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sábado, 7 de março de 2015

A força das borboletas

































Era uma vez um bando de gaivotas que voava sobre o mar de uma praia. As gaivotas faziam belos bailados, e formas em voo, que dava gosto ver. Todos os que iam à praia ficavam maravilhados, tiravam fotos e aplaudiam, por isso, elas achavam que eram as donas da praia. 
Um dia, a praia foi invadida por centenas de borboletas, de todas as cores, que passaram a ser o centro das atenções, pois nunca tinham sido vistas por ali. 
As gaivotas ficaram muito ciumentas e invejosas, raivosas, quiseram vingar-se porque as pessoas deixaram de reparar nelas.
        As gaivotas falam umas com as outras:
- Mas o que é que está a acontecer aqui?
- Quem são estas?
- Gaivotas bebés?
- E de todas aquelas cores?
- Aquilo não são gaivotas!
- O que são?
- Não sei…parecem outros pássaros.
- Seja o que for…a praia é nossa. Não podem estar aqui.
- XÔ…
As borboletas estão tão felizes com aquele sítio que nem ouvem. As gaivotas voam em direção a elas, dão-lhes bicadas, atiram-se a elas com as patas, e prendem-nas de propósito.
- Não podem estar aqui…
- XÔ…
- Já agora! – Diz uma borboleta
- Quem são vocês para nos mandarem embora…este sítio é para todos.
- Quem são vocês? – Pergunta uma gaivota
- São uns pássaros muito estranhos. – Comenta outra gaivota
- Parecem pássaros pré-históricos. – Diz outra gaivota às gargalhadas
Todas as gaivotas riem.
- Somos borboletas! – Dizem todas
- Quem? – Perguntam as gaivotas
- Bor-bo-le-tas! – Repetem as borboletas.
- Ora…são pássaros, como nós. – Contrapõe outra gaivota
- Não! Vocês são pássaros, nós somos borboletas.
- Muito mais bonitas que vocês! – Diz uma borboleta
As gaivotas desatam a rir
- Nunca se viram ao espelho de certeza! – Goza uma gaivota
- Claro que já nos vimos muitas vezes ao espelho…na água. – Diz uma borboleta
- Não interessa. Vocês não são daqui. – Grita outra gaivota
- Parecem as rainhas disto tudo! – Comenta uma borboleta
- E somos! – Dizem todas em coro
- Essa agora… - Dizem todas as borboletas
- XÔ… - Gritam as gaivotas agitadas
Levantam voo, picam-nas, dão-lhes bicadas, pisam as asas, atiram-lhes pedrinhas do mar que levam nas patas de nos bicos, ouriços e impedem-nas de voar. 
As borboletas gritam, unem-se e vencem sempre. São mais fortes que as maldades das gaivotas e escaparam, mesmo com as gaivotas às centenas.
As borboletas cansaram-se de ser maltratadas, e quando se preparavam para desaparecer dali, um menino atrevido começou a atirar pedras enormes para a água e atingiu uma série de gaivotas, ferindo-as.
As borboletas voltaram para trás e juntas, às centenas, empurraram uma pedra enorme e atiraram para os pés do rapaz. Ele grita, e quase desmaia com dores. Senta-se na areia, e borboletas e gaivotas desatam às gargalhadas.
Umas borboletas vão ter com as gaivotas feridas, que estão muito surpresas com o que viram.
- Estão feridas…! – Exclama uma borboleta
- Deixem-nos cuidar de vocês! - Diz outra borboleta
- Depois de vos ajudarmos, vamos embora! – Diz outra borboleta
- Ai… - Geme uma gaivota
- Isto dói tanto! – Diz outra gaivota
As outras borboletas juntam-se e vão para a praia, atrair alguém para ajudar as gaivotas feridas. Com as suas maravilhosas cores, e misturas nos bailados, muitas pessoas são atraídas para o mar, para acompanhar o voo das borboletas.
Chegam ao mar, e apercebem-se do menino com o pé magoado, e as gaivotas feridas a piar. Chamam logo a guarda marítima, e os salva-vidas levam as gaivotas para o posto de socorro, onde são tratadas. 
O rapaz é levado para o posto médico.
- Como é que elas ficaram feridas? – Pergunta o socorrista
- Fui eu que lhes acertei com pedras. – Assume o rapaz
- Isso faz-se? – Pergunta o socorrista
- Não…
- Tiveste agora o troco, levaste com uma pedra no pé.
- Pois foi.
     As borboletas levantam voo para ir embora, e uma gaivota chama-as.
- Esperem…
         Elas param, olham para a gaivota.
- Precisas de ajuda? – Pergunta uma borboleta
- Não.
- Então vamos embora! – Diz outra borboleta
- Esperem… - Pede a gaivota
- Vocês é que querem que vamos embora. A praia é só vossa…não foi o que disseram? – Pergunta outra borboleta
- Desculpem! Nós fomos muito egoístas. Fiquem à vontade, o tempo que quiserem. Aliás, estamos envergonhadas, porque tratamos-vos mal, e vocês salvaram-nos há bocadinho…foram vocês, não foram?
- Só fizemos o que achamos melhor.
- Além disso, não suportamos ver o que aquele palerma estava a fazer, contra qualquer animal. – Diz outra borboleta
- Faríamos isso com qualquer animal que estivesse a ser atacado ou maltratado. Acrescenta outra borboleta
- Mas nós maltratamos-vos…deviam ter-nos deixado assim feridas, e abandonadas.
- Para quê? – Pergunta uma borboleta
- A nossa bondade e amizade, são muito mais forte que a vossa maldade e egoísmo. Para que é que nos íamos vingar?
- Sim, é verdade! – Diz a gaivota
- Nós ficamos com ciúmes porque vocês passaram a ser o centro das atenções…que antes éramos nós. – Explica a gaivota
- Nós não viemos para aqui, para ser o centro das atenções…só viemos passear e divertir-nos, conhecer outros sítios. – Diz uma borboleta
- Pois…vocês é que interpretaram como se fossemos uma ameaça. – Diz outra borboleta
- Viemos em paz, não para fazer guerra ou disputar a atenção convosco. – Explica outra borboleta
- Já tivemos a paga. Perdoem-nos… e fiquem aqui connosco, por favor. – Diz a gaivota
- Para quê?
- Para continuarem a dar-nos bicadas e patadas…?
- Não! Para serem nossas amigas, e para nos protegerem. Eu não sabia do que vocês eram capazes. – Diz a gaivota
- Somos capazes de muito mais…
- Só queremos paz.
- Por favor…dêem-nos uma oportunidade, de vos pedirmos desculpa, de vos agradecer e de vos retribuir o que fizeram por nós, mesmo depois de vos tratarmos tão mal. – Pede a gaivota
        As borboletas olham-se.
- Está bem! – Respondem todas
E a gaivota abre um grande sorriso. Juntam-se todas, trocam carinhos, e brincam umas com as outras. As borboletas e as gaivotas tornaram-se grandes amigas, e até fizeram espetáculos juntas, daqueles que se veem nas praias, de vez em quando. 
As lindas borboletas misturaram-se com as gaivotas, e ao fim da tarde, juntavam-se centenas de pessoas para ver aquele espetáculo.
Se até as gaivotas e as borboletas podem ser amigas, e conseguem, porque é que o ser humano não pode, não consegue ou não quer ser amigo, do seu semelhante, mas ao mesmo tempo, diferente?

FIM
Lara Rocha 

(7/Março/2015)

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