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sábado, 25 de novembro de 2023

A bruxa boa distraída e o novo amigo

        Era uma vez uma bruxa que foi passear pelo parque da cidade, à noite, não era muito longe da sua casa, porque adorava ver as estrelas, ouvir o silêncio do espaço, e o vento quando havia. Até quando chovia e trovejava, ia para o parque. 

   À noite não reparavam nela, e podia pensar nos seus feitiços generosos, outros nem tanto, sem barulhos irritantes.

    De dia, quando a viam não eram simpáticos com ela, por isso, como era também uma grande sonhadora, gostava desse sítio para se inspirar, imaginar coisas novas. 

   Parecia estar sempre noutro planeta. Estacionou a vassoura no banco onde se sentou a ouvir o som do rio, e lá esteve a sonhar acordada, embalada pelo canto da água, das rãs e do vento entre as folhas. 

    Caminhou pelo parque, iluminado, devagar, mas não reparou que a sua vassoura tinha desaparecido, levada por um cãozinho vadio que passou, pensou que era um ramo de uma árvore e quis brincar. 

 Correu divertido pelo parque todo, a bruxa continuava mergulhada nos seus pensamentos, sonhos acordada, e bons feitiços para ajudar quem precisava, pessoas que lhe tinham pedido. 

   Tinha consigo um bloco e uma caneta, onde escrevia tudo o que se lembrava para cada caso, depois em casa consultava livros e acrescentava o resto que faltava. 

  Quando pensava voltar a casa, a sorrir, correu o parque todo atrás da vassoura. Já não se lembrava onde tinha estado sentada, olha para todos os bancos, em cima do banco e debaixo deles, nem sombra da vassoura. 

    Começa aos gritos: 

- A minha vassoura? Onde é que eu estava sentada? que nervos...não me lembro onde estava, ainda por cima, a vassoura desapareceu. Porquê?...A minha vassoura? E agora como vou para casa? Onde está a minha vassoura…! Não estava aqui mais ninguém, como é que ela desapareceu Áááááááááááhhhhhhh...malditos. 

   O cão ouve aqueles gritos, e vê-a a correr de um lado para o outro, a repetir a frase: 

- A minha vassoura? Onde está a minha vassoura...vassouraaaaa....lembra-te onde estiveste. Lembra-te criatura, onde deixaste a vassoura, onde estiveste sentada? - fala para ela própria

     O cão vai ter com ela, com a vassoura na boca: 

- Mas o que é isto? Quem te deu autorização de mexer na minha vassoura? Onde é que ela estava? Foste tu que a levaste. dá cá isso. 

 O cão larga a vassoura, assustado, porque reconheceu-a. 

- Au, Au, Au…, desculpe! Quero eu dizer. Pensei que era um tronco de uma árvore e quis brincar com ele, não sabia que era a sua vassoura. - diz o cão 

   A bruxa pega na vassoura irritada, e o cão encolhe-se, porque pensou que ia levar com ela, mas não. A bruxa pensou duas vezes, olhou para o cão, e sentiu pena dele. 

- De que casa vieste? 

- Sou vadio. 

- Óh, coitadinho! Não tens onde dormir?

- Durmo onde calha. Quando está frio, durmo ali debaixo, outras vezes, durmo debaixo dos bancos, ou nas árvores. 

- E onde comes? 

- Como o que as pessoas que passam me dão! também me dão alguns mimos, e já puseram ali cobertores para não me deitar no chão frio. Enrosco-me nele, e já dá para me cobrir. 

- Mas quem te abandonou? 

    O cão fica triste e soluça. 

- Desculpa, não te queria fazer lembrar coisas tristes! 

- Não faz mal...! Foi uma família que me pôs fora de casa, porque também iam para fora do país. 

- Mas que injustos. E largaram-te assim, na rua? 

- Sim. 

- Já há muito tempo? 

- Não sei. Não sei o que é isso. 

- Gostas de estar aqui? 

- Gosto. E a sra.?

   A bruxa dá um grito: 

- Senhora? Credo…! (o cão encolhe-se assustado) O que é isso? Chama-me soli e trata-me por tu. 

   Ela ri-se: 

- Desculpa, assustei-te! chega-te mais para a minha beira…! Aqui. 

  Aponta para o banco e senta-se. o cão senta-se à beira dela, a medo. Ela olha para ela, faz-lhe umas festas, e ele deita a cabeça no colo dela. Ela sorri, e continua a fazer-lhe mimos. 

- Gostei de ti. Queres vir para a minha casa? Sabes é que eu sou muito distraída, andava aqui, louca atrás da minha vassoura, foste tu que a levaste para brincar, e eu nem percebi que fizeste isso. Andei à procura do banco onde estive, corri o parque todo, e não me lembrava. sou esquecida, e distraída… sonhadora! Podias vir para a minha casa, eu cuido de ti, e tu cuidas de mim, ou não gostaste de mim? 

  Os mimos da bruxa deixam o pelo do cão todo brilhante, e o cão abre um grande sorriso, cheira e lambe as mãos da bruxa. ela ri-se: 

- Gosto de ti. às vezes assusta-me, mas gosto de ti. E tu não te importas de acolher um cão vadio? - diz o cão

- Não. 

- Óh, muito obrigada! Até estou um pouco envergonhado. 

- Envergonhado de quê? 

- Por ter mexido na tua vassoura, andaste à procura dela, e eu com ela, a brincar. Agora vais acolher-me. 

- Eu sei que não fizeste por mim, e eu também sou uma distraída, por isso é que podes ser uma boa ajuda para mim! 

  A bruxa explica os motivos ao cão, porque quer adotá-lo, o cão aceita.

- Prometo que vou cuidar muito bem de ti. - diz a bruxa 

- E eu prometo que também vou cuidar de ti, ser teu amigo, proteger-te, tomar conta de ti e da tua vassoura. e vou lembrar-te do que precisares. 

- Boa! Acredito que sim. Vamos?  

- Vamos! 

   bruxa leva o cão ao colo, pousados na vassoura, voam até casa da bruxa. O cão está um bocadinho assustado, ela dá banho ao cão, carinhosamente, penteia-lhe o pelo, seca-o com a toalha, alimenta-o, dá-lhe água, e prepara-lhe a cama. 

   O cão deita-se, numa cama bem confortável, macia, quente só para ele, perto dela, todo brilhante, a bruxa enche-o de mimos, ele retribui a lambe-la, e a encostar-se a ela, ela ri-se, dá-lhe algumas ordens, ensina-lhe algumas regras e rotinas, e deseja-lhe boa noite. 

   Os dois dormem uma noite maravilhosa, e de manhã, depois de uma boa dose de mimos, um belo pequeno almoço, e conversa animada, vem o passeio matinal. como prometido, o cão mais feliz do que nunca, protege a nova dona. 

  Umas pessoas menos simpáticas, olham de canto para a bruxa e para o cão. 

- Coitado do cão, a que mãos foi parar… - comenta uma senhora

- Ela vai transformá-lo em alguma coisa horrível. - diz outra

   O cão ladra-lhes, e rosna-lhes: 

- Não sejam assim! eu sou a nova dona dele, vocês não sabem o que aconteceu para estarem a julgar mal. É uma retribuição de favores, e carinho. - diz a bruxa 

- Pois! 

- Deve ser…!

- Está agora armada em boa. 

- Eu sou uma bruxa boa! se precisarem de mim, vemo-nos por aqui. 

  cão ladra chateado. A bruxa e o cão correm felizes pelo recinto, a rir, o cão segura na vassoura dela, na boca, para ela não a perder, nem se esquecer 0nde a pôs. 

   Todos os que passam ficam muito surpresos, ao ver os dois tão felizes, a brincar, a rebolar, a bruxa a abraçar o cão, e este a lambe-la , a pôr as patas em cima dela, e ela a rir à gargalhada com muitos mimos. 

   Os dois correm. 

- Ui, o que é que aconteceu? A bruxa com um cão, tão feliz... 

- Huuuuuummmm...Tenho pena do cão! 

   O cão ladra-lhes:

- Deixa-os falar. estão cheios de inveja! - diz a bruxa 

  cão não sai da beira dela, ladra, e depois regressam a casa. Os dois tornam-se grandes amigos, têm longas conversas, e o cão está sempre atento à bruxa distraída, que deixa as coisas dela em tudo quanto é sítio e não se lembra, mas felizmente tem o cão que não deixa escapar nada. 

  Ela trata muito bem o cão, e o cão é uma grande ajuda, além de um grande amigo, muito meigo, com quem ela conversa muito. 

   Quando está a fazer os seus feitiços bons, o cão não incomoda, fica deitado ou vai ao parque sozinho e volta, feliz.

   Foi assim que o cão vadio abandonado, ganhou uma nova dona que o adorava e tratava muito bem, ignorava os comentários menos simpáticos e ajudava quem precisava, quem podia. 

  Até nisso, o cão era uma ajuda, porque sentia as energias das pessoas, protegia a dona, que por ser tão distraída, às vezes achava que eram boas pessoas, mas na verdade não eram, o cão avisava-a. 

  Iam passear juntos todos os dias, quem passava menos simpático, ficava surpreso por ver o cão tão feliz com ela, tão amigo, e ela tanto ou mais feliz que ele. 

   Era uma amizade verdadeira, companheira, cheia de carinho, sinceridade, proteção, e felicidade. ele sabia quando ela não estava bem, e nesses momentos não a largava, demonstrava todo o carinho por ela. 

  Ela abraçava-o, e fazia-lhe festas, ficava bem melhor. Que sorte teve este cão!

                                        FIM 

                                   Lara rocha 

                               24/Novembro/2023

                                                                

        

        



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