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sábado, 1 de maio de 2021

Monólogo: a amizade, as estações do ano e as flores

 



A AMIZADE E AS FLORES

    As amizades são como as flores…Umas verdadeiras, naturais, coloridas, frescas, delicadas, constantemente bem tratadas, com carinho, palavras simpáticas, abraços...outras...São naturais, coloridas, e frescas. 

  São aquelas que podem durar uma eternidade, e começar até antes de nascer, umas permanecem para sempre, enquanto vivem, outras, são fogo de vista! 

    Lindas no início, que nos enchem os olhos, preenchem-nos, fazem-nos renascer, como se fossemos a terra a acordar do longo sono do Inverno, na Primavera, mas tal como as estações do ano terminam, para que a terra se renove, passado uns tempos, por falta de dedicação, por esquecimento, por maldade…Murcham! 

     Passamos da Primavera para o Outono, que apesar da sua beleza, à medida que caminha para o Inverno torna-se mais tristonho.

     Como esperávamos o despertar de uma amizade que fantasiávamos, com a certeza quase absoluta de que ia ser boa e de repente, desaparece, como as folhas das árvores que caem e voam levadas pelo vento, secam, são pisadas. 

      Outras, são artificiais, bonitas, coloridas, e estão sempre intactas, como as compram e no local onde as deixam.

   Há aquelas flores que têm espinhos, outras não. Outras parecem nascer do nada, como se fossem uma semente largada do bico de um pássaro que pressente que ali é um bom terreno para desabrocharem flores. 

    Mas não depende do pressentimento dele, porque as amizades não são sementes de flores, às vezes parece que vai nascer alguma coisa, e pode começar, mas logo a seguir, por qualquer razão que nem sempre conseguimos explicar...Morrem! 

     Voltamos a ser Inverno. O nosso mundo interior gela, ou congela, ficamos tristes, choramos, ou tornamo-nos uma espécie de navio encalhado num glaciar, nem para trás, nem para a frente. 

    Questionamo-nos o que fizemos, se a culpa foi nossa, ou se foi o outro que quis. Se estávamos tão bem, porque acabou? Perguntas que podem ficar sem respostas, simplesmente porque tinha de ser assim, talvez fosse o melhor, apesar da dor. 

   Sim, apesar da desilusão, e da perda, ainda temos esperança de encontrar novos amigos, assombrados pela dúvida, mas com vontade que aconteça. 

    Ficamos entre a Primavera e o Verão, e somos Verão, quando encontramos pessoas, aquelas que nos tiram muitos espinhos: do sofrimento, da dor, da tristeza…há outras que nos espetam ainda mais espinhos no coração. 

   Mas infelizmente também existem aquelas flores que não são de nenhuma estação do ano específica, surgem em qualquer época do ano, e que nos fazem percorrer num piscar de olhos as quatro estações do ano em poucos dias. 

     São aquelas flores bonitas e atraentes por fora, mas por dentro, estão repletas de bichos: os bichos da falsidade, da mentira, do cinismo, do interesseiríssimo, e os do abandono quando mais precisamos. 

     Essas flores podem estar muito tempo na nossa vida, quer queiramos, quer não, e porque não sabemos que são flores venenosas, apesar da sua sedução externa, e beleza enganadora! 

  Se soubéssemos, nem sequer nos aproximávamos delas, porque saberíamos que nos iriam fazer mal. 

     Apesar disso, são como as estações do ano, passam por fases em que nos sentimos na Primavera, no Verão, no Outono e no Inverno, ou no Inferno! 

   Vivemos momentos bonitos e felizes, carinhos, enquanto duram, enquanto a fachada não desaba, enquanto não secam!      Sim, no Inferno também, quando começamos a perceber o que está por trás da beleza aparente. Puro veneno! 

   O ideal seria que todas as amizades fossem como as flores naturais, coloridas, tratadas com amor fraterno, carinho, dedicação, respeito, presença, sinceridade e sem espinhos, ou se os tivéssemos. 

    Que os amigos os conseguissem tirar, em vez de nos espetarem ainda mais, e que nos sentíssemos mais vezes na Primavera e no Verão, do que no Outono e no Inverno, nestas duas últimas, só para apreciar as belezas naturais que elas nos proporcionam sabendo que não podemos tocar-lhes. 

                                        Lara Rocha 

                                       1/Maio/2021

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