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terça-feira, 14 de novembro de 2023

Somos uns privilegiados

Muitas vezes somos injustos, quando reclamamos, quando queremos mais e mais, e afinal já temos tudo! O essencial que já é tudo, é um privilégio. 

Temos o suficiente, mesmo que «pouco», e queremos sempre mais! Se temos família, alguns amigos verdadeiros, um teto que nos abriga, algum trabalho (ou muito), ganhamos algum (ou o suficiente) dinheiro para o que precisamos, já somos uns privilegiados! 

Se temos saúde, se não precisamos de fugir da guerra, se podemos andar em paz, sossegados, podemos ver coisas bonitas, ouvir os pássaros, o vento, a chuva, a trovoada, e todas as suas sinfonias, podemos ver as cores da Natureza, ouvir a água a correr nos rios, ver o mar, sentir o vento, a areia, o chão, já somos uns privilegiados! 

Como somos privilegiados! Já pensaram? Vivemos em cidades sossegadas, temos casa, onde estamos seguros, temos tudo o que precisamos e queremos, sofás, cadeiras, mesas, loiças, cozinha com tudo o que precisamos e queremos, casas de banho, água tratada, basta abrir as torneiras. 

Somos privilegiados porque temos luz, gaz, televisões, computadores, telemóveis, móveis, roupas para vestir todos os dias, calçado para todos os dias, camas confortáveis e quentes onde dormir, almofadas macias, lençóis, cobertores, colchas, pijamas. Temos o que mais gostamos e o que podemos, às vezes. 

Somos privilegiados porque podemos ver, ouvir, sentir, cheirar, abraçar, beijar, quem mais amamos e gostamos, temos comunicações, livros, medicamentos, transportes, escolas intactas, hospitais intactos, bem apetrechados de materiais para nos curar e salvar quando precisamos ou quando é possível. 

Somos privilegiados porque podemos andar em paz, a pé ou de carro, ver o céu em todas as suas cores, faça chuva ou faça sol, sol entre nuvens, o arco-íris, e não estarmos com a preocupação de ver mísseis e bombas que ameaçam cair. 

Temos tudo e ainda queremos mais, e mais, temos todos os luxos, mesmo que seja pouco para muitos de nós, temos mais do que muitos outros, em especial dos países que andam em Guerra. Que tristeza de imagens que vemos! 

Não nos tocam? Sim, estão muito longe de nós, mas o coração não fica apertado ao ver aquelas imagens? 

Não nos conseguimos imaginar ali, naquele caos? Não nos faz pensar como somos mesmo privilegiados? 

Pessoas «anjos» que dão tudo, enquanto podem, como podem, enquanto não são atingidos por uma bomba.

Dão o melhor que têm, não contam horas extraordinárias, não exigem pagamento, nem pensam no salário que ganham, ou se estão deslocados.

O único objetivo é salvar vidas inocentes, as que podem. Vivem com o coração nas mãos, e querem transformar as mãos em salvação, mas já nem eles estão seguros, a salvo, nem sempre conseguem! Isso dói em que vê, ainda mais em quem vive isso.

Devia fazer-nos pensar! Em vez de exigirmos mais dinheiro e reclamarmos tanto. Lugares onde neste momento não existem Hospitais com condições (quase não existe luz, não existem ventiladores nem outros aparelhos essenciais que os nossos têm, para o que é preciso, para segurar vidas). Estão a morrer bebés prematuros e outros feridos por não terem condições nem material, mal têm instalações! E ainda reclamamos dos nossos, os nossos reclamam.

Nunca sabem se vão conseguir concluir e dar resposta a milhares de vidas que entram naqueles hospitais improvisados, onde fazem o possível.

Tendas onde se grita de dores, pelas feridas, das explosões, das bombas, sítios onde se chora porque não sabem de familiares, pela perda de familiares! Tudo! Incluindo casa, amigos, família.

A qualquer momento tudo pode ser interrompido pela destruição, e os gritos, os choros, as vidas já feridas, transforma-se em silêncio, num amontoado de corpos estilhaçados como o espaço onde estão.

Famílias que fogem com crianças de colo, e outras mais crescidas, em desespero para ver se conseguem escapar, e muitas vezes são apanhados por bombas, terminando os sonhos, os projetos, a vida.

Tantos sonhos, tantos projetos, infâncias interrompidas, deixar tudo para trás e arriscar com o que têm temporariamente, sujeitos a não chegar ao objetivo de fugir sãos e salvos com toda a família!

Muitos não chegam! Muitos não voltam a ver nem a saber dos amigos, familiares sem saber se estão vivos ou se já são estrelas

Por isso somos privilegiados pela nossa casa, mas pelo mundo fora, existem lugares, onde há guerra, já não existem casas, nem prédios, apenas...pó, pedaços de pedras, cimento, fumo, estrondos, tudo vai pelos ares em segundos.

Tudo fica reduzido a escombros, juntamente com vidas que deixaram de ser, ou que por sorte conseguem escapar feridos, mas perdem tudo!

Ver tudo desaparecer num sopro, numa lágrima, num piscar de olhos! Tudo fica reduzido a pó, destruição, sangue, vidas humanas desfeitas, corpos que se fundem com os pedaços das casas onde estão, dos prédios que desabam, das estradas onde são apanhados.

Até as casas, hospitais e abrigos são destruídos. Pela PAZ! Deixemos de reclamar e exigir muito mais do tudo que já temos, se pensarmos nestes. Somos uns privilegiados.

Pensemos nisto quando exigirmos mais e mais dinheiro, quando reclamarmos do luxo que temos, mas queremos sempre mais, sem pensar no mais importante: a parte humana, as relações humanas, o trato humano uns com os outros sem a vaidade, arrogância e superioridade de alguns.
Somos injustos…

Lara Rocha
13/11/2023

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