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segunda-feira, 23 de julho de 2012

O gelo do boneco de neve…






  Era uma vez uma cidade onde há neve todo o ano, toda a gente fica encantada com a paisagem! 

     Para além da decoração branca, existem nos jardins públicos bonecos espalhados por todo o lado, vestidos e decorados ao gosto das crianças. 
   De entre tantos bonecos que parecem todosiguais, pelo menos no material de que são feitos, nesta história está um muito especial, diferente de todos…feito de gelo, mas não está vestido, nem decorado, não passa de duas bolas de neve, uma em cima da outra. 
     Este boneco está muito triste. Porquê? Descubram através da conversa que ele vai ter com uma menina. 
     O boneco de neve olha em volta…e vê todas as crianças muito felizes, juntamente com os crescidos, a construir bonecos de neve, a pôr-lhes gorros, cachecóis, botões no lugar dos olhos, uma cenoura a fazer de nariz, desenham-lhes boca, usam tronquinhos de árvores a fazer de braços e de mãos, e outros materiais. Estão giríssimos.
O boneco suspira…
- Que tristeza! Ninguém repara em mim… o que é que eu terei de mal, para que ninguém me veja…? Ninguém se aproxima… ai…se eu tivesse aqui um espelho…dava um jeitão… ou…se calhar pergunto ao próximo menino que passar por aqui.
     O boneco ouve um comentário de um menino, que o deixa com alguma esperança, de que alguém vai reparar nele. Mas... 
- Avô… tiramos daqui a neve para fazer um boneco? Estão aqui duas bolas de neve. - diz o menino 
- Não, filho… isso seria um boneco, mas não o construíram mais…- diz o Avô 
- Isto, um boneco?
- Sim, repara bem… !! Podemos construir o resto, o que te parece? 
- Não, avô…eu quero fazer um novo…!!
- Está bem, então fazemos outro.
    O malandreco do menino preparava-se para dar um pontapé no boneco, mas o Avô gritou-lhe e com toda a razão.  
- Não. Pontapés não! Já te disse que assim não brinco contigo e levas tu uma sapatada. Tiro-te já as botas… e ficas de castigo. - ralha o Avô 
- Mas avô… os meus pais dizem que tenho de me defender, e também este não é uma pessoa, não passa de um monte de gelo…! Feio… não tem nada.
- Tens de te defender, quando algumas pessoas te fizerem mal, e não é pagar com a mesma moeda. Dizes aos avós ou aos pais que vamos lá falar com eles. Este não te fez mal nenhum. Além disso, o boneco sente! Tudo o que há na natureza sente. Anda, vamos… construímos outro ali à frente, mas deixa esse aí em paz. 

     Muito bem, Avô. Está a dar uma boa educação ao neto. O boneco suspira de alívio e pensa:
- A canalha é má… já ia levar um pontapé. (p. c) o avô bem me queria reconstruir… mas o raio do pequeno… exigente… tinha de ser um novo… o que se passa comigo…?! Devo ser asqueroso…! Não percebi aquela conversa dele… que sou apenas duas bolas de neve…uma sobre a outra…tenho de me ver, e fazer alguma coisa para que reparem em mim. Sem me ver ao espelho é que não posso fazer nada. Se ao menos aparecesse aqui uma fada … que me transformasse… aaaaiiiii… (p. c.) o que hei-de fazer para repararem em mim…? Hummmm….Acho que já sei… vou… começar a derreter…!!! Deixa – me pensar… vou pensar em sol, a ver se funciona.
       Coitadinho do boneco de neve…com um comentário desses até eu ficava muito envergonhada, triste… escondia-me logo.              Também, quem o começou a construir podia ter acabado. Realmente, tens razão boneco: as crianças agora são muito exigentes…querem tudo de novo! Eu brinquei muitas vezes, com muitas coisas das minhas primas mais crescidas, lá porque já estavam usadas…brincava na mesma e gostava muito delas, até sonhava mais. 
         A tristeza do boneco ia aumentando cada vez mais, ao ver tanta gente a construir lindo bonecos, mas a ele ninguém se dirigia. 
       De repente, ouve uma voz doce, e meiga de uma menina pequenina, com a mãe que olha para ele e cheia de pena diz:

- Mamã…olha este…deve estar doente… já está quase feito… - repara uma menina
- Será que não é de ninguém? - pergunta a mãe 
- Não sei. Vou-lhe perguntar… boneco… ou…pedaço de gelo…estás doente? Tens alguém a construir-te?
- Não. Nem para mim olham…! - responde o boneco 
- Óhhh… coitadinho… não olham para ti? Porquê?
- Não sei. Devo ser muito feio…- comenta o boneco 
- Mas…só és duas bolas de gelo…posso pôr-te bonito? - diz a menina 
- Claro que sim, vou ficar muito contente.
- Mãe…vou pôr estas bolas de neve bonitas… Elas disseram-me que não tem ninguém para as pôr bonitas. Ajudas-me?
- Está bem.
- Trouxeste tudo?
- Sim. Está aqui no saco.
- Vês, boneco… que sorte! Alguém reparou em ti, e vão pôr-te bonito, com certeza. Só podia ser uma menina (ri). Podes acreditar que vais ficar irresistível. Toda a gente vai olhar para ti. (p.c) A menina vasculha o saco, revira tudo, e começa a tirar coisas.
- Hum…por onde é que eu vou começar?
- Começa pelos…olhos…- sugere a mãe 
- Boa. - concorda a menina 
- Põe-lhe olhos azuis…com estes botões…
- Sim… estes… que lindos, estes botões…
- Pois são.
        A menina espeta os botões azuis no boneco, a fazer de olhos. Um botão preto a fazer de nariz, um fecho vermelho a fazer de boca.
       Pega em duas bolinhas de neve e põe uma de cada lado a fazer de orelhas. A mãe molda uns braços e uns pés em neve e coloca no boneco, com dedos e tudo. 
      Está lindo… a menina está deliciada a ver o boneco, abre o fecho da boca e pergunta.

- Podes falar comigo, boneco?
- Olá…! - diz o boneco com um grande sorriso 
- Olá …! - responde a menina a sorrir 
- Como te chamas?
- Rafaela, e tu?
- Chamo-me… não sei….
- Chamas-te não sabes? Que nome é esse?
- Não. Esse não é o meu nome. Estou a dizer é que não sei como me chamo!- ri o boneco 
- Ááááhhh…
- Dá-me tu um nome… tu é que me construíste… - ri o boneco  
- Estás a falar com o boneco?
- Sim. Não o ouves?
- Não… (disfarça) é que…ele fala baixinho… tu é que estás ai á beira e ouves...
- Ele está a dizer que não tem nome! E também está a dizer que fui eu que o construi, por isso vou-lhe dar um nome… qual gostas, Mamã?
- Escolhe tu…!
- Hummm… vai ser…Diogo! Gostas?
- Sim, é um nome bonito!
- Gostas, boneco?
- Por mim, pode ser… tu é que escolhes…      
- Gosto. 
- Obrigada, por me teres construído. E obrigada também, Mãe. - diz o boneco 
- Estás mesmo bonito. Mãe…ele está-te a dizer obrigada por o termos construído.
- Ai é…? Não tens que agradecer, boneco…! - diz a mãe a sorrir 
(Toda a gente fica a olhar para o boneco)
- Vamos brincar…?
- Vamos. A quê?
- Não tens amigos? - pergunta a menina 
- Não…os meus amigos estão todos longe…!
- Que pena…
- Mas podemos perguntar se os outros meninos querem brincar…? - sugere o boneco 
- Olha, boa… assim podemos fazer um jogo colectivo…
- Isso! Tu gostas de futebol?
-;Gosto.
      O boneco dá um valente e sonoro assobio. Todo o parque pára a olhar para ele. Algumas bonecas de neve suspiram, a sorrir…
- Ai! Que lindo…! - suspira uma boneca de neve. 
-Uauu … que borracho!
- Já o tinham visto por aqui?
- Não.
- Aaaaaiii…olhem para aqueles olhinhos azuuiiiissss…
- E aqueles lábios…huuummmm… espetava-lhe já ali uma dentada…!
- Ai, que calor…! - suspiram todas 
- Daqui a pouco derreto…
(riem)
- Humm… vou conhecê-lo…
- Ele vai gostar é de mim…eu é que sou giríssima…
- Convencida!
- Eu vou lá falar com ele…
(Suspiram, e apreciam o boneco).
- Ei pessoal…vai um joguinho? Uma partidinha de futebol, ou caça apanha… qualquer coisa…? Este parque está muito mono…precisa de ser animado.
        Vão – se aproximando, um boneco é o primeiro a dizer que sim, os outros seguem-lhe o exemplo, a seguir está todo o parque em movimento, divertidíssimos. 
        Os bonecos jogam futebol, uns contra os outros e com as crianças que andam pelo parque, correm de um lado para o outro, as bonecas de neve, juntam-se e falam umas com as outras, outros andam de patins, outros meninos deslizam e dão grandes trambolhões, há muitas gargalhadas, fazem corridas de bonecos de neve a ver quem chega primeiro. 
        Há umas quedas e alguns perdem peças de roupa ou acessórios, batem palmas, mas todos brincam uns com os outros. O que era um parque chocho, triste e sem cor, típico de Inverno, torna-se um espaço vivo, cheio de movimento, muita cor, animado, e com calor humano.

- Feliz Natal….!!!! - gritam todos 

                                   FIM
                                 Lara Rocha 
                     ( 5/ Dezembro/ 09)





















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