Era uma vez
uma aldeia com algumas casas, onde viviam famílias numerosas, e muitas árvores
por todo o lado. Algumas árvores já estavam secas e velhas, já não produziam
nada, e segundo os lenhadores, estas deveriam ser abatidas porque só estavam a
ocupar espaço. Contrataram uns lenhadores, e uma criança de 8 anos, ouviu tudo.
Ficou muito triste, e foi logo a correr contar aos outros.
- Não…não
pode ser…não podem fazer isso. Amigos, já sabem uma coisa?
- O quê? – Perguntam
em coro
- Aqueles
grandes mal encarados querem cortar estas árvores, velhas e secas, e os nossos
pais autorizam…
- O quê? –
Perguntam todos assustados
- Isso
mesmo. Dizem que só estão a ocupar espaço!
- Mas que
grande lata!
- Eles é que
estão a ocupar espaço…
- Só têm
espaços naquela cabeça, sem nada.
- Não pode
ser!
- É verdade.
Eu ouvi tudo…eles estão na minha casa.
- Que
horror.
- Uma árvore
é um ser vivo, mesmo que já esteja velhinha e seca…acontece o mesmo com os
seres humanos.
- Claro! –
Respondem todos
- Uma árvore
não é um pedaço de madeira…é muito mais que isso.
- Claro. - Respondem
todos
- Temos de
os impedir. – Sugere uma menina de 10 anos
- Estás
maluca? – Perguntam todos
- Achas que
nós, pequenos temos alguma influência? – Pergunta um menino da mesma idade
- Claro que
não. – Responde outra menina da mesma idade
- Isso era
bom…o mundo seria bem melhor se mandássemos alguma coisa.
- Pois era. –
Concordam todos
- Eles fazem
tudo o que querem.
- Pois! Tem dinheiro…
- A minha
mãe e a minha avó dizem que o dinheiro controla tudo. E é bem verdade. – Diz um
menino mais novo
- Pois é! - Concordam
todos
- Esperem aí…é
claro que podemos impedir. – Garante a menina de 10 anos.
- Como? –
Perguntam todos
- Não temos
super-poderes, lembras-te?
- Pois…nem
somos crescidos.
- Os
crescidos não fazem nada, e vamos fazer nós, tão pequenos?
- Mas amamos
a natureza, certo?
- Claro! –
Respondem todos
- Juntos,
podemos! – Garante a menina
- Acho que
estás a sonhar acordada. – Diz um menino
- Como é que
vamos enfrentar aqueles grandalhões, mal encarados, cheios de coisas que
cortam? – Pergunta um menino mais novo
- É. E como
é que vamos mudar aquelas cabeçorras que só devem ter porcaria lá dentro?
- Pois! –
Dizem todos
- Estamos
unidos ou não estamos? – Pergunta a menina de 10 anos
- Estamos! –
Respondem todos
- Queremos
defender as árvores ou não?
- Queremos! –
Dizem em coro
- Então! Não
temos medo! Vamos.
- Vamos! –
Gritam todos
- Mas qual é
o teu plano?
- Ao
chegarmos lá, cada um abraça uma árvore.
E põem pés ao caminho. Mesmo cheios
de medo, sabiam que estavam juntos, e acreditavam que iriam conseguir alguma
coisa. Ao chegar lá, cada menino abraça uma árvore.
- Não vamos
deixar que vos cortem. – Diz a menina de 10 anos à sua árvore
- O que
fazemos a seguir? – Pergunta outro menino de 10 anos
- Deixem-se
estar.
Chegam os homens com serras e
serrotes, e o pai de um deles, grita:
- Saiam daí.
Eles não respondem, e continuam no
mesmo sítio, abraçados às árvores.
- Saiam! –
Gritam todos os homens
- Não! –
Gritam as crianças
- Olha agora
o raio da canalha…metida a gente grande… - R esmunga
um homem
- Vamos. Saiam…-
Ordena outro pai
- O que
estão a fazer aí? – Pergunta outro pai, nervoso
- A defender
o que é nosso! – Diz outra menina de 10 anos
- Não
saímos. Vocês é que têm de sair. – Diz a menina que teve a ideia
- Esta agora!
– Resmunga outro senhor
- Vão levar
uma tareia! – Ameaça outro pai nervoso
- Não faz
mal…afinal é mesmo isso que tu sabes fazer não é, pai? Dar tareias…mas dói
menos do que ver estas árvores a ser cortadas. – Resmunga a menina
O pai fica embaraçado e ainda mais
nervoso, prepara-se para bater na filha, mas os outros impedem-no.
- Bandido! –
Dizem todos
- Fica
quieto. – Ordena outro pai
- Estes
pedaços de madeira vão ser cortados, não servem para nada, estão secos. –
Informa outro lenhador
- Vocês é
que não servem para nada. Só pensam no dinheiro…mas o dinheiro compra o ar que
respiram? Compra a saúde? – Desafia a menina de 10 anos
- Não sejas
mal-educada. – Grita o pai dela
- Saiam
imediatamente daí. Ou saem a bem ou saem a mal. – Gritam todos os homens
- Para
cortar estas árvores, terão que nos cortar também! – Grita a rapariga que teve
a ideia
- O quê? –
Perguntam todos os homens
- Isso
mesmo! – Gritam todas as crianças
Os homens tentam agredir as
crianças, mas elas não cedem, e não largam as árvores, elas dão as mãos umas às
outras, e fazem uma espécie de barreira. Os homens tentam dar sapatadas nas
mãos para que se separem, mas elas não deixam, não largam as mãos nem por um
segundo.
De repente, por magia, as árvores ganham
vida! Saem umas raízes da terra, grossas e volumosas, e desatam a dar pontapés
nos homens, outras raízes dão nas mãos deles.
Uns troncos fininhos que aparecem mais
acima no topo do tronco dão uns valentes estalos, e puxam cabelos, outras pegam
nos homens, sacodem-nos e atiram-nos ao chão, outras pisam-nos já no chão. Eles
nunca viram aquilo, e estavam incrédulos.
Parecia que as árvores tinham
sentido que iam ser cortadas, e defenderam-se. Despejaram toda a raiva em cima
deles, principalmente porque ouviram que uma das meninas e a sua mãe que
costuma ir para os pés dessa árvore desabafar, e ganhar força, eram maltratadas
pela figura masculina. Até as crianças estavam de boca aberta e desataram
às gargalhadas. Abraçaram ainda mais as árvores e dizem em coro:
às gargalhadas. Abraçaram ainda mais as árvores e dizem em coro:
- Obrigada,
árvores.
As árvores sorriem, e ganham uns
troncos como se fossem braços, envolvem as crianças num abraço carinhoso.
- Nós é que
temos de vos agradecer… - Diz uma árvore
- Mas o que
foi isto…? – Pergunta um homem bastante mal tratado como todos os outros
- Acho que…
- Não sei…
- Não
percebi nada!
- Tiveram o
que mereceram. – Diz a menina de 10 anos que teve a ideia
- Parece que
os pedaços de madeira que não serviam para nada, só ocupavam espaço, e estavam
secas e velhas, afinal, tinham vida. – Diz a outra menina de 10 anos.
- Graças aos
vossos abraços… - Diz uma árvore
E as árvores ficam como novas,
nascem centenas de ramos fortes, e folhas viçosas, verdes, e frondosas.
- Cortem-nos
agora! – Diz outra árvore irónica
- Vocês têm
armas, mas nós temos ainda mais…- Diz outra árvore
- Ou querem
experimentar mais? – Diz outra a rir
Os homens não respondem.
- Vamos embora,
antes que eu me arrependa. – Resmunga outro homem
- E tu, óh
minha grande besta, ai de ti que assentes mais essa mão podre em cima da menina
e da tua mulher. Acabo com a tua raça…tu não sabes do que sou capaz. – Ameaça a
árvore que servia de confidente
- Maldita! –
Grita o homem nervoso
- É. Vais ver
quem é a maldita… ou o que é que é maldita… - Diz a árvore
- Rua…! –
Gritam as árvores em coro
- Ou querem
mais? – Pergunta outra árvore
- Que lindos
que estão… - Diz outra árvore a gozar
-
Fantásticos… - Dizem todas as árvores
- Que
artistas que nós somos… - Diz outra árvore a rir
E todas começam a gozar. Os homens
antes de sair ainda ameaçam:
-
Voltaremos!
- Olhem…parece
que gostaram.
Todas riem
- Nós
fazemos mais, não temos qualquer problema…e pomos-vos ainda mais bonitos… - Ri
outra árvore
- Melhor que
uma massagem chinesa… Éh, Éh, Éh…
Todas riem e dizem:
- Verdade.
As árvores ficam a gozar, e as
crianças brincam livres e felizes naquela zona. Conseguiram o que queriam…as
árvores não foram cortadas.
- Afinal, o
que elas precisavam era só de um abraço, para nascerem de novo, e ficarem ainda
mais bonitas! – Diz a menina que teve a ideia
- Isso
mesmo! – Dizem todos
- Pois
claro! – Respondem as árvores em coro
Chega a mãe da menina, muito feliz,
e fica encantada com as árvores.
- Lindo,
meus amores…como é que isto aconteceu? O teu pai foi levado para a esquadra!
-
Finalmente! – Sorri a menina que era maltratada
- Agora vai
pagar cêntimo, por cêntimo o mal que nos fez.
- A árvore
também já cobrou.
- Temos poder ou não temos? - Pergunta a outra menina de dez anos
- Conseguimos! - Dizem todos felizes
- Somos pequenos, mas juntos conseguimos, e os adultos
conseguiriam ainda mais se também se juntassem pelo que querem lutar.
- Tens toda a razão! Foste muito corajosa. Obrigada. - Diz a mãe da menina
A árvore ri-se, e a mãe também a abraça.
- Obrigada,
querida árvore. Obrigada, obrigada, obrigada. – Diz a mãe da menina
E os homens nunca mais lá voltaram
para cortar as árvores. A paz e a natureza em estado puro, voltaram a esse
lugar onde o abraço das crianças, às árvores fez verdadeiros milagres.
As árvores,
mesmo secas e velhas servem para abrigo de alguns animais. Todos precisamos
muito de árvores…e de abraços…de gente que ame, que defenda, que proteja…
FIM
Lálá
(26/Março/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras