS (sorriem):

Com todo o gosto!

VENTO:

Sol, diz á minha Deusa da Floresta que está tudo bem comigo, que estou a trabalhar bem, e que quando tu mandares, estarei com ela, mas amo – a muito, e não a esqueço, nem um segundo.

SOL (sorri):

Está bem, eu digo! Trabalha descansado…ela sabe que estás bem, que estás a trabalhar e que a amas muito…

NUVENS: (sorriem)

Ai, que bonito…!

NATUREZA:

Humanos: não se esqueçam de me respeitar, e de aceitar o que vos mando. Eu e vocês precisamos de tudo…do Sol, que aquece, que ilumina, que faz as pessoas sorrirem, que está sempre presente, ás vezes também precisa de descansar, e como é bom, dá trabalho ás queridas nuvens. Também precisamos delas, para que chova e para que tenhamos água, todos precisamos de água, de frio, de vento, de tudo! Sei que ás vezes pareço má, porque vos mando furacões, tempestades, que provocam grandes inundações, e tudo o que vocês não gostam. Acreditem que não é por mal, mas tenho dias em que fico muito magoada com o que vocês me fazem: mandam – me porcarias a mais, químicos, destroem partes de mim, queimando – me, e deixando – me cinzenta, atirando –me fumos e gases tóxicos, que acabam por me deixar doente. Eu não quero que vocês fiquem doentes, por isso é que sempre que cuidam de mim, sou verde, fresca, fico sempre bem nas fotografias que tanto gostam de me tirar, proporciono – vos ar puro que vocês tanto precisam para respirar, proporciono – vos frescura e sombra, nos dias tórridos, e vocês agradecem –me atirando – me muito lixo, fazem – me muitas maldades…depois atiram as culpas para o Rei. O Rei não tem culpa nenhuma, como ele gosta de mim, de verdade, também fica muito triste e precisa de vos castigar…entre aspas, para que vocês se lembrem de que existo, e que mereço ser bem tratada! Sou vossa Mãe…tem que compreender, que assim como vocês que fazem parte de mim tem dias tristes, e dias alegres, dias em que estão mais nervosos, eu também tenho! Se vocês ás vezes descarregam em mim, eu também tenho que descarregar. Por favor…respeitem – me…e ao planeta, também. Deliciem – se também com a chuva, com as cores, formatos, tamanhos  diferentes das nuvens, é divertido ver que algumas delas tem formas que vocês conhecem muito bem…eu mostro – vos ás vezes coisas menos agradáveis do que o Sol, e calor, para vos chamar a atenção, e para que não me magoem…todos precisam de mim! Obrigada.

                                                                  Lálá