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quinta-feira, 27 de maio de 2021

O cheirinho

       



Foto de Lara Rocha  

       Era uma vez um senhor que vivia numa aldeia com mais habitantes. A sua esposa ia vender pão e bolos, legumes,  sopas caseiras de vários ingredientes diferentes, frutas e flores, enquanto ele ficava em casa de volta do forno a preparar os deliciosos bolos, pão, e sopa.  

        Da sua casa era possível sentir quase todos os dias uma mistura de cheirinhos muito agradáveis, de fazer crescer água na boca, mas os seus vizinhos não sabiam o que era, porque a sua esposa saía antes do sol nascer, e o senhor quase nunca o viam fora de casa. 

        Ouviam muitas vezes a assoviar, e a cantar acompanhado de um rádio, e falava com alguém, pensavam que seria consigo próprio, com o locutor da rádio, ou com algum animal que teria dentro de casa. O sr. tinha longas conversas...

        Um dia, umas crianças da aldeia, de várias idades, estavam a brincar ao ar livre e sentiram a mistura de cheiros. Mas entre esses cheiros havia um em particular que até lhes abriu o apetite, e para se distraírem da fome, cheios de curiosidade, não queriam invadir a casa, então, fizeram um jogo, em que cada um tentou adivinhar ao que pertenciam os cheiros. 

        Como conheciam os cheiros dos alimentos cozinhados, nas sopas, conseguiram acertar todos, mas aquele especial...huuummmm....era a bolos. 

        Não resistiram. Foram silenciosamente até à casa do vizinho, ficaram à porta, os cheiros tornaram-se mais fortes, e cada qual o mais apetitoso. 

        Espreitaram discretamente pela janela com cortinas, e perceberam que se mexia de um lado para o outro, ouviram a música, e o senhor a falar. 

       O sr. percebeu que estava a ser observado, e discretamente, abriu a janela. As crianças esconderam-se rapidamente, como puderam, para não serem apanhados, mas foram vistos e não repararam. 

       O sr. riu e fez de conta que não viu. Continuou o seu trabalho, as crianças voltaram a espreitar, e ele viu as sombras das cabecitas. Desta vez não tiveram tempo de se esconder, foram apanhados em cheio. 

- Oláááááá! - diz o Sr. simpático 

- Olá! - respondem todos mais vermelhos do que pimentos 

- Estavam a espreitar não era...? 

- Era! - respondem em coro 

- Precisam de alguma coisa? 

- Desculpe, não queríamos ser atrevidos, mas cheirava tão bem. - explica um mais crescidinho 

- É. Não resistimos! - acrescenta outro 

- Mas estávamos a tentar ver o que estava a cheirar tão bem. - diz outro 

            O Sr. dá uma gargalhada: 

- Não precisavam de espreitar. Bastava baterem à porta. Entrem para ver o que cheira bem. 

- Não queremos invadir a sua casa, nem atrapalhá-lo. - comenta outro 

- Não, não tem problema. Entrem, vamos conversar um bocado. 

O Sr. abre a porta, dá um aperto de mão a cada criança. 

- Bem-vindos à minha casa... 

           Mostra a casa toda, e conversa com os pequenos, depois leva-os para a cozinha, cheia de farinha, fermento, pedaços de massa, o forno a trabalhar, e o rádio. 

         Um bolo de chocolate crescia no forno, e o Sr. conta a sua vida, o seu trabalho, mas sempre a trabalhar, a amassar, a fazer bolinhas de pão, a mexer as sopas no fogão, a deitar farinha e fermento, sementes e sal. Falou da sua esposa, do seu trabalho, dos filhos, dos netos. As crianças estavam boquiabertas e maravilhadas com o senhor. 

- Querem experimentar fazer a massa, e as bolinhas de pão? - sugere o sr. 

- Sim. - respondem em coro 

           Eles seguem atentamente o que o Sr. faz e diz, repetem tudo, e fazem várias bolinhas de pão enquanto o Sr. trata das sopas, e conversam alegremente uns com os outros. Há muita gargalhada, e trabalho. 

- Muito bem! Agora... vai sair do forno o que cheira tão bem. Sentem-se! - Diz o senhor 

          Estão todos em pulgas para saber o que é. O Sr. abre o forno e tira de lá um grande bolo de chocolate. Os olhos das crianças quase saltam de órbita ao ver um bolo com tanto chocolate a acabar de fazer, e os olhos brilham. 

- Huuuuummmmm... - dizem todos, a lamber a boca

- Vamos experimentar. - convida o Sr. 

           Corta uma fatia para cada um. 

- Provem, e se quiserem podem comer mais. 

            Enquanto as crianças se deliciam com o bolo de chocolate, o Sr. mete as bolinhas do pão, e desliga as sopas. Pega numas caixinhas e oferece sopas diferentes a cada menino, perguntando quantos eram em cada casa. 

            As crianças agradecem, e vão para casa encantados com aquela experiência e com o Sr. As sopas não podiam estar melhores, e os pais vão agradecer pessoalmente a casa do Sr. A partir desse dia,  os habitantes foram buscar sopas, e às vezes pão, bolos, flores, para o ajudar. As crianças também iam fazer-lhe companhia, ajudá-lo a fazer massa de pão, e às vezes como recompensa levavam um pedacinho de bolo. 

Afinal, aquele cheirinho diferente dos que eles já conheciam, era a bolo. 

E vocês, que cheiros sentem à vossa volta? Sabem de onde vem? 

Podem escrevê-los aqui, se quiserem....


                                                                    FIM 

                                                                    Lara Rocha 

                                                                    27/Maio/2021

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