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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Santa Inocência, na Adolescência



NARRADOR/A - O amor: o Amor é o sentimento mais forte e mais bonito de todos. Ele ultrapassa todos os limites da vida. Na adolescência, a fantasia e o romantismo, a vontade de descobrir o corpo, o outro, as emoções que fervilham, a necessidade de nos sentirmos amados, desejados, correspondidos, confundem-se com Amor! 

       Incluindo o Amor Platónico, a Atração que acontece quando nos cruzamos com uma cara agradável aos olhos, e com a vontade de melhorarmos a nossa auto-estima. 

       Achamos que só porque é bonito ou bonita de cara, ou tem um corpo bem feito, e cruzamo-nos um com o outro, é aquele ou aquela que é para nós, é aquele ou aquela que vai ser o nosso amor «eterno». 

       Ele ou ela olhou para mim...eu olhei para ele...sorrimos e nasceu ali o amor...trocamos movimentos cativantes, mais ou menos atrevidos, e...uau...ele gostou de mim, tenho a certeza, ou ela quer alguma coisa comigo! 

       Sonhamos acordados, o ou a outro, outra, não nos sai da cabeça, queremos aquela pessoa, nem que seja só para curtir, ou viver uma noite de diversão, só para descobrir o corpo, sentir emoções intensas, sentir que estávamos certas, ou certos, que era mesmo para nós! 

       E aqueles que vemos na televisão, ou nas revistas, queremos ter um caso com eles, só para ser famosos e ricos. Construímos castelos, imaginamos, e depois tudo se pode desmoronar, rapidamente esquecemos que o amor não nasce com uma trocas de olhares, ou de sorrisos, nem de uma noite quente, uma troca de beijinhos e abracinhos num par de horas. 

       Demora, dá trabalho conhecer alguém, construir uma amizade, ganhar confiança, para namoros de qualidade. A pressa em conhecer o outro, ou a diversão leva-nos a desilusões, a vazios interiores, a enganos e por vezes a ISTS, indesejáveis, que sabemos que existem, sabemos como se transmitem, sabemos como evitá-las, as gravidezes na adolescência, muitos problemas. 

       Mesmo assim, na hora do caldeirão a ferver, esquecemos tudo, queremos é aproveitar, curtir, se não der certo, a seguir vem outro. A adolescência é uma fase difícil, em que existe muita fantasia, mas fantasiar é bom, ajuda-nos a conhecer melhor quem somos, o que queremos, quem queremos ao nosso lado. 

       Estas respostas só as recebemos com a maturidade, mais para a frente, depois de várias experiências fracassadas que fazem sofrer, mas ajudam a crescer, a ser mais seletivos. 

     Inclusive a dizer «não», a manter o nosso «não», não queremos aquilo, não queremos assim, não queremos isso...mesmo que o outro vá embora. Se vai embora, não tem de ser nosso, e é porque não era mesmo para nós. 

       Só percebemos isto, depois das dores passarem, depois de pensarmos sobre o que aconteceu, mas é importante termos uma boa auto-estima para não nos sentirmos a cair num precipício ou num abismo. 

       Não podemos aceitar tudo, quando nos envolvemos com alguém, continuamos a ser duas pessoas separadas, individuais, diferentes, que têm a sua vida, os seus amigos com quem podem continuar a sair, a conviver, sem terem de estar sempre juntos, não podemos aceitar que o outro nos obrigue a fazer o que não queremos, nem satisfazer todas as vontades dele, se não são as nossas!

       Porque o namoro na adolescência e em qualquer idade, não é posse, não admite violência de qualquer espécie, inclui confiança, e muito diálogo. Qualquer desejo não satisfeito, qualquer desilusão, qualquer «não», na Adolescência é um filme de terror, mas ajuda-nos a amadurecer, a separar a ilusão da realidade. E é melhor sofrer por terminar o que não é para nós, do que estar com alguém só para nos sentirmos completos, e respeita-se as vontades mesmo que sejam diferentes. 

       Deixo-vos com um exemplo de uma Adolescente sem auto-estima, apaixonada e não correspondida, que fantasiou um encontro com o seu amor platónico, embora ela soubesse que dificilmente o iria conhecer alguma vez! 

       Mas enquanto imaginava e fantasiava com ele, um amor correspondido (que nunca foi, nem poderia ser), adormecia a dor de uma desilusão, um rapaz para quem ela era totalmente indiferente...uma paixão de parte dela, por alguém real que não sentia nada por ela. Mal se conheciam, apenas de vista, mas ele despertava nela emoções que ela pensou ser paixão e demorou a esquecer. 

       Deixaram de se encontrar, a rapariga sofreu mais algumas desilusões, o que lhe dava alguma alegria, ânimo, era a fantasia com o seu amor platónico, que a fazia sentir-se preenchida, desejada, amada. 

       Aqui fica o testemunho dela...reflitam sobre tudo o que vos disse! 

RAPARIGA - Uma vez, conheci um rapaz muito bonito. Quando olhei para ele; o seu sorriso lembrava um paraíso, lindo e romântico; o seu olhar era mais profundo que o mar. 

       Foi amor à primeira vista...e como eu gostaria que fosse real, para toda a vida. Nunca o tinha visto, mas parecia que já nos tínhamos encontrado. Imaginava eu, noutras existências, e que nos reencontramos mais uma vez para viver um amor verdadeiro! 

       Pura fantasia! Eu sabia, mas todas as noites, quando olhava para uma fotografia dele, e principalmente nas noites em que a Lua também mostrava a sua paixão pelo Sol, Lua Cheia, eu via aquele sorriso, que lembrava o paraíso. 

       Nessa noite, o meu sonho foi lindo e risonho! Com ele! No dia seguinte, ainda com o sonho na cabeça como se tivesse sido real, quando fui à cidade, não o encontrei. 

        Olhava para todas as caras masculinas, na esperança de o ver em alguma, imaginava eu, que ele também viria à minha procura, ter comigo, viver esse amor. Santa Inocência! 

        Fiquei muito triste porque logo percebi que era só um sonho meu! Quando ele teve um acidente, eu ainda o amei mais! E ao olhar para as estrelas eu só pedia que ele ficasse bem, e que os meus sonhos fossem realidade! 

        Agora, quando estou triste, olho para a fotografia e sorrio! Porque ele ensinou-me o paraíso com o seu sorriso e o seu olhar tão profundos como o mar! Ele tornou a minha adolescência mais alegre, mais romântica, ajudou-me a desenvolver a imaginação e a imaginar-me como namorada de alguém. 

        Ajudou-me a esquecer as outras desilusões, e a dar o meu máximo, o meu melhor, a concretizar muitas das coisas que imaginei com ele, na prática, quando tive o meu primeiro amor correspondido, em idade adulta. 

       Fantasiar é bom, ajuda a crescer, e a ensaiar o que queremos, o que não queremos, antes de ir para a prática, um namoro real. Entretanto passa a fase da ilusão, dos amores platónicos, que adormecem com as adolescentes e os adolescentes que fomos. 

       Fantasiar é bom, desde que não impeça de vivermos os nossos amores verdadeiros, se tivermos de os viver, com gente como nós, desde que não se torne uma obsessão, não foi o caso, mas acontece. 

       Há que pensar no resto... 

                                                    FIM 

                                                Lara Rocha

                                             24/Outubro/2023   


   

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