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domingo, 10 de agosto de 2014

A Pastorinha


    
Era uma vez uma pequena criança de cinco anos, que se chamava Catarina e vivia com os pais, avós e outros irmãos, numa pequenina vila histórica muito antiga, perdida e esquecida na montanha.
       Os habitantes nunca tinham saído de lá porque tinham tudo muito perto, até centro de saúde, um mini hospital e supermercado. Eram felizes e tinham boa saúde.
       As crianças só não iam à escola porque nenhum professor concorria para lá, por ser longe e isolada. Por isso nem os pais, nem avós e as crianças, sabiam ler nem escrever. Brincavam e ajudavam os pais e avós nos campos e em casa.
   Catarina tomava conta das ovelhas. Levava-as bem cedo, antes dos primeiros raios de sol aparecerem, na companhia dos grandes cães pastores da serra, enchouriçada de roupa porque de manhã e à noite estava um frio cortante, mas à medida que o dia ia avançando e ficava calor, ela tirava roupa
   Além da roupa, Catarina levava o almoço e pequenas delícias para comer sempre que tivesse fome! Sopa, broa, pão e chá feitos em casa com todo o carinho pela mãe, e os outros petiscos era a Avó que os fazia.
    A menina falava com todas as ovelhas, e dava nome a cada uma delas. Elas já a conheciam e já estavam habituadas a ouvi-la, porque Catarina tinha longas conversas com elas. Ela cantava, ria, saltava, corria, às vezes adormecia, apreciava a paisagem e sonhava acordada.
     Num amanhecer aparentemente igual aos outros, de um dia de sol, aconteceu uma coisa muito especial.
- Sabem uma coisa, meninas…eu quando durmo sonho com umas folhas cheias de desenhos, riscos, mas não percebo nada do que está lá. O que será isso?
         As ovelhas bramem, e ela boceja.
- Também não sabem? Eu nunca vi aquilo. A quem é que eu poderei perguntar? Os meus pais e os meus avós não sabem! Bem, enquanto não encontro a resposta…se não se importam, vou dormir um bocadinho. Se houver alguma coisa acordem-me. Já viram…? Já está um bocadinho claro, mas ainda há estrelas no céu. Que lindas. Parece que hoje vai estar sol, só espero que não esteja muito calor. Até já.
     As ovelhas bramem, e vão ao pasto dela. Catarina deita-se encostada ao cão, debaixo de uma enorme árvore, cheia de troncos e folhas. 
   As suas raízes eram tão grandes que estavam à superfície, e serviam de banco, mesa e cama para a pastorinha. Era aqui que ela se protegia do frio, da chuva e do calor. 
    Esta árvore era mesmo muito especial para ela, quase parecia uma pessoa a tomar conta dela. Catarina sabia que estava segura e podia ficar descansada. Como era ainda muito cedo, a menina dorme mais um bocado
   De repente, as ovelhas e os cães ficam muito nervosos e agitados: os cães ladram e uivam, as ovelhas bramem e juntam-se, andam de um lado para o outro. 
  Estão a sentir uma presença, e a ver duas pequeninas luzes brilhantes e lindas, a andar devagar. Catarina acorda sobressaltada!
- O que foi? Porque é que estão tão agitadas e nervosas?
    E aproximam-se dela duas luzes: lindas, leves e brilhantes. Uma é a fada das letras, e a outra é a fada dos livros.
- Bom dia! – Dizem as fadas em coro
- Bom dia! Uau. Que lindas! Quem são vocês? – Responde e pergunta Catarina a sorrir.
- Eu sou a fada das letras!
- E eu sou a fada dos livros.
- Se calhar nunca te falaram de nós, porque andamos mais pelos livros, e sabemos que tu não conheces os livros. – Acrescenta a fada dos livros
- Pois é. O que é isso? – Pergunta Catarina
  As fadas explicam. Catarina fica maravilhada, principalmente, quando as fadas mostram um livro e as palavras.
- Áh! Eu sonho muito com isto! – Diz Catarina
- Com livros? – Pergunta a fada dos livros
- Sim…eu não sabia o que era, mas agora, quando me mostraram este, percebo que sonho com…livros.
- Que bom! – Dizem as fadas a sorrir
- E gostas de sonhar com livros? – Pergunta a fada dos livros
- Gosto…acho que gosto. Mas não o que diz lá.
- Tu gostavas de saber ler e escrever? – Pergunta a Fada dos livros
- Sim! Gostava muito…mas os professores não chegam aqui. Temos uma escola, mas nunca vamos para lá porque não há professores.
- Pois! – Dizem as fadas.
- Mas a partir de hoje, haverá escola, livros e letras para todos os meninos que quiserem. – Diz a fada dos livros
- E nós seremos as professoras! Eu ensinarei as letras, e ela vai-vos dar os textos e livros. – Explica a fada das letras
- Eu quero muito aprender letras e ver livros. Quando começa? – Pergunta Catarina
- Pode começar hoje mesmo! – Diz a fada das letras
- Boa! Posso ir chamar os meninos? – Pergunta Catarina
- Claro que sim. Encontramo-nos na escola. – Diz a fada dos livros.
- Muito obrigada! – Diz Catarina
   E Catarina vai de porta em porta, onde há crianças, e leva-as para a escola. Num instante, ela aparece na escola com mais 12 crianças da idade dela, com quem brinca muito. Estão todas muito curiosas e entusiasmadas.
     As fadas apresentam-se, e as crianças também. Estão todos encantados com as professoras. E a fada das letras começa a ensinar a primeira letra. Põe a letra no quadro, em material e mostra desenhos da letra, com imagens de palavras começadas por essa letra. 
       Os meninos conhecem todos os objectos que ela mostra, mas não sabiam que começavam por essa letra, e que se escrevia assim.
     Depois, aprendem outra letra, e mais outra…todos os dias aprendem letras diferentes, e rapidamente sabem desenhá-las e identificar.
   Nas semanas seguintes, depois das principais letras estarem sabidas, a fada dos livros dá às crianças pequeninas e simples frases, e a fada das letras ensina a juntar as palavras e as letras.        
  Aprendem a ler, primeiro as frases, depois pequeninos textos, até grandes textos, e ouvem todos os dias lindas histórias contadas pelas fadas.  Estão todos tão felizes, e os pais orgulhosos.
     A pequenina vila fica cheia de livros que as fadas oferecem, e ganha uma nova vida, uma nova alegria, com as crianças na escola. São alunos muito interessados e aplicados, que adoram aprender.
      Mesmo assim, não deixam de ajudar os pais e os avós, só que agora são cabecinhas mais abertas, que querem aprender mais e mais, e conseguem levar os pais e os avós também para a escola, aprender a ler e a escrever.
     Nas noites de Verão, as crianças juntavam-se com os adultos, para lerem histórias e ouvirem outras histórias verdadeiras, que depois escreviam.
    É muito bom ler, escrever e aprender.
E vocês? Também gostam de ler e de escrever?

FIM
Lálá
(6/Agosto/2014)



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