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sábado, 11 de outubro de 2014

OS DIAMANTES


          Era uma vez uma série de jardim de muitas casas, num bairro, que da noite para o dia encheu-se de pequeninos diamantes. Havia diamantes na relva, nas pétalas das flores, nas folhas das árvores…era lindo de ver.

As pessoas foram à janela e viram todos aqueles diamantes. Num instante, vestiram-se e foram ver. Quando chegaram mais perto, não viram diamantes.

          Entretanto voltaram para casa, surpresos e pela janela continuavam a ver os diamantes. Os jardins foram rapidamente invadidos por dezenas de passarinhos, formigas, borboletas, abelhas e de outras espécies de bichos que pousaram em tudo o que tinha diamantes e engoliram-nos.

          As pessoas ficaram muito zangadas. Voltaram aos jardins e já não havia diamantes.

- Bom dia, vizinhos! – Dizem todos em coro

- Encontramo-nos todos aqui hoje! Que engraçado. – Repara uma senhora

- Acho que viemos todos ao mesmo! – Diz outro senhor

- Eu vi diamantes pequeninos no meu jardim. Mas cheguei aqui e despareceu tudo! – Comenta uma senhora

- Eu também! – Dizem em coro

- Não acredito! Aqueles malditos comeram os diamantes… - Resmunga um senhor

- Quem? – Perguntam todos em coro

- Os bichos! – Responde o senhor

- Que bichos? – Perguntam todos em coro

- Passarecos, borboletas, joaninhas, formigas…todos os que habitam os nossos jardins. – Explica o senhor

- Como é possível? – Perguntam todos

- Os diamantes não se comem! – Diz uma senhora

- Pois não! – Respondem todos  

- Se os comeram não vão aguentar muito tempo! – Comenta outra senhora

- Mas quem é que terá posto aqui aqueles diamantes todos? – Pergunta uma criança

- Se calhar caíram de algum avião. – Responde outra criança

- Ou será que os diamantes eram de comer? – Pergunta outra menina

- Não há diamantes de comer. – Assegura outra senhora

- Podem ter caído de um saco de alguém. – Pensa alto outro senhor

- Isto é muito estranho. – Diz um senhor

- Devíamos avisar a polícia! – Diz uma senhora

- Também acho. – Respondem todos

          Ouvem uma sonora gargalhada, mas não vêem ninguém.

- O que foi isto? – Perguntam todos assustados

- Uma gargalhada! – Respondem todos

- De onde veio? – Perguntam todos

          Soa uma voz:

- Para quê, chamar a polícia? (Todos olham uns para os outros). A polícia tem mais o que fazer.

- Quem és tu? – Perguntam todos

- Aparece! – Grita um senhor

- Foste tu que puseste aqui os diamantes? – Pergunta uma criança

- Diamantes? – Pergunta a voz

- Sim. – Respondem todos

- Os diamantes que vimos da nossa janela! – Responde outra criança

- E eram diamantes? – Pergunta a voz

- Eram. – Respondem todos

- Não sei do que estão a falar! – Diz a voz

- Foste tu que os roubaste! – Diz uma senhora

- Aparece! – Gritam todos

- Nós pensamos que tinham sido os bichos. – Diz outra criança

- Que bichos? – Pergunta a voz

- Os que vivem aqui nos jardins. – Responde a criança

(A voz dá uma gargalhada)

- Vocês estão a sonhar… - Diz a voz.

- Eu estou bem acordado! – Respondem todos

- Mas estão ainda a sonhar…- Responde a voz

- O que queres dizer com isso? – Pergunta uma senhora

- Os diamantes que viram caíram das nuvens.

- O quê? – Perguntam todos

(Aparece uma fada brilhante com roupa de sol, e um bebé ao colo vestido de gota)

- Olá!

- Olá! – Respondem todos surpresos

- Áh! Que lindas! – Dizem as crianças e as mulheres

(Os homens não acreditam em fadas, por isso não a vêem, apenas ouvem a sua voz)

- Vocês estão loucas? – Pergunta um senhor

- Cala-te! – Responde a sua esposa

- Insensível. – Responde a filha

- Deixem…não se incomodem! – Diz a fada

- Eu quero é apanhar aqueles ladrões dos diamantes…não acredito que tenham caído do céu. – Responde um senhor

- No céu só há chuva. – Responde outro senhor

- E sol! – Respondem todos

- Exactamente. Sol e chuva. Choveu a noite toda, e de manhã deu sol. Eu vim passear com a minha filha, foi por isso que viram tudo a brilhar…! Eu sou a fada do sol, e a minha filha é a chuva. As pétalas das flores, a erva, e todos os sítios por onde passamos, receberam-nos e estivemos a brincar com eles. Para agradecerem a nossa dádiva: o sol e a chuva. – Explica a fada

- Áh! Que lindo! – Dizem as crianças e as mulheres

- Que palermice! – Resmungam os homens.

- Não acreditem nisso. – Aconselha outro senhor

- Nós queremos é que devolvas os diamantes! – Resmunga outro senhor

- Mas que brutos! – Gritam as senhoras

- Isso é maneira de falar com meninas? – Pergunta uma senhora ofendida

- Não vejo senhora nenhuma. – Resmunga o senhor  

          Estoura uma grande nuvem negra cheia de água por cima dos homens, e ficam todos encharcados. A chuva espalha-se pelas flores, pela erva, pelas folhas e por todo o lado.

- Bem-feita! – Dizem as senhoras e as crianças às gargalhadas

- Tiveram a paga pela vossa grossaria! – Responde uma senhora

- Desgraçadas…- Resmunga outro senhor

- São todas iguais! – Gritam todos

- Quem? – Perguntam as senhoras

- Vocês. – Respondem todos zangados.

          Depois de a nuvem esvaziar e ficar tudo molhado, desaparece, e aparece o sol e os diamantes voltam a aparecer.

- Aqui estão os diamantes! – Diz a fada do sol a sorrir

- Áááááááhhhh…! – Exclamam todos

- Afinal os diamantes não existem mesmo! – Diz um senhor

- Existem. Não estás a vê-los? – Pergunta a esposa

- Só vejo gotas de água a brilhar com o sol a dar-lhes. – Responde o senhor

- E são esses. – Diz a fada

- Não quero esses diamantes, quero é os verdadeiros que roubaram. – Insiste outro senhor

- Estes são os verdadeiros diamantes, em estado puro! – Explica a fada

- Mas não são diamantes, não dão para vender, nem para fazer dinheiro. – Resmunga outro senhor

- Mas salvam a tua vida, matam a sede a muitos animais, e alimentam as plantas, fazem-nas crescer…só graças a elas é que tens legumes e flores bonitas, respiras… - Diz a fada

- E o que é que isso me interessa…? Não são diamantes. – Resmunga o homem

- Estes são os verdadeiros diamantes, e não há dinheiro que compre! A beleza da natureza, a vida, o ar…a água e o sol! – Diz uma jovem

- Isso mesmo! – Dizem todas e a fada

- Há coisas que o dinheiro e os diamantes pedras não pagam. – Acrescenta outra jovem

- Pois é! – Diz a fada

- Que ridículo…vou mas é trocar de roupa. – Resmunga outro homem

- Vocês são mesmo idiotas. Acreditam em tudo! – Diz outro homem zangado

- Nisso tens toda a razão. Até acreditei em ti…e depois viu-se! – Responde a sua esposa

- Cala-te. Isso não vem ao caso! – Resmunga o homem

- Acreditam em coisas que não existem! – Diz outro homem

- Também tens razão…- Dizem todas

- Acreditamos no vosso amor por nós! – Diz uma senhora

- É. E esse também não existe, mas nós acreditamos! – Responde outra senhora

          Eles viram costas zangados.

- Muito obrigada pela tua visita, fada! – Diz uma criança

- Muito obrigada pela tua presença. – Diz outra criança

- Muito obrigada por existires, e fazeres parte da nossa vida! – Diz outra criança

- É um gosto! E é a minha função. – Diz a fada

- Desculpa os nossos homens… - Diz uma senhora

- Não se preocupem. Já estou habituada, já sei como são. Eu só apareço a quem me vê, e quem me sente…quem está demasiado ocupado pelo material, não me vê. Não faz mal. Eles na verdade não pensam que acreditam em mim, porque não reparam no que se passa à volta deles, na natureza, mesmo à frente dos olhos deles…só vêem o que lhes enche os olhos…bom, vocês entendem do que estou a falar. – Explica a fada

- Sim! – Respondem todas

- Muito obrigada por estes diamantes nos nossos jardins, nas nossas flores…- Diz outra senhora

- São lindos!

- Ainda mais que os verdadeiros.

- Muito obrigada por tudo o que nos dás.

- Até breve, minhas queridas. Voltarei! – Diz a fada a sorrir

          A fada e a bebé desaparecem a brilhar. As senhoras e as crianças acariciam as flores e vêem o brilho das gotas, os lindos e verdadeiros diamantes. Toda a gente consegue ver estes diamantes! Basta acreditar em fadas e lembrarmo-nos de que há coisas que nem os diamantes em pedra são mais valiosos do que a saúde, a vida e a natureza. As fadas existem em tudo o que é bonito e bom para nós. E não faltam diamantes à nossa volta. A única diferença é que estes diamantes não dão dinheiro nem são para vender. São para ser vistos, sentidos e apreciados…respeitados.

FIM

Lálá

(11/Outubro/2014)

        

  

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