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quinta-feira, 8 de março de 2012

A centopeia doméstica

A CENTOPEIA DOMÉSTICA
Foto e boneco de Lara Rocha 

PERSONAGENS PRINCIPAIS:
- UMA JOVEM RAPARIGA – SUSANA 
- UMA CENTOPEIA

OUTRAS PERSONAGENS
- MACACOS – TUCAS; MIQUINHO
- UMA COELHINHA – NÁNÁ
- FLORES
- COGUMELOS
- CARACÓIS
- FIGURINOS DA FESTA (animais, anões…)

Era uma vez uma jovem rapariga, chamada Susana, que vivia sozinha, numa linda, verde, e fresca floresta. A sua casa era pequenina, simples, acolhedora e muito bem decorada.
Era uma vez uma centopeia que teve de fugir da sua casa, um prédio em obras, e andou, andou, andou…até que foi ter à floresta.
Numa tarde de imenso calor, e muito sol, a Susana saiu para fazer umas compras. Nessa mesma tarde, a centopeia estava muito triste, chorou o caminho todo, andou devagar, e ficou tão cansada que assim que viu uma casa subiu para a janela. Espreitou, suspirou e disse:

CENTOPEIA – Que calor sufocante! (p.c) Ufff…nem sei onde estou, mas vou ficar por aqui. Ááááhhh…que casa tão bonita! Quem viverá aqui? Está tão bem decorada. (p.c) Espero que seja uma boa pessoa, para me deixar ficar aqui.
Deita – se, e adormece em seguida. A pobre centopeia está exausta. Os cogumelos, os caracóis, e as flores à porta de casa da Susana seguem – na com os olhos, enojados.

GIRASSOL 1 – Quem é esta…?
GIRASSOL 2 – Não faço ideia.
       
MARGARIDA – Será amiga da Susana? Hum...acho que não…não a conheço.

    O Malmequer que conhece bem quem lá vai, também está desconfiado:

MALMEQUER – Família também não me parece que seja.

      Dois cogumelos estão mais interessados em saber outra coisa: 

COGUMELO 1 – É masculino ou feminino?
COGUMELO 2 – Não sei…está tapado.
GIRASSOL 1 - Tem muitas curvas, deve ser…feminino.
GIRASSOL 2 – O que é que ela está aqui a fazer?

     Margarida ainda a observa desconfiada e comenta:

MARGARIDA – Tem um ar muito estranho. Parece um extra terrestre…ou um monstro saído de alguma toca…lá bem para baixo…lhec. 
GIRASSOL 2 – Acho que está doente!

        O Cogumelo preocupado lembra:

COGUMELO – Então se está doente, é melhor não a deixarmos ficar ali.

        Os dois Girassóis não têm coragem de lhe tocar:  

GIRASSOL 1 – Lhec. Eu não lhe mexo. Deixa – a estar ali, que quando a Lálá vier, decide o que fazer.
GIRASSOL 2 – Nem eu…ainda nos pega alguma coisa má…Ui…até me arrepio. Os meus pais pelo menos sempre me disseram que quando encontrasse um animal doente, não lhe tocar.
MALMEQUER – Não sei o que veio fazer aqui.
MARGARIDADA – Se está doente, o que veio fazer para a rua?
GIRASSOL 1 – Para mim ela é vadia…e deve ter vindo ver se encontrava um doutor ou doutora para a tratar.
TODOS – Enganou – se.
GIRASSOL 1 – Pois, aqui não há nenhum doutor…nem doutora.
CARACOL 1 – Não há doutor, nem doutora, mas há uma boa rapariga, e eu tenho a certeza que ela a vai ajudar.

     O Malmequer tem dúvidas que apesar da bondade da menina, ela aceite aquele bicho. 

MALMEQUER – Ela é boa rapariga, mas duvido que ajude esta coisa horripilante…que não serve para nada.
MARGARIDA (PREOCUPADA E COM MEDO) – É muito perigoso ajudar alguém que não se conhece!
COGUMELO – Tens toda a razão.
GIRASSOL 2 – É melhor ficarmos de olho…!
TODOS – Isso.
MALMEQUER – Sim, ela pode estar a fazer – se de doente, e no fim querer roubar a casa.
TODOS – Pois…

        Margarida acha que conhece muito bem a Susana para saber que ela não vai gostar da visita e diz:

MARGARIDA – Eu tenho a certeza que a Susana não gosta desta coisa feiosa…grudenta…lhec.
GIRASSOL 1 – Que grande ousadia a dela…espetar – se ali na janela de uma casa que ela não conhece, e sem pedir autorização…
TODOS – Também acho.
GIRASSÓIS – Eu corria – a logo.
COGUMELOS – Eu esborrachava – a com um chinelo…
(Todos riem)
COGUMELO 1 – Olhem…vem aí a Susana com o Tucas e o Miquinho…quero ver o que vai acontecer…!

Chega a Susana, com sacos, e uns macaquinhos da floresta que a ajudam a carregar as compras.
Ela olha para a janela e ao ver a centopeia arrepia – se, manda um grito assustada e enojada.
Os macacos guincham e colocam – se em posição de defesa da rapariga.

A centopeia acorda sobressaltada, estremece, arregala os olhos…e pensa para si mesma:
CENTOPEIA – Óh não…já me vai desfazer…! Que pouca sorte a minha…e logo agora que não tenho forças para andar…quer dizer…para fugir.
SUSANA – O que é isto na minha janela…?
A centopeia encolhe – se com medo. Susana aproxima – se dela, observa – a. Os macacos seguem – na, e olham para a centopeia, tocam – lhe. Susana identifica o bicho:

SUSANA – Uma centopeia…mas…esta é diferente…colorida…que engraçada. Assustou – se comigo! (os macacos riem). Podem ir, queridos. Obrigada pela ajuda. Esta não me faz mal.

Os macacos dizem «xau» com as mãos, sorriem, e seguem caminho. Susana e a Centopeia falam uma com a outra:

SUSANA – Olá…
CENTOPEIA (ainda assustada) - Olá.
SUSANA – Desculpa ter – te assustado…mas não contava contigo aqui!
CENTOPEIA (implora a Susana, mas mais calma) - Não me faças mal, por favor…
SUSANA – Está descansada, não te vou fazer mal.
CENTOPEIA – És a dona desta casa?
SUSANA – Sim!
CENTOPEIA – É muito bonita esta casa!
SUSANA (sorri) - Obrigada. E tu, de onde és?
CENTOPEIA – Aaahhh…não sei…! Já estive em muitos sítios.
SUSANA – Como é que vieste aqui parar…?
CENTOPEIA – Vim…andei muito…tive de sair da casa onde estava, porque deitaram – ma abaixo. (p.c, triste) Vão fazer obras lá. (p.c) Andei tanto…nem sei quanto. E como está muito calor, e eu estava tão cansada, vi esta casa tão bonita…que encostei – me aqui. (p.c) Desculpa instalar – me aqui sem te pedir autorização, mas eu prometo que assim que estiver melhor, ponho – me a andar para outro lado.
SUSANA – Óhhh…que história tão triste! Vivias sozinha?
CENTOPEIA – Sim. E tu, também vives sozinha?
SUSANA – Sim. Os meus pais vivem noutro sítio aqui na floresta. Não precisas de procurar outro sítio, podes ficar aqui a viver comigo. (p.c) Deves estar cheia de fome e de sede. Vou dar – te alguma coisa para comer e beber. (p.c) Eu vou entrar, abro as janelas e tu podes entrar está bem?
CENTOPEIA – (sorri) Ááááhhh…tão querida! Muito obrigada.

A Susana entra, abre a janela, e a centopeia senta – se na beirada da janela, encostada. Susana põe a centopeia à vontade e falam mais um pouco. 
SUSANA – Se quiseres, mais tarde, tens ali um lago onde te podes refrescar, tomar banho.
CENTOPEIA – (sorri) Que bom. Obrigada.
SUSANA – (sorri) És uma centopeia bonita…
CENTOPEIA – (sorri) Achas? Obrigada. Tu também és muito bonita. (p.c) Não tens medo de viver aqui sozinha?
SUSANA – Não.
CENTOPEIA – Quem eram aqueles que vinham contigo…tão feios…que me tocaram…?

Susana dá uma gargalhada e explica à centopeia quem são:

SUSANA (sorri) - São dois amigos: o Tucas e o Miquinho…dois macacos que vivem aqui na floresta e que me ajudam sempre a trazer as compras. Eles têm aquele aspeto, mas são queridos, simpáticos e protegem – me.

        A centopeia ri-se. 
CENTOPEIA – Assustei – me com a cara deles.

     As duas riem, e Susana oferece água e comida à centopeia, e a centopeia agradece:

SUSANA – Aqui está a tua água…e…não sei se gostas disto para comer!
CENTOPEIA – Sim, eu como de tudo. Obrigada.
SUSANA – Come e bebe à vontade. Eu vou acabar de arrumar as coisas e já volto. Se quiseres mais diz.

A Susana acaba de arrumar as compras, a centopeia come e bebe com vontade. A centopeia bebe e come deliciada e comenta:

CENTOPEIA – Humm…está tudo uma delicia. A água…fresca assenta que nem uma luva…já estava a desidratar.
SUSANA – Queres mais?
CENTOPEIA – Mais água, se não te importas.

    Susana dá – lhe mais água, e partilha com a centopeia o calor que sente:

SUSANA – Eu também vou beber um copo, está um calor sufocante.
CENTOPEIA – Se está.
SUSANA - Mas…conta – me mais coisas sobre ti…

As duas têm uma longa conversa, e riem enquanto a Susana cozinha para o jantar. Bate à porta uma vizinha: uma linda coelhinha, a Náná, que vive na árvore ao lado. 

Ela chama da porta, cheia de genica e sorridente:  

NÁNÁ – Susaaaaaaaaaaannnnnnnnaaaaa... 
SUSANA - Olá. Entra.

A coelhinha Náná entra contente e pergunta:

NÁNÁ – Estás a cozinhar…hum…que cheirinho. Desculpa estar a incomodar…precisava de umas ervinhas tuas…posso ir buscar…? É que pensei que as que tinha iam chegar, mas não. (p.c) Até fico envergonhada.
SUSANA – Acontece. Vai á vontade.

A coelhinha vai contente ao jardim, apanha ervinhas e volta. Ao ver a centopeia na janela avisa a Susana delicadamente:

NÁNÁ – Eu não te quero assustar, mas…já viste a coisa nojenta que tens à janela?

     Susana ri-se e responde:

SUSANA – Sim, não é coisa nojenta. É uma nova amiga!

A coelhinha fica espantada, a olhar para a centopeia e para a amiga, estremece enojada. 

NÁNÁ – Ãããããhhh…?! Tu tens uma amiga…lhec…centopeia…? Eeeeehhh… nunca me tinhas dito. (p.c) Desculpa, mas eu detesto centopeias. (p.c) Mas…esta é diferente…até é gira.

        Susana sorri e acrescenta:

SUSANA – Conheci – a hoje…há bocado. Teve de fugir de casa, porque deitaram a casa abaixo com obras. Vai viver aqui comigo!

        A coelhinha fica com pena da centopeia e exclama:

NÁNÁ – Óóóhhhh… coitadinha…! Olha, centopeia…eu sou amiga da Susana…chamo – me Náná, qualquer coisa que precises de mim, podes contar comigo.
CENTOPEIA (sorri) – Obrigada.

        A Coelhinha murmura a sorrir:

NÁNÁ – Ao menos é simpática. (Riem) Bem, Susana…obrigada pelas ervinhas. Até logo. (p.c) Até logo…centopeia.
AS DUAS – Até logo.

As duas continuam a falar. As flores, os cogumelos e os caracóis à volta da casa comentam umas com as outras, a nova visita de Susana.

GIRASSOL 1 – Já viram a nova inclina da Susana? 
MARGARIDA (enojada) – Que nojo! Se era eu que enfiava aquela coisa peganhenta na minha casa…
MALMEQUER – Podes crer, nem eu.

        O outro Girassol manifesta o seu desagrado por aquela figura:

GIRASSOL 2 – Aquela coisa medonha…cheia de patas…parece que tem cola…cruzes…até me arrepio.

        Margarida não entende a decisão da Susana: 

MARGARIDA – Eu tinha esperança que a Susana ficasse enojada e a esborrachasse ou a mandasse embora, afinal…acolheu – a! Achei que a Susana tinha bom gosto…gostar daquela coisa…francamente…
MALMEQUER – Sim, e a maioria dos amigos e amigas dela são bonitos e bonitas, mas aquela coisa…

        O Caracol não está a gostar dos comentários dos amigos dirigidos à centopeia e diz:

CARACOL – Lá estão vocês a julgar os outros pela aparência.
COGUMELO 1 – Tu eras capaz de a meter na tua casa? 
CARACOL – Sim.

    O outro Cogumelo também não se imagina a acolher a centopeia e responde ao Caracol:

COGUMELO 2 – A tua casa devia ficar imunda…tu já és pegajoso…ela também é…que nojo.
CARACOL 2 – E lá por sermos pegajosos não somos bons?
TODOS – São…
GIRASSOL 1 – Mas esta é uma desconhecida…não sabes como ela é! Pode ser uma vagabunda…com muito más intenções.

        O Malmequer não é tão extremista e até elogia a centopeia:

MALMEQUER – Esta até é bonita…
CARACÓIS – Pois é!

        Um Girassol pensa alto, perguntando:

GIRASSOL 1 – Será que ela já a conhecia, ou aquela nojice apareceu ali sem ser convidada?

        Um Cogumelo questiona-se muito espantado:

COGUMELO 1 – Ela apareceu sem ser convidada?
COGUMELO 2 – Claro que entrou sem ser convidada. Fez – se visita… Eu tenho a certeza…porque quando a Susana chegou, e quando a viu mandou um grito…assustou – se.
MARGARIDA – Mas será que foi um grito de susto…ou de felicidade por encontrar uma amiga, que se calhar já não a via há muito tempo?
GIRASSOL 2 – Eu nunca a tinha visto por aqui.
TODOS – Nem eu.
CARACOL 1 – Estão a dar – se muito bem.
CARACOL 2 - A Susana é boa rapariga. Não se torna amiga dos outros só porque são bonitas ou feias.
TODOS – Nós também não…

        Um Cogumelo relembra:

COGUMELO 1 – Ela vinha muito triste, e a arrastar – se…
MARGARIDA – Sim, isso também reparei…o que lhe terá acontecido?
CARACOL 1 – Se calhar perdeu – se…
TODOS – Humm…acho que não.
GIRASSOL 1 – Quando ela passar aqui perguntamos – lhe.
MARGARIDA – Eu acho que não vou conseguir ser amiga dessa coisa mole…melada…lhec…
CARACOL – Se calhar quando começares a falar com ela até vais gostar.

A Susana tem um plano: fazer uma festa para apresentar a nova amiga. Enquanto a centopeia descansa, ela vai a casa dos amigos convidá – los, e nessa mesma noite há uma grande festa.
A Susana apresenta a centopeia a toda a gente, e a centopeia é simpática com toda a gente, conta a sua história, e num instante todos se tornam amigos dela.
A centopeia fica feliz e no fim da festa, ajuda a arrumar tudo e a limpar, e quando vai dormir pensa feliz:

CENTOPEIA – Tenho de fazer alguma coisa para retribuir a bondade da Susana. Tive muita sorte em vir ter a esta casa! Ela é tão querida…!

A centopeia dá voltas á cabeça e adormece. No dia a seguir, a Susana sai bem cedo. A centopeia acorda, cheia de energia, toma o pequeno-almoço, e limpa a casa toda. 
Aspira, limpa o pó, limpa os vidros, varre a entrada, sempre a cantarolar contente, cumprimenta as flores, os caracóis, os cogumelos…e quem passa fica espantada com ela. Parece uma verdadeira dona de casa.

A Coelhinha Náná está estupefacta com o que os seus olhos estão a ver e muito surpresa diz:

NÁNÁ – Não acredito no que estou a ver!

  A centopeia cumprimenta simpaticamente a Coelhinha e as duas falam uma com a outra:

CENTOPEIA (sorri) - Bom dia!
NÁNÁ – Bom dia! Tu estás a limpar a casa da Susana?
CENTOPEIA – Sim…porquê? Tu não limpas a tua?
NÁNÁ – Sim, limpo, claro…mas…não sabia que tu também limpavas…ainda por cima…tão bem…e tão rápido!
CENTOPEIA – Sim, sempre limpei a minha casa. Não me custa nada limpar a da Susana. É uma forma de lhe retribuir a bondade e agradecer – lhe o espaço. Sou hóspede dela, não seria justo eu não fazer nada para lhe agradecer.
NÁNÁ (sorri) Ááááhhh…está bem!
CENTOPEIA – É a vantagem de ter muitas patas!
As duas riem: 
NÁNÁ – Sim, tens razão. Às vezes dava imenso jeito ter mais patas…fazia – se muitas mais coisas, e muito mais rápido.
CENTOPEIA – (ri) Pois. Compreendo-te…!
NÁNÁ - Queres uma ajudinha…?
CENTOPEIA – Aaahhh…acho que não preciso obrigada!

        A Coelhinha relembra que está disposta a ajudar se a centopeia precisar:

NÁNÁ – Ok. Se precisares a qualquer momento chama. Continuação de bom trabalho…e até logo.
CENTOPEIA – Obrigada. Até logo…

A coelhinha começa a andar, e a centopeia chama – a, quer pedir um favor:

CENTOPEIA – Desculpa Náná…

A coelhinha para, olha para ela:

NÁNÁ – Desculpo de quê…? Fizeste-me alguma coisa de mal…?

        As duas riem:

CENTOPEIA – (ri) Acho que não te fiz nada de mal…(a coelhinha abana com a cabeça) Diz – me só onde posso apanhar flores que cheirem bem…sabes daquelas para enfeitar e perfumar as casas?

        A Coelhinha conhece a fundo a floresta e explica à Centopeia o sítio certo para encontrar o que procura e oferece-se para ir lá buscá-las:

NÁNÁ (sorri) - Aaahhh…sim, sei…eu vou – tas lá buscar.
CENTOPEIA (surpresa, sorri) - A sério…? Não te importas de me fazer esse favor?
NÁNÁ (sorridente) - É para já! Confias nos meus gostos?
CENTOPEIA (ri) - Claro que sim. Confio totalmente! Traz as que quiseres…as que mais gostares.
NÁNÁ (sorri) - Deixa comigo! Já tas trago.
CENTOPEIA (sorri) - Muito obrigada.

Lá vai a coelhinha aos saltinhos apanhar as flores, e a centopeia acaba a limpeza e a arrumação da casa. 
A coelhinha dá as flores à centopeia. A centopeia fica deliciada:

CENTOPEIA – Que lindas…Huuuummmm…e cheiram mesmo bem!

A coelhinha dá algumas dicas para a casa ficar ainda mais bonita. A Suana chega, fica de boca aberta, deliciada com a arrumação e limpeza e exclama sorridente:

SUSANA – Ááááhhh…que surpresa tão agradável. Mas…quem é que pôs a minha casa tão bonita…fresca…limpa…?
NÁNÁ - Olha, foi alguém com muitas patas…! Melhor que qualquer empregada doméstica…!

        Susana olha para a centopeia e pergunta:

SUSANA - Foste tu amiga centopeia?

        A centopeia responde um bocado a medo:

CENTOPEIA - Sim, fui eu…!

       Susana nem sabe o que dizer...até que responde: 

SUSANA - Tão querida…não tinhas que fazer isso.
CENTOPEIA - Então…foi o mínimo que me lembrei de fazer para te agradecer…!

       Susana, surpresa pergunta:

SUSANA - Agradecer…? Mas…agradecer de quê? Não tens nada que me agradecer.

CENTOPEIA (sorridente) – Tinha que te agradecer sim…porque acolheste – me tão bem, mesmo eu tendo este aspeto…quando mais precisava…foste maravilhosa. Agora é a minha vez de te retribuir.

       Susana sorri:

SUSANA - Mas…era só o que faltava eu não te acolher só por seres diferente de mim! Aliás…eu também sou diferente dos meus amigos…mas isso não impede que sejamos amigos e que nos ajudemos uns aos outros quando mais precisamos…! Não te ia abandonar só por seres uma centopeia. Precisavas de mim, eu ajudei – te…e agora és minha amiga.
CENTOPEIA – Sim. E as amigas podem ajudar…ainda mais quando vivem na mesma casa. Se gostaste da minha arrumação e da minha limpeza, posso fazê – la sempre que quiseres, ou precisares…posso fazer tudo o que pedires.
SUSANA (sorri) – Até fico sem jeito…Muito obrigada! (p.c) Vou fazer o almoço…
CENTOPEIA – O que posso fazer…?
NÁNÁ - E eu Susana, o que posso fazer?
SUSANA - Não preciso de nada, querida…obrigada!
NÁNÁ - Está bem…então até logo…bom almoço!

        As duas respondem em coro:
AS DUAS - Até logo!

     Susana deseja bom almoço, a Coelhinha vai para a sua casa, a Susana aproveita, dá algumas instruções à centopeia e esta ajuda a fazer o almoço, enquanto falam e riem uma com a outra.
Os cogumelos, as flores e os caracóis, nem querem acreditar…e conversam entre eles. Margarida acha que está a sonhar e pergunta aos amigos para confirmar

MARGARIDA - Vocês…viram aquilo?

        O Malmequer também ainda está um pouco em choque com o que viu e diz:

MALMEQUER – Parecia uma máquina…
GIRASSOL 1 (surpreso) – Nunca vi tal coisa…
GIRASSOL 2 – Nem eu…a Susana faz a limpeza, mas esta…!

        Os dois Caracóis tinham razão e dizem:
CARACOL 1 – Estão a ver…?
CARACOL 2 – Calou – nos a todos!

        O Malmequer sente-se um pouco envergonhado e responde:

MALMEQUER – Realmente…

        Os dois Cogumelos também assumem o exagero da sua opinião em relação á centopeia:

COGUMELO 1 – Acho que nos precipitamos em relação a ela.
COGUMELO 2 – Sim apesar daquele aspeto, ela é fantástica!

        Os dois Caracóis comprovaram uma lição antiga sobre as aparências:

CARACOL 1 – É uma boa lição para todos nós…nunca devemos caracterizar os outros por serem bonitos ou feios…porque a verdadeira beleza só se vê por atos.
CARACOL 2 – Às vezes os que são muito bonitos por fora…muito agradáveis aos olhos, não valem nada como pessoas, e ao contrário…os menos atraentes às vezes são os que mais dão de si mesmos, e os que fazem bem aos outros.
TODOS – Sim.

NARRADORA - Pois é queridos! Têm toda a razão! Apesar de ela ter um aspeto um bocado…arrepiante…quem não gostava de a ter como empregada doméstica…?
Ela faz lembrar a mulher…um ser que tem apenas dois braços, mas no seu dia-a-dia mais parece uma centopeia, ou um polvo…parece ter 1000 braços…para dar resposta a tudo, porque sem elas…nada funciona bem!
É casa…é filhos…é trabalho…é dar amor…é ralhar…é…simplesmente ser mulher!
Voltando à história…A partir desta tarde, a vida da centopeia nunca mais foi a mesma: toda a gente a quis contratar para fazer limpezas e para ajudar noutras coisas.
A centopeia tudo fazia com o maior gosto, carinho, sorria, cantava e dançava, punha toda a gente bem-disposta e ganhou muitos amigos e muito dinheiro com isso. Todos ficaram felizes.  


FIM!
Lara Rocha 
(8/Outubro/2010)






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