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sexta-feira, 22 de junho de 2012

De onde vem as músicas (peça de teatro infantil, para todas as idades)

De onde vem as músicas?


VOZ - Era uma vez uma linda borboleta, muito atraente, doce, simpática, que vivia num jardim de uma grande casa. Essa casa ficava situada na aldeia, onde vivia D. Fernanda, uma senhora de meia-idade, divorciada, com os seus animais. 
        Durante a semana, a senhora estava sozinha, sem os filhos e netos, pois estes viviam nos arredores, embora a fossem visitar muitas vezes, e ao fim-de-semana juntavam-se todos. 
    Apesar disto, nunca se sentia sozinha, porque tinha sempre saídas com amigas e coisas imensas para fazer fora de casa. Era uma senhora que vivia feliz.
      Recentemente, a Dona Fernanda andava a ouvir umas músicas suaves, lindas, melódicas, e de embalar, que a relaxavam muito, e até a faziam sonhar. 
     Embora gostasse muito das músicas, não sabia de onde vinha…o som era de muito perto, mas quando ia à janela nunca via nada. E era estranho porque os animais também mostravam agrado pelas músicas, e não ficavam agitados.

         Dona Fernanda começou a ficar seriamente preocupada consigo mesma…vai á janela quando ouve a música, e pensa alto:

DONA FERNANDA - Será que estou a ouvir coisas…? Não sei…talvez seja eu a imaginar por estar sozinha. (p.c) Mas que disparate, estou para aqui a dizer…?! Eu não estou sozinha…os bichinhos estão comigo, tenho os meus filhos…as minhas amigas…e os meus vizinhos…! (p.c) Mas será que estou a ficar louca? E…a ouvir coisas? (p.c) É que…se os animais ouvissem a música davam logo sinal, e logo eles que são tão sensíveis, e que ouvem tudo…estão tão calmos! E eu a ouvir a música. (p.c) Acho que vou ter que ir ao neurologista…devo estar com algum problema. (p.c) Que música tão bonita! (p.c) De onde virá? (p.c) Parece-me tão perto…mas ainda ninguém comentou comigo sobre música…será que só eu é que a oiço? (p.c) Isto é um meio pequeno, se ouvissem eu já sabia! (p.c) Quem tocará assim tão bem?! (p.c) Não vejo ninguém. Está tudo tranquilo! (p.c) Pensando bem…acho que não vou ao neurologista…pode dar-me alguma coisa para eu deixar de ouvir o que não existe…e se deixo de ouvir estas músicas tão bonitas, e passo a ouvir coisas piores?! (p.c) Não…! (p.c) Já me bastou ouvir coisas horríveis daquele monstro…! (p.c) Eu quero continuar a ouvir estas músicas, nem que pareça que estou a ficar louca! (p.c) Só irei se sentir outras coisas estranhas, e a ouvir coisas feias. (p.c) Ai, mas é muito assustador, ouvir a música e não saber de onde ela vem. (p.c) E também estou preocupada por ouvir música, e os animais não reagirem…se calhar não ouvem…mas é muito estranho! (p.c) Já revirei a casa toda a ver se será de algum brinquedo das minhas netas mas não… (p.c) nenhum dos bonecos e brinquedos que deixam aqui tem músicas. (p.c) É melhor nem dizer aos meus filhos e amigas que oiço as músicas, se não, vão achar que estou pirada da cabeça e mandam-me para a casa de saúde…ou que me estou a deixar influenciar pelas minhas netas…! (p.c) Ai, que aflição…querer partilhar esta dúvida, e não ter com quem…sim, quer dizer, eu tenho com quem partilhar…poderei contar às minhas netas, ou aos meus filhos e amigas, mas tenho a certeza que ninguém vai acreditar, e ainda me irão julgar mal! (p.c) As minhas netas, como são crianças, até poderão acreditar, mas…não…acho que não vou contar… (p.c) Ai…só que eu tenho que saber se estou com algum problema na cabeça, ou se existem mesmo estas músicas e outras pessoas as ouvem! (p.c) Ai…mas não posso contar…não…não…! Só se…abordar o assunto, como quem não quer a coisa…e averiguar se mais alguém ouve! (p.c) Óóóhhhh…! Alguém me ajude…! (p.c) É melhor não pensar muito nisto. Vou às compras e depois logo se vê.

Dona Fernanda pega na carteira, ajeita o cabelo, espreita os animais e diz-lhes:

DONA FERNANDA – Até já meus amores. (Eles ladram e miam de volta da dona, ela acaricia-os) Não demoro nada! Tomem conta da casa! Lindos…!

VOZ – Os animais acompanham-na até à porta, e voltam para o jardim. Eles também ouvem as músicas e é por isso que ficam calmos e não reagem. Mas também eles não sabem de onde vem a música. Nesse dia, a gata Mirró tem uma suspeita, e está decidida a encontrar a origem da música. Olha em volta para ver de onde lhe parece vir o som e fica a ouvir atentamente. A gata Lua interrompe a concentração da amiga e pergunta:

LUA – Ei, amiga…tudo bem?

         (Mirró abre os olhos lentamente e chateada responde)

MIRRÓ – Xiu…! Cala-te!

LUA (surpresa) – Ai, desculpa! Estavas a descansar?

MIRRÓ – Não. Estava a concentrar-me. Cala-te por favor. Não me interrompas outra vez!

LUA – Mas, estás a concentrar-te para quê?

MIRRÓ – Outra vez…? (p.c) Pára de me fazeres perguntas, e deixa-me concentrar, ok?

LUA – Mas…vais à caça é?

MIRRÓ – Sim, vou à caça.

LUA – E não me levas contigo?

MIRRÓ – Não.

LUA – Que grande amiga!

MIRRÓ – Olha, eu gosto muito de ti, e sou tua amiga, mas isto tenho de fazer sozinha, entendes?

LUA – Óóóhhhh…! (fica triste)

MIRRÓ – Agora está calada! Preciso de me concentrar…por favor! (p.c) Depois explico-te.

LUA – Está bem, desculpa.

VOZ – A Gata Mirró volta a fechar os olhos, inspira e expira, e espeta as orelhas, gira a cabeça de um lado para o outro. A música continua a tocar. Mirró dá uns passinhos a cheirar de olhos fechados, e segue o som, abre os olhos e sem saber bem como foi ter às flores.

MIRRÓ – Ááááááhhhh…a música vem daqui! Mas…não sinto cheiro algum. Humm…!

(Pergunta à sua amiga Lua e aos seus amigos Xuxu e Pipinho):

MIRRÓ – Lua…anda cá, se faz favor.

(Lua vai ter com ela, ainda um pouco triste)

LUA – Boa! Já me vais dizer o que estavas a fazer de tão misterioso e tão importante, que até me mandaste calar?

MIRRÓ – Sim! (p.c) Já vais perceber como o assunto é sério! (p.c) Tu estás a ouvir esta música não estás?

LUA – Qual música…? Não estou na tua cabeça para saber que música estás a ouvir.

MIRRÓ – Estás a ouvir uma música ou não ouves?

LUA – Sim, oiço uma música, bem bonita por sinal. Mas não sei de onde vem! Agora…parece-me aqui nas flores. Só que…não vejo nada que dê música, como um rádio, ou um brinquedo das meninas…!

MIRRÓ – Pois, também estou a ouvir uma música! E vem daqui das flores, mas não há cheiro algum! Nem a humano, nem nada.

LUA – Não me parece que sejam as flores a tocar! Acho eu!

MIRRÓ – Claro que não. Isso podia acontecer na imaginação das meninas. (p.c) Será que a nossa dona também ouve esta música?

LUA – Eu tenho a sensação que sim.

MIRRÓ – E eles? Também ouvem?

LUA – Acho que sim…óh amigos Xuxu e Pipinho…estão a ouvir alguma coisa?
(Os cães respondem em coro, e as gatas também em coro):

CÃES – Sim, música.

GATASNós também.

XUXU – Eu já ando a ouvir músicas há uns dias, mas não dizia nada, porque achava que talvez mais ninguém ouvisse! (p.c) Só não sei de onde vem!

PIPINHO – Talvez seja de algum brinquedo das meninas.

XUXU – Eu também já me lembrei disso! Mas fui procurar por aí e não vi brinquedo nenhum…só que as músicas continuam a tocar…e sempre diferentes.

PIPINHO – Eu também já procurei e não vi nada…e não pode ser de um brinquedo, porque são músicas diferentes.

XUXU – As meninas têm um brinquedo que dá músicas diferentes, mas tenho a certeza que não são estas que oiço.

TODOS – Pois é!

PIPINHO – Esperem aí…pode vir de uma casa aqui do lado…! Algum brinquedo, ou algum humano que toca instrumentos.

LUA – Se é um humano…toca tão bem…! Faz-me sonhar! São sempre melodias tão suaves!

MIRRÓ – Essa era a minha ideia inicial, mas se fosse de um humano, mesmo que estivesse noutra casa aqui nas redondezas…sentíamos…cheiro…certo? E não sentimos cheiro algum.

TODOS – Pois…! Bem lembrado!

MIRRÓ – O som vem daqui…das flores! Ora…cheguem aqui mais perto!

(Os dois cães e as gatas reúnem-se à volta das flores, de onde ouvem as músicas).

PIPINHO – Isto é muito estranho!

VOZ – De repente a música para. Os bichos ficam quietos e em silêncio, de olhos muito abertos. Eles ainda não sabem, mas vive no seu jardim, dentro de uma linda flor fechada, uma borboleta maravilhosa, cheia de cores, e é ela que toca as músicas deliciosas que todos ouvem. A borboleta é um pouco tímida, e não sabe que os bichos da casa estão de volta dela. Eles veem uma flor fechada a abrir uma pétala, e em silêncio ficam na expectativa a olhar para ver o que vai acontecer. A borboleta sai da flor e os animais nem querem acreditar no que veem…estão tão encantados que parece que ficaram hipnotizados. Nunca tinham visto uma borboleta assim, nem por ali, nem por outros sítios onde andaram. A borboleta assusta-se e fica tão envergonhada por estarem todos a olhar para ela que volta para a flor. As gatas e os cães seguem-lhe os movimentos todos, e quando ela fecha a flor, eles olham-se pasmados.

MIRRÓ – Óóóhhhh…uma visita!  

LUA – Uma vizinha nova…! Humm…

XUXU – Pelos vistos veio para aqui viver!

PIPINHO – Como é que ela veio aqui parar?

MIRRÓ – Eu não dei por nada!

TODOS – Nem eu!

LUA – Pode ter sido num momento em que estávamos distraídos ou a dormir.  

XUXU – Eu não sei se a nossa dona vai gostar.

MIRRÓ – Eu tenho a certeza que vai gostar.

LUA – Viram aquilo…? É tão bonita!

TODOS – Sim.

MIRRÓ – Mas eu acho que a assustamos!

LUA – Pois…ela entrou tão rápido na flor…!

XUXU – Mas espera aí…nós estávamos à procura das músicas, não era de uma borboleta…ou será que…

PIPINHO – Espera…não estás a querer dizer que…é dela que vem as músicas…?!

XUXU – E porque não?!

LUA – Sim, pode ser…um rádio que ela tenha.

MIRRÓ – Ela será surda…?

TODOS – O quê?

MIRRÓ – Sim, se ela tem a música naquelas alturas…que toda a gente ouve, fora da flor…deve ser muito surda.

(todos riem)

LUA – Vamos ver se ela sai outra vez…pode ter ido buscar qualquer coisa que se esqueceu…!

(Entretanto, a borboleta ainda assustada, e envergonhada dentro da flor murmura a olhar pelas frinchas das pétalas):

BORBOLETA – Mas…que susto! (p.c) Eu não acredito que tenho animais como vizinhos…como é que eu não reparei…?! (p.c) ainda por cima cães…e gatos…! (p.c) Mas que pouca sorte a minha! (p.c) Como é que eu vou sair agora…com aqueles todos a olhar para mim…? (p.c) Ai…raios…! (p.c) Alguém me ajuda!

(Aparece uma fada, amiga da Borboleta)

FADA – Então, borboleta…chamaste-me?

BORBOLETA – Óh, sim querida amiga! (p.c) Que bom que apareceste!

FADA – Já sabes que estou sempre presente! Sou tua amiga! (p.c) Mas…estás tão nervosa…o que aconteceu?

BORBOLETA – Ai, senta-te! (p.c) Queres tomar alguma coisa ou comer?

FADA – Não, obrigada! (p.c) Mas conta então o que aconteceu?

BORBOLETA – Olha…como tu sabes, eu instalei-me aqui…porque gostei muito deste sítio (p.c) Estou aqui há poucos dias, e toco muitas vezes as músicas para ensaiar para os meus espetáculos. (p.c) Nas minhas, muitas…saídas, eu estava à vontade! Não havia no jardim ninguém para me ver sair…mas hoje…há bocadinho…ia sair e estava um ramalhete de olhos espetados em mim…e bocarras enormes abertas viradas para mim (p.c) Fiquei muito assustada

FADA (ri) – Eles não te iam fazer mal, tenho a certeza! Só ficaram curiosos para saber quem és! (p.c) É normal, nunca te viram por aqui! (p.c) iam dar-te as boas-vindas…não precisavas de ter fugido!

BORBOLETA – Tu sabes…eu não gosto de ser vista.

FADA – Mas nos teus espetáculos és vista por milhares de animais! (p.c) Eles ouvem as tuas músicas, e vêem-te.

BORBOLETA – Mas nos espetáculos é diferente, estou mascarada…estou concentrada nas minhas músicas e nos meus instrumentos…quase nem vejo a plateia! E amo o que faço, estou segura de mim…! Esqueço tudo o resto. (p.c) Mas no dia-a-dia não sou assim…gosto de sair à vontade, de passear…claro que há sempre alguém que repara em mim, e pedem-me autógrafos…mas gosto mais de estar sossegada.

FADA – Claro que toda a gente repara em ti…é impossível não reparem em ti…tão bonita, com essas cores todas! (p.c) É bom que conheças os teus vizinhos, pelo menos cumprimenta-os. É que ainda podes precisar deles alguma vez…em algum dia, para te ajudarem! (p.c) Se não falares com eles, nunca te irão ajudar.

BORBOLETA – Mas eles têm um ar tão assustador!

FADA – É só aparência, tenho a certeza! E já não são assim uns seres tão estranhos para ti, pois não? Já lidaste muito com cães e gatos…qual é o problema?! (p.c) Não tens amigos, e admiradores cães e gatos?

BORBOLETA – Tenho, claro. E gosto deles.

FADA – Então porque é que agora estás a avaliá-los sem falares com eles…só porque têm aquele aspeto…?! (p.c) É o aspeto deles…não podemos ser todos lindíssimos como tu, ou como eu…mas por terem garras grandes, pelos e dentes grandes, não quer dizer que não tenham coração…certo?! E tu sabes que estou a dizer a verdade!

BORBOLETA – Sim, eu sei…tenho amigos com ar ameaçador, mas são bons. Mas eles olharam para mim de uma maneira…assustadora! Com um ar muito estranho…uns olhos…

FADA – Mas o que é que tem os olhos deles…? São os olhos deles…como os nossos…uns azuis, outros verdes, outros castanhos…têm a cor que têm…! Eu até acho os olhos deles bem bonitos e meigos.

BORBOLETA – Meigos…?! Estes…? Duvido!

FADA – Claro que são. Despacha-te…sai da tua bela casinha e vai conhecer os teus novos vizinhos…! XÔÔÔÔÔ…fora da toca…! Não te deixes levar pelo ar deles.

BORBOLETA – Está bem, eu vou…mas por favor…fica por perto, para já está bem?

FADA (ri) – Está bem…vai…!

(As duas riem).

VOZ  – A borboleta sai devagar e a fada fica a ver. Os cães e as gatas olham-na e dizem em coro.

CÃES E GATAS – Bom dia!

VOZ – A borboleta fica gelada, estremece, mas disfarça o nervosismo. Sorri e falam uns com os outros:

BORBOLETA (sorri) – Bom dia!

LUA – És nova aqui não és?

BORBOLETA (sorri) – Sim, cheguei há muito poucos dias, e vocês…? Já estão aqui há muito tempo?

TODOS – Sim.

MIRRÓ – Há mesmo muito tempo.

XUXU – Como é que vieste aqui parar?

BORBOLETA – Vim…a voar…!

TODOS – Claro…(riem)

PIPINHO – O que queremos saber é…como descobriste esta casa?

BORBOLETA – Olha…estava a voar, e adoro jardins…vi muitos deliciosos, e lindos…mas este…não sei explicar como…foi onde me senti melhor!

LUA (sorri) – Sentiste a nossa energia não foi?

BORBOLETA – Sim! Acho que foi isso.

MIRRÓ – E vives nesta flor?

BORBOLETA – Sim!

TODOS – Porquê?

BORBOLETA – Porque experimentei várias, mas foi nesta que me senti melhor…mais aconchegante. E vocês onde vivem?

TODOS – Aqui.

BORBOLETA – Mas não têm uma casa para cada um?

TODOS – Não.

LUA – Dormimos todos onde calha…quando está frio ou a chover, abrigamo-nos todos no abrigo…ali…!

MIRRÓ – E de vez em quando, temos a sorte de dormir ali na sala…com a nossa dona.

BORBOLETA (sorri) – A vossa dona é simpática?

TODOS – Sim!

PIPINHO – Muito boa senhora…trata-nos como membros da sua família.

XUXU – Sim, o seu marido foi-se embora de casa.

BORBOLETA – A sério…? Mas porquê?

LUA – Era um verdadeiro monstro…chegamos a atacá-lo várias vezes, porque ele batia na nossa dona, insultava-a, magoava-a…e a nós também tentou magoar-nos, mas não permitimos.

BORBOLETA – Mas isso é horrível. Ainda bem que vocês estavam presentes e que esse anormal saiu.

XUXU – E os teus pais?

BORBOLETA – Ficaram na floresta!

PIPINHO – Mas…porque é que não vieram viver contigo para aqui?

BORBOLETA – Porque eu toco muitos instrumentos musicais, e os meus pais não têm obrigação de aguentar o barulho dos meus ensaios…!

(Os animais perguntam em coro):

TODOS – Tocas instrumentos?

BORBOLETA – Sim. Muitos. Querem ver?

(Ela abre uma pétala e mostra vários instrumentos musicais diferentes. Ficam todos boquiabertos).

TODOS – Uaaaaaauuuu…!

LUA – Tu tocas isto tudo?

BORBOLETA – Sim. Umas vezes em separado…um de cada vez, outras vezes uso mais que um ao mesmo tempo.

MIRRÓ – Então…as músicas que ouvimos…vêm daqui?

BORBOLETA – Vocês…ouvem músicas?

TODOS – Sim.

LUA – Já há vários dias que ouvimos muitas músicas, lindas…mas não víamos ninguém, nem sabíamos de onde vinham.

BORBOLETA – Então…devem ser mesmo as minhas…! Mas…faço muito barulho?

TODOS – Não.

XUXU – As tuas músicas são uma doçura!

BORBOLETA (sorri) – Obrigada.

MIRRÓ – Olha, podes tocar para nós…um instrumento de cada vez?

BORBOLETA – Claro que sim…com todo o gosto. Querem ver as diferenças?!

TODOS (sorriem) – Sim.

VOZ - Sentam-se todos, e ouvem atentamente a borboleta a tocar um instrumento de cada vez…deliciados…sorridentes…embalados…batem palmas, no fim de cada demonstração. A borboleta sorri e explica.

LUA (sorridente) – Que instrumentos tão lindos! (p.c) Nós chegamos a pensar que as músicas seriam de algum brinquedo das meninas, mas não víamos brinquedo nenhum.

MIRRÓ (sorridente) – Estes instrumentos são muito mais bonitos, e fazem uma música muito mais bonita do que os brinquedos das meninas todos juntos.

TODOS (sorriem) – Sim, é verdade!

PIPINHO – Olha…não querendo abusar de ti…podes tocar uma das músicas para nós?

BORBOLETA (sorri) – Sim, claro…! Com todo o gosto! E querem com um só instrumento, ou com vários…?

TODOS – Com vários.

LUA (sorri) – Se não te importares, claro!

BORBOLETA (sorridente) – Claro que não me importo!

VOZ – E a simpática e linda borboleta toca uma deliciosa música com vários instrumentos. Todos ficam encantados, sorridentes, e batem palmas.

TODOS (sorridentes) – Óóóhhhh…que linda música…!

LUA (sorri) – Até arrepia…fiquei comovida!

BORBOLETA (sorri) – Muito obrigada.

VOZ – Chega a Dona Fernanda, e vê os bichinhos todos reunidos de volta da flor, divertidíssimos, e ouve uma das músicas. Chega mais perto, e muito surpresa vê a borboleta e pergunta-lhe:

DONA FERNANDA – Mas, mas…o que é que se passa aqui? (p.c) Que linda borboleta! (p.c) Nunca vi igual…

BORBOLETA (sorri) – Bom Dia…a Sra. Deve ser a dona da casa, não?

DONA FERNANDA – Sim…!

BORBOLETA (sorri) – Desculpe eu ter invadido o seu jardim…mas gostei muito dele. Aqui senti-me muito bem, e posso ensaiar à vontade. Não se importa que fique?

DONA FERNANDA – Ensaiar…?

BORBOLETA – Sim…eu toco música.

DONA FERNANDA – Tocas músicas...?! (ri-se)

VOZ - Os bichos reagem, como que a confirmar, e a borboleta toca uma música. A Dona Fernanda nem quer acreditar! A música que acaba de ouvir era uma que já tinha ouvido, e não sabia de onde vinha. Dona Fernanda ouve deliciada e embalada, sorridente. Bate palmas no fim, completamente seduzida e rendida aos encantos da borboleta e da sua música.

DONA FERNANDA (sorri) – Então as músicas vinham daqui! (p.c) Que maravilha! (p.c) Fartei-me de procurar de onde vinham as músicas…e até pensei que estaria a ficar louca…a ouvir coisas…ou que seria um brinquedo das minhas netas…e afinal…eras tu…uma obra perfeita da Natureza! (p.c) É incrível…tão bonito e tão bom ouvir-te! (p.c) Fica à vontade…o jardim é todo teu.

BORBOLETA (sorri) – Obrigada. Espero não a incomodar.

DONA FERNANDA – Não incomodas nada…! Vou mostrar-te às minhas netas. Elas vão adorar.

VOZ – Todos estão felizes. A Borboleta, os cães, as gatas e a Dona Fernanda tornam-se grandes amigos. A borboleta continua a ensaiar e a dar espetáculos, a tocar e a brincar com os novos amigos e como prometido, a Dona Fernanda chama as netas e apresenta-as à borboleta. As netas ficam maravilhadas, e também passam a brincar com a borboleta. E afinal…as lindas músicas que se ouviam, vinham de uma linda e mágica borboleta que tocava música, naquele jardim.

(Aparecem no final, todas as personagens a dançar alegremente umas com as outras ao som de uma música da borboleta que toca).

FIM!!

Lara Rocha 
(15/JUNHO/2012)






 


        
        

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