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quarta-feira, 5 de maio de 2021

O espelho das estrelas

       


 Era uma vez uma linda flor, numa janela de uma casa. Geralmente a flor ficava na beirada da janela, mas quando chovia guardavam-na num alpendre, para ficar protegida. Numa noite, as estrelas faziam o seu passeio noturno quando espreitaram pelos binóculos para o planeta terra, gostaram tanto daquela flor que se aproximaram, de tal maneira que conseguiram ver-se refletida nela. 

        Era uma flor que dava luz, e tinha pétalas lisas, macias, bonitas. As estrelas quiseram experimentá-la, e desceram, disfarçadas de borboletas para poderem pousar. A flor tinha umas gotinhas de água flutuantes que deslizavam de pétala em pétala, porque tinham-na regado, ao fim da tarde, achou um bocadinho estranho ver borboletas por ali àquela hora. 

        As estrelas disfarçadas de borboletas, transformaram-se em pirilampos, e sobrevoaram a flor, vendo a sua imagem refletida nas gotinhas. Esta já conhecia os pirilampos, mas assustou-se, e acendeu a sua luz, as estrelas disfarçadas conseguiram ver-se fletidas, como se estivessem em frente ao espelho. 

- Olá, linda flor, não te assustes, nós somos estrelas, mas tivemos de nos disfarçar de borboletas e agora de pirilampos. Vimos-te lá de cima, que bonita que tu és. 

- Espera aí...és uma flor ou um espelho? 

- Sou uma flor. 

- É que nós estamos a ver-nos aí nas tuas pétalas, em forma de pirilampos e de estrelas. 

- Áh! Devem ser as gotinhas de água da rega, ao fim do dia que adoram dormir nas minhas pétalas para eu ficar viçosa, fresca. 

- E tu dás luz? 

- Sim! 

- Áh! Nunca vimos uma flor a dar luz. 

- Eu também não sei como dou luz, acho que sou a única. 

- Então devemos estar a ver o nosso reflexo por causa da tua luz. 

- Vocês também têm luz, por isso pode vir de vocês, e veem-se nas gotinhas. Que lindas que são!

- Obrigada, tu também. 

- Fala-nos deste espaço onde moras... - pede uma estrela 

            A flor e as estrelas têm uma longa conversa, riem, e deixam um presente à flor, para lhe dar a certeza que voltariam muito em breve. Salpicaram as pétalas com o seu brilho, pareciam manchas de tinta, em formato de estrelas, e sempre que as gotinhas passassem por lá, ou o sol lhe tocasse, podia ver o arco-íris, que como combinaram, seria sempre as estrelas estivessem por perto, ou quando ela se sentisse sozinha, sabia que em breve estariam juntas, para grandes diversões. 

            Os donos não sabiam que aquela flor ganhava manchas de tinta brilhantes nas pétalas, nem descobriram como, mas era uma das flores preferidas deles, que atraia lindas e gigantescas borboletas, pirilampos, abelhas e as próprias estrelas iam ver-se ao espelho. Passaram várias noites a encontrar-se, a flor levou as estrelas a conhecer o espaço, a casa, o jardim que elas adoraram, com a sua luz, brincaram, cheiraram, rodaram na relva, acariciaram as outras flores, e nunca mais largaram a flor. As estrelas tornaram-se as melhores amigas da flor, levando muitas mais amigas, e passando noites divertidíssimas. 

                                                                FIM 

                                                           Lara Rocha 

                                                            5/Maio/2021

                                                        


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