Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Há dias

foto de Lara Rocha 

    
   
Há dias em que me apetecia alguém completamente diferente da minha pessoa. 

Só porque...sim...tipo...apetecia-me ser uma égua, linda, elegante...e correr desenfreada, louca, solta, sem destino. 

   Subir montes, descer ravinas, percorrer castelos e campos verdes. Libertar toda a minha raiva relinchando até ficar sem voz...dar patadas. coices, fazer pó, cair em cima de certas pessoas...esbofeteá-las com o chicote da minha cauda, até ela me doer. 

     Poderia servir de defesa, proteger algumas pessoas em apuros. Gostava de ter poder para me transformar...e carregar em cima de mim, só os amores verdadeiros, os falsos, deitava-os abaixo e ainda lhes daria uma boa tareia. 

    Depois...poderia patinar no gelo, apenas com as minhas patas, devia ser bom escorregar...seria divertido! Queria ser muita coisa diferente do que sou. Por exemplo, há dias em que queremos tudo, e não queremos nada. 

     Há dias em que estamos calmos, e outros nervosos, dias em que somos: sol, luz, riso, euforia, alegria, sorrisos. E há dias em que somos...nuvens, chuva, cinzas, escuridão, tristeza, lágrimas, dor, tempestades...há dias em que sonhamos que somos capazes de abraçar o mundo inteiro, dias em que queremos ser vistos, e noutros dias queremos ser invisíveis. 

    Há dias em que desejamos poder curar o mundo, abraçar o mundo, mudar as pessoas, mudar a nós mesmos...há dias em que...quem precisa de abraços...nem que seja um...somos nós! 

      Até gostava de ser uma obra de arte, aliás, somos obras de arte, e tal como a arte, não encontramos sempre palavras para expressar as nossas emoções, nem as mais superficiais, nem as mais profundas. 

      Há dias em que queríamos ser perfeitos, mas nem as melhores obras de arte são perfeitas em tudo, quanto mais nós, que enfrentamos coisas boas e más?! Há dias em que gostava de ser uma imagem, que transmitisse o que estava a sentir, porque se em vez de palavras que podem ser traiçoeiras, ou «falsas», se pudéssemos utilizar imagens, para transmitir tudo o que às vezes fica em nós, teríamos menos problemas de saúde e emocionais. 

    Porque as imagens contam histórias, iguais às nossas e diferentes, mas que fazem despertar outras, que pensávamos estar esquecidas, guardadas no álbum das antiguidades. 

   Se nos pudéssemos transformar em arte para dizer o que sentimos, principalmente nos dias em que somos sombras deambulantes, nuvens cinzentas, chuva, escuridão, tristeza, poderíamos ser muita coisa: paisagens, mais ou menos bonitas, claras ou escuras, se pudéssemos obras de arte mais felizes, em dias tristes...elas contam histórias, fazem sentir algo especial, fazem pensar, sonhar, rir, chorar. 

    Podíamos ser qualquer tipo de arte, que é um meio de comunicação, para as palavras que se perdem e vagueiam sem encontrar a saída. Arte, dança, teatro, pintura, escrita, desenho, ou outras formas, são os suspiros da alma. Arte! 

     Há dias em que levamos o mundo à frente, e outros em que nos apetece fazer alguma coisa, mas não fazemos nada, não sabemos o que fazer. Há dias em que...somos apenas humanos, e por isso, temos dias de tudo! 

                                                                    FIM 
                                                                Lara Rocha 
                                                                12/Maio/2021 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras