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domingo, 22 de março de 2015

AS PÉTALAS NA ÁGUA

 
(foto de Lara Rocha) 

Era uma vez uma floresta onde havia três lagos. Um tinha água transparente, outro tinha água verde, e outro tinha água amarela. No lago transparente nadavam os patos, no lago verde, viviam ervas daninhas e várias camadas de lodo, enormes, porque o lago já não era limpo há muitos anos, e aqui vivem sapos, e rãs e no lago amarelo, era onde o sol se via ao espelho todos os dias e mergulhava.
Um dia, uma menina que voava numa nuvem por cima da floresta, vinda de outra floresta mágica, viu aqueles lagos, e ficou encantada com o lago transparente onde estavam os patos. Sentiu muito nojo do lago que tinha água verde, e sorriu ao lago de água cor amarela. Ela já sabia que essa água era amarela por causa do sol.
Baixou a sua nuvem, e aproximou-se do lago de água verde. Cheirava muito mal, e ouvia-se um barulho irritante…uma sinfonia de sapos e rãs, de quem ela não gostava muito.
- Que nojo de lago!
                Saltam vários sapos debaixo das ervas enormes. Ela grita e recua. Os sapos parece que nem a vêem e saltam para fora do lago.
- Como é possível viverem aqui. Nesta água, nem devem respirar. Isto devia ser limpo. Mas eu não entro ali. Que porcaria…
                Ela não queria entrar, mas não gostava de ver assim o lago. Então, foi pela floresta à procura de ajuda. Bateu a várias portas, das casas das árvores. Uns não abriram, outros gritaram com ela:
- Tenho mais o que fazer…
- Era só o que faltava.
- Porque não vais tu limpar, em vez de estares a mandar…?
- Claro, é mais fácil mandar do que fazer.
- Vai tu.
- Ora, ora…ainda se me pagassem…
- Essa agora…já limpo a minha casa, não vou estar agora a limpar a dos outros…ainda por cima, casa de sapos e rãs…elas que limpem…quer dizer…elas até gostam de estar no meio dessa porcaria.
- Que nojo!
- Vai chatear outro…
                A menina continuou.
- E se precisassem daquela água para beber? Não limpavam? Como é possível, tanta indiferença.
                De repente vê um casal a limpar o tanque da sua casa, com as crianças numa grande alegria.
- Olá! – Dizem todos
- Olá! Querem ajuda? – Sorri a menina
- Não, obrigada. – Responde o casal
- Sabem-me dizer, por acaso, onde posso encontrar alguém que limpe aquele lago que está do outro lado…à entrada…com água verde, cheia de sapos e rãs…?
- Não! – Respondem de forma seca
- Deixa-os estar lá…que nojo! – Diz a filha do casal
- Já basta quando essas pragas vêm para aqui. – Acrescenta o marido
- E se tivessem de beber aquela água? – Pergunta a menina
- Não bebíamos. – Respondem todos.
- Obrigada…até á próxima.
                A menina segue caminho. Numa outra nuvem, vem uma criatura estranha, feia, cheia de fome, que só gostava de coisas estranhas. A menina conhecia-a e lembrou-se:
- Olá pequeno…estás com fome?
- Sim, fome…muita fome…
- Então sei onde podes encontrar comida.
- A sério? Onde?
- Ali naquele lago de água verde.
- Áh!
                O monstro dirige-se para o lago de águas verdes, mergulha e num abrir e fechar de olhos devora tudo o que é musgo, e ervas daninhas. Come mesmo com vontade. Os sapos e as rãs ficam muito assustados e saem do lago a gritar e a correr o mais que podem.
- Óh! Estava mesmo delicioso. Que bom….
                O lago ficou irreconhecível. Com águas transparentes, a ver-se o fundo e as paredes, e sem sapos e rãs…ficou limpo como o outro de águas transparentes onde estavam os patos.
- Áh! Como está lindo este lago… obrigada, criatura.
- Não entendo o que estás a dizer, mas sei que comi tudo e estava um petisco…
- Ainda bem! – Diz a menina a sorrir
- Até à próxima.
- Até à próxima.
                O monstro segue o seu caminho e os sapos e rãs nunca mais voltaram. Não se sabe para onde poderão ter ido. A menina dá uma gargalhada:
- Ainda bem que apareceu aquele, para limpar o lago…acho que só mesmo assim. dá gosto.
                Vem uma borboleta pelo ar, cheia de tosse, que tinha acabado de vir de um campo apanhar pétalas. Quase não consegue voar, de tanta tosse e de tanto que espirra. E de repente, deixa-se cair na água, com as pétalas das flores que tinha apanhado.
A menina fica muito preocupada, e põe a mão na água, tira de lá a borboleta, para a berma, e dá-lhe um bocadinho de água com a mão.
- Então, rapariga? – Pergunta a menina
- Ai…estou doente… fui apanhar umas pétalas, e comecei a tossir e a espirrar sem parar. Agora estou cansada. Obrigada por me teres tirado da água. Óh…acho que perdi todas as pétalas.
- Não. Olha-as ali, na água.
                As duas vêem as pétalas a boiar na água pelo lago…parecem os patinhos. Como o lago está limpo, a menina salta para a água e apanha as pétalas todas. A borboleta ajuda, e volta a juntá-las todas.
- Óh…muito obrigada! – Diz a borboleta
- De nada…até há bocado, não podias entrar neste lago, agora podes.
- Porquê?
- Estava cheio de lodo e ervas enormes.
- Lhec. Então também tinha sapos e rãs, de certeza.
- Sim. E muitos.
                As duas conversam um pouco. Todos os habitantes da floresta ficam de boca aberta e maravilhados com o lago que era verde, e agora é transparente como os outros. Agora todos gostam de lá passar e ficar a ouvir o cantar das águas que caem das fontes. Um som bem mais bonito do que o das rãs e sapos. E adoram ver as bolhas da água, as ondinhas que elas formam quando caem à superfície.
                Uma princesa gostou tanto desse lago que o utilizou para os seus banhos da saúde como ela chamava. Mergulhava nesse lago, deitava montes de pétalas na água, e senta-se na água, porque dizia que ficava mais bonita…ganhava a beleza das pétalas das flores, e a sua pele ficava tão macia como elas, e que ficava com mais saúde. Chegava a levar as suas amigas e brincava feliz…
Mas ela nunca soube que esse lago de águas transparentes, foi durante muito tempo, um lago de águas verdes, cheio de sapos e rãs. Se não fosse aquela criatura estranha cheia de fome, o lago continuava a ter águas verdes, sapos e rãs, em vez das belas pétalas de flores e águas transparentes.
A água é muito importante para nós, para a nossa saúde, higiene e vida. Torna todos os sítios muito mais bonitos, agradáveis e frescos, por isso devem estar sempre limpos, e ser bem cuidados.  A água deve ser muito bem tratada.

FIM
Lálá
(22/Março/2015)


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