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sábado, 23 de outubro de 2021

lembranças de borboletas na infância

  


      De vez em quando vou revisitar aquela caixinha cheia de recordações, só porque...não é que tenha saudades das pessoas que lá estão, mas gostava de voltar a reviver só para perceber se ainda sinto o mesmo que senti na altura.

        Já nem saberei o que senti, ou...talvez sim! Já vai há tantos anos, lembro-me vagamente da tua cara, do teu nome, mas se passar por ti na rua, o mais certo deve ser não nos reconhecermos, ou se calhar digo-te qualquer coisa quando passas por mim, e tu a mim, mas mudamos. 

        Podes ir acompanhado e não dizer nada, fingir que não te lembras de mim, mas pode ser que te lembres, mas não podes dizê-lo. Mas...acho que me lembro como foi o meu primeiro beijo! Aquela fase em que achamos que somos grandes, como os nossos pais, ou imitamos as telenovelas. 

        Não sou saudosista, não. Mas haverá com certeza muita gente que se lembra do primeiro beijo. Bom ou mau. Aquele beijo na infância, com aquela amizade colorida, a quem jurávamos amor eterno (gargalhada) pois claro, com aquelas idades é que sabemos o que é o amor, e ainda por cima, que vai ser para o resto da vida! 

        Para nós, aquele menino ou menina a quem dávamos a mão, com quem brincávamos mais, por quem tínhamos mais simpatia, e que nos dava mais atenção, era o nosso namorado, ou namorada. Com inocência, dizíamos a todos que eramos namorados. 

        Era o que os crescidos diziam, e nós entendíamos assim, satisfazendo e confirmando os comentários dos adultos e dos outros meninos, que às vezes até andavam 
à luta, e zangavam-se porque queriam o mesmo menino ou menino. 

        Toda a gente se ri do primeiro beijo, aquele composto por carinho, amizade, inocência, pureza, sem maldade, quando não confundimos os sentimentos, nem sequer sabemos o que sentimos, se é que sentimos alguma coisa. 

        Alguns adultos levam muito a sério, outros levam para a brincadeira, e é o melhor que podem fazer, porque para nós, quando crescemos, já nem nos lembramos de quem era, nem como se chamava. O primeiro beijo é....uma espécie de uma dança entre duas borboletas, que passaram nos nossos lábios, e com as suas asinhas e ao tocarem-se uma na outra, pareceu-nos um beijo! 

       É isso...estou aqui a rever a caixa, estão borboletas de brincadeiras que fazíamos em papel, e...que giro, uma delas tem o teu nome! (gargalhadas) Já não me lembro da tua cara (pega numa foto de grupo do colégio) acho que... és este...? 

        Deves ser, se estás à minha beira de mão dada...lembro-me que eras ciumento e possessivo! Tinhas de ficar sempre à minha beira, gritavas que eu era a tua namorada, batias nos outros meninos que se aproximavam de mim, até a nossa educadora te dar uma sapatada e dizer que isso não se fazia...lembro-me bem, de ela dizer que eu era a tua namorada, mas éramos todos amigos, os outros não te iam roubar-me! A educadora obrigava-te a pedir desculpa e tu amuavas. (gargalhadas) 

        Que lindos que nós éramos todos. Deves estar bem diferente! Até eu estou! E se o amor agora fosse assim, como nesta altura? Era delicioso. Puro, não havia tantos divórcios, nem tantas zangas, porque éramos sinceros, autênticos, transparentes, na nossa inocência, mostrávamos o que sentíamos e adorávamos isso. Éramos felizes! Agora tenho dúvidas que os casais adultos sejam tão felizes como nós éramos. 

        Depois, essas borboletas que achávamos que eram beijos, sem malícia, sem maldade, voavam leves, soltos, sem dor, sem sofrimento, sem mágoas nem rancores, nem que fosse só um, nem que acontecesse de vez em quando...e traz sorrisos, a lembrança dessas borboletas que achávamos serem beijos. 

        Era o que diziam, mas eu continuo a defini-los como...beijos, que ficam para sempre na memória, inocentes, eternizados nas fotografias de quando éramos pequenos. Os beijos que dei na adolescência, acho que não tinham nada de borboletas, talvez mais de...besouros. 

        Picaram muito, doeram muito quando acabaram, e não voltaram. Do primeiro que me lembro, não ficou dor! Dos adolescentes sim, doeu e muito. Tenho vontade de voltar a estes tempos, só para sentir outra vez as borboletas que se encostaram, reencontrar-te, para ver também viste as borboletas a danças nos nossos lábios, e a levantar voo, deixando-nos sem dor, sem rancor, só com recordações! 

Até qualquer dia...talvez um dia nos encontremos para sentir as borboletas a dançar, ou...apenas em sonhos! 

        E vocês, sentiram essas borboletas dos primeiros beijos? 


                                                                            FIM 
                                                                         Lara Rocha 
                                                                        14/Julho/2015 

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