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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Áh! Que surpresa para todos.

Era uma vez umas meninas que estavam a passear pela sua aldeia, muito perto das suas casas, alegremente e uns cãezinhos que as seguiam.
O dia estava quente, sentia-se um vento igualmente quente, viam-se umas nuvens no céu, e toda a paisagem em volta já indicava que a chegada do Outono estava para muito breve. Havia castanhas no chão e muitas folhas verdes, amarelas, vermelhas, castanhas, e com cores misturadas, bugalhos e pauzinhos, e as uvas penduradas. Os campos estavam carregados de espigas grandes, cabacinhos e outros produtos que tinham sido cultivados. Uma paisagem maravilhosa. Linda.  
As amiguinhas caminhavam a cantarolar alegremente, e a falar umas com as outras. Paravam e apanhavam flores silvestres amarelas, roxas, brancas, alguns malmequeres e construíam lindos raminhos para oferecer às mães e às avós, enrolando-as em grandes folhas de árvores verdes, que estavam caídas e atavam com barba de milho das espigas que estavam no chão.
Enquanto isso, os cãezinhos das meninas brincavam juntos: corriam, saltitavam, ladravam, cheiravam tudo o que encontravam, rebolavam na terra, bebiam água que caía de um tubo num tanque de pedra, e seguiam as meninas.
Mais à frente, nesse monte, as meninas vão ter a um campo que está ao abandono: seco, cheio de paus enormes, uns mais grossos, outros mais finos, ervas enormes, secas, palha espalhada por todo o terreno, silvas, terra sem qualquer cultivo. Como já não chovia há muito tempo, a terra estava demasiado seca. Metia medo!
As meninas não queriam acreditar no que estavam a ver. Elas que estavam habituadas a ver os campos todos verdinhos, bem tratados, organizados, com aspecto de frescos e carregados de plantações…aquele pedaço de terra não tinham nada! Soltam todas uma grande exclamação, tristes, e com pena do que viram.
TODAS – Ááááhhh…!
NÁRA – Olhem para isto!
ISABEL – Isto é um campo?
TODAS – Acho que sim.
MARGARIDA – Mas o que é que aconteceu aos legumes, e ao milho…e às couves, aos cabaços, às flores…e a muitas outras coisas boas?
TODAS – Não tem nada!
DIANA – Isto não é dos nossos avós nem dos nossos pais, pois não?
TODAS – Acho que não.
DIANA – Acham mesmo que os nossos avós e os nossos pais deixavam isto assim?
TODAS – Não!
SOFIA – Isto não parece nada um campo…não é igual ao nosso!
NICOLE – Ai, será que nos perdemos, e viemos ter a um monte que não é o nosso?
            Elas olham em volta.
MARGARIDA – Não, isto é o caminho por onde viemos, porque viemos sempre em frente, não desviamos caminho.
NÁRA – Pois. Olha ali aquele tanque onde os cães beberam água…
ISABEL – E aquele campo das cabacinhas e das espigas.
DIANA – Mas…de quem será este campo?
SOFIA – Será que não tem dono?
NICOLE – Se calhar os donos foram para a cidade.
MARGARIDA – Mas…e será que os nossos pais e os nossos avós sabem deste campo?
TODAS – Não sei.
NÁRA – Mas não devem saber, porque se soubessem não deixavam isto assim.
TODAS – Pois não.
ISABEL – Os nossos avós e os nossos pais tratam muito bem dos campos, não iam deixar isto assim.
DIANA – Vamos dizer aos nossos pais e aos nossos avós…! Isto não pode ficar assim tão feio…
TODAS – Pois.
NÁRA – Também acho que devíamos fazer alguma coisa por este campo.
ISABEL – Olhem, vamos pedir ajuda aos nossos avós e aos nossos pais.
TODAS – Sim, vamos.
            Vão todas apressadas de volta para casa onde estão os pais, os avós, os tios e outros meninos. Os adultos estão a trabalhar na terra, com os animais e com os instrumentos, a lavrar, a cultivar, a apanhar as colheitas…e as outras crianças estão a brincar...os bebés dormem à sombra. As meninas gritam:
TODAS – Papás…Avós...tios…!
Os adultos olham para elas, preocupados, param de trabalhar.
AVÓ TERESA – Então, queridas…?
TODOS – O que é que se passa?
AVÓ MÓNICA – Vem alguém atrás de vocês ou viram algum monstro…?
NÁRA – Não! Não estamos a fugir a alguém, nem de um monstro.
DIANA – Mas temos uma coisa muito séria para vos dizer!
            Os adultos estão preocupados.
ISABEL – Venham connosco. Temos que vos mostrar uma coisa!
SOFIA – E é muito feia.
AVÓ MARINA – Elas querem atenção…
MÃE FILIPA – Óh filhas, agora não podemos, estamos a trabalhar!
MARGARIDA – Mas isto é muito urgente.
AVÔ MARCO – Óh, queridas, não há coisa mais urgente neste momento do que trabalhar na terra. Vão brincar vão…
MÃE CAROLINA – Mais tarde, vamos convosco ver o que tem para nos mostrar de tão feio.
            As meninas ficam desiludidas, tristes, zangadas e amuadas e vão para o quarto dos brinquedos.
NICOLE – Pensei que os nossos pais e os avós iam ouvir-nos.
ISABEL – Eu também pensei que vinham logo ver.
NÁRA – Eles tinham que ter vindo connosco…não estávamos a brincar, dissemos uma coisa muito séria.
DIANA – Pois, mas eles não acreditaram em nós.
TODAS – Pois não!
SOFIA – Eu já queria ser grande, porque, se fosse grande, já estava naquele campo, e ele já não estava assim tão feio…sem nada…
MARGARIDA – Eu também. Se aquele campo fosse meu…já estava cheio de coisas bonitas e boas.
DIANA – Esperem…nós somos pequeninas, mas acho que podemos fazer alguma coisa por aquele campo…sem os adultos. Não acham?
            As meninas ficam pensativas.
NÁRA – Mas…não sabemos fazer nada!
DIANA – Sim, temos de pedir ajuda aos grandes, mas acho que sabemos alguma coisa.
TODAS – O quê?
DIANA – Olhem, todas já apanhamos pauzinhos, folhinhas, ervinhas, não já?
TODAS – Sim, muitas vezes.
DIANA – Então…podemos ir para lá, e vamos tirando os paus do campo…aqueles grandes…e os que estão soltos.
TODAS (sorriem) – Boa…pois é!

MARGARIDA – Aqueles pauzinhos fininhos e as ervas enormes, acho que conseguimos arrancar.
TODAS (sorriem) – Sim.
DIANA (sorri) – Então…vamos?
TODAS (sorriem) – Vamos.
SOFIA – As nossas mamãs conseguem, nós também conseguimos.
NICOLE (sorri) – Sim, a minha mamã também diz isso.
NÁRA (sorri) – A minha mamã diz que as meninas conseguem tudo.
TODAS (sorriem) – E é verdade!
ISABEL – E os meninos vão connosco?
TODAS – Acho que não vão querer.
NICOLE – É, só querem jogar à bola.
MARGARIDA – Mas na passagem podemos perguntar.
TODAS – Sim.
NÁRA – E levamos os cães.
TODAS – Sim, esses sim.
ISABEL – Temos que levar sacos plásticos para deitar o lixo!
TODAS – Sim.
NICOLE – Os papás e os Avós não irão ficar zangados connosco?
TODAS – Não.
NÁRA – Eu acho que eles até vão ficar orgulhosos de nós.
TODAS – Sim.
            As meninas reúnem tudo o que precisam: sacos para o lixo, chapéus, os cantis de água de cada uma, e chamam os cães. Lá vão elas todas despachadas, com os cães atrás outra vez para o monte, e para o campo abandonado.
Cada uma apanha os paus e mete nos sacos. Num instante o campo fica limpo. Os cães também ajudam, pondo os paus na boca e levando também para os sacos.
Depois de acomodarem os paus, as meninas arrancam as ervas enormes e secas, algumas só as arrancam todas juntas a puxar por elas, e metem-nas nos sacos. Bebem água e dão água aos cães. Estão cheias de calor, a transpirar e com as bochechas prestes a explodir de tão vermelhas, mas estão felizes.
Enquanto acomodam o lixo, olham em volta, orgulhosas, a sorrir.
TODAS – Uaaaauuu…!
NÁRA (sorri) – Está lindo!
ISABEL (sorri) – Nós fizemos isto tudo?
DIANA (sorri) – Eu disse-te que não precisávamos dos grandes para fazer isto.
TODAS (sorriem) – Pois.
NICOLE (sorri) – Boa! A mamã tinha razão.
TODAS (sorriem) – Sim.
MARGARIDA (sorridente) – Ááááááhhhh…! Agora, isto sim, já parece um campo de verdade!
SOFIA (sorridente) – E agora é que se vê que é grande!
TODAS (sorriem) – Pois é!
NÁRA (sorridente) – Já estou a imaginar, este campo cheio de flores plantadas, de todas as cores, e a quantidade de legumes deliciosos que podem ser aqui plantados.
ISABEL (sorridente) – Muitas, muitas coisas.
DIANA (sorri) – Pois é. Mas para isso precisamos da ajuda dos adultos.
            Os cães ouvem vozes das mães a chamar por elas, preocupadas, porque é hora de almoço e as meninas não estavam em casa. Os cães vão ter com as mães e encaminham-nas para o campo onde estão as meninas. As mães ralham-lhes.
MÃE GABRIELA (ralha) – Então as meninas estão aqui…? Saem sem dizer nada…como é?
MÃE DANIELA (ralha) – Ai, ai, ai, ai…! Suas malvadas…nós aqui todas preocupadas…!
DIANA – Óh mãe…em vez de estarem ai a ralhar connosco, deviam olhar para o sítio onde estão.
            As mães olham em volta.
DIANA – Deviam ficar orgulhosas de nós.
MÃE RITA – Orgulhosas…?! Depois de terem saído sem nos dizer nada, e terem vindo para aqui…?
TODAS – Sim.
ISABEL – Porque já viram bem este sítio, como está?
NÁRA – Conheciam este sítio?
MÃE SARA – Não, não conhecíamos, era quase impossível entrar aqui. Não sei como é que as meninas conseguiram entrar aqui.
            As mães estão surpresas.
DIANA – Nós limpamos o campo! Tiramos os paus e as ervas secas enormes…estão aqui nestes sacos.
NICOLE – Isto era o que nós vos queríamos mostrar há bocado.
SOFIA – Este campo estava assustador. Nem parecia um campo.
MARGARIDA – Os cães também ajudaram.
            As mães ficam sem palavras, surpresas, sorriem orgulhosas.
MÃES (sorridentes) – Que lindas!
MÃE SARA – Mas…como é que conseguiram?
MÃE FILIPA – Como é que chegaram a este sítio?
            As meninas sorriem orgulhosas.
DIANA – Somos pequeninas, mas não somos bebés.
ISABEL – Temos mãos.
NÁRA – E sabemos fazer algumas coisas que já fizemos muitas vezes convosco…limpar os campos e arrancar ervas…!
MÃES (sorriem) – Maravilhoso.
MARGARIDA – Agora, só precisamos da vossa ajuda para…plantar aqui algumas coisas. Se deixarem.
NICOLE – Ele estava muito feio…
NÁRA – Ficamos com pena de ver assim o campo.
MÃES (sorriem) – Muito bem.
MÃE RITA (sorridente) – Claro filhotas…nós vimos de tarde fazer o resto…agora temos que ir almoçar.
MÃE INÊS (sorridente) – É. Vamos levar já este lixo!
            As mães seguem para casa, de mão dada com as filhas e os cães atrás, a falar umas com as outras e a rir. Ao chegar a casa, mudam de roupa, refrescam-se, e oferecem as flores às mães e às avós.
            Almoçam, e as mães e as avós contam o que as meninas fizeram no monte. Os pais e os Avós ficam igualmente orgulhosos e prometem ajuda.
No fim do almoço, as meninas voltam para o campo do monte, com a família toda, os instrumentos agrícolas e as sementes, e a água para regar. Os adultos lavram o campo, as meninas ajudam a plantar flores, legumes e frutas, deitando as sementes na terra e regando.
Passam uma excelente tarde, em família, muito felizes, a cantar, a trabalhar todos juntos, brincam e lancham nesse sítio. O campo está maravilhoso, limpo, renovado, bem tratado. As crianças passam a ir todos os dias a esse campo, regar, limpar, arrancar as ervas daninhas…com os adultos.
Com o passar do tempo, ficam contentíssimos quando tudo o que plantaram começa a dar frutos…as flores e os legumes a crescer, deliciam-se com os pequeninos pormenores que vão surgindo, pelas mãos da mãe natureza. Colhem o que a terra dá, e até recebem a visita de passarinhos, a quem deixam também comida para que não estraguem as plantações, joaninhas e borboletas que poisam sobre as flores.
Vale a pena apreciar.
E o campo que até aí parecia um matagal, cheio de lixo, ervas secas e enormes, maltratado, desorganizado, passou a ser um meio auxiliar de produção e rendimento para aquela família, pois essa terra desse campo produziu tanto, tanto que até puderam dividir com outras pessoas, e vender.
Às vezes temos recursos naturais e não os aproveitamos. Tantos campos ao abandono…maltratados…e é pena, pois poderiam ser um meio de sobrevivência para quem está no desemprego, e ao mesmo tempo, estavam a proteger a Natureza, evitando dessa forma que houvesse incêndios.

FIM!
Lálá
(15/Fevereiro/2012)

















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