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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

O menino que imaginava

   Era uma vez um menino que vivia numa casa de campo, grande, de pedra, com um jardim onde existia uma fonte que o fascinava, além das flores. 

foto de Lara Rocha 


 Havia qualquer coisa de mágico, que ele não sabia explicar, mas adorava aquela fonte. A água a correr, límpida, aquele cantar doce e o som das variações da água a cair, faziam-no relaxar e sorrir. 

    Ele cantarolava sem letra acompanhando os ritmos com mais ou menos força da água, ria, outras vezes inventava letras, aplaudia feliz. 

    Ele dizia que aquela água tinha cristais, quando o sol dava na fonte. Às vezes olhava para a fonte e via pequenos arco-íris a flutuar, a andar pela água, a pairar em frente aos seus olhos. 

foto de Lara Rocha 

  Quando isso acontecia, soltava grandes exclamações de encanto: 

- Áhhhhhh....que lindo! Como é que isto veio aqui parar? 

   Imaginava-se muito leve, tão leve como aquela água e os arco-íris. Imaginava que era o próprio arco-íris e tinha consigo um caderno, uma lapiseira onde escrevia tudo o que mais gostava. Até o que imaginava ver enquanto arco-íris, ou o que cantaria a água. 

   Outras vezes achava que aqueles arco-íris eram seres mágicos da floresta, como nas histórias que os adultos lhe contavam, e ele próprio completava com a sua imaginação, gostos, os cenários, as personagens, sendo ele próprio uma delas. 

    Não gostava quando as abelhas se aproximavam da fonte. Pedia-lhes para elas não o picarem e ficava imóvel. Elas só queriam beber, e brincar com as flores, alimentar-se. 

- Fica descansado! Só queremos beber e descansar nas flores, alimentarmo-nos. Podemos? - pediu uma abelha 

- Está bem! Se não me picarem...estejam à vontade. - diz o rapaz 

- Se não mexeres connosco, nem nos bateres podemos conviver como bons amigos! - diz outra abelha

- Combinado! - diz o rapaz, e acrescenta: 

- Gosto muito desta fonte! 

- Nós também! - dizem as abelhas em coro 

    Quando as ouvia zumbir, parecia-lhe que estavam a cantar, ou às vezes a ralhar umas com as outras. O menino ria à gargalhada, e elas riam com ele, imitava os sons das abelhas e parecia estar a cantar ou a conversar com elas, com as flores. 

    Ele apreciava cada detalhe das flores, desenhava algumas, conversava com elas. Adorava ver borboletas que pousavam na água para beber, e era cada qual a mais bonita. 

  Perguntava-lhes como era ser borboleta, e elas respondiam-lhe, ele escrevia. Imaginava-se como borboleta, os passeios que daria se fosse como elas. 

    Parecia que também cantavam, ou tocavam piano com as suas finas patinhas, e asas que batiam na água. 

    Elas saltitavam e dançavam, e ele fazia o mesmo em terra, depois de acompanhar todos os movimentos delas. 

    Outra coisa que para ele era mágico: ouvir o som do vento entre as folhas das árvores, as agulhas dos pinheiros, as flores, as searas de milho nos campos, a erva do chão. 

    Ao ouvir o som da chuva, ele pensava se não se magoariam. Adorava vê-la cair, todo o tipo de chuva: a mais fina, a chuva com granizo, a chuva pesada que inundava tudo, a chuva com a trovoada, a chuva com vento, a chuva silenciosa. 

    Imaginava a chuva, e a trovoada como pessoas, um casal a discutir ou a conversar, como pessoas, ou instrumentos musicais. 

  Imaginava conversas entre os cães, gatos, pássaros, galinhas, pintainhos, porcos, galos, cavalos, vacas, ovelhas e tudo o que via. 

    Acariciava e apreciava cada tronco, galho, e musgo de cada árvore, sorria, falava com elas, agradecia, abraçava as que conseguia, encostava-se a elas, para apreciar tudo o que tinha à sua volta, todas as maravilhas e tesouros. 

  Adorava tudo o que o rodeava, tratava todos os animais e pessoas com carinho, ajudava-as, deitava-se na terra, que adorava fazê-lo. 

  Adorava o sol, as nuvens, as pedras, as frutas, o frio e o calor, mexer na terra, senti-la, cheirá-la, tocar-lhe. 

  A sua família e amigos chegaram a pensar que ele teria algum problema de saúde mental mas não tinham a certeza, porque ele era um menino como os outros. 

   Os pais e os avós, os tios, as tias, os primos, as primas também brincavam com ele, e davam-lhe atenção, mas todos os dias ele tinha esses momentos só para si. 

    Agradecia por tudo o que tinha, por tudo o que via, por tudo o que a terra lhe oferecia. Ensinou os adultos e as crianças a fazer o mesmo. 

    Uns seguiram o exemplo dele, e adoraram, outros não, ou só faziam alguma coisa, de vez em quando. Ele não se importava, porque ao fazer isso, era feliz, e ajudou muita gente a ser feliz. 

    Sentia-se preenchido, era saudável e sonhador!

E vocês? 

Reparam e agradecem, apreciam tudo o que têm à vossa volta? 

O que veem à vossa volta? 

Descrevam num papel, ou podem partilhar aqui, um lugar à vossa volta, um caminho, e escrever tudo o que veem, ou tudo o que viram, tudo o que imaginaram, e gostariam que esse sítio tivesse. 

E destes lugares da história? 

Qual ou quais cenários gostaram mais? 

O que, ou como imaginavam? 

                                FIM 

                            Lara Rocha 

                            30/10/2023 

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