Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O CASTELO DOS GATOS BRANCOS



foto de Lara Rocha 

Era uma vez um castelo abandonado há muitos, muitos anos. Ficava no pico de uma montanha muito alta, onde os seres humanos que viviam na cidade e arredores, nunca tinham conseguido chegar porque o caminho era perigoso. Só os animais tinham facilidade em chegar, graças às suas patas.
        O castelo via-se da cidade, e despertava a imaginação das pessoas, que tentavam imaginar quem viveria lá, se é que vivia alguém. Alguns acreditavam que poderiam viver…fantasmas ou seres misteriosos das histórias que lhes contavam, outros achavam que só haveria ervas daninhas e as paredes…quem sabe, tivessem vivido lá uns reis, mas agora não há nada disso. Mesmo assim, o castelo encantava toda a gente.
        Nos nossos tempos, uma gata de pêlo branco, foi maltratada e escorraçada da casa dos seus donos, quando descobriram que ela ia ter uma ninhada. O pai dos gatinhos era cinzento e branco. Os dois eram muito bonitos.
        A pobre gata percorreu triste e vagarosa a cidade, na esperança que alguém gostasse dela e que a acolhesse, pelo menos para ela ter os seus filhotes.
        Quem olhava para ela tinha pena, mas não podia acolhê-la…ou porque vivia num apartamento, e não tinha condições, ou porque tinha pouco dinheiro, e outras pessoas porque eram alérgicas ao pêlo de gato.
        Uns velhinhos que passeavam pela cidade deram-lhe mimos, comida e bebida, e queriam levá-la para o lar que os acolhia, mas no lar não quiseram ficar com a gatinha.
        Lá continuou a bichinha à procura…triste. Encontra o gato, pai dos filhotes…um vadio, mas sensível e educado…foi por isso que a gatinha se apaixonou.
        Ela contou-lhe que estava à espera de gatinhos, e que tinha sido expulsa e maltratada pelos donos. O gato ficou feliz com os filhos mas não gostou nada de saber que ela foi maltratada e expulsa. Disse à gata que não a ia largar nunca mais.
        Partiram os dois á procura de um lugar onde ficar. Passaram por muitas ruas da cidade, recantos, túneis, pátios, dormiram alguns dias debaixo dos bancos de jardim, outros dias em soleiras das janelas e portas, e em paragens de autocarro. Lá iam arranjando sempre algumas almas caridosas que lhes davam mimos, comida e bebida.
        Mas eles continuaram à procura. Os dois concordavam que a cidade não era um bom sítio para eles, nem para os gatinhos, então decidiram ir para a montanha. Subiram, subiram, subiram…andaram muitos quilómetros e chegaram à grande montanha do castelo arruinado. Estavam muito cansados.

- Gosto deste sítio! – Diz o gato

- Eu também! – Diz a gata

- Não conhecia.

- Nem eu!

- Mas aqui parece-me seguro! E sossegado.

- Sim! Também agora não temos mais para subir.

- Pois não. Só se for…para baixo.

- Aos trambolhões.

- É!
        Os dois riem, instalam-se nas ruínas do castelo, um canto protegido do vento e do frio, e da chuva, muito acolhedor! Enquanto a gata fica a descansar, o gato vai pela montanha à procura de comida, e palas casas. Felizmente, muita gente dá-lhe comida e bebida, e leva para a gata.
        O tempo passa, e os gatos ficam instalados no castelo. A gata tem uma ninhada de oito gatinhos brancos, lindos, de olhos azuis e verdes, pêlo muito branquinho, alguns com manchinhas cinzentas como o pai gato.
        Os dois são uns pais babados, orgulhosos, vaidosos, protectores, cuidadores, atentos e dedicados. Todos são saudáveis e felizes, brincam, correm, rebolam, passeiam, trocam muitos mimos e aprendem a procurar comida.
        Os gatinhos crescem. Num dia de muita chuva, o castelo é invadido por muitas famílias de gatos brancos que vão numa correria louca.

- Por favor… - Pede um gato ofegante

- Desculpem! – Pede outro gato aflito

- Podemos…instalar-nos aqui?

- Só…por esta noite…até…a tempestade passar.

- Claro que sim! – Dizem o gato e a gata

- Fiquem descansados. – Diz o gato

- Fiquem o tempo que for preciso… - Diz a gata

- São família? – Pergunta outra gata

- Somos! – Respondem

- Nós também. – Dizem os gatos em coro

- De onde vem? – Pergunta o gato

- Da cidade! – Respondem todos

- Está impossível lá em baixo…- diz outra gata

- Porquê? – Perguntam os gatos

- Porque está quase tudo debaixo da água. – Descreve uma gata assustada

- É água por todo o lado! – Acrescenta outra gata assustada

- Vimos gatos, cães, pessoas e coisas a afogarem-se, a serem empurrados pela água. – Descreve outra gata assustada

- Mas porque é que isso aconteceu? – Pergunta a gata

- Esta tempestade! – Diz um outro gato

- Se não viéssemos pelo primeiro caminho que nos pareceu ter menos água, tínhamo-nos afogado! – Diz outro gato

- Pois era. – Dizem todos
        Os dois gatos acolhem os outros, dão-lhes de comer e de beber, arranjam-lhes um quarto no castelo e convivem alegremente. Os pequenos tornam-se logo grandes amigos e os crescidos também.
        Nos dias seguintes de tempestade, mais e mais gatos brancos fugiram para esse sítio, e foram ficando. Gostaram tanto uns dos outros que se instalaram todos no castelo, nasceram muitos mais gatinhos, todos brancos e cinzentos.
        Num dia de muito calor, um jovem aventureiro foi com o seu grupo de escalada, subir a montanha até ao castelo que se via da cidade.
        Quando chegaram ao cimo, viram centenas de gatos brancos e cinzentos a vaguear pelo castelo e naquela montanha. Parecia uma comunidade só de gatos brancos do castelo…o castelo era só para eles.
        Os jovens ficaram maravilhados com a paisagem e por ver tantos gatos no mesmo sítio. Fotografaram e na cidade, expuseram as fotos.
        Depois desse dia, muita gente quis ir ver os gatos, e passaram a chamar a essa montanha: a montanha do castelo dos gatos brancos. Os animais conviviam bem com as pessoas, mas às vezes não queriam receber visitas, e punham os lobos brancos, de quem eram grandes amigos, e de quem recebiam muita comida e bebida, nas estrada, a impedir o acesso…porque os lobos não eram maus…mas as pessoas tinham medo deles e fugiam.
        A montanha do castelo dos gatos brancos nunca mais foi a mesma!

FIM
Lálá
      (27/Outubro/2014)

        

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras