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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A DIANA E O BONECO


Era uma vez uma menina que se chamava Diana e tinha um boneco de borracha com quem andava sempre, e que se chamava Floco de Neve, por ser tão branquinho. Era uma linda e sincera amizade, os dois brincavam, comiam, dormiam e tomavam banho juntos, conversavam durante horas e riam.

              Numa tarde de muita chuva, a menina olhou para a janela e chovia muito. Diana perguntou:

- Amigo, já viste como chove?

- Pois é! Já começou de noite.

- Como é que sabes?

- Enquanto tu dormias, eu ouvi chover.

- Estiveste acordado?

- Um bocadinho.

- E porquê?

- Não sei…acordei.

- Tiveste um sonho mau?

- Não!

- Podias-me ter acordado!

- Não. Estavas a dormir tão bem, eu não precisava de nada, e se precisasse resolvia sozinho.

- Não tiveste medo?

- De quê?

- Não sei…

- Não.

- Alguma vez pensaste como serão as nuvens?

- Bom…já tentei imaginar como serão, mas nunca lá fui.

- Eu também não fui…mas gostava muito de ir lá, e tu?

- Eu também!

- Como é que achas que elas são?

- Acho que…devem ser leves…macias…talvez!

- Sim! Frias e cheias de água.

- Água em gotas como estas?

- Talvez!

              De repente uma fada transforma-os em nuvens brancas. Aparece uma nave pequenina feita de nuvens e ela convida-os a entrar.

- Áh! Estamos transformados numa nuvem? – Pergunta Diana

- Sim. Eu e tu…somos nuvens? Como é que isto aconteceu? – Pergunta o boneco

- Ai…ficas tão fofo em nuvem!

- Tu também…

              Os dois tocam-se e riem.

- Acho que foi uma fada para realizarmos o nosso desejo de ir às nuvens. – Diz o boneco

- Isso mesmo! Para irem às nuvens têm de ser também nuvens, mas não se preocupem, quando voltarem serão outra vez, quem são! Menina e boneco…Venham…vou mostrar-vos coisas lindas! – Diz a fada a sorrir

              Os dois sobem para a nuvem nave e a fada vai-lhes mostrar tudo pelo caminho, porque a nave sobe devagar.

- Áh! Isto é tão alto! – Diz o boneco

- Espera até chegares mesmo lá acima – Diz a fada

- Que lindo! Nunca tinha reparado que havia isto no meu telhado – Observa a menina

- Olha a quantidade de gatos que andam aqui no teu telhado! – Repara o boneco

- Não sei como conseguem subir e equilibrar-se tão bem, e andam com uma elegância. – Diz a menina

- Não sabia que tínhamos gatos no telhado. São aqueles que vemos no nosso jardim e desaparecem a seguir sem sabermos para onde, lembras-te?

- Sim. É verdade. Devem ser várias famílias.

- É! Que giros…e não congelam?

- Não!

- Deve haver toquinhas no telhado.

- Olha ali ninhos de cegonhas…

- Áh! Que lindo. Quem pediu bebés?

- Não sei.

              À medida que vão subindo, a paisagem começa a mudar. Além da neve vêem as copas de árvores gigantes, que só viam o tronco no jardim e parques. Vêem pássaros desconhecidos raros que não aterram nos jardins das casas, e cruzam-se com eles.

              As casas e tudo o que existe no solo, parece tão grande quando estão lá perto ou à beira e nas alturas, quase desaparecem.

- Áh! Que casas tão pequeninas…e lá em baixo são torres enormes! – Diz Diana

- Os carros parecem pequenas bolinhas na estrada! – Repara o boneco.

- Pois é! – Diz a fada

              Chegam às nuvens, saem da nave e a fada guia-os pela sua cidade, onde tudo é feito de nuvens. Tudo é tão leve! A menina e o boneco tocam nas nuvens e parece que estão a tocar em pedacinhos de fios de algodão muito fino. Em algumas nuvens vêem as tão desejadas gostas noutras só havia fumo e vapor. Sopravam e algumas nuvens pequeninas mexiam-se, mudavam de sítio, outras, eram muito pesadas e escuras.

- É hora de ir para o trabalho, este autocarro vai cheio! – Diz a fada

- Áh! Lá em baixo é a mesma coisa.

- Ali vão milhares de nuvens e gotas. – Diz a fada

- Para a escola? – Pergunta o boneco

- Sim. Aqui também temos escolas. Há quem vá a pé e quem vá de transporte ou nave particular – explica a fada

              Continuam a visita e ficam muito surpresos com o que vêem. Tudo é muito diferente da cidade deles. Eles sentiam-se muito leves. Tal como era leve tudo o que os rodeava. Deram voltas e mais voltas, até que chegou a hora de voltar ao quarto.

              Agora são transformados numa nuvem carregada de gelo, flocos de neve, e pedaços de gotas não congeladas. Eles agradecem e descem muito rápido nessa nuvem de volta ao quarto. Chegam ao quarto, a menina volta a ser uma menina e o boneco, um boneco de borracha.

- Áh! Que viagem tão engraçada. – Suspira Diana a sorrir

- Pois foi! – Concorda o boneco

- Aqui é tudo tão diferente…

- É verdade!

- Sabes uma coisa? Eu adorei o passeio, mas gosto muito mais de estar aqui na terra e ser uma menina!

- Eu também! Gosto muito de ser um boneco de borracha, chamado floco de neve.

- Acho que não gostava de ser sempre uma nuvem!

- Nem eu!

- Só de vez em quando!

- É! Só quando quisesses passear e ver coisas diferentes não é?

- É!

- Eu também!

              A chuva e a neve continuam a cair lá fora, e os visitantes da cidade das nuvens que foram nuvens por algum tempo, gostaram de ser diferentes por um bocadinho! Mas gostam mesmo é de ser o que são e como são: uma menina e um boneco de borracha.

- Sabes uma coisa que não mudou lá em cima, floco?

- O quê?

- O meu carinho e amizade por ti! Mesmo lá em cima e em nuvem, eu adorei-te, adorei a tua companhia, como adoro aqui!

- Óh! Que querida…tens toda a razão…não tinha pensado nisso, mas é verdade. Isso em mim também não mudou.

              Os dois abraçam-se e trocam carinhos, beijos e sorrisos, e continuam a brincar. A amizade verdadeira é mesmo assim, não muda como mudam as pessoas e as coisas.

FIM

Lálá

(7/Outubro/2014)

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