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sexta-feira, 9 de março de 2012

A menina dos cabelos musicais


Era uma vez, uma Vila da Cidade Paraladoespelho, que talvez já tenham ouvido falar noutras alturas…onde vive uma menina chamada Diana.
Aparentemente, é igual a muitas outras meninas: muito bonita, simpática, brincalhona, pequenina, sonhadora…mas com uma diferença: tinhas uns lindos cabelos que davam música!
Sim, é isso mesmo! Sempre que ela mexia os seus longos cabelos ondulados e loiros, e por onde ela passava…aconteciam coisas maravilhosas!
Mas…nem toda a gente conseguia ouvir a sua música…algumas, apenas sentiam os seus efeitos!
Não acreditam? Perguntem à Mamã que vão ver a seguir…!
Uma linda rapariga, muito nova, acabou de ter um bebé, quer dizer…não foi neste minuto que ela teve o bebé…foi há muito poucos dias…saiu do hospital, e como acontece nas Vilas, toda a gente se conhece e há amizade entre as pessoas.
A mãe desta menina mágica, que se chama Natacha, comprou umas prendinhas, e fez umas roupinhas lindíssimas para um bebé chamado Dioguinho que é filho da sua vizinha, Lúcia.
Diana sabe que vai visitá-lo e está em pulgas. A mãe pergunta:
– Diana…estás pronta?
        A Diana responde contente, a sorrir:
– Sim, Mamã!
        Natacha responde:
– Vamos então!
Diana dá a mão á mãe e vai a saltitar, feliz.
Pelo caminho está um casal de namorados e discutir, a Natacha acelera o passo porque não quer que a filha oiça.
Diana pede à mãe que espere um bocadinho:
– Espera, Mamã…porque é que eles estão zangados?
        Natacha responde para despachar:  
– Não sei, nem quero saber! É problemas deles…vamos embora.
Diana não fica satisfeita e com um grande à vontade pergunta-lhes directamente:
– Óh totós…porque é que estão a discutir?!
        O rapaz responde chateado:
– Olha a pirralha!
        Natacha resmunga:
– Vê lá como falas com a minha filha…se estás de trombas, ela não tem nada a ver com isso!
Diana mexe nos cabelos e diz:  
– Vocês não são namorados?
        Os dois respondem em coro:
– Sim…
Diana mexe outra vez nos cabelos e comenta:
– Não parece nada! (p.c) E amam-se?
        O rapaz goza de fininho:
– Olha-me esta…parece um padre…
        A rapariga sorri deliciada e diz:
– Tão linda!
        Mas respondem em coro:
– Sim. Amamo-nos!
Diana mexe outra vez nos cabelos e volta a dar a sua opinião:
– Não parece nada!
        O casal pergunta em coro:
– Porquê?
Diana mexe nos cabelos e explica:
– Porque estão a discutir um com o outro…se se amassem não estavam a discutir um com o outro.
A mãe ri e murmura:
– (a rir) Santa inocência.
        O rapaz não acha piada e resmunga com a pequena:
– Cala – te pimpolha…não percebes nada.
        Natacha ri-se e diz:
– Olha, falou o roto do esfarrapado! (ri-se)
        A rapariga explica:
– Por estarmos mais zangados um com o outro, não quer dizer que não nos amemos!
        Diana mexe nos cabelos e diz:
– Nunca outra vi…! A mim os meus Avós sempre me disseram que quando se ama alguém não se trata mal…
        O rapaz responde:
– Eu não estou a tratar mal ninguém!
        A rapariga acrescenta:
– A verdade é que também não me estás a tratar bem. Mas ele só está a falar mais alto comigo, fofinha.
        O rapaz quase que destrói toda a inocência da criança quando lhe diz:
– Os teus avós mentiram-te…porque qualquer casal discute e amam-se!
        Mas Diana não se deixa ficar, e responde:
– Só se foi o teu avô que te mentiu, porque o meu Avô nunca me mente.
        A rapariga sorri e comenta:
– Para que é que lhe estás a dizer essas coisas? Olha a idade dela…achas que ela percebe alguma coisa de relações? (p.c) Para ela é tudo cor-de-rosa! Como era para mim…e como era para ti na idade dela. Até conhecer a triste realidade.
        O rapaz não assume que também era assim na idade de Diana e responde:
– Eu na idade dela queria lá saber de relações…! Queria era bola e carrinhos. Nunca vi nada cor-de-rosa, nem vermelho…nem de outra cor qualquer…!
        A mãe ordena à Diana:
– Vamos embora…Diana!
        Diana não gostou do que viu e diz:
– Eu não saio daqui enquanto eles não fizerem as pazes e enquanto não derem um abraço…ou um beijinho…!
        A mãe ri-se e diz:
– Querida…não te metas…deixa-os lá. Eles que se entendam e é se querem. Se não se entenderem é problema deles.
A pequena mexe outra vez nos cabelos e ouve-se uma música suave. Ela olha para o casal. O casal sorri deliciado, pedem desculpa um ao outro, dão um abraço e um beijinho…a Diana sorri deliciada. A mãe fica intrigada e sorri também.
Natacha insiste:
– Anda filha, já viste o beijinho e o abraço, eles já fizeram as pazes…vamos!
        Diana antes de ir embora responde sorridente:
– Muito bem, é assim mesmo! E se se amam mesmo, não voltem a discutir!
Todos disfarçam o riso e dizem que sim. O casal segue, de mão dada e feliz! Ouviram a música dos cabelos da Diana. A Diana segue caminho com a mãe e falam uma com a outra:
– Mamã…porque é que os adultos que são namorados discutem? (p.c) Isso não é sinal de amor pois não?
– (sorri embasbacada) Óh…óh querida, o facto de os casais discutirem, não quer dizer que não se amem! (p.c) Os adultos às vezes zangam-se…mas passa rápido… (p.c) Só não há amor quando os casais se zangam e batem uns nos outros…!
– E há casais que batem uns nos outros?
– Infelizmente sim, querida!
– Mas se não se amam e se batem um no outro para que é que estão juntos e porque é que não vai um para cada lado? (p.c) Se não gostam um do outro, nem precisam de se falar, certo?
– Claro, filha…mas eles não entendem assim!
– Se eles não sabem isso, alguém lhes devia dizer essas coisas…para não estarem juntos se não gostam um do outro não era?
– (sorri) Sim…pois era! (p.c) Mas ninguém se quer meter entre marido e mulher!
– Se andam à luta, não há quem os separe?
– Não…! Quase nunca há quem os separe.
– Porquê?! (p.c) A nós estão-nos sempre a dizer que quando vemos dois à luta, devemos separá-los e dizer-lhes para que se entendam a bem…sem se magoarem…e aos grandes não podemos fazer isso?! Eles podem magoar-se é?!
– (sorri, não sabe o que responder) S…sim…isso seria bom…mas infelizmente não acontece! As coisas não são assim tão simples!
– Porquê?
– (sorri) Quando fores grande vais perceber certas coisas! – Tu e o papá não andam à luta! Mas se andassem, eu separava-vos…! (p.c) Se isso acontecesse era sinal que não se amavam!
– (sorri) Sim, sim…!
– Toda a gente diz que quando se ama, não se magoa…mas isso não acontece pois não mamã?
– Acontece em alguns casais, noutros não!
– Porquê Mamã?
– Não sei…! (p.c) Porque…há gente má…!
– Mas se há gente má, devia ficar sozinha!
– Sim, tens razão…no meio do mato…das silvas…
– E porque é que há gente que se aproxima desses maus?!
– Não sei!
– Eu não gosto de gente má…nem me aproximo dela…não consigo perceber porque é que há quem se aproxime…
– Também não sei Diana! (p.c) Chegamos a casa da Lúcia…já sabes…porta-te bem!
– Sim, já sei!
Lúcia está desesperada! O bebé Diogo ainda não parou de chorar, mesmo depois de várias tentativas da mãe para o calar. Natacha bate à porta. Lúcia abre a porta com o bebé ao colo a chorar. Cumprimentam-se, Diana mexe nos cabelos e o Dioguinho começa a serenar. Lúcia convida para entrar:
– Entrem…Olá Diana querida…Olá Natacha…
        Natacha fica encantada com o bebé e elogia:
– (sorridente) Que coisa tão linda! (p.c) Parabéns…como estás?
Enquanto as mães falam, Diana mexe nos cabelos e ouve-se uma música suave…o bebé fica embalado com a música, pára de chorar, fica de olho aberto, a Diana brinca com os caracóis dos cabelos e o bebé adormece.
A Lúcia respira de alívio e diz:
– Finalmente adormeceu! Só chorava…fiz tudo e mais alguma coisa, e não se calava! (p.c) Vou deitá-lo. (p.c) Sentem-se! (p.c) Querem alguma coisa?
        Mãe e filha respondem em coro:
– Não, obrigada!
As duas mães conversam, o bebé dorme. De repente passa uma rapariga muito triste, solitária pela janela. Diana espreita e cumprimenta-a.
– Olá!
        A rapariga cumprimenta e começa a desabafar:
– (triste) Olá! (p.c) Quem me dera ser do teu tamanho e da tua idade!
– Porquê?
– (triste) Assim não tinha que ver os meus pais chateados!
– Não lhes ligues…se eles se amam mesmo, vão fazer as pazes!
– Para ti é tudo muito fácil e muito bonito!
Diana mexe nos cabelos. A rapariga consegue ouvir a música. Fica deliciada e comenta, as duas continuam a falar uma com a outra:
– Tu…és uma boneca que falas?
– Eu…? Não…não sou nenhuma boneca…sou de carne e osso. Porquê? Tenho muitas bonecas e elas não são iguais a mim.
– Tu…dás música…! Eu estou a ouvir música muito perto…só pode vir de ti.
– O quê? Eu não dou música…não sou nenhuma boneca para dar música, nem nenhum instrumento musical…também não toco nada…nem tenho nenhum rádio.
A rapariga aproxima-se mais de Diana, a Diana mexe nos cabelos e a música soa suavemente…a rapariga fica contagiada pela música alegre que ouve e dança contente.
Diana solta uma grande exclamação, não está a perceber nada do que está a acontecer com a rapariga:  
– Ááááhhh…! Coitadinha…a rapariga está…a sonhar…eu não ouço música nenhuma.
– (sorridente) Tens uma música muito fixe. Anda dançar comigo!
– Como é que eu vou dançar contigo, se não ouço nada…? Estou a ver-te dançar e está-me a apetecer dançar também!
A Diana e a rapariga dançam alegremente, e a música sai á medida que ela mexe com os cabelos. Passam dois meninos de rua, e dançam também, contentes. O rapazinho a rir diz:
– Que música fixe!
        A rapariguinha concorda e acrescenta a rir: 
– Olha, não queres vir connosco, para nos ajudar a ganhar dinheiro?
        O rapazinho sorri com a ideia, concorda e reforça o pedido:
– Sim…nós dormimos na rua, os nossos pais figuram…e vamos tendo o que comer e o que vestir, porque há pessoas boas que têm pena de nós e dão-nos o que já não precisam!
         A rapariga partilha a sua opinião:
– Olhem…era uma excelente ideia! Eu alinho convosco…danço…
        O rapazinho e a rapariguinha sorriem e dizem em coro:
– Está bem! Obrigada!
        Diana não ouve a música que eles ouvem por isso diz:
– Hum…mas o que é se passa aqui?! Estou surda…?! Toda a gente ouve música, menos eu?! Não percebo nada.
        A rapariga tenta explicar:
– Mas…a música vem dos teus cabelos…
        Diana pensa alto:
– Esta deve estar maluquinha…coitadinha! Os cabelos não dão música…nem tem música…
        O rapazinho pergunta ansioso:
– Mas…podes ajudar-nos ou não?
        Diana fica com pena deles, e embora não saiba o que fazer para os ajudar responde:  
– Aaaaaahh…está bem…mas não sei como…!
        A rapariguinha apresenta uma solução:
– Basta pores a música a tocar…e dançamos!
        Diana continua sem perceber e questiona-se:  
– Mas…que música?
        Todos respondem em coro:
– A tua música!
        Diana repete:
– Mas, eu não canto…nem tenho rádio!
        A rapariga relembra:
– Mas tens uma música muito bonita!
        Diana não percebe nada e comenta:
– Que coisa tão estranha…eu não ouço música nenhuma!
        Todos respondem em coro:  
– Mas tu tens música!
        Diana confessa:
– Não percebo nada!
        A rapariguinha dá a entender que não está preocupada com isso, quer é a presença de Diana, e diz-lhe:
– Óh…! Anda connosco…e danças connosco está bem?
        Diana aceita o convite e avisa a mãe:
– Está bem… (p.c) Mamã…eu já venho!
        A mãe avisa-a:
– Está bem…não vás para longe!
        Diana tranquiliza a mãe dizendo-lhe:
– Está bem! Já volto…
A Diana vai com os meninos e pelo caminho…mexe no cabelo.
Sempre que mexe no cabelo…dá música…e as pessoas que a ouvem dançam também, aplaudem e dão dinheiro aos meninos de rua.
Eles estão felizes.
Passam duas avozinhas (a1; a2) de braço dado, olham para as crianças deliciadas e com um grande sorriso, e falam uma com a outra: 
– Ai, que coisa tão querida!
– Tão graciosas…parecem umas bonequinhas…bailarinas…!
- Onde estão os pais delas?
- Não sei!
- Será que são todos irmãos…?
- Pode ser…!
- Possivelmente estarão a pedir…!
- Coitadinhas…! Isso é maldade com as crianças…
- Pode ser mesmo por necessidade! Para ajudar os pais.
- Ou serão alunos da escola de teatro, ou de bale aqui perto…e estão a apresentar algum trabalho!  
– (sorridente) A música que elas tocam…maravilhosa…embala-nos…! – Que música…?!
– A música deles…!
– Não ouço música nenhuma. Ui será que estou a ouvir mal?
– (sorridente) Na imaginação delas está a tocar uma música…e pelo que parece é muito bonita!
– Ááááhhh…sim…e na tua também!
– (sorridente e entusiasmada) Eu estou a ouvi-la e vou dançar com eles…anda também!
– Se eu não ouço música, vou dançar o quê, e como?
– (sorri) Danças como eles…! (p.c) O teu coração vai ouvir a música delas e tu naturalmente vais dançar ao som dela…! (p.c) Mesmo que a tua música não seja a delas…dança como elas…! (p.c) Eu consigo ouvir a música deles…e o meu coração reconheceu-a…por isso estou a dançar como elas!
– (sorri) E como é que sabes que o teu coração reconheceu a música e está a ouvir a música deles?
– (sorri) Porque estou feliz! (p.c) Experimenta também, ouvir a música deles! (p.c) Se te sentires feliz ao dançar…é sinal que a música foi reconhecida! (p.c) Mesmo que a música não seja a mesma que a tua! (p.c) Deves conseguir ouvi-la! (p.c) Segue o ritmo deles! E diverte-te.
E com a alegria das crianças…toda a gente dança e até as avozinhas conseguiram ouvir a música…o seu coração reconheceu-a!
Toda a gente que passa fica encantada e contagiada com a música dos cabelos da Diana, e até os adultos dançam com elas, dão-lhes bastante dinheiro e divertem-se muito.
Ao fim de algum tempo, Diana volta para a mãe feliz por ter ajudado os meninos de rua a ganhar dinheiro, com a promessa de voltar a ajudá-los nos próximos tempos.

Adultos: não desliguem as músicas mágicas que ressoam do vosso coração de crianças…! Principalmente em momentos de tristeza, desespero ou aflição. Mesmo que não saibam cantar nem dançar.


                                                Lálá







(29/Abril/2011)

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