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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

AS BRINCADEIRAS DO VENTO

                                                                       foto de Lara Rocha 


      Era uma vez um duende pequenino, muito simpático mas malandreco. Chamavam-lhe carinhosamente, Ventania, vento, furacão, aragem e outros nomes relacionados com movimento. E o nome estava muito bem posto, porque como era muito pequeno e rápido nos seus movimentos, quase não o viam, só sentiam a presença dele. 
            Adorava brincar como todas as crianças. Tinha dias em que estava tão feliz que não conseguia parar quieto, e só fazia brincadeiras malucas. Ele saia de casa bem cedo para a ginástica matinal, mas na verdade, brincava o caminho todo. Por onde passava, toda a gente o conhecia, às vezes passava a correr e ninguém o via…só sentiam a sua presença pela deslocação de ar e pó que levantava.
              Quando saía a porta e começava a sua caminhada, rapidamente vinha a asneirada. Logo que via as roupas dos vizinhos a secar nos arames, passava a correr e corria em círculo, tipo furacão. A roupa abanava, sacudia as gotas e ele apanhava-as todo contente. Soprava-lhes e elas escorriam a água. Às vezes soprava, corria e rodava tão depressa que tinha de se segurar no arame para não ir para longe, e deitava a roupa abaixo.
Outra brincadeira que ele adorava era passar a correr entre os enormes lençóis que estavam pendurados a secar, pendurava-se neles, abanava-os e claro, quase sempre deitava-os abaixo e fugia. As vizinhas nem sempre o viam, só sabiam que ele tinha passado porque a roupa estava no chão, ou pendurada fora do sítio onde tinham ficado…a monte! Elas não achavam piada nenhuma, mas o malandro era muito rápido e escapava sempre.
Adorava a natureza, cheirar tudo: as árvores, as ervas, as flores, a terra, os cogumelos, as pedras…e o que lhe atravessasse à frente. Trepava às árvores, subia e descia, abraçava-as ou às vezes só tentava porque eram mais grossas e os seus braços não conseguiam apanhar tudo, mas para ele já era bom.
Trepava os pés das flores carinhosa e levemente para não as magoar e balançava-se nas suas pétalas e folhas. Depois, atirava-se ou saltava para outras árvores e outras flores. Nem sempre as brincadeiras lhe corriam bem, porque escorregava e caía ao chão. Mesmo que se magoasse levantava-se, sacudia-se, e continuava a brincar.
Quando ia pelos campos corria montado nos póneis e fazia ruídos com a boca que os deixavam irritados, por isso eles atiravam-no para onde podiam, logo que encontravam um sítio seguro. Como já o conheciam e também eram brincalhões, não queriam magoá-lo.
Trepava as patas das ovelhas, bodes, cabras e cabritos e adorava mexer nas suas lãs encaracoladas, ria muito e andava em cima deles. Deitava-se e passeava nessa posição todo refastelado, quando eles se mexiam.
Depois saltava alto e agarrava-se às caudas das vacas, balançava-se mas era muitas vezes projetado por sacudidelas violentas dos rabos. Com isso, ele caía sempre, mas ria. Apanhava flores do chão para oferecer às mulheres da sua casa e às amigas. Soprava feliz umas plantinhas muito leves e finas que parecem algodões e ficava maravilhado a seguir os voos delas…tentava imaginar onde iriam parar.
Mas como se isto não fosse já atividade a mais, ainda se divertia muito a pintar quadros e a ajudar a pintar, quando saltava em cima dos tubos de tintas e borrifava ou disparava para o papel, cores que misturava com os pinceis. Até fazia quadros bonitos.
Outra coisa que ele adorava fazer era soprar insetos não muito simpáticos que se cruzavam com ele, para bem longe, e mexer delicadamente ou brincar com os lindos e leves cabelos das fadas. Com os seus sopros suaves, e dedinhos ou pezinhos elas ficavam com novos penteados e divertiam-se juntos.
Só parava para dormir. Ainda que fizesse tantas asneiras, todos gostavam dele e perdoavam-no, porque no fundo, ele era bom menino…só era um bocadinho traquina e queria brincar.

FIM 
Lálá
(6/Outubro/2014)

      

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