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segunda-feira, 23 de julho de 2012

O palhacinho pintor de sorrisos


Era uma vez um lindo e simpático rapaz palhacinho, que embora se sentisse feliz por ver as pessoas a rir das suas brincadeiras, sentia falta de amigos porque estudava e trabalhava como palhacinho, por isso não tem muito tempo para fazer amigos.
Certo dia, o palhacinho que não estava muito contente foi a casa de uma vizinha, uma senhora já com uma certa idade mas muito simpática e enérgica, bem-disposta, a quem o palhacinho chamava carinhosamente de Vóvó ou Avó. Essa senhora tomou conta dele desde que ele nasceu porque os seus pais tinham de sair muito cedo para ir trabalhar. A senhora tem umas mãos de fada para cozinha e para trabalhos manuais como bordados, pintura, construções, decorações de flores...faz obras lindíssimas.
À entrada da casa sente-se um cheiro delicioso a bolo de chocolate. O rapaz fica com água na boca e grita da janela da sala aberta:
Rapaz – Avó...posso entrar?
         A senhora que estava tão entretida com as suas novas obras estremece com o susto e grita:
Avó – Ai, que susto...(p.c) Uuuuiii...entra moço.
O rapaz ri-se.
Rapaz (a rir) – Desculpe. Pensei que me tinha visto.
Avó – Como é que eu te podia ter visto, se estou aqui entretida?!
         O rapaz salta pela janela, abraça a senhora e beija-a carinhosamente. A Avó ri-se.
Avó (a rir) – Seu descarado...a entrada é pela porta, não é pela janela. (os dois riem)
Rapaz (sorri) – Está bem, para a próxima entro pela porta. (p.c) Como está desde ontem?
Avó (sorri) – Estou igual a ontem, e tu?
Rapaz (sorri) – Eu também. 
Avó (sorri) – Hoje vi os teus pais...saíram ainda não havia sol!
Rapaz – E o que estava a fazer acordada a essa hora?
Avó – Eu acordo sempre muito cedo!
Rapaz – Pois, deita-se sempre com as galinhas.
Avó (sorri) – Claro.
Rapaz – Está a fazer um bolo de chocolate não está?
Avó (sorri) – Sim...já te cheirou!
Rapaz (ri) – Claro! Com um cheirinho destes sente-se a quilómetros.
Avó (sorri) – Daqui a nada podes comê-lo! Está a ficar pronto.
Rapaz (sorri) – Huuummm...que bom! (p.c) o que vai fazer?
Avó – Olha, vou construir umas bonecas de pano!
Rapaz – Faça uma para a minha mãe, se faz favor. Ela gosta muito das suas bonecas e das outras coisas que faz.
Avó (sorri) – Com certeza...então tu vais ajudar-me!
Rapaz – Eu? Mas...eu não sei fazer isso!
Avó (sorri) – Eu ensino-te! Tenho a certeza que vais aprender rapidamente. Ora...vê.
         A avó explica como se faz, ele aprende e experimenta, enquanto conversam os dois animadamente. Num instante ficam várias bonecas construídas, lindas, com cabelo, olhos, nariz e uma boquinha, sardas, bochechas rosadas, algumas têm brincos...todos os detalhes. A roupa das bonecas é cada qual a mais bonita. O rapaz também as faz e sorri. A avó vai buscar o bolo, e os dois comem.
Rapaz – Óh...óh Avó...estas bonecas são bonitas, mas falta alguma coisa...não sei bem o que é...mas acho que falta um retoque especial...!
Avó – Mas...elas têm tudo...não sei o que poderá ser...! (p.c) Áh...olha, nunca foste ao meu sótão ver as outras bonecas que fiz, pois não?
Rapaz – Não!
Avó – Vou trazê-las para tu veres.
Rapaz – Vou consigo para a ajudar!
         Os dois vão a um compartimento e a Avó tira vários caixotes para baixo. O rapaz ajuda a Avó a tirá-las do caixote. Fica abismado com tanta boneca e cada qual a mais bonita.
Rapaz – Avó...tem aqui cada boneca mais bonita...isto devia estar à mostra!
Avó (sorri) – Sim...?! Achas? Eu construo-as, e cada uma delas conta uma história...
Rapaz – Uma história triste não?!
Avó – Huuummm...algumas sim...como é que sabes?
Rapaz – A Avó já me contou muitas das suas histórias...o ar delas é todo triste!
Avó – O ar delas é todo triste...?! Mas...elas não estão a chorar!
Rapaz – Não é preciso estarem a chorar com lágrimas para estar tristes...mas...olhe para a boca delas...não têm sorriso...se tivessem sorriso estavam mais abertas, mais bonitas, com os olhos mais luminosos!
Avó – Óh filho, as cores é que são antigas...e parecem um pouco inexpressivas, mas não quer dizer que estejam tristes! Além disso, não sei fazer melhor.
Rapaz – Quais são as bonecas que têm histórias felizes?
         Fantástico...a Avó olhou para cada boneca, e de entre todas muito semelhantes, a Avó distinguiu as bonecas que contavam histórias felizes e as que contavam histórias mais tristes. Essas histórias que as bonecas contavam eram todas da Avó...ela construiu-as de acordo com o seu estado de espírito, mas nas bonecas que contavam histórias felizes, a Avó tinha-se esquecido de pintar um sorriso. O rapaz tem uma ideia.
Rapaz – Avó...posso fazer uma coisa aqui nas suas bonecas?
Avó – Óh rapaz, o que é que tu vais inventar...? Não me estragues as minhas bonecas!
Rapaz – Não se preocupe, não as vou estragar, acredite...vou torná-las ainda mais bonitas. A Avó deixa?
Avó – Ai, meu filho...vê lá o que vais fazer.
Rapaz – Confie em mim!
Avó – Está bem...faz lá o que entenderes!
Rapaz – Onde tem as tintas para as desenhar?
Avó – Estão ali na gaveta...não vais desenhar sem vergonhices pois não?
Rapaz (ri-se) – Não! (p.c) Vai ver que vão ficar lindíssimas...
         A Avó dá-lhes as canetas de desenhar mas está um pouco preocupada.
Rapaz – Avó...vá fazendo as outras novas, que destas cuido eu!
Avó – Está bem!
         Enquanto a Avó constrói novas bonecas, o rapaz reconstrói as outras...desenha sorrisos abertos e coloca brilhos nos olhares. A Avó de vez em quando respeita e fica surpresa, sorri.
Avó (sorri) – Áááááhhh...que lindas!
Rapaz (sorri) – Eu disse que podia confiar em mim! (p.c) Se estas bonecas contam histórias felizes, têm de mostrar que estão felizes...e isso vê-se nos sorrisos abertos, mas principalmente no brilho dos olhares...assim...como se tivessem pequeninas lágrimas de cristal...que transmitem essa felicidade...porque estando felizes, o sorriso fica mais aberto e, os olhos mais brilhantes.
Avó (sorri) – Sim...tens toda a razão.
Rapaz (sorri) – A avó agora também está feliz...! Vê-se...! Fica muito mais bonita! Até as rugas quase desaparecem.
         A avó ri.
Avó – Que simpático!
Rapaz (sorri) – E sabe o que podíamos fazer nas outras que contam histórias tristes...?
Avó – Desenhar uma lágrima!
Rapaz – Sim, mas podíamos pôr um sorriso ligeiro nelas.
Avô – Um sorriso ligeiro nelas...mas óh filho, se elas estão tristes, não podem ter sorriso, porque quando estamos tristes, não sorrimos!
Rapaz – Está enganada Avó...com todo o respeito! Eu sorrio na mesma quando estou triste, porque as outras pessoas que podem estar tristes, ou não...quando vêem o meu sorriso...mesmo quando estou triste...sorriem e assim fico mais feliz...porque vejo que a minha presença faz alguém sorrir ou rir! (p.c) O sorriso é contagioso! (p.c) Se desenharmos um ligeiro sorriso nas bonecas tristes, e uma lágrima pequenina, até as histórias tristes que elas contam vai custar menos a ultrapassar...e...ao sorrir também podem dar ideia de que estão tristes, mas estão felizes...ou...que estão a chorar de felicidade...ou que estão tristes, mas há alguém ou alguma coisa que as deixa felizes, ou que as faz sorrir. (p.c) O que diz?
Avó (sorri) – Áááááhhh...mas que rapaz tão inteligente...e sensível...! (p.c) Disseste coisas muito bonitas e verdadeiras.
Rapaz (sorri) – Além disso Vovó...se as bonecas só estiveram tristes, ninguém se vai aproximar delas...porque ninguém gosta de estar triste, nem de ver os outros tristes...não é?!
Avó (sorri) – Sim, claro!
Rapaz (sorri) – Pois...por isso é mesmo melhor que elas tenham uma lágrima pequenina e um sorriso, nem que seja ligeiro...não acha?
Avó (sorri) – Sim, filho! Faz lá então como entenderes! (p.c) Até eu estou feliz agora por te ter aqui, e pelo que tu estás a fazer...! (p.c) Tens toda a razão...as bonecas que contam histórias tristes, com o sorriso delas, até vai custar menos lembrar dessas histórias!
Rapaz (sorri) – Sim! Se calhar no meio dessa tristeza também há alguma coisa boa que faz mostrar um sorriso pequenino!
Avó – Sim...!
         Os dois continuam numa conversa muito animada, a Avó a construir as bonecas, e o rapaz a construir os sorrisos nas bonecas, e as lagriminhas...ou...estrelinhas nos olhares das bonecas. Também retoca a cor rosada das bochechas das bonecas.
Avó (sorri) – Muito mais bonitas! (p.c) Obrigada querido!
Rapaz (sorri) – De nada! Agora pode deixá-las cá fora, e lembrar-se das coisas boas, por isso deve olhar mais para as bonecas que estão com os sorrisos abertos! (p.c) Agora, se não se importa vou para o meu trabalho...!
Avó (sorri) – Vais construir mais sorrisos nas pessoas não é?
Rapaz (sorri) – Sim...vou construir mais sorrisos, com estrelas e pequenas lágrimas de cristal...nas pessoas com quem me cruzar!
Avó (sorri) – Tão lindo...! Vai filho, obrigada pela ajuda, pela tua presença e por teres pintado na minha cara enrugada um sorriso! (p.c) Volta em breve!
Rapaz (sorri) – Sim, vovó...voltarei em breve para construir mais lindos sorrisos com estrelas na sua cara e nas suas bonecas. (p.c) Até logo, Avó.
Avó (sorri) – Até logo, meu amor...! bom trabalho!
         O rapaz sai de casa da senhora, contente, vai a casa vestir-se de palhaço, com corres garridas, bem pintado e acessórios e vai pelas ruas...alegremente, a cantarolar, a dançar e a brincar! Por onde passa constrói muitos sorrisos abertos, risos e planta estrelas nos muitos olhares e caras que se cruzam com ele. Isso deixa-o muito feliz! Essa é mesmo a função dos palhacinhos...e devia ser a função de todos nós...mas nem sempre o conseguimos! Era bom que todos tivéssemos o poder de pintar ou construir sorrisos uns nos outros e plantar estrelas nos olhares uns dos outros.
FIM
Lálá
 (30/ Agosto/2011)

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