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segunda-feira, 23 de julho de 2012

A família de São José, o Amor e o Anjo


Personagens:
Narrador(a)
São José
Maria
Menino Jesus
Amor
Anjo

 
Narrador(a) - O São José está sentado à mesa, a ler. Ao lado está o menino a fazer os trabalhos de casa. Maria está a cozinhar. O menino interrompe:
Menino Jesus – Pai…tenho de fazer um trabalho para a escola.
São José – Ai sim, meu filho? O que é?
Menino Jesus – Quero saber como se chama a tua profissão?
São José – Eu sou carpinteiro.
Maria (sorridente e orgulhosa) – Sim, um talentoso carpinteiro e marido!
Menino Jesus – Carpinteiro…? O que é isso?
São José – Um carpinteiro constrói móveis como cadeiras, armários, camas, bancos, mesas…isto…que tu vês. Trabalho com madeira.
Menino Jesus – Áh…sim…que bonito. Então foste tu que construíste a minha caminha? E a tua e a da mamã?
São José – Sim. Mais recentemente…porque quando tu nasceste não havia nada disto.
Menino Jesus – Mas o Avô Jacob também era carpinteiro não era?
São José – Sim, era.
Menino Jesus – Então porque é que ele não fez as nossas camas?
Narrador(a) - O amor vive naquela casinha humilde e simples, mas muito aconchegante. Está a descansar, meio a dormir, meio acordado e ao ouvir esta história estremece, e levanta - se. Não ouvem nem interagem com o amor.
Amor – Chamaram – me?
Anjo – Sim. Estão a falar de ti! Ora ouve!
Narrador(a) – O São José continua a responder.
São José – Porque antes de tu nasceres…tivemos de fugir por causa da perseguição de uma pessoa má, que não gostava de nós e que queria fazer mal.
Amor – Não…afinal, não me chamaram. Não tenho filhos com esse nome! (p.c) Credo! Eu tenho sempre bom gosto. Nunca daria tal nome a um filho meu…má…lhec! (p.c) Todos os meus filhos são bons.
Anjo – Hellôu…ainda estás meio a dormir. É claro que estão a falar de ti. Ouve com atenção! Aliás…tu assististe à união destes dois corações bons.
(O São José continua)
São José – Sim…Fomos para muito longe! Até que tu deste sinal, e tivemos de nos abrigar numa cabaninha.
Amor – Alto! Agora sim, estão a falar de mim. Fugiram juntos, por mim (sorri, suspira apaixonado). Quer dizer, fugiram para viver juntos um grande amor, sem a presença de pessoas más. (p.c) Ui, até me dão calafrios ao ouvir estas coisas. Pessoas más… (estremece) Esses meus vizinhos estão sempre por aí. O Sr. Ódio, a Dona Raiva, a filha Violência, a filha Vingança e companhia limitada. São tantos que eu esqueço-me do nome de todos. Como não gosto deles, afasta-mo.
Maria (triste) – Foram tempos muito difíceis.
Amor – Sim, mas vocês ultrapassaram tudo porque eu estava presente. Não é para me gabar…mas é verdade! (p.c) Sempre que eu estou presente, as relações entre as pessoas correm bem, ultrapassam todas as dificuldades. (p.c) Quando não estou presente, as relações acabam ao primeiro sacrifício que aparece. (p.c) E aparecem os meus…rivais…! (p.c) Desculpem, nem gosto de falar deles.
Anjo – Acordaste! (p.c) Tens toda a razão, só que infelizmente muitas pessoas não percebem isso.
Amor – Eu sei que sou bom, belo, maravilhoso…mas também…não posso estar em todos os lados, ao mesmo tempo.
Anjo – Pois, isso as pessoas também não sabem!
Amor – Sabes, eu às vezes tenho de fazer isso de propósito. São testes que faço às pessoas, para ver o valor que elas me dão, e se me conhecem mesmo. Como fizeram estes dois seres maravilhosos. Eu também lhes fiz esses testes. E passaram em todos. Foi por isso que lhes entreguei um prémio. Esta criança.
Anjo – Sim. Este é um bom exemplo.
(O São José continua)
São José - Como o Avô não estava presente, tivemos de criar uma caminha de outra maneira. Usamos o que tínhamos à mão. Encontramos um estábulo, e aproveitamos um fardo de palha para te deitarmos e ficares quentinho.
Maria (sorri) – Foi o amor que sentimos por ti, que aqueceu aquela noite gelada, aquele sítio…silencioso, muito desconfortável.
Amor (sorri, vaidoso) – Ai, tão querida! (p.c) Adoro as minhas histórias…
Anjo (sorri, apaixonado) – Ai… (suspira) Adoro lindas histórias de amor.
(O menino pergunta)
Menino Jesus – Mas o amor não está no coração? Aqui…dentro de nós…? Debaixo da nossa pele?
Amor (dá uma gargalhada) – Ai, ai…estes adultos dizem cada coisa a meu respeito às crianças…!
Anjo (ri) – O que é que esperas? Tu és tão complicado de entender, para os adultos, o que fará para uma criança…!
Amor – Desculpa…eu sou simples demais. As pessoas é que gostam de me complicar. E vagueiam muito a meu respeito.
Anjo – Não fiques ofendido! Toda a gente te representa assim. E a verdade é que entras em alguns corações, certo?
Amor – Certo. Disseste bem…em alguns…porque há muitos que me fecham as portas do coração na cara. Claro…estando lá os meus vizinhos, já não posso entrar. Eles são muito…espaçosos.
Narrador(a) - Anjo e Amor riem. Os pais sorriem.
Pais – Sim, querido!
São José – Está no coração, dentro de nós, debaixo da nossa pele, mas quando esse amor é verdadeiro e puro, é tão grande que atravessa a nossa pele, e comanda-nos…faz com que todos demos carinho aos outros. Percebeste?
Menino Jesus – Não.
(O amor ri – se).
Amor (a rir) – Compreendo – te, rapaz. Eu também no teu lugar não percebia.
Anjo (sorri, deliciado) – Que lindo!
Amor (sorri, vaidoso) – Eu sei que sou lindo…!
Anjo – Mas que grande convencido…! (p.c) Não estava a falar de ti…estava a falar na inocência da criança, e na doçura destes pais.
Amor – Admite…até tu me achas bonito.
Anjo – Eu nem te respondo a isso.
São José – É como se fosse uma marioneta. Sabes o que é uma marioneta não sabes?
Amor – Uma quê?
Menino Jesus – Humm…não.
São José – É isto… (mostra – lhe uma marioneta de madeira) Vês este boneco?
Amor – Que comparação…! Eu sou assim tão feio…?
Anjo – Este é um boneco…que eu saiba não és um boneco, embora algumas pessoas achem que sim…!
Menino Jesus – Sim. É um boneco que tu construíste…parece uma pessoa.
São José – Ele tem estes fios, certo?
Menino Jesus – Sim.
Amor – Realmente não sou eu…Ufff…! Que susto!
Anjo – Não, tu apareces em forma de coração.
Amor – Em forma de coração…? Porquê?
Anjo – Não sei.
São José – Então…ele assim não se mexe…a pessoa má era assim…parecia um pedaço de maneira oco, não tinha nada dentro. Mas…eu tinha amor… (começa a puxar os fios da marioneta) vês ele a mexer – se?
Amor – Sim, é verdade.
Anjo – Eu também sou testemunha.
Menino Jesus (muito surpreso) – Ááááhhh…fizeste magia! (sorri)
São José (sorri) – Esta tem amor…tem coisas boas dentro, e eu gosto dela…é por isso que ela se mexe. Quando as pessoas são boas, mexem – se, e mexem com os outros. As boas pessoas aquecem – se e aquecem os outros também…com algumas coisas que fazem falta, mas principalmente com o amor delas, com a simpatia, com a educação, com os carinhos que trocam umas com as outras, com os sorrisos ou uma palavras amiga, quando são amigas umas das outras…
Amor – Ááááhhh…boa! Este conhece-me bem. Também mau era! Vivo aqui com ele, se não me conhecesse…já quando ele conheceu esta Deusa…monumental…
Menino Jesus (sorri) – Então, nós os três somos boas pessoas, é isso?
Pais (sorriem) – Sim.
Amor (a rir) – Realmente tens razão Anjo…o miúdo percebeu o exemplo que me parecia absurdo, para falar de mim!
Anjo (sorri) – Eles sabem o que fazem e o que dizem.
Menino Jesus (sorri) – Então é bom sermos boas pessoas.
Pais – Claro, filho.
Anjo e Amor – Claro!
Anjo (sorri) – Não tenhas dúvidas disso. As boas pessoas é que têm valor, e essas é que são felizes!
Maria – E tu também és muito boa pessoa.
Anjo (sorri) – Sim, qualquer criança é boa pessoa, enquanto é criança. Quando crescem, uns continuam boas pessoas, outros perdem – se!  
São José – Os teus Avós já me ensinaram isso, e nós também te ensinamos isso!
Menino Jesus – E porque é que essa pessoa era má?
Amor – Até fico com azia, ao ouvir estas coisas.
São José – Porque essa pessoa também gostava muito da tua mamã, e queria – a para ele. Não era para lhe dar amor…era para lhe fazer maldades.
Amor – Claro, eu nunca poderia estar presente numa família daquelas. 
Maria – Mas eu escolhi o teu pai, porque é um homem bom, tinha e tem sentimentos verdadeiros por mim. A outra pessoa só tinha coisas feias dentro dele.
Amor (sorridente) – Aqui, estive eu, claro! (p.c) Eu sei o que faço, e sei quem me dá valor.
Menino Jesus (sorri) – Ainda bem que escolheste este Papá para mim. Mas, agora tenho uma pergunta para ti também, Mamã…!
Maria (sorri) – Ai sim? Diz lá…
Menino Jesus – Como é que eu apareci…?
Maria (sorri) – Foi um Anjo que te trouxe.
Anjo (orgulhoso e sorridente) – Fui eu mesmo.
São José – Sim. Foi um prémio!
Amor (vaidoso) – Um prémio à minha pessoa, com certeza! Fui eu que te mandei entregar o prémio. Lembras – te Anjo?
Anjo – Sim…porque eu também gosto de ti.
Maria (sorri) – Um prémio pelo nosso amor!
Menino Jesus (sorri) – Pai…Mãe…eu sinto – me sempre muito quentinho…então isso quer dizer que tenho aquele sentimento que aquece, está no coração, dentro de nós. E é verdadeiro…tão grande, tão grande…que não cabe todo aqui…?
Pais (sorriem) – Sim.
Anjo (deliciado, sorri) – Tão lindo!
Amor (sorri) – Sim, sou eu.
Anjo – O menino!
Amor – E eu também sou lindo, que eu sei! (p.c) Mais um que já me conhece…eh, eh, eh… (ri, e dá saltinhos de contente).
Maria (sorri) – Tens muito amor para dar.
Pai (sorri) – E também recebes muito amor.
Maria (sorri) – É todo este amor que torna os locais confortáveis, quentinhos, e que nos torna saudáveis, felizes.
Amor (vaidoso, sorri) – Sim, é verdade!
Menino Jesus (sorri) – Pai…Mãe…obrigada por todo o amor que me dão…sou muito feliz convosco…! Gosto muito, muito, muito…de vocês.
Pais (sorriem, orgulhosos) – Nós amamos-te muito!
Anjo (comovido) – Que momento tão profundamente bonito! Aaaaaiiii… (suspira).
São José – Obrigado, Amor, pela tua presença na nossa vida e na nossa família.
Maria – Obrigada, Amor, pela tua presença na nossa vida e na nossa família. Sem ti, não conseguiríamos ultrapassar todos os maus momentos que tivemos, e obrigada por este prémio…este filho…!
(Ficam em estátua).
Fim.
Lálá  
(20/ Janeiro/ 2011)









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