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terça-feira, 12 de maio de 2020

O vidro e os sopros do coração - Monólogo para adolescentes e adultos



   O coração às vezes é idiota, de tão inocente que é. Teimoso, porque insiste em dar carinho a quem não o vê, não sente. Insiste, e depois suspira, sopra de raiva, porque é magoado, porque o apertam. Ilude-se! 

     Pensa que vai ser acarinhado, valorizado, visto. O coração às vezes parece que tem ouvidos, mas é muito ignorante, acredita no que os olhos lhe dizem, quando te vêem no vidro. 

    Gostam dessa imagem, mas depois... sopra de raiva porque não eras nada do que ele acreditava seres. 

   O coração sopra de dor, quando percebe que nem toda a gente é como ele. E que tu, que estás por trás do vidro não és nada do que eu imaginava! Como pudeste deixar-te enganar, coração idiota? 

   O coração sopra e sofre! Se os nossos corações pudessem atravessar o vidro que nos separa, e conversassem, com o encanto e magia da primeira vez, mesmo sem nos falarmos, e se os nossos olhos pudessem fixar-se nesse vidro, verias que não sou quem pensas! 

    O vidro permite-te ver flores à minha volta, e toda eu sou uma flor, mas se visses por trás do vidro que mostra flores, verias muitas vezes que estou rodeada apenas por espinhos. E às vezes até vestida de espinhos. 

      Julgas que sou um botão em flor, sempre aberto, mas se me visses por trás do vidro verias um jardim cheio de botões fechados.

   Julgas que vês em mim um olhar brilhante, cheio de luz...como um lago transparente! Se me visses por trás do vidro, verias uma floresta de sombras, dias de nevoeiro, céus com nuvens carregadas, que cobrem o sol. 

      Se me visses por trás do vidro saberias interpretar as minhas palavras com a verdade que elas carregam, e não com as máscaras do fingir que suporto a tua indiferença. 

       O vidro separa muitas coisas, é verdade! Separa a tua curiosidade, a tua vontade, separa-nos do teu medo, dos nossos olhos, com os quais poderias e deverias ver os meus. 

   O vidro separa os sopros do coração, separa os teus olhos que deveriam encontrar pedaços de mim, máscaras espalhadas, pedaços que flutuam sem rumo! 

   Se pudesses ver por trás do vidro encontrarias a pessoa que realmente sou, sem máscaras. 

                                                                            Lara Rocha 

                                                                                                                           22/Março/2018 

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