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sexta-feira, 13 de março de 2015

AS ANDORINHAS

     
foto de Lara Rocha    


           Era uma vez um bando de andorinhas que viviam num país quente, e quando nesse país ficava frio, elas iam para outro. Um dragão de gelo comanda uma nuvem escura, e atrás dele seguem tantas outras nuvens gigantes, roxas, violetas, azuis escuras, cor-de-laranja, nos céus desse pais.

- Lá vem ele! – Grita uma andorinha

           As andorinhas assustam-se e voam rapidamente com muita dificuldade para o cimo da montanha. O vento é fortíssimo e gelado, tão gelado que parece que corta tudo o que encontra pela frente. As andorinhas sabem que quando o dragão de gelo aparece, é altura de irem embora. Juntaram-se todas, no cimo da montanha e a chefe informa:

- Boas amigas, e família…a nossa estadia neste país está a terminar.

- Acho que veio mais cedo, este ano! - Constata uma andorinha

- Óh…eu estava a gostar tanto de estar aqui. – Lamenta outra andorinha

- Já sabemos que é assim. – Informa outra andorinha

- O importante é que acompanhemos estas mudanças com saúde, inteiras…e juntas. – Diz outra andorinha

- Sim…que a nossa amizade e união não congelem. – Acrescenta outra andorinha

- Pois claro.

            O céu fica escuro.

- Não podemos perder muito mais tempo. Vai chover, não tarda nada.

- Vamos pedir proteção…e boa viagem.

- Temos muitos quilómetros à nossa frente.

- Estamos juntas…é o mais importante.

            Todas se juntam o mais que podem, em círculo e unem as patinhas à frente. Em silêncio, cada uma pede à sua maneira, proteção. O vento torna-se cada vez mais forte, e caem as primeiras gotinhas de chuva.
- Vamos! – Gritam todas
            Levantam voo ao mesmo tempo, e seguem para outras paragens mais quentes. Andam várias centenas de quilómetros, sempre a olharem umas pelas outras, e atentas aos perigos. Voam em bando, e todas as pessoas da terra veem essa passagem, encantados. É lindo ver.

- Vem aí a Primavera… - Gritam umas crianças no jardim ao ver as andorinhas

            Elas têm razão. A Primavera segue silenciosa atrás das andorinhas, e sem pressa. Do seu vestido, saem raios de sol, levados pela brisa, até aos parques. Caem sementes e pétalas de flores, e deixam no ar um doce perfume, pousando na terra ainda um pouco molhada.
Dos seus olhos caem algumas lágrimas que regam as sementes, e salpicam as flores que já existem. A Primavera baixa ligeiramente e todos dão pela sua presença, pois à sua passagem, tudo o que estava a dormir há tanto tempo, desperta e salta. Dos seus cabelos voam lindas borboletas de todas as cores, leves, e felizes. Tudo se transforma, e todos os habitantes sorriem à sua chegada.
As andorinhas seguem, cruzam-se pelo caminho com os pardais, melros e cucos. Muitos destes pássaros acompanham-nas até aos países mais quentes.
A Primavera espalha toda a sua magia por onde passa. Ninguém fica indiferente a ela. Todos os países frios reconhecem a sua chegada, que é anunciada pelas simpáticas andorinhas. Quando as vêem a voar nos céus sabem que anunciam a chegada da Primavera. Chegam a um pais onde era Inverno, e pousam para descansar, felizes e aliviadas por terem chegado sãs e salvas.

- Chegamos! – Gritam todas as andorinhas, numa grande festa.

- Obrigada pela companhia, pardais, melros e cucos. – Diz uma andorinha

- Até breve! – Dizem todos

- Encontramo-nos por aqui… - Diz um cuco

- Divirtam-se amigas! – Diz um melro

            E espalham-se por onde querem. As andorinhas fazem o reconhecimento da cidade.

- Está mais pesado o ar… - Comenta uma andorinha

- É. Parece que está mais poluído. – Confirma outra andorinha

            Encontram umas pombas da cidade.

- Olha, olha…as jeitosas…já vieram? – Pergunta uma pomba

- Olá! – Dizem todas as andorinhas

- Vem-nos roubar a comida… - Resmunga outra pomba

- Lá está ela… resmungona como sempre! – Comenta uma andorinha

- É por isso que és tão gorda…- Diz outra pomba a rir

- És tão egoísta! - Diz outra pomba a rir

- Não liguem amigas…a comida chega para todas… e todos. Ela é que tem a mania.

- Só se vê a ela.

- Só existe ela…

- Está tudo na mesma. – Comenta uma andorinha

- Aparentemente! – Diz uma pomba

- Cuidado…há mais poluição! – Diz outra pomba

- Não comam tudo o que vos aparece só porque tem bom aspecto. – Avisa outra pomba

- ÁH! – Exclamam as andorinhas

- É. Já tivemos várias intoxicações. – Avisa outra pomba

- Por causa da poluição. – Acrescenta outra pomba

- Mas não somos só nós a queixar-nos. Até as pessoas se queixam. – Diz outra pomba

- Obrigada! – Dizem as andorinhas

- Vão para os arredores da cidade. – Sugere outra pomba

- Isso. Aí ainda não está tão mau como aqui…pelo que dizem! – Diz outra pomba

- Obrigada, amigas… - Dizem as andorinhas

          E voam para os arredores da cidade, onde o ar é realmente mais leve e menos poluído. Pelo caminho encontram uns cucos, uns melros e uns pardais. Outros já lá estavam, porque nunca gostaram da cidade, voaram logo para os arredores.
        À porta de uma casa antiga de pedra, está uma avó com uma neta a separar feijões de várias qualidades para frascos, de um saco onde estão todos misturados. De repente parecem ter visto uma nuvem escura.

- Áhhh…o tempo vai mudar? – Pergunta a avó

- Parece que sim… - Diz a neta

- O céu está cheio de nuvens. – Repara a avó

- E levantou-se vento.

- Pois. Também ainda estamos no Inverno! Ainda pode chover. E mesmo na Primavera há chuva e vento, ou até trovoada. – Explica a Avó

- Por falar em Primavera…Quando é que ela chega Avó?

- Parece que é entre hoje e amanhã… segundo disseram.

- Ela vem de quê?

- Não sei…pode vir de muitas maneiras.

- Para mim, vem a voar como as andorinhas!

- É. Até pode vir com elas…não sei, nunca a vi a voar, nem de comboio como alguns dizem.

- Se calhar atrasou-se no meio de transporte.

- É. Pode ter sido. Olha…tantas andorinhas! Acho que vem aí… – Diz a velhinha sorridente.

- Chegou a Primavera! – Diz a sua neta feliz

- Isso mesmo. E vêm acompanhadas dos cucos, dos melros, e dos pardais. Que maravilha.

            Todos começam a chilrear alegremente, e a voar, a pousar nos fios e nas ramadas, a debicar a terra e frutas que estão no chão, porque já sabem que a senhora não deixa que comam as frutas boas penduradas.

- Tantos…

- E cantam tão bem!

- Também dançam?

- Dançam…ao fim da tarde! Fazem belos bailados…

- Eu nunca vi!

- Vemos um dia destes…não faltarão oportunidades. Mas vale a pena ver!

- Como é que eles dançam?

- Maravilhosamente bem.

- Andam em alguma escola de música, ou tocam instrumentos?

            A avó ri.

- Não. Apenas…dançam…não sei…talvez sigam o bater dos corações deles, ou dancem ao som da amizade.

- Áh! Que lindo.

- É.

- Olha, Avó…estas flores estão a começar a sair.

- É. É o sol que está mais forte e a puxar por elas. Olha que lindas! A natureza é do melhor que há!

- E a primavera também.

- Pois é!
     
     E as duas passeiam pelos campos, para ver todos os encantos da chegada da Primavera, e ouvir os pássaros de espécies tão diferentes, mas que se conjugam tão bem! E nesse mesmo fim da tarde, as duas assistem ao bailado inesquecível e doce, leve…dos pássaros. Quase ficam hipnotizadas com tanta beleza. No fim, aplaudem.

- Áh! Que lindo…dançam mesmo bem…- Diz a neta

- É verdade. E cantam ainda melhor. Estão em sintonia e harmonia…são uns verdadeiros artistas, sem ensaios.

- Parece magia!

- É magia. É a magia da Primavera e da Natureza. É por isso que ela merece ser muito bem tratada, com amor, carinho e respeito.

- Pois é!

- Mas às vezes tratam-na muito mal. E mesmo assim, ela dá sempre o seu melhor.

- É verdade Avó. Nós tratamo-la sempre bem.

- Com certeza…

          E as duas entram em casa depois do bailado, em paz…com aquela imagem tão bonita, na cabeça. E vocês? Gostam da natureza? Vêem-na chegar? O que é que ela traz? O que é que ela nos oferece? Tratam-na bem? Com carinho e respeito?

Fim
Lálá

(13/Março/2015) 

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