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sábado, 4 de outubro de 2014

O vento amigo


        Era uma vez uma menina que estava sentada no seu jardim, numa cadeira de baloiço, debaixo de uma árvore cheia de folhas e um tronco muito largo. A menina detestava ler, e detestava livros. Era muito distraída e às vezes até se portava mal.
        Um dia, as fadas dos livros não gostaram que ela tivesse rasgado um livro só porque estava amuada. A mãe obrigou-a a ler, e ela não leu.
- Que coisa mais feia…rasgar livros! – Resmunga uma fada ofendida
        Quiseram dar-lhe uma pequena lição: chamaram o vento, que soprou muito forte, tão zangado como ela e como as fadas, e descolou as folhas todas do livro que ela tinha nas mãos, remexeu-lhe os cabelos até ficaram todos no ar, e ainda lhe fez uma longa careta. Ela grita:

- Vento palerma.

- Palerma és tu, que rasgas os livros sem terem culpa nenhuma de estares zangada. – Grita o vento

- Como é que sabes? – Pergunta a menina

- Eu sei de tudo, e vi! Até tenho outras amigas que viram. – Conta o vento

- Eu odeio livros…e odeio ler!

- E só por causa disso rasgas os livros…?

- É. Para ver se eles desaparecem da minha frente.

- Mas porque odeias ler?

- Porque é muito chato ler.

- E tu sabes ler?

- Sei.

- E porque achas muito chato? Se calhar, na verdade não sabes ler.

- Sei, sei. Mas odeio que me obriguem a ler.

- Quem é que te obrigada a ler?

- Os meus pais, a bruxa da minha professora, a cobra da minha avó…toda a gente.

- Espera aí…tu vives numa casa, com gente ou com animais?

- Com gente, é claro!

- Estás a falar em bruxa, cobra…

- Não estou a falar de animais! Só estou a dizer esses animais porque não gosto deles, e porque são maus.

- A tua família é má?

- É. Quando me mandam fazer coisas que odeio…como…ler! Mas, e tu porque é que desfizeste este livro? Como é que eu agora vou construí-lo outra vez?

- Eu ajudo-te.

        O vento prende a mão à menina e leva-a a passear pelo mundo dos livros, ensina-a como se constrói um livro, mostra-lhe milhões de livros, imagens e palavras, e ela fica encantada.
Ela toca nos livros, dança e brinca com as palavras e as imagens, junta e separa letras, apanha-as no ar como borboletas, cheira-as e até come algumas, rega-as, sacode-as, corre com elas, ri e salta.
Passeia com as personagens por sítios onde nunca tinha ido nem imaginado, e nunca tinha visto, rebola na relva e mergulha em lagos, sobe montanhas, toca nas nuvens e nas estrelas, e chega à fábrica onde se constroem os livros. Num instante, constroem outra vez os dois livros que ela destruiu.
A menina volta ao seu jardim, completamente diferente. Calma, sorridente, feliz e muito carinhosa com os livros que tem à sua volta. Pediu desculpa aos livros, à Avó, ao Avô, aos pais e à professora. Percebeu que afinal é muito bom ler, e que gostava muito de livros, de ler e de ver as palavras e as imagens.
E também agradeceu a toda a gente que a mandava ler, porque ler ajuda a crescer, e a viver. A menina tornou-se inseparável dos livros e passou a tratá-los com muito carinho.

FIM
Lálá
(4/Outubro/2014)


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