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terça-feira, 11 de outubro de 2022

As ofertas da Natureza

         Era uma vez duas meninas que adoravam brincos, e faziam-nos com objetos típicos de cada estação do ano. Na Primavera e no Verão,  os brincos, e colares eram feitos de flores coloridas, que depois de secas colavam-nas nos chapéus, em carteiras, roupas, e sapatos. 

        No Verão, além dos lindos fios de flores do campo, elas usavam conchas, pedrinhas, para os brincos, búzios para brincos, colares, pregavam e colavam em chapéus, roupas, sapatos, carteiras. 

        No Outono, usavam uvas para fazer sabonetes com as tias, cremes bons para a pele, champôs, e compotas de castanhas, nozes, aproveitando as suas cascas (das nozes e das castanhas), as folhas de todas as cores, que caiam das árvores, pauzinhos, para objetos de decoração, onde colavam brilhantes e pedrinhas ou pintavam. 

        No Inverno aproveitavam o azevinho e as pinhas para decorar brincos, colares, roupas, chapéus, frascos, caixas de madeira. As tias, as mães e as Avós, davam uma ajuda preciosa, ao transformar em coisas tão bonitas, até pintadas em tecidos para sacos e toalhas de mesa. 

        Mas tinham sempre sócios que lhes roubavam coisas para comer, os passarinhos, picavam a fruta deliciosa, além de borboletas, abelhas, joaninhas, e outros insetos que voavam e pousavam em tudo o que era flores. 

        Tiveram de inventar um esconderijo e uma maneira de proteger o que faziam, pondo plásticos e tecidos com cheiros desagradáveis que só os insetos sentiam, e afugentavam-nos.

        Uma das meninas ficou com pena dos animais, quando os viu famintos, a fazer uma grande chilreada, e esvoaçar nervosos, as borboletas e as abelhas desesperadas a voar e a cair, mal dispostas e com fome, por não terem flores. 

        Disse à sua amiga com quem fazia todas as coisas tão bonitas e tiveram uma ideia: 

- Sabes, eu não gosto que eles nos comam as coisas com que fazemos os nossos trabalhos, mas também tenho pena delas, coitadinhas, ali cheias de fome! 

- Eu também! 

        Ouvem uma voz pequenina: 

- Eu chego para todos! 

- Quem falou? 

- Eu não disse nada! 

- Nem eu! 

- Mas ouvi alguém a dizer que chega para todos... 

- Acho que foi da nossa imaginação, como diz a minha Avó. 

- É. A minha avó também diz isso muitas vezes. 

- Mas acho que ouvimos a mesma coisa. 

- Sim, e acho que tem razão! 

- Nós temos comida, elas também precisam! 

- Pois é! E que alegria termos comida, porque muitos meninos pelo mundo fora não têm. 

- É mesmo! É muito triste, e ainda há meninos que acham que são ricos e desperdiçam comida. Quem dera a esses meninos que não têm comida, o que eles desperdiçam, como os daqui da cidade, que vemos. 

- É isso. 

- Já sei! Para eles não nos comerem as coisas, deixamos pratinhos com comida para eles. 

- Boa! Aquelas que não usamos para as nossas coisas! 

- Isso! Como temos outros materiais, podemos partilhar, se não, um dia destas elas até nos devoram. 

(As duas riem) 

- Pois, e não sobra nada! 

- Que medo! - dizem as duas e riem 

        Juntaram aquelas flores qua não usavam: 

- Achas que elas comem isto assim...? 

- Claro que sim, elas não são esquisitas! 

        Juntaram flores que estavam mais murchas, numa fonte de água sempre a correr e fresca, as uvas também puseram algumas, e fizeram um acordo: 

- Meninas insetas, e meninos insetos, passarinhos, venham cá. Vamos fazer um acordo. Vocês deixam de comer as nossas coisas, e nós deixamos-vos aí comida e bebida, combinado? - diz uma menina 

- Não comam as nossas, por favor! - implora a outra menina 

- Nem andem à nossa volta, abelhas e outras, porque temos medo de vocês! 

(As abelhas riem) 

- Passarinhos...parem de comer as nossas uvas, vocês têm muitas aí à disposição. 

- Chega para todos! - diz outra vez uma voz pequenina

- Áh! Esta frase foi a que ouvimos...! - dizem as duas 

- A imaginação das crianças é demais... - todos os insetos riem e comentam entre eles  

- Claro que chega para todos. 

        Os insetos e os passarinhos saltitam, zumbem de alegria, voam felizes, e aceitam o acordo. Assim, as meninas puderam continuar a fazer todas as coisas bonitas, que os pais vendiam numa feira semanal para ajudar, os insetos e os passarinhos, todos os animais voaram  felizes, livres, com alimento e bebida à farta, sem atrapalhar o trabalho das meninas. 

        Para agradecer, algumas abelhas traziam pólen e enchiam frasquinhos a pedido das tias, das mães e das avós, para que pudessem fazer mel, compotas, bolos e rebuçados da melhor qualidade. 

        Era assim que aproveitavam tudo o que a Natureza lhes dava. 

- De quem acham que era a voz que elas ouviram, mas não viram ninguém? 

Podem deixar as respostas nos comentários. 

                                          Lara Rocha 

                                       24/Setembro/2022  

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