Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 28 de outubro de 2014

AS LANTERNINHAS


~
foto de Lara Rocha 

        Era uma vez um coelho que foi passear, por vários sítios, reencontrou velhos amigos, e fez novos amigos, fartou-se de conversar, e cantar, rir e brincar, correr, saltar, escorregar, cair e levantar-se, e andar de baloiço. Estava tão feliz que se distraiu com a hora.
        Quando reparou, estava noite cerrada. O pobre coelho ficou com medo, mas fez-se de forte e corajoso, à frente dos amigos. Um deles ofereceu-lhe uma lanterninha de ferro branca, com uma luz feita a partir de várias velas para iluminar o caminho e não cair em buracos.
        Lá foi ele, com os seus olhos grandes, bem abertos, a olhar para todo o lado, e estremecia sempre que ouvia um barulho, virava a lanterna e tentava identificar onde era o barulho…seria algum bicho feroz? Talvez não…deveriam ser bichos que mexiam entre as folhas, tão assustados como ele.
        O coelho acelerou o passo, e quanto mais andava, mais assustado ficava. De repente…ouve uns passos grandes. Pára, quase congelado de medo, e quase sem ar.
        Ouve um grande estridente uivo bem perto dele. Olha para trás, e quando vê um lobo com a sua bocarra aberta e uns dentes que pareciam pregos ou espadas, de tão aguçados, o coelho tenta distrair o lobo, mas este não se deixa levar pela sedução do coelho, e fica ainda mais feroz.
        O coelho convenceu-se de que não havia nada a fazer contra aquele lobo enorme…a não ser…fugir o mais rápido que pudesse, e a segurar na lanterna.
        O coelho enche os pulmões de ar e desata a correr. Pelo caminho a lanterna apaga-se, e fica escuro. O coelho para de correr.

- Não acredito! E agora? Não sei onde é a minha casa…!

        O lobo que parecia um monstro, aos olhos do coelho, afinal não era assim tão grande, nem tão mau. Estava bem atrás do coelho.

- Não te preocupes… - Diz o lobo

        O coelho cai na relva, cansado e gelado de susto. O lobo olha para ele, cheira-o e pergunta:

- Porque estás com tanto medo de mim?

- Está bem…come-me! Estou perdido! – Suspira o coelho

- Não te vou comer…estou a cheirar-te para te levar a casa.

- A sério? – Pergunta o coelho desconfiado

- Sim! – Garante o lobo

- Mas eu não sei onde é! A lanterna que me emprestaram, apagou…agora está tudo escuro!

- Por isso é que te estou a cheirar…para seguir o rasto que deixaste e levar-te a casa.

- Achas que consegues?

- Consigo! Estou treinado para fazer isso. Já levei muita gente a casa, e já encontrei muitos perdidos.

- Áh! Mas tu és um cão?
- Não. Sou um lobo, e cheiro como os cães! Podes confiar em mim!

- Está bem…pode ser que descubras.

- É claro que vou descobrir. Sobe para as minhas costas.

        O coelho está tão cansado, que já não tem medo do lobo…sobe para as suas costas. Os olhos do lobo dão luz, como faróis, e iluminam o caminho, como se fosse quase de dia.

- A lanterna reacendeu? Ou já é de dia? – Pergunta o coelho

- Nem uma coisa, nem outra! São os meus olhos! – Responde o lobo

- Os teus olhos dão luz?

- Dão.

- Áh! Têm velas como as lanternas?

- Não! (ri) É tudo dos meus olhos…é uma característica nossa…de lobos.

- Que linda luz! – Elogia o coelho

- Obrigado. – Diz o lobo vaidoso

        O coelho olha para o lado:

- Espera…acho que estou a conhecer isto!

- Já deves estar perto da tua casa, não?
- Acho que sim.

        O coelho olha melhor:

- Sim! É ali. Em frente. A minha casa!

- O teu cheiro leva-me até aqui! – Diz o lobo

- Sim! Andei por aqui.

        O coelho chega a casa, são e salvo, dá um abraço ao lobo quando desce das suas costas, e convida-o a sentar-se na entrada.

- Espera lobo! Vou buscar alguma coisa para tu comeres e beberes!

- Está bem! Agradeço…mas por favor…não penses que te trouxe a casa, à espera que me desses alguma coisa! – Diz o lobo

        O coelho sorri, vai à cozinha e traz para a mesa de fora coisas para ele e para o lobo comerem e beberem.

- Obrigado. E desculpa ter-te assustado! – Diz o lobo

        Os dois petiscam e conversam alegremente, riem, contam aventuras, brincam e convivem um com o outro até de manhã. Depois desta noite, o lobo e o coelho tornam-se amigos inseparáveis. O lobo é um excelente guarda-costas e uma lanterna ambulante, pois os seus olhos davam luz, e o coelho ajudava o lobo em tudo o que podia e sabia.
        Que linda amizade!


FIM
Lálá
                                           (27/Outubro/2014)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras