Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 23 de julho de 2012

As vindimas na casa dos Avós
















foto de Lara Rocha 


     Setembro é época de vindimas em muitas aldeias. Esta aldeia fica no Douro, uma zona lindíssima, muito verde, de vinhas pequeninas, em campos enormes, onde se produzem uvas, maçãs, peras, castanhas, nozes e amoras.
        A Carolina, o Gonçalo, o Gabriel, a Diana, a Sofia, o Hugo e o Diogo, são primos, e vivem numa grande cidade, mas ao fim-de-semana e nas férias vão muitas vezes para a aldeia, no Douro, onde vivem os Avós.
        É uma grande alegria quando vão para a aldeia, pois lá não falta espaço para correr, jogar à bola, saltar, brincar, fazer muitas coisas divertidas, mas principalmente pelo ar puro e pela água fresca, pelo contacto com os animais e mexer na terra…que divertido!
As mães é que não acham muita piada ter de lavar a roupa que fica muito suja, mas é saudável.
As crianças estão eufóricas, pegam nos sacos e brinquedos, levam para o carro e vão a cantarolar, a falar e a rir com os pais durante toda a viagem.
Chegam à aldeia dos Avós, os Avós estão igualmente felizes por ter a casa cheia, cumprimentam-se alegremente, pousam as coisas em casa, e as crianças: Carolina, Gabriel, Diana, Sofia, Hugo e Diogo vão a correr de mãos dadas à quinta, cumprimentar os animais.
Acariciam os bodes, as cabras, os cabritos, as ovelhas, os cães, os coelhos, os pintainhos, as galinhas, as vacas que ainda estão na corte, os vitelos, os porcos, os cavalos, as éguas, os póneis e alguns gatos.
Os pais chamam-nos…dão mais uma corrida e vão ter com os adultos a casa. A Carolina pergunta à sua mãe:
- Mamã, podemos ir brincar?
A mãe ri e responde:
- Sim, podem ir apanhar aquelas folhas que estão no chão!
        As crianças protestam:
- O quê?
        O Gonçalo faz-se de cansado e tenta a sua sorte a ver se se livra do trabalho:
- Óh mãe…eu não vou apanhar folhas! Estou cansado!
        A mãe e a Avó riem, e a Avó responde:
- Sim, querido acredito mesmo…coitadinho do menino…está a ser explorado!
        A mãe do Gonçalo acrescenta:
- Já nasceu cansado! Quando começares a apanhar as folhas, o cansaço passa-te!
        O Gonçalo reclama:
- Óh mãe…
        A mãe relembra-o:
- O que é que combinamos em casa, seu preguiçoso…?! É para ajudar a Avó.
        Huguinho incentiva o primo:
- Anda lá, Gonçalo, vai ser divertido.
        Dioguinho provoca:
- Vou-te ganhar…vou ser eu que vou apanhar mais folhas.
        Diana está entusiasmada:
- Avó, podemos dançar em cima das folhas?
        Sofia tem outra ideia:
- Avó, podemos atirar as folhas ao ar?
        A Avó ri e responde:
- Sim, queridos, podem fazer tudo o que quiserem mas depois deitam as folhas nos baldes está bem?
        Todos respondem:
- Está bem!
        A Avó estimula-os dizendo:
- Depois haverá uma sobremesa especial.
        As crianças saltitam de alegria e gritam:
- Iééééé…!
        O Gonçalo está curioso:
- Avó o que vai ser essa sobremesa?
        A Avó ri e responde:
- Tu depois vês…
        O Gabriel concorda com a Avó:
- Claro que a Avó não vai dizer agora se não deixa de ser surpresa!
        Todos estão de acordo e respondem em coro:
- Pois é!
        A Avó começa a andar e chama-os:
- Vá…venham.
        A Avó pega nos três baldes e Gabriel quer saber como vai apanhar as folhas:
- Avó como é que vamos apanhar as folhas?
        A Avó sorri e responde:
- Com as mãozinhas, queridos!
        Gabriel fica chateado e resmunga:
- Com as mãos…? Que nojo…vamos sujar as mãos todas!
        Todos riem e a Avó lembra:
- Que problema sujares as mãos…! Quando jogas à bola também te sujas…e não é só as mãos! (p.c) Além disso, há muita água nas torneiras, sabonete e toalhas…!
        As meninas riem. A Avó encaminha-os para o átrio meio coberto que está cheio de folhas arrastadas pelo vento. Eles nem querem acreditar no que estão a ver. Soltam uma grande exclamação:
Todos – Eeeeeeeeeeeiiiiiii…!!!!
        A Carolina surpresa diz:
- Quem é que fez isto?
        Sofia responde:
- Deve ter sido o vento!
        A Avó ri e responde:
- Sim, claro que foi o vento. Quem mais poderia ter sido?
        Gabriel, Hugo e Diogo lançam hipóteses:
- Podiam ter sido os cavalos que ao correr atiraram para aqui as folhas…
- Ou um gato que subiu às árvores e atirou para aqui as folhas…
- Ou uns pássaros que andaram à luta, e abanaram as árvores…e…as folhas caíram.
        A Avó ri-se, e diz:
- Quero ver isto tudo muito limpinho. Não pode ficar uma única folha a ver-se.
        Sofia questiona a Avó:
- Porquê Avó?
        A Avó explica:
- Porque assim fica feio, e depois, as folhas com a chuva desfazem-se e estragam o chão, ganham bichinhos…
        As meninas ficam enojadas:
- Lhec! Que nojo…!
        Diana reforça:
- Não queremos bichos Avó…vamos limpar isto tudo. Fica descansada.
        Hugo está ainda assustado com a quantidade de folhas e protesta:
- Avó…temos de apanhar isto tudo…mesmo?
        A Avó responde com um sorriso:
- Sim! Se não não há sobremesa especial.
        Hugo parece que de repente apanhou um choque eléctrico e responde:
- Vamos apanhá-las todas…eu vou ser o que vou apanhar mais.
        Diogo ainda tenta dar a volta:
- São tantas…nunca mais vamos acabar.
        A Avó ri-se e incentiva-os:
- São muitas, mas vocês também são…vão ver que vão apanhar isto tudo num instantinho.
        Gabriel lembra-se:
- Só se chamarmos o super-homem, ou o Peter-Pan…!
        Sofia tem outra sugestão:
- Não, não…esse não faz nada! Mas a gata borralheira podia ajudar-nos, ela já deve estar habituada, e usa a vassoura…
        Carolina prefere outras personagens para ajudar:
- E os anões da Branca de Neve!
        Diana é a favor de um castigo para o responsável por todas aquelas folhas no chão:
- Naaa…quem devia apanhar isto tudo era o vento! Se foi ele que deixou esta lixeira toda aqui, tinha que ser ele a limpar.
        As meninas concordam, mas Sofia questiona-se:
- Mas óh Diana, onde é que ele ia deitar as folhas?
        Diana responde rapidamente:
- Então…? Deitava nos baldes como nós vamos fazer!
        Sofia não fica convencida e coloca outra pergunta:
- Mas…ele não tem dedos nem mãos…como é que ia ser…?
        Diana relembra:
- Não tem dedos nem mãos, mas tem sopros fortes que servem de dedos e mãos não é Avó?
        A Avó está deliciada a ouvir a conversa das meninas, ri-se e responde:
- Sim, é verdade. Todas têm razão…mas não precisam de chamar ninguém. Vocês todos juntos são muito mais fortes e muito mais rápidos do que esses amigos todos que disseram. Vá…toca a apanhar.
        Estão todos prontos para apanhar as folhas, mas Diogo tem um pedido especial para fazer à Avó:
- Avó, antes de deitarmos para aqui as folhas, deixa-nos brincar um bocadinho com elas…
        A Avó sorri e autoriza:
- Está bem. Podem saltar em cima delas, atirá-las ao ar, mas metam-nas aqui nos baldes…!
        Todos saltitam de alegria, e saltam felizes em cima das folhas, atiram-nas ao ar, e uns aos outros, riem muito, e vão metendo todas as folhas nos baldes. A Avó aprecia-os deliciada, a sorrir, e pergunta-lhes:
- Meninos…vejam a quantidade de cores que as folhas têm…digam lá quais são as que vêem…! Cada um apanha uma folha e diz a cor. A primeira é a Carolina:
- Verde.
        Gabriel encontrou outra diferente:
- Esta é castanha.
        Diana grita:
- Olhem, encontrei esta Amarela…
        Sofia tem outra cor:
- A minha é vermelha.
        Hugo remexe nas folhas e encontra no meio das repetidas, uma com duas cores:
- Ei, esta é muito gira…tem duas cores…é verde e amarela.
        Diogo mostra outra misturada:
- Esta ainda é mais gira…verde e vermelha!
        Carolina encontra outra diferente:
- Olhem esta…cor-de-laranja…!
        Gabriel tem outra:
- Vermelha e amarela…!
        E vão dizendo as cores de cada folha que encontram e põem nos baldes, reparando também nos seus tamanhos e formas, e comparando-as. A Avó está babada a olhar para a felicidade das crianças e para o entusiasmo com que apanham as folhas, mas tem de ir para o campo. Por isso, ela avisa os netos:
- Queridos, vou para o campo. Continuem…estão a ir muito bem. Quando acabarem este lado, vão para aquele…e para aquele…está bem?
        Todos respondem em coro sem tirar os olhos das folhas:
- Sim.
        A Avó faz outro aviso:
- Quando estiverem os baldes cheios chamem está bem?
        Todos respondem em coro:
- Está bem Avó!
        A Avó sai e as crianças ficam entretidas a apanhar as folhas. Quando os baldes já estão cheios, eles gritam pela Avó. A Avó vai ter com eles, e todos gritam:
- Avóóóó…já estão cheios!
        A Avó sorri e elogia-os, orgulhosa:
- Ááááhhh…! Muito bem! Ficou mesmo bonito…! Estão a ver como foi rápido, e como conseguiram fazer isto tudo num instante…? Nem precisaram de chamar ninguém.
        Elas sorriem, orgulhosas e vaidosas. Gabriel responde sorridente:
- Foi muito divertido Avó!
        Os primos concordam:
- Pois foi!
        Diana acrescenta:
- E vimos folhas de muitas cores, de muitos tamanhos…
        Sofia acrescenta:
- Sim, algumas folhas eram pequeninas, outras grandes e umas eram recortadas, outras só eram metade…
        Carolina dá a sua opinião:
- Eu adorei Avó! Nunca tinha visto folhas tão bonitas, e tantas…!
        A Avó ri e responde:
- Estão a ver…?! Fizeram um óptimo trabalho. Vão ter direito a sobremesa especial.
        Já estão todos com água na boca e cada um dá os seus palpites do que será…Diana acha que:
- Eu acho que essa sobremesa vai ser…bolo de nozes…
        Carolina gosta dessa sobremesa, mas acha que vai ser:
- Eu acho que vai ser bolo de chocolate…com nozes…!
        Diogo não aguenta tanta curiosidade e resmunga:
- Óh…óh Avó diz lá o que vai ser…!
        Sofia resmunga com ele:
- Não sejas chato Diogo…! Avó não lhe digas.
        Todos protestam:
- Nhéééé…!
        A Avó ri-se e pergunta:
- Pronto, não precisam de discutir. Querem vir agora comer alguma coisa, ou beber?
Todos respondem em coro:
- Sim!
        Sobem com a Avó a falar alegremente para a cozinha. A Avó parte umas fatias de bolo para cada um e dá-lhes sumo natural de amoras que fez. Eles comem e bebem deliciados:
- Huuummm…que delicia!
        Diana reforça:
- Avó…está mesmo bom este bolinho!
        Carolina concorda, mas também elogia o sumo:
- Sim, está mesmo muito bom, mas o sumo também está!
        Hugo quer saber mais:
- Avó, onde apanhaste as amoras para fazer este sumo tão bom?
        A Avó responde:
- Foi ali no campo de baixo!
        Diogo quer saber outra coisa:
- Avó, e onde foste buscar estas nozes do bolo?
        A Avó responde:
- Também são ali do jardim.
        As crianças fazem mais algumas perguntas à Avó, e esta responde a todas, sempre com um sorriso. Chega a hora do almoço, e juntam-se todos na cozinha.
Estão regalados com o petisco da Avó, e fazem um almoço com conversas animadas e muitas gargalhadas, regada com bom vinho e produtos caseiros, incluindo a sobremesa.
No fim do almoço todos dormem uma sesta e quando acordam voltam para o campo. As crianças querem fazer alguma coisa e Gabriel pergunta à Avó:
- Avó…o que fazemos agora?
        A Avó sugere-lhes:
- Olhem, podem ir para os campos ajudar a apanhar maçãs, peras, castanhas e o que houver mais.
        Todos saltitam de alegria e vão a correr para o campo onde está o Avô no tractor e os pais e os tios a ajudar.
Primeiro, as crianças ficam em cima do tractor e põem as frutas que os pais lhes passam nos baldes, alegremente.
Depois, descem do tractor e apanham castanhas, abrindo os ouriços com os pés e tirando as castanhas. Estão encantados com o que vêem e põem as castanhas nos baldes.
Ainda lhes sobra tempo para correrem pelos campos, e apanhar flores silvestres para a Avó e para as mães.
À noitinha regressam todos a casa, estafados e esfomeados, por isso deitam-se cedo mas antes de dormir as crianças ainda brincam uns com os outros, com os brinquedos que levaram.
Na manhã seguinte, as crianças meninas, ajudam as mães, as tias e as Avós a fazer sobremesas especiais com nozes, castanhas, amoras…numa grande alegria, enquanto os meninos foram com os pais, os tios e os Avós às compras.
Depois de um bom almoço, as crianças ainda brincam ao ar livre, até voltarem para casa.
        No fim-de-semana seguinte, juntam-se novamente na aldeia, e desta vez é para colherem as espigas. As crianças participam activamente nesta tarefa, desfazem algumas espigas (separam as bolinhas do milho) para os animais, e o resto espalham as espigas no sobrado para secarem.
As crianças deitam o milho aos animais, acariciam-nos e brincam com eles, riem divertidos, correm livres e soltos, andam montados nos cavalos e póneis orientados pelos adultos, enquanto na cozinha a Avó faz pipocas e prepara pratos apetitosos para o almoço. Todos comem deliciados, e depois de mais um dia em cheio, voltam para casa…até ao fim-de-semana seguinte.

Quem não se lembra das vindimas…? É sempre uma altura de festa e animação! Crianças…perguntem aos vossos pais como era…!

FIM.
Lálá
(11/Setembro/2011) 
       

         

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras