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quinta-feira, 5 de março de 2015

A ÁRVORE DOS LIVROS

Era uma vez uma praia como outra qualquer com areia e mar, pequena e selvagem, mas muito diferente das outros, porque em vez de ser visitada por pessoas como nós, os únicos seres que podiam andar por lá e mergulhar nas águas quentes do mar calmo, quase sem ondas, eram personagens de livros. Personagens de todo o tipo: bondosas, más, invejosas, simpáticas, brincalhonas, bruxas, fadas, dragões, sereias, piratas…tudo! Até animais e objectos.
As espreguiçadeiras e guarda-sóis eram feitos de papel de livros, coloridos e com imagens, os meios de transporte não eram carros, nem eram bem barcos ou bicicletas. Era tudo feito de pedaços de livros que foram destruídos nas fábricas e bibliotecas para desfazer, quando estavam estragados.
Um dia, a praia foi invadida por milhares de personagens que nunca antes tinham sido vistas por ali, nem pelos seus habitantes que ficaram muito assustados. Estas personagens eram muito estranhas, com formas misteriosas e algumas assustadoras. Os que já viviam lá, não gostaram nada disso. De repente, essas personagens desapareceram no pinhal, onde existiam as outras casas.
Foram atrás deles.

- Mas o que aconteceu aqui? – Pergunta uma Dama Antiga

- Onde foram todos? – Pergunta o Detective

- Desapareceram… - Dizem as outras personagens que viram tudo

- Que mistério! Vou investigar – Reforça o detective

            O detective pega nos seus instrumentos, e segue as pistas. As outras personagens seguem-no atentas, e tropeçam em raízes enormes, e grossas que estavam no chão. Elas assustam-se e gritam. O detective ajuda-as a levantar, preocupado, e elas reparam:

- O que é isto no chão? – Pergunta a Dama Antiga

- Ai…! – Geme uma marioneta

- O chão aumentou de repente? – Pergunta uma boneca de trapos
- Acho que isto não estava aqui antes… - Comenta um palhacinho de borracha

- Pois não! – Confirmam todos

- Xiu! Silêncio… - Ordena o detective

            Continua à procura de pistas, e bate contra um enorme tronco de uma árvore. Cai para trás atordoado.

- Ei…

            As personagens ainda muito assustadas, ajudam-no, e perguntam-lhe se ele está bem.

- Sim…só preciso de recuperar um bocadinho. Ai…o que aconteceu…? – Pergunta o detective

- Será que isto é alguma armadilha? – Pergunta o palhacinho de borracha

- Não me parece. – Diz o detective

            Olha para cima, e vê que a enorme árvore onde bateu, tem um tronco com uma largura assustadora e está cheia de janelas e portas.

- Eu…estou a ver qualquer coisa de estranho. Estão a ver o mesmo que eu? – Pergunta o detective

- O quê? – Perguntam todos

- Olhem…para essa árvore…

            Todos olhos e vêem o mesmo.

- Sim! É mesmo… - Dizem todos

- Uma árvore com portas e janelas. – Comenta a Dama Antiga

- Áhhh! – Exclamam todos
            O detective levanta-se rapidamente, e volta a investigar, aquela misteriosa árvore que nunca antes tinha estado ali.

- Esta árvore…não estava aqui. – Diz o detective

- Pois não! – Reparam todos

- Mas como é possível? – Pergunta a marioneta

- Alguém a deve ter trazido para aqui. – Diz a boneca de trapos

            E de repente saem dezenas de personagens assustadoras, e misteriosas, do tronco da árvore. As personagens de fora encostam-se ao canto do tronco, atrás, para não serem vistos.

- Elas moram aqui… - Comenta baixinho o detective

- São as que vimos na praia, não são? – Pergunta a Dama Antiga

- São! – Respondem todos

- São horríveis. – Diz o palhacinho de borracha

            Ouve-se uma criança a gritar muito assustada, e a seguir passa a correr.

- Socorro… (As personagens terríveis estavam atrás dele) Elas são muito más. Fujam. Moram aqui nesta árvore. – Diz o rapaz assustado e nervoso

- Temos de destruir esta árvore. – Sugere o detective

- Como? Eles são muito poderosos… e perigosos. – Diz o menino

            O menino que estava a ler livros de terror, na sala da sua casa, e a ver estas personagens da árvore, fecha o livro, nervoso, com o coração a bater muito depressa, e a soar.

- Que raio de livros! Não gosto destes…- grita – Mãe…odeio estes livros. Vou oferecê-los a alguma escola ou biblioteca. São de terror.

- De terror? – Pergunta a mãe surpresa
- Sim.

- Quem te deu isso?

- Foi o STRYCHI…da minha sala. Ele gosta desses livros e disse que eu tinha que os ler.

- Mas se não gostas desses livros, não tens de os ler. Há milhares de livros bons, não precisas de ler todos, muito menos os que não gostas.

            E assim que o menino voltou a pegar nos livros com as personagens que frequentavam a praia, a árvore gigante que era habitada por monstros e criaturas horríveis, voltou a ser habitada por belas personagens.
Foi como se todos tivessem tido um horrível pesadelo. Felizmente, a árvore voltou a ter belos livros como casas onde viviam alegremente, as boas personagens.
O menino devolveu os livros de terror ao amigo, e foi gozado por isso, mas ele não se importou. Continuou a ler os seus livros preferidos, que eram diferentes do seu amigo, mas os dois meninos continuaram a ser amigos.
Os amigos não precisam de ter os mesmos gostos. É preciso é que gostem um do outro, como meninos e como amigos. E os livros também são nossos amigos, tal como as suas personagens, se quisermos. Tudo depende da nossa imaginação.    
A biblioteca é uma enorme árvore como esta, onde vivem milhares de personagens em livros. Podemos gostar de uns e não gostar de outros, mas todos são livros. E em cada livro, podemos ir para sítios diferentes, sem sairmos do lugar. Em cada livro há uma porta, uma janela, uma varanda ou até uma família, e uma escola. Os livros são maravilhosos.

FIM
Lálá

(5/Março/2015)

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